estágios do desenvolvimento psicossexual

Estágios do desenvolvimento psicossexual na psicanálise

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A teoria dos estágios do desenvolvimento psicossexual de Sigmund Freud (1856-1939) frequentemente estudada nos círculos acadêmicos e considerada uma teoria central dos instintos, que trata da energia sexual, a libido (catéxis) que se desenvolve e flui através dos estágios que conhecemos pela literatura usual são os estágios oral, anal, fálico, latência e genital. Fica de fora o uretral. Vamos entender por que.

Estágios do desenvolvimento psicossexual de Freud

E disso decorre que a pergunta que não quer calar para muitos analistas (sobre o estágio uretral) é porque esta fase vem sendo omitida nos estudos correntes? Muitos outros analistas ficam perplexos e atônitos ao tomarem conhecimento que existe também este estágio. Simplesmente não sabiam que existia e confessam até publicamente, não sabiam do estágio uretral em Freud. Porque a literatura suprimiu.

Durante os estudos de Freud foram abordados o desenvolvimento dos estágio psicossexuais onde cada um tem uma zona erógena que é a fonte da libido experimentada por todos os seres humanos no seu corpo e que todos irão experimentar, sendo a fonte de algumas patologias, como ansiedades, angústias, depressões, perversões, neuroses e psicoses. Porém, muitos se perguntam: porque não estudamos o estágio uretral como inserido na teoria ? Por que essa omissão ?

Freud fez a definição e descreveu também este estágio conforme comentam diversos analistas expondo sobre os seus objetivos, os traços patológicos e o seu reflexo, mas omitiram em muitas academias a abordagem didática. O que mais estudamos são os estágios oral, anal, fálico, latência e genital. Vamos fazer uma breve síntese de cada um desses estágios.

Estágios do desenvolvimento psicossexual: estágio oral

O estágio oral ou estágio fase 1 (um) se refere o período do nascimento (expulsão do útero do bebê seja menino ou menina), o dia 0 zero até 8 a 12 meses, 365 dias, que é denominado de fase oral. A criança começa a se comunicar e negociar com a mãe mordendo o mamilo e sugando o leite. Local principal de gratidão e a tensão é a boca, a língua e os lábios, a fricção das mucosas que causa o prazer. Por isso a ação de morder e sugar.

A partir do 1º ano até 3 anos de idade, a criança ingressa no estágio anal ou fase 2 (dois). O ânus e área adjacente passam a ser a maior fonte de interesse e investimento da libido, a energia. Vai ser uma nova negociação com os genitores (mãe e pai) no controle voluntário do esfíncter onde a criança vai jogar com retenção e expulsão das fezes.

A fase fálica será a próxima a ser deflagrada e iniciará dos 3 anos aos 5 anos. O foco será o genital, e estimulação e excitação pênis ou clitóris. Haverá uma fase inicial de masturbação rudimentar, que pode ser muitas vezes o mero ato de se esfregar, roçar e às vezes até inconsciente. Nessa fase aparece a ansiedade de castração, medo de perda ou ferimento genital.

Meninas e os estágios do desenvolvimento psicossexual

Nas meninas vai ocorrer um fenômeno, o descontentamento com a vagina, pois, elas percebem que não possuem o pênis. E com o tempo, vão perceber que o pênis entra nelas ou que elas tem que entrar no pênis. Será a crise da inveja do pênis. O desejo da menina em ter um pênis.

Nesta fase ocorre o complexo de Édipo (meninos) ou Electra (meninas) que é universal nas crianças, o desejo da menina pelo pai e do menino pela mãe. Mas menina já sabe que tem que colocar o pênis dentro dela.

Como o Ego e Id já estão interagindo e o Superego se formando, que é a parte cultural se introjetando a criança começa a compreender que é impossível se concretizar tal incesto e tal desejo vai se dissipar.

Fase latência e os estágios do desenvolvimento psicossexual

Segue-se a fase latência dos 5 a 6 anos até 12 ou 13 anos. É um processo de amadurecimento, pois, cada criança é uma singularidade e tem seu tempo de maturação. Neste estágio vai existir uma ausência relativa de impulso sexual com a resolução do complexo de Édipo ou Electra. Os impulsos sexuais serão canalizados para outros objetivos mais apropriados como escola, esportes, viagens, leituras, artes, enfim será o momento que aprenderá a lidar com os mecanismos de defesa.

Vai depender de cada cultura onde se esta inserido. Ocorrerá então a afirmação da formação do superego. O desenvolvimento ético e moral começam a aflorar na consciência aonde a criança vai se ajustar ou não, com código ou estatuto daquela cultura. Para algumas crianças pode ser o início de atos infracionais onde começam a ser punida para se autorregular e se reajustar.

Poderá também ser o ponto de consideração da normalidade. O infringir o código de ética e moral pode ser considerado anormal. O Id já esta bem estruturado como o reservatório dos impulsos sexuais. E o ego estará se desenvolvendo gradualmente a partir das estruturas rudimentares oriundas do nascimento. Lembrando que do Id saíra o ego e do ego o superego.

A fusão do eros com tanatos

Mas, antes do Id, ocorreu uma fusão do eros com tanatos formando o id. Após a fase latência ocorre a fase genital de 11 a 12 anos e vai rumo a formação da puberdade, com a capacidade biológica para o orgasmo e vai deflagrar a verdadeira intimidade. As outras fases vão aos de forma cronológica aflorando como fase adulta, meia-idade, velhice e óbito. É o ciclo vital.

Evidente que surgiram divergências posteriores a teoria de Freud e novas contribuições cognitivas foram se somando onde cada autor produziu sua contribuição e agregou valor na teoria psicossexual permanecendo convergências e divergências dialéticas. Entretanto, quase nada ou nada foi falado referente ao ‘estágio uretral’.

Este estágio esta omitido na teoria e foi efetivamente analisado por Freud. Porém, não foi feito um exposição explicita do que seja este estágio com ampla divulgação. É um estágio que ficou meio que em ‘standby’, relegado, ou foi como alguns analistas colocam, deliberadamente apartado, por ser considerado um estágio meio ponto sensível nas sociedades e comunidades.

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    A ‘transição’ entre o anal e o fálico e os estágios do desenvolvimento psicossexual

    Porém, é um estágio pressentido por Freud e colocado como uma ‘transição’ entre o anal e o fálico. A omissão em estudarem a fundo este estágio teria sido proposital e intencional segundo alguns analistas ou ainda, considerado um subestágio e não um estágio propriamente dito.

    Argumentam alguns analistas que o motivo de sua omissão não teria sido a má fé e sim, o mal estar teórico e a proteção das meninas. Até porque este estágio começa a explicar certas patologias que seguidamente afloram no tecido social da humanidade na pós-modernidade. Ele começa a despertar taxa de atenção. Mas, por quê?

    Porque a fase uretral que esta entre a anal e fálica tem seu erotismo e prazer no ato de urinar e o menino e a menina também fazem o jogo da retenção e expulsão como fazem no anal. Existe um controle e execução da urina. E a enurese, xixi na cama, pode levar a um impulso sádico. Alguns acham que ativam conflitos anais.

    A percepção do uretral e o anal

    Alguns analistas tem uma percepção de que o uretral e o anal, controle das fezes e da urina tem similaridades no jogo entabulado da criança com genitores e tem traços patológicos diferentes. O traço uretral seria de gerar a predominância do competitivo e da formação da ambição. E para muitos, o inicio da inveja do pênis, pela menina, então para salvaguardar as meninas resolveram deixar este estágio meio que de lado.

    A menina ao ser incapaz de equiparar-se ao desenvolvimento do menino no ato de mijar (expulsão da urina) teria sido a causa de ficar o estágio de lado. Também, este estágio estaria ligado a questões de controlar e até provocar a vergonha eis que o menino fica de pé e tira o pênis para fora. E a menina fica acocada e não tem o pênis.

    O estágio uretral proporciona no menino um sentimento de orgulho, exaltação e dominação e opressão do oposto, e o mais severo de tudo é que a resolução de conflitos uretrais seria o ponto chave que estabelece o cenário para o desenvolvimento da identidade de gênero. Eis a causa-raíz. Não seria o homossexualismo e sim, como a pessoa vai se identificar. Pode ser a resposta do porquê o estágio foi meio que relegado.

    Considerações finais

    Muitos analistas reclamam que este estágio perdeu seu status e foi evitado de forma proposital, pois houve um mecanismo de defesa partilhado de consenso face a predominância do masculino na academia. Ele tem sido estudado por muitos pesquisadores, mas permanece ainda discriminado e estereotipado.

    As razões dessa opção de não estudarem a fundo tal estágio e meio que ignorarem as patologias, neuroses e perversões a ele vinculadas levou a ser suprimido da literatura, mas, gerou implicações psicossociais, afirmam analistas divergentes.

    Com os novos ares pós-moderno e o movimento social libertário com sua agente ganhando espaços e vencendo lutas políticas e sociais, a tendência é ser retomado seus estudos no futuro.

    O presente artigo foi escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira ([email protected]) é licenciado em Filosofia e História. Possui PG em Ciências Políticas, acadêmico e pesquisador de Psicanálise Clinica e Filosofia Clinica.

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