eu so quero ser feliz

Eu só quero ser feliz: mitos e reflexões

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Pais e terapeutas precisam parar de achar que criança deve ser alegre, feliz e vibrante o tempo todo só porque é criança. A frustração é parte da vida humana, o ficar triste também é parte da estrutura de nossa existência, querer tirar esses momentos da criança, com o argumento fraco de que criança deve ser feliz e alegre o tempo todo, é uma brutalidade tremenda. Continue a leitura e entenda o seguinte texto sobre o tema:” Eu só quero ser feliz “.

Eu só quero ser feliz

Os pais, as escolas (atendendo a demanda dos pais) e até muitos terapeutas, estão guiando cegamente as crianças a buscarem apenas a felicidade na existência. Essa é a receita do bolo das enfermidades emocionais que vemos crescer a cada dia mais.

Pais dizem que a filha não tem motivos para estar triste, “essa menina tem tudo” – “Esse garoto é um ingrato, fazemos tudo por ele e ainda assim, fica desse jeito de bico?!”

Essas falácias vemos repetidas o tempo todo por muitos pais, sem perceberem a gravidade do que dizem. Se sua filha tem tudo, você está justamente criando alguém que nunca irá se satisfazer com nada.

Em: Eu só quero ser feliz – Crianças quando adultas

Se seu filho não precisa fazer nada porque vocês fazem tudo POR ele, então ele nunca vai conseguir se virar quando a vida lhe afrontar.

Essas crianças vão se tornar adultos emocionalmente doentes, com excesso de sentimentalismo, dependentes de aprovação dos outros, necessidade de assistência constante dos pais e incapacidade de lidar com conflitos externos e internos. Estamos criando doentes.

Seu filho não pode ser criado na ilha da fantasia, achando que sorvete é de graça e abundante, que aquela máquina que a mamãe coloca o cartão, sai dinheiro quando ela quer. Cuidado com a superproteção, ela é uma armadilha, você protege em excesso seus filhos hoje, para serem massacrados pela vida amanhã.

O sentimento infantil

Claro que se uma criança apresenta um quadro constante de tristeza e apatia, deve-se buscar ajuda. Mas a questão aqui não são esses casos, mas sim a banalização de sentimentos precisos para o desenvolvimento da musculatura da existência saudável.

Um músculo não se desenvolve sem exercício, não se aprende a lidar com uma situação, apenas a abafando, não se aprende sem experiência.

Portanto, o alerta aqui é não banalizem a tristeza ou frustração, elas não devem ser impedidas e proibidas, devem ser cuidadas, deve-se ensinar as crianças a identificarem esses sentimentos e entenderem como lidar com eles, e as vezes, eles vão precisar senti-los com maior intensidade, é a vida, faz parte.

A tirania da felicidade em: Eu só quero ser feliz

A tirania da felicidade não tem ajudado muito não é verdade? Nos últimos 20 anos a literatura, cursos e conselhos sobre felicidade explodiram, a criação e fabricação de remédios para o tratamento das enfermidades emocionais aumentaram absurdamente, mas os números de depressivos e ansiosos só cresce, entende?

A tirania da felicidade criou um mercado que “atende” a demanda de pais que querem que na escola seus filhos continuem a serem servidos com tudo que tem direito, sem limites, as escolas por consequência, são hoje centros de fabricação da felicidade.

O ensino nem sempre está na equação e muitos terapeutas e médicos, estão aderindo a tratar com medicação e não com observação, análise, criticidade e mediação, estão na onda do mercado, vamos receitar a felicidade e entre o próximo.

Considerações finais

Já passou da hora das pessoas olharem com atenção e entenderem que tem algo muito errado com a felicidade e não é a falta dela, mas a incapacidade de senti-la com a intensidade que ela merece quando ela acontece, já que as crianças, jovens a adultos não foram ensinados a sentirem a tristeza, a lidar com ela e reconhecerem a felicidade quando ela passeia em suas vidas.

Passeia, pois a felicidade não é um lugar em que se chega, ou um estado em que se alcance de forma permanente, a felicidade é um evento. Não dá para ter felicidade, é possível senti-la, reconhecê-la e aproveitá-la quando ela vem. A tristeza é aquela visita indesejada, mas que você precisa saber lidar, enquanto a felicidade é uma visita que devemos abraçar carinhosamente e aproveitar sua presença.

O presente artigo foi escrito por Eduardo Colamego. Escritor, consultor, orientador filosófico, pós-graduado em filosofia, formando em psicanálise e especialista em desenvolvimento humano. Contato pelas redes sociais: @eduardocolamego

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