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Freud é Froid: sexo, desejo e psicanálise hoje

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O título sobre Froid é uma brincadeira com a forma pela qual as pessoas normalmente escrevem o nome do pai da Psicanálise. Froid é a grafia incorreta, Freud é o correto.

O artigo buscará inspirar você a ver a importância de Freud como psicanalista e como filósofo. A teoria de Freud influenciou inúmeros estudiosos e artistas. Fique comigo até o final e você haverá de concordar: Freud é Froid!

Entendendo sobre Froid

A psicanálise e os conceitos de Sigmund Freud se tornaram populares na indústria cultural. Os conceitos de libido, sexualidade e pulsões inconscientes chamaram a atenção popular. Na sociedade do final do século XIX e início do Século XX já havia certo desejo coletivo e ímpeto em conversar sobre esses temas ainda considerados à época como tabus.

Primeiramente vamos contextualizar o termo psicanálise, que tem como pressuposto explicar a intrincada mente humana, através de, como diz o próprio nome, uma análise dos processos mentais e influências no dia a dia do indivíduo. É um método para que o paciente possa se conhecer melhor, intimamente.

Dentro de si, busca-se o conhecimento da realidade individual. Com esse conceito em mente, dois fundamentos se colocam na teoria psicanalítica dos tempos de Freud: primeiramente, os processos mentais e consequentes atos decorrentes operam a maior parte no inconsciente; a parte consciente é uma pequena fração apenas.

Froid e os processos psíquicos

Em segundo, esses processos psíquicos inconscientes são conduzidos por impulsos e tendências sexuais. Ou seja, agimos por impulsos dos quais não estamos conscientes em sua maior parte, e são regidos por sensações muito básicas, sendo redundante, sensoriais. Freud, para explicar essa forma de agir do indivíduo, passa então a analisar as relações humanas – no âmbito público ou pessoal, no viés de tendências e impulsos sexuais, batizados por ele com a expressão libido.

A libido na visão de Freud traz uma energia sexual, uma potência que perpassa todas as relações em todas as idades. Portanto, está presente em todas as manifestações humanas, sociais ou individuais. O prazer provoca desejos e a busca por novas saciedades ou “saciações”. O bebê que mama, a bronca e o abraço, a briga e a reconciliação. A boca que mama traz um prazer sexual, um abraço ou afago também. Um ato que gera prazer passa a gerar outro.

O que acontece é que essas manifestações de prazer e desejo geram conflitos entre a libido e as relações sociais: as regras, conceitos, rotulagens e limitações sociais impõem barreiras e freios aos nossos impulsos. Devido a esses desejos reprimidos, desses conflitos internos entre realização e impedimentos, os sonhos se tornam importantes e constantes válvulas de escape. São representações simbólicas, deformadas da realidade, mas ligadas a ela e aos desejos da libido. E são também um indicativo poderoso do que a mente “escondeu” do indivíduo. Ou a mente esconde, ou sublima.

A sublimação de Froid

Caso o desejo possa ser transferido para a saciação através de outras ações, passa a ser denominado de sublimação. A natureza sexual é transferida para outros pontos de natureza não sexual, como arte, religião, jardinagem. Essas compensações são formas de suprimir e substituir o impulso original reprimido por outras ações não relacionadas originalmente à potência sexual original.

Fato comum na sociedade de hoje é o grande número de telespectadores ficando horas em frente aos televisores assistindo novelas, vendo os personagens viverem romances e aventuras que não são permitidos viverem em suas próprias vidas. O que pode ocorrer também é que outras perturbações mentais bem mais perigosas podem surgir devido às sublimações. Uma das formas para revelar, trazer à margem esses desejos ocultos ou reprimidos é com o uso da psicanálise.

Através da conversa “ampla e irrestrita”, o paciente começa a trazer para o consciente temas e abordagens que não estavam perceptíveis. Há uma tomada de consciência desses fatos antes desconhecidos e sua consequente compreensão dos elementos que ficaram, por diversos motivos, no inconsciente. É como se fosse uma lagoa profunda, para fazer uma analogia, onde os eventos que estão mais ao fundo possam ser “pescados” através de uma avaliação das dicas e pistas dadas, até que cheguem à superfície.

As “doenças mentais”

Através da interpretação dessas informações, desses indicadores de uma possível realidade, essas “doenças” mentais passam a ser mapeadas, conhecidas, interpretadas e enfrentadas em um nível consciente. Identificando as origens do problema, pode-se chegar à cura. Esses conceitos de Freud e a abordagem psicoterapêutica influenciaram fortemente a sociedade do início do século XX, o que exerceu influência nas artes, na filosofia, respingando na religião.

Esses conceitos e abordagens foram acatados ou rechaçados, mas pouco ignorados. A forma como Freud apresentava respostas e formatações a tudo através de conceitos determinantes foi o ponto de maior crítica a seus estudos. Ao mesmo tempo, o fato de instigar estudos com maior aprofundamento na busca da compreensão da mente e problemas pessoais oriundos da mente foi bastante presente. Como consequência os estudos freudianos tiveram continuidade através de novos teóricos e novas abordagens.

Os fatos abordados numa interpretação sexual, trazidos à discussão da sociedade numa época em que ainda eram tabus, os processos psíquicos que podem ir muito além de distúrbios químicos cerebrais e a proposta em si do tratamento psicanalítico, formam as três contribuições mais marcantes do estudo de Freud e a estruturação da psicanálise.

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Froid e o conceito de libido

Quando foi descrito o conceito de libido e a pulsão sexual, houve inicialmente uma recusa dos estudiosos da mente humana por entender-se como uma simplificação de tudo que é relacionado à sexualidade. Entretanto, posteriormente chegou-se a uma compreensão mais ampla, onde libido passa a ser bem mais abrangente que fatos ligados a zonas erógenas, ou o ato sexual em si. Isso possibilitou maior compreensão dessa “potência” sexual originada dos impulsos.

O impulso é gerado pelo prazer anterior e sua relação com a necessidade de satisfação. Se o bebê tem prazer em sugar o seio materno, várias correlações físicas e mentais são construídas no consciente e inconsciente o bebê para a busca dessas sensações no futuro.

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    O fato da psicanálise “apartar” o paciente de distúrbios psiquiátricos trouxe alívio para vários pacientes. Com tratamentos mais suaves, possibilitou trazer a consciência do paciente para o tratamento. Este ponto talvez tenha sido, em longo prazo, a transformação em nível de sociedade mais marcante.

    Conclusão

    Hoje, parte da responsabilidade do “fim” dos hospícios, pode ser creditadas à abordagem psicanalítica, mais transformadora e menos invasiva, mais correlata que imperativa. Parar para ouvir o paciente com hipóteses e “dicas” de caminhos a ser percorrido pela análise e possível tratamento, foi transformador.

    Não é crédito isolado de Freud, mas certamente um destaque para um pontapé bem determinado no percurso histórico. A psicanálise se torna assim uma oportunidade de construção de uma nova realidade para o paciente. Uma realidade embasada em fatos pessoais, oriundos de interpretações e debates de caminhos interpretacionais. E então, você concorda que Freud é Froid?

    Este artigo sobre Froid ou Freud foi escrito por Alexandre Machado Frigeri, especialmente para o blog do curso de Formação em Psicanálise Clínica.

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