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Filme Ela (2013): sinopse, resumo e análise

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O filme Ela (Her, 2013) foi lançado no Brasil em 14 de fevereiro de 2014, o protagonista é um escritor interpretado pelo grande ator Joaquin Phoenix que inclusive já ganhou um prêmio de melhor ator no festival do Oscar, neste filme ele está mergulhado na solidão.

Neste texto, faremos uma análise psicanalítica do filme Ela: inteligência artificial, tecnologia e a psicanálise.

O homem e a inteligência artificial no filme ela

Mesmo em meio a tantas pessoas em seu cotidiano, acaba comprando um novo sistema operacional de computador, vai se aproximando emocionalmente e acaba se apaixonando pela voz do programa, a partir daí dá início a uma relação amorosa entre homem e máquina, fazendo assim o telespectador a refletir sobre a relação entre o ser humano e a tecnologia.

No filme é possível observar onde a inteligência artificial pode alcançar em termo de sofisticação e inteligência como um ponto crucial para ser trazido à tona, o quanto as máquinas se tornam inteligentes e autônomas na medida em que vão sendo desenvolvidas novas atualizações, na sociedade em que vivemos elas podem vir a se tornar perigosas à medida que conseguem algum controle sobre os humanos? Atualmente, contudo, é já por demais evidente o recurso aos computadores e à realidade virtual por parte da população.

Teremos, por isso, de atentar ao facto de que esse relacionamento tem implicações na identidade e no sentido do self do ser humano. O que, assim sendo, afetará a forma como nos relacionamos com os outros (ademais de os computadores poderem ser vistos como companheiros dos utilizadores). (VON DOELLINGER, 2019, pág. 60).

A sociedade contemporânea acelerada no filme ela

A sociedade contemporânea está frenética e acelerada. Este acelerar pode ser observado através de um sintoma social muito falado e que os casos crescem cada vez mais, este seria a ansiedade, esta que não afeta apenas o indivíduo solitário em suas agruras da vida, mas sim um coletivo inconsciente em que acelera e necessita tudo no hoje em um grande imediatismo não restando espaço para aguardar o que o amanhã reserva. A paciência sempre foi uma virtude necessária para a sobrevivência humana e que hoje está cada vez mais rara de ser observada.

A instantaneidade passou a ser uma constância em nossa percepção cotidiana com as coisas o que levou o aqui se igualar ao agora do ponto de vista cognitivo e perdemos a capacidade de compreender o antes e o depois (o devir). Ficamos presos em um presente, mas em um presente que só é presença. E perdemos a noção de totalidade que é da ordem do devir, do que há de vir, que só é possível ser pensado a partir da compreensão do que já foi, numa perspectiva aristotélica de temporalidade. (DOS SANTOS, 2019, pág. 69).

Nas sessões de terapia cotidiana do psicólogo e do psicanalista a paciência é um fator fundamental, pois sem ela o processo terapêutico está fadado ao fim. Está que deve ocorrer respeitando o tempo do paciente, em que está em jogo é o tempo que é diferente do cronológico, este é o tempo do inconsciente que é atemporal, acontece de maneira subjetiva e singular para cada ser humano.

Será que as máquinas respeitarão o tempo subjetivo e individual de cada um?

Sem esquecer, contudo, e tendo em conta os conhecimentos atuais, que a complexidade do mundo psíquico (e não apenas cognitivo) do ser humano não é traduzível no registo funcional dos sistemas inteligentes. A estes, falta-lhes o significativo e fulcral mundo relacional, que constrói e modifica a identidade do ser humano. (VON DOELLINGER, 2019, pág. 60).

Desamparo, solidão, isolamento e a máquina tecnológica no filme

No filme Ela, é colocada também uma questão em que é atual em meio a sociedade, o desamparo do ser humano, levando a um certo isolamento em seu próprio mundo, onde o social fica imerso e esquecido, as interações sociais acabam tendo menos importância para os seres humanos que correm cada vez mais, porém não sabem atrás do que é que não chegam a lugar nenhum.

Este vazio se é tentado suprir através da tecnologia em uma máquina em que responde os anseios e necessidades comportamentais do personagem principal, não restando espaço para uma coisa que é fundamental tanto para os seres humanos como para os seus relacionamentos, a falta, esta sim que motiva a busca incessante dos humanos neuróticos por ela e que um dos âmbitos em que ela vem a existir é no social, pois a algo faltante tanto em nós como no outro e que nos mobiliza a buscar algo para tentar supri-la em partes.

A falta e a psicanálise no filme Ela (2013)

A falta como a psicanálise ensina, é estruturante e organizadora do psiquismo dos seres humanos, ela ensina a elaborar questões internas, proporciona tempo para que se possa refletir e motivar a busca de se alcançar os próprios desejos, acaba também ajudando a lidar com as frustrações proporcionadas na existência.

Àqueles que estiverem dispostos a enfrentar uma clínica do real, a psicanálise propõe, ao final da análise, a defrontação com a falta, tendo que se haver com o reconhecimento das frustrações, das perdas e seus danos. Afinal somos seres humanos e não maquínicos e dessa forma constitutivamente desamparados devida a nossa própria condição de humanidade. (DOS SANTOS, 2019, pág. 72).

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Analisando o filme esta falta deixa de existir, a medida em que a máquina supri todas as necessidades emocionais, inclusive as afetivas, isto o separa da vida social que é tão necessária aos seres humanos, mas acaba levando a uma realidade diferente e o separa de alguma forma do mundo real.

Conclusão

A tecnologia como uma fuga do viver, o estar vivo é despertado pela falta, ela desperta sentimentos, emoções e inclusive angústia, que nos faz tão especiais e únicos a possibilidade de lidar com tudo isso, de ressignificar, elaborar e seguir em frente, se sente algo é porque se está vivo e a pulsão de vida, pulsa ao existir.

A tecnologia em excesso se torna uma fuga do existir, do ter que lidar com o que a vida proporciona, isso pode gerar mal estar e sintomas consideráveis prejudicando a saúde mental do ser humano, é importante prestar atenção no seu uso e que efeito está causando a tecnologia e suas evoluções na sociedade contemporânea.

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    Referências bibliográficas

    DOS SANTOS, Luciene. A psicanálise no mundo contemporâneo. Reverso, v. 41, n. 77, p. 65-73, 2019. VON DOELLINGER, Orlando. Inteligência artificial e psicanálise: do funcional e do relacional1, 2. Revista Portuguesa de Psicanálise, v. 39, n. 1, p. 57-61, 2019.

    O presente artigo foi escrito por Bruno de Oliveira Martins. Psicólogo clínico, particular CRP: 07/31615 e pela plataforma online Zenklub, acompanhante terapêutico (AT), estudante de psicanálise pelo Instituto de Psicanálise Clínica (IBPC), contato WhatsApp: (054) 984066272, e-mail: [email protected].

    One thought on “Filme Ela (2013): sinopse, resumo e análise

    1. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom comentário! Na realidade uma relação perigosa e irracional. Isso sim! Que é o extermínio da espécie humana.

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