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Fase de Latência na sexualidade infantil: 6 a 10 anos

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A sexualidade na infância é um fator tão importante e merece um olhar cuidadoso por parte dos adultos. Os conhecimentos aqui expostos irão te proporcionar um conhecimentos acerca da fase de latência.

Esta fase da vida ocorre entre os 6 e 10 anos de idade. Alguns autores podem trazer idades diferentes, como dos 6 a 12 anos. Basicamente, esta fase da vida:

  • começa com um maior grau de autonomia na infância (a partir dos 6 anos)
  • e termina um pouco antes do início da puberdade (até uns 10 ou 12 anos de idade).

Nesta fase, a libido se retrai. As energias psíquicas são canalizadas para atividades intelectuais e sociais. O sujeito passa a conviver com novos colegas do mesmo sexo. Passa a deixar de lado o desejo pelo mãe (no caso do menino) ou pelo pai (no caso da menina) e deixa de rivalizar com o outro genitor (pai/mãe) do mesmo gênero.

Veremos como as experiências na transição da infância para a adolescência podem influenciar comportamentos na vida adulta.

A experiências traumáticas, de ordem sexual, vividas na infância

Freud, na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses, descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referem-se aos conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos.

Isto é, na vida infantil estão as experiências de caráter traumático, reprimidas que se configuram como origem dos sintomas atuais, confirmando-se desta forma, que as ocorrências deste período de vida deixam marcas profundas na estrutura da personalidade.

Na latência, manifestações do complexo de Édipo podem persistir. Mas serão menos intensas e mais disfarçadas. O recalque de desejos e fantasias sexuais aumenta, refletindo em comportamentos moralistas e idealizados.

Tabela – Aspectos Importantes da Fase de Latência

Aspecto analisado Como se manifesta na fase de latência?
Desenvolvimento Período de 6 a 10 ou 12 anos com ênfase em atividades sociais e intelectuais.
Identificação Fortalecimento dos laços com o genitor do mesmo sexo.
Complexo de Édipo Certa continuidade do Édipo, mas de forma atenuada.
Recalque Aumento da repressão de desejos e fantasias sexuais.
Moralismo Comportamentos moralistas decorrentes dos conflitos, resultado do superego.
Idealização Tendência a idealizar figuras como ídolos e heróis (colegas, professores, artistas etc.).
Brincadeiras e jogos de poder Manifestações sutis de dinâmicas de autoafirmação perante coleguinhas, família etc.

 

As fases do desenvolvimento psicossexual

Freud dividiu as FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL em:

  • Fase Oral (0 meses a 18 meses): libido centrada na região bucal (boca, lábios, dentes, gengivas e maxilares). O prazer está em sugar. Os traços que trazemos até hoje é o prazer que sentimos ao nos alimentar, morder, chupar, beijar.
  • Fase anal (18 meses a 3/ 4 anos), a libido diminui de intensidade na região bucal e centraliza-se na região do ânus. O prazer está em reter ou liberar as necessidades fisiológicas (xixi e cocô). Nessa fase também tem início no desenvolvimento da criança, um processo denominado Complexo de Édipo.
  • Fase Fálica (de 3 a 6 anos, aprox.): é o período em que o menino começa a perceber melhor o seu pênis e tem medo de perdê-lo, enquanto (para Freud) nas meninas já pode haver uma ideia de “perda”. É na fase fálica que se desenvolve o complexo de Édipo, em que o menino ou a menina vai sentir carinho pela mãe ou pelo pai e vai rivalizar com o outro (pai ou mãe).
  • Fase de Latência ou Período de Latência (dos 6 anos até início da puberdade): meninos e meninas modificam a forma de se relacionar afetivamente com os pais. Focalizam suas energias nas interações sociais que começam a estabelecer com outras crianças, e nas atividades esportivas e escolares, com a superação ou suspensão do Complexo de Édipo e Complexo de Electra.
  • Fase Genital (a partir da puberdade): é considerado o período de “maturidade” do desenvolvimento sexual, com ênfase no prazer genital (pênis, vagina/clitóris).

fase de latência o que é

Freud afirma que a Fase de Latência se prolonga de cerca de 6 anos até início da puberdade

Fase de latência significa estado do que se acha encoberto, incógnito, não-manifesto, adormecido. Seria o tempo entre o estímulo e a reação do indivíduo. Neste período, a libido é impelida de se manifestar e os desejos sexuais não-resolvidos da fase fálica não são atendidos pelo ego e são reprimidos pelo superego.

Durante esta fase, a sexualidade normalmente não avança mais, pelo contrário, os anseios sexuais diminuem de vigor e são abandonadas e esquecidas muitas coisas que a criança fazia e conhecia.

Nesse período da vida, depois que a primeira eflorescência da sexualidade feneceu, surgem atitudes do ego como vergonha, repulsa e moralidade. Elas são destinadas a fazer frente à tempestade ulterior da puberdade e a alicerçar o caminho dos desejos sexuais que se vão despertando. (FREUD, 1926, livro XXV, p. 128.).

Id, Ego e Superego

Para que você compreenda melhor, os conceitos abaixo pertencem a Freud (1940, livro 7, pp. 17-18).

  • O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está presente na constituição, acima de todos os instintos que se originam da organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas. O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego. O Id seria o reservatório de energia de toda a personalidade.
  • O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa, a parte em que prevalece a razão e o estado consciente de alerta. O Ego se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do Id. Como a casca de uma árvore, o Ego protege o Id, mas extrai dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade. Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão entre a percepção sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego.
  • O Superego atua como um juiz ou sensor moral sobre as atividades e pensamentos do Ego. É o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do Superego: consciência, auto-observação e formação de ideais. “Grande parte do ego e do superego pode permanecer inconsciente e é normalmente inconsciente. Isto é, a pessoa nada sabe dos conteúdos dos mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes” ( FREUD, 1933, livro 28, p. 88-89

A sexualidade nesta fase da vida

Na fase de latência, a sexualidade da criança torna-se ora reprimida, ora sublimada, centrando-se em atividades e aprendizagens intelectuais e sociais, como jogos, escola, e estabelecendo vínculos de amizades que irão fortalecer a identidade sexual de ambos, ou seja, as características femininas e masculinas.

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    Elas começam a ter novos referenciais de identidade, como os professores (que geralmente passam a ser paixão da criança) e também passam a se identificar com os heróis das ficções.

    Tendem nesta fase, a formar grupos de iguais, intensificando o relacionamento entre crianças do mesmo sexo. É quando se formam os chamados Clube do “Bolinha” e da “Luluzinha”.

    fase de latência resumo

    Conclusão acerca da Fase de Latência

    Algumas frases de autores importantes sobre esta fase da vida:

    • “A latência é um tempo de recolhimento das energias sexuais para atividades sociais.” (Sigmund Freud).
    • “O período da latência é uma fase crucial na formação da personalidade.” (Laplanche & Pontalis, “Vocabulário”)
    • “A identificação com o genitor do mesmo sexo é um processo-chave nessa etapa.” (Elisabeth Roudinesco)
    • “A idealização de figuras parentais na fase de latência impacta relações futuras.” (Donald Winnicott).
    • “Na latência, os complexos edipianos manifestam-se de forma mais disfarçada.” (Carl Gustav Jung).
    • “O recalque de desejos sexuais pode resultar em comportamentos moralistas na vida adulta.” (Melanie Klein)
    • “As brincadeiras infantis revelam aspectos importantes do desenvolvimento na latência.” (Anna Freud)
    • “As experiências na fase de latência influenciam a forma como lidamos com o poder.” (Karen Horney)

    O período ou fase de latência é quando se adquirem os valores e papéis sexuais culturalmente determinados, surgem as brincadeiras de casinha, como “Papai e Mamãe”, entre outras.

    É quando, segundo Freud, a criança começa a sentir vergonha e devido ao moral imposto.

    Referências bibliográficas

    • Vocabulário e Conceitos Fundamentais – Laplanche & Pontalis. Editora Martins Fontes, 2004.
    • História da Psicanálise – Elisabeth Roudinesco. Editora Zahar, 1994.
    • Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” – Sigmund Freud. Editora Cia das Letras, 2013.
    • O Desenvolvimento da Personalidade – Carl Gustav Jung. Editora Vozes, 2016.
    • Psicologia do Desenvolvimento Humano – Diane Papalia e Sally Olds. Editora McGraw-Hill, 2019.

    Autora: Claudia Bernaski, exclusivamente para o Curso de Formação em Psicanálise Clínica (inscreva-se).

     

    3 thoughts on “Fase de Latência na sexualidade infantil: 6 a 10 anos

    1. Jáfia Rodrigues disse:

      “Fase Fálica (de 3 a 6 anos, aprox.): meninos e meninas modificam a forma de se relacionar afetivamente com os pais. Focalizam suas energias nas interações sociais que começam a estabelecer com outras crianças, e nas atividades esportivas e escolares, com a superação ou suspensão do Complexo de Édipo e Complexo de Electra.” FICOU CONFUSO, ACREDITO QUE ESSAS CARACTERÌSICAS SÂO DO PERÌODO DE LATÊNCIA. SEGUNDO A APOSTILA DO MÒDULO 3.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Olá, Jáfia, tudo bem? Sua observação está correta e já providenciamos a correção do texto da autora/aluna. Obrigado 🙂

    2. Denis Monteiro disse:

      Muito bem explicado, aprendi um pouco sobres essas fases psicossexuais.

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