erotização infantil

Teoria da Sexualidade Infantil versus Erotização Infantil

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Hoje falaremos sobre a erotização infantil. Freud propôs uma teoria da sexualidade infantil. Nela, o autor propôs que, desde a infância, existe a percepção do corpo relacionada a uma dimensão do prazer. Entretanto, reconhecer que exista esta dimensão do desenvolvimento psicossexual desde a infância não implica aceitar uma ideia de Erotização Infantil.

Essa erotização já é uma prática e uma idealização de adultos, que pode ter uma natureza abusiva e até mesmo criminosa. A autora Ivana Oliveira desenvolve essas reflexões, neste artigo.

Entendendo sobre a erotização infantil

Atualmente no presente século XXI, com o advento da internet, as mídias sociais e a exposição às redes tem modificado de forma considerável o comportamento de toda a espécie humana, especialmente de crianças e adolescentes que já nasceram imersos no mundo tecnológico. Há muitos estudos que se propuseram a avaliar e correlacionar alguns prejuízos psicossociais ao uso excessivo e dependente da internet.

Um dos pontos negativos decorrentes dessas transformações virtuais é o aumento da erotização infantil, que impulsiona a exposição de crianças e adolescentes a conteúdos inapropriados para sua faixa etária através de aplicativos diversos encontrados na internet. Erotização Infantil é o contato precoce de crianças com estímulos ligados ao sexo, e conteúdos de origem adulta que permitem que as crianças fiquem vulneráveis à violência ou abusos sexuais.

A hiperssexualização de crianças tem sido um tema recorrente na política ultimamente, devido ao aumento crescente da exposição do público infanto-juvenil nas mídias sociais (Youtube, Instagram, Tiktok etc).

A erotização infantil e as redes sociais

Esse é um tema que divide opiniões, por um lado diz-se ser importante o contato das crianças com as redes sociais, devido à preparação das mesmas para interação virtual, por outro lado existe um grupo de internautas que condena veementemente a atitude de pais que expõem seus filhos indiscriminadamente nas redes, ou se utilizam da imagem dos menores para obter lucro financeiro.

Essa exposição pode levar a criança a acessar uma vastidão de conteúdos diversos na internet, muitos destes avançados demais para sua psique pouco desenvolvida. Na teoria psicanalítica, discute-se muito a respeito da sexualidade.

Freud desenvolveu uma teoria sobre a sexualidade infantil, o que chocou a sociedade do século XX, já que essa ideia era inconcebível para as pessoas da época. Acreditava-se até então na inocência da criança em relação à sexualidade, e imaginava-se que a mesma só surgia na puberdade.

Freud e sexualidade

Até os dias atuais, constitui-se um grande tabu quando associamos sexo e criança na mesma frase. Porém Freud revolucionou o estudo da sexualidade, trazendo questões importantes para serem refletidas e aprimoradas por outros psicanalistas a posteriori. Na psicanálise, a sexualidade assume uma conotação diferente. Não está associada somente ao prazer ligado à zonas erógenas genitais, mas a toda atividade presente desde a infância que proporcione prazer e satisfação das necessidades fisiológicas e psicológicas.

Sendo assim, as crianças mais novas possuiriam sexualidade, por terem o desejo e o prazer de se alimentar, dormir, brincar etc. Portanto, seria precipitado afirmar equivocadamente que Freud disse que as crianças tinham desejos sexuais no sentido da relação sexual comum ligada à reprodução.

Esse tipo de desejo pelo sexo reprodutivo, de acordo com Freud, surgiria na fase genital que seria a fase correspondente à puberdade e à adolescência. Educação sexual para crianças é uma temática difundida e polêmica na sociedade vigente.

Quando deveríamos apresentar conceitos relativos a este tema para crianças?

A infância é um estágio de desenvolvimento que ainda não se consegue falar por si mesmo, e a saúde psíquica está diretamente ligada e dependente das pessoas que formam o círculo social que acolhe a criança.

É na adolescência, período que é caracterizado pela maturação fisiológica em ambos os gêneros (menarca, surgimento de pelos nas axilas e no púbis etc no caso das meninas; transformação genital, nascimento de barba, mudança de voz nos meninos, e etc) que se dá o amadurecimento sexual, normalmente no período entre 10 a 14 anos, sendo variável de acordo com cada indivíduo.

O comportamento sexual está atrelado ao desenvolvimento físico como mencionado acima, porém também é influenciado por outros fatores como: desenvolvimento psicossocial, com grupos de contatos sociais (amigos, família, entre outros), exposição ao estímulo sexual (que é definida pela cultura), e outras situações que permitem o acesso à vivência erótica. A partir desse pressuposto, se estabelece a relação entre a cultura familiar e social, e o comportamento sexual da criança. Ou seja, a família e a cultura exerce um papel fundamental no desenvolvimento psicossexual das mesmas.

A erotização infantil e o desenvolvimento sexual

O desenvolvimento sexual é inevitável, e se processa de forma orgânica e individual em um momento específico. A biologia humana hereditária cumpre seu papel na produção de hormônios que despertam o desejo pelo sexo genital no período oportuno, logo não há necessidade de interferência alguma nesse processo natural e que abrange a todos.

O que compete à família é guiar a criança de forma cautelosa, respeitando esse processo biológico prefixado. A instrução precoce a respeito do sexo por parte dos adultos pode levar à perversão da criança. Não se deve apresentar prematuramente à criança um objeto sexual do qual a mesma nem mesmo tenha apresentado necessidade. Logo, pode-se concluir que a atividade sexual prematura prejudica a educabilidade da criança.

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    O termo “prematuro” refere-se ao período anterior à puberdade, onde não há maturação fisiológica e psíquica suficientes para a compreensão total do que os atos sexuais significam.

    Desejos sexuais

    Da mesma forma que não se deve reprimir esses desejos sexuais, quando estes aparecerem de forma natural cabe aos pais orientar e preparar os filhos para a concretização desses desejos de forma segura e no melhor estágio de suas vidas, combatendo assim a ignorância sexual que pode acarretar numa série de problemas.

    Com a chegada da internet, e de diversas plataformas digitais, o contato com conteúdos inapropriados foi extremamente facilitado, e hoje, a internet é uma das propulsoras mais significativas da erotização infantil.

    As crianças portadoras de celulares acessam diversos materiais digitais que estimulam o sexo de forma precoce, soma-se a isso o número considerável de crianças que são expostas nas redes realizando danças sensuais, ouvindo músicas de cunho sexual, assistindo vídeos pornográficos. Além dos celulares, tablets e televisões compõem também o acesso a esses materiais digitais. Os estímulos visuais à novelas, séries, programas adultos que apresentam o sexo explícito à crianças cada vez mais cedo tem se difundido massivamente.

    Transtornos sexuais

    A influência de uma impressão sexual prematura tem consequências permanentes, ao ponto de se concluir que a perversão no adulto teve origem numa experiência sexual infantil, e na fixação da mesma.

    O estrago psíquico causado pela apresentação precoce do sexo à crianças é constatado na quantidade de transtornos psíquicos causados por um abuso sexual infantil, e na quantidade de parafilias (comportamentos sexuais relacionados à perversão) que prejudicam de forma significativa a vida funcional do adulto posteriormente.

    Sendo assim, é necessário propagar a consciência coletiva de que as crianças precisam ser protegidas da erotização infantil. O papel da família, da cultura, da política é evitar de forma persistente o contato precoce de crianças com a atividade sexual.

    Conclusão: sobre a erotização infantil para a Psicanálise

    De acordo com a psicanálise, as vivências na infância são determinantes para constituição de uma psique saudável na vida adulta.

    Como dito anteriormente, os responsáveis pelas crianças devem supervisioná-las no processo de desenvolvimento psicossexual, tomando ações objetivas de afastar a criança de toda apresentação precoce a conteúdos impróprios para sua idade, fiscalizando os meios digitais que as mesmas utilizam.

    Aos adultos compete a função de nortear os desejos da criança, apresentando a realidade e as impossibilidades da vida em sociedade, ensinando-as a sublimar desejos que não podem ser concretizados no momento em que foram concebidos, ou que são inaceitáveis na civilização, como o incesto por exemplo.

    Nesse processo, entra a constituição do superego, a introjeção dos valores e da moral, este como sendo essencial para a formação psíquica dos indivíduos. Seguindo estas orientações, é possível que a sociedade atue preventivamente no combate à erotização infantil.

    Esse artigo sobre teoria da sexualidade e erotização infantil foi escrito pela psicanalista Ivana Oliveira. Para entrar em contato, enviar um email para: [email protected].

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