epigenetica

Saudações, Dr. Freud! Meu nome é Epigenética

Posted on Posted in Psicanálise

Ainda hoje ouvimos pessoas questionarem a real existência do que conhecemos como o “inconsciente”, uma das instâncias do aparelho psíquico proposta pelo médico Austríaco Sigmund Freud.

O criador da psicanálise, sendo o inconsciente o ponto chave da sua teoria psicanalítica, que postula que nosso comportamento, pensamentos, sentimentos também são moldados por processos e conteúdos psíquicos inconscientes, ou seja, não acessíveis ao nível consciente.

Entendendo a epigenética

A ideia de que fenômenos inconscientes possuem papel determinante no modo como pensamos, como tomamos decisões e como agimos causou grande inquietação e descontentamento na época (final do século XIX e início do século XX), surgindo assim o acontecimento ao qual Freud se refere como a “terceira grande ferida narcísica da humanidade”.

A ideia de que as pessoas não tem total controle da sua própria mente parece causar certo desconforto ainda hoje. Por sua vez, a epigenética estuda as mudanças no padrão da expressão gênica que não envolvem alterações na sequência de DNA.

Embora a epigenética e a teoria do inconsciente de Freud possam parecer conceitos extremamente distantes, elas podem estar interligadas de várias maneiras. Você em algum momento já parou para refletir sobre o que a psicanálise e a genética têm em comum?

A complexidade da epigenética

Convida-se o leitor a acompanhar e pensar sobre algumas observações que causam extremas fascinação, perplexidade e intriga ao mesmo tempo. Um turbilhão de pensamentos.

Quando a conexão acontecer e concatenar suas ideias, parecerá como uma criança quando descobre algo novo e extraordinário, sentindo a dopamina tomar conta do cérebro, alimentando o corpo de energia e mais curiosidade. Desafie-se a examinar as observações a seguir, porque trará uma nova perspectiva ao seu modo de pensar. Porém, faz-se obrigatório um aviso: Cuidado, conhecer pode ser perturbador!

Deve-se deixar claro que este texto não pretende neste primeiro escrito ter classe ou conjuntura de artigo científico, contudo levantar hipóteses que podem ser percebidas por análises argumentativas práticas a partir de, até o momento, breves estudos e entendimento sobre psicanálise, psicologia analítica e ciências médicas, incluindo neurociência.

O legado de Freud

Será apresentada uma abordagem conciliadora entre estas ciências, buscando enriquecer o legado de Freud, contudo, sob nenhuma forma, estas observações pretendem representar, em absoluto, um modelo enrijecido, acabado ou completo.

Para entender a proposta do texto, preste atenção nas experiências descritas a seguir: Uma experiência feita com ratos, consistiu em colocar estes animais em contato com um cheiro característico de cerejeira e logo em seguida eles eram submetidos a um choque elétrico bastante desconfortável.

Este procedimento foi repetido até se observar que aqueles roedores ficaram condicionados, de modo que logo após sentirem o cheiro da cerejeira ficavam extremamente agitados, ansiosos e inquietos pelo que viria em seguida. Até aqui não se tem nenhuma novidade, não é mesmo? O mais interessante está por vir.

A epigenética e a biologia

Os filhotes destes ratos, sem nunca terem sentido o cheiro da cerejeira antes ou serem submetidos a descargas elétricas, inexplicavelmente, quando foram posteriormente expostos ao cheiro da cerejeira passavam a ficar extremamente agitados. É como se pressentissem que algo ruim estava por ocorrer, iguais as matrizes deles.

Portanto observa-se que a biologia, como forma de defesa, através da epigenética, modificou a expressão gênica, alterando assim as estruturas psíquicas dos filhotes. E mais, esta informação genética perdurou, sendo repassada para as próximas gerações daqueles ratos. Outra alteração ainda mais intrigante está por ser revelada.

Outro estudo, agora executado com um pequeno crustáceo chamado Daphnia, consistiu em expor as fêmeas desta espécie ao estresse, colocando-as num aquário, submetendo-as a predadores. Mais tarde as ovas destas fêmeas foram colocados em outro aquário, livres dessas ameaças.

Informações genéticas

Todavia, mesmo num ambiente seguro os filhotes nasceram com espinhos defensivos, ou seja, uma adaptação a um ambiente adverso através da expressão gênica. Neste estudo também foi observado que esta nova informação genética se manifestou por diversas gerações. Nos dois exemplos acima, as modificações ocorridas nos filhotes foram transferidas pelas suas matrizes de modo consciente?

“Das Ich ist nicht Herr im eigenen Hause” (O ego não é senhor na sua própria casa). Esta afirmação de Freud pode responder a pergunta.

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    É incrível que a partir destes exemplos podemos observar que de forma extraordinária a epigenética e a teoria do inconsciente de Freud se interligam no que diz respeito a transmissão transgeracional de traumas e padrões comportamentais, bem como podem se beneficiar mutuamente em termos de validação e interpretação.

    A teoria do inconsciente e a epigenética

    Além disso, podemos extrair que a epigenética e a teoria do inconsciente de Freud compartilham a ideia de que as experiências que temos ao longo da vida podem nos deixar marcas, tanto na esfera psíquica quanto no plano do corpo físico, de maneira que muitas vezes não tenhamos conhecimento.

    Por fim, é fantástica a ideia de que os estudos científicos atuais através da epigenética podem fornecer evidências científicas para a teoria do inconsciente de Freud proposta no século XIX, mostrando como as experiências emocionais podem deixar marcas duradouras em nossos corpos e mentes. Por sua vez, é fascinante como a teoria do inconsciente de Freud pode ajudar a interpretar os resultados da epigenética, explicando como essas marcas podem afetar nossos comportamentos, sentimentos e emoções.

    Este artigo sobre epigenética e psicanálise foi escrito por Renato Almeida (Instagram @natoalpha). É escritor, acadêmico da área das Ciências Médicas, afeito as Neurociências com essência na psicobiologia (neurociência comportamental) e genética; estuda Metapsicologia, possui cursos direcionados para as áreas do comportamento humano, a exemplo do curso de “Análise das expressões faciais das emoções” pela Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, bem como é leitor ressaltado em obras voltadas ao desenvolvimento pessoal. Renato Almeida é também Policial Civil, Investigador da Polícia Judiciária do Estado de Sergipe, atualmente fazendo parte do quadro do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.

    2 thoughts on “Saudações, Dr. Freud! Meu nome é Epigenética

    1. CRISTIAN APARECIDA DA SILVA disse:

      Amei o texto, realmente os estudos de Freud são base para outras áreas, até hoje!

    2. Vargas Villa Batista de Oliveira disse:

      Excelente explanação na área da epigenetica em sua relação com a teoria do inconsciente em Freud. Parabéns!

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