Neste trabalho, é desenvolvido o conceito das influências da hipnose e da hipnoterapia sobre a formação e as técnicas da psicanálise. Assim, você terá acesso a uma abordagem bastante completa sobre as duas práticas terapêuticas. Confira!
O artigo que você lerá hoje é uma adaptação de um trabalho de conclusão de curso. A autoria é de Gabriel Merlin, que concluiu a nossa formação completa em Psicanálise Clínica 100% online. Neste trabalho, como já mencionamos, você lerá acerca da hipnoterapia.
O artigo divide-se nas seguintes partes constitutivas:
- Introdução;
- Introdução á Psicanálise;
- Uma introdução à hipnoterapia;
- Influências da hipnose sobre a Psicanálise;
- Conclusão.
Introdução à hipnoterapia
A abordagem conjunta de Psicanálise e Hipnoterapia é relevante porque a psicanálise nasce através da observação da prática e aplicação de algumas técnicas da hipnose. Assim, portanto, o autor acredita ser válido para a formação de um psicanalista pleno o entendimento destas técnicas e suas aplicações, além de como entender a hipnoterapia em si e como sua utilização parcial e plena por Freud moldou a psicanálise.
O objetivo deste texto é, portanto, demonstrar as ideias básicas da psicanálise Freudiana e suas técnicas, e fazer o mesmo com a hipnoterapia, chegando eventualmente na história e ideias de Jean-Martin Charcot, que foi o principal influenciador de Freud no campo da hipnose.
Por fim, sugere-se um paralelo entre a Psicanálise e Hipnoterapia, demonstrando uma possível natureza complementar entre as duas, e a vantagem do aprendizado de ambas para a formação de um psicoterapeuta pleno em uma das duas áreas
Temas abordados neste trabalho sobre hipnoterapia
A primeira parte do trabalho aborda a história e técnicas da Psicanálise Freudiana. Na segunda, por sua vez, abordam-se a história e técnicas da hipnoterapia, chegando eventualmente as teorias de Mesmer, Braid e finalmente as aplicações de Charcot. Em seguida, é reforçado o paralelo entre as duas disciplinas, citando diretamente as influências da hipnose sobre a psicanálise e o uso indireto da hipnose na psicanálise.
Finalmente, na conclusão, é feita a apresentação do argumento com o intuito de sugerir a hipótese da fraternidade entre as duas psicoterapias. Para isso, foram pesquisados diversos livros, fontes e estudos por vários pesquisadores das áreas relevantes, com o objetivo de criar um fichamento de dados objetivos e concisos que apresentam de modo pleno as informações dispostas nesta monografia.
Introdução à Psicanálise
O que é Psicanálise?
A psicanálise é um conjunto de teorias e técnicas terapêuticas relacionadas ao estudo da mente inconsciente, que em conjunto formam um método de tratamento para desordens mentais. Essa disciplina foi estabelecida no começo dos anos 1890 pelo neurologista austríaco Sigmund Freud, influenciado em parte pelo trabalho clínico de Josef Breuer e outros.
Freud usou o termo psicanálise (em francês) pela primeira vez em 1896. Seu livro Die Traumdeutung (A interpretação dos sonhos), que Freud considerava seu trabalho mais importante, apareceu em novembro de 1899. A Psicanálise foi mais tarde desenvolvida por estudantes de Freud como Alfred Adler e Carl Gustav Jung e ainda é desenvolvida por neo-freudianos como Erich Fromm, Karen Horney e Harry Stack Sullivan.
Dogmas
Os dogmas básicos da psicanálise incluem:
- O desenvolvimento de uma pessoa é determinado por eventos muitas vezes esquecidos na infância, ao invés de ser determinada apenas por características hereditárias.
- Comportamento humano e cognição são em grande parte determinados por impulsos irracionais que tem como raiz o inconsciente.
- Tentativas de trazer esses impulsos a consciência causa resistência na forma de mecanismos de defesa, particularmente a repressão.
- Conflitos entre o material consciente e inconsciente podem causar distúrbios mentais como neurose, características neuróticas, ansiedade e depressão.
- O material inconsciente pode ser encontrado em sonhos e atos não intencionais, incluindo maneirismos e erros de fala.
- Uma liberação dos efeitos do inconsciente é alcançada com a conscientização do material através da intervenção terapêutica.
- A “peça chave do processo psicanalítico” (CHESSICK, 2007) é a transferência, onde pacientes revivem seus conflitos infantis através da projeção de sentimentos de amor, dependência e raiva no analista.
As sessões de Psicanálise
Durante sessões de psicanálise o analisado vai se deitar em um divã, com o analista sentado atrás dele e fora de visão. O paciente expressa seus pensamentos, incluindo associações livres (e através destas suas fantasias e sonhos), dos quais o analista infere os conflitos inconscientes causando os sintomas e problemas de caráter do analisado.
Através da análise desses conflitos, o que inclui interpretar a transferência e contratransferência (os sentimentos do analista em relação ao analisado), o analista confronta as defesas patológicas do analisado para ajudá-lo a conseguir a conscientização através do entendimento dos sistemas de causa e efeito por trás dos conflitos reprimidos do analisado, permitindo assim que ele consiga lidar e ter a resolução desses conflitos.
A criação da Psicanálise
A ideia da psicanálise começou a ganhar força sob Sigmund Freud, que formulou sua própria teoria de psicanálise em Viena nos anos 1890. Freud era um neurologista tentando encontrar um tratamento eficiente para pacientes com transtornos neuróticos ou histéricos.
Ele percebeu que existiam processos mentais inconscientes enquanto ele trabalhava como um consultor neurológico em um hospital de crianças. Lá, Freud notou que muitas das crianças afásicas não possuíam causa orgânica aparente para seus sintomas. Só então o estudioso escreveu uma monografia sobre o assunto.
Em 1885, Freud estudou com Jean-Martin Charcot, um neurologista famoso particularmente nas áreas de heresia, paralisia e anestesia. Charcot havia introduzido hipnose como uma ferramenta experimental de pesquisa e desenvolveu a representação fotográfica de sintomas clínicos. Mais abaixo, você aprenderá sobre a relação entre esses dois grandes nomes da Psicanálise.
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Freud e Charcot
Freud viaja para Paris para estudar com Jean Martin Charcot, um dos maiores neurologistas da época. Charcot, era ainda conhecido como “Napoleão das Neuroses”. Foi através dele que Freud adquiriu a habilidade de observar a capacidade da mente sobre o corpo, vendo as demonstrações de hipnose feitas pelo francês.
Charcot se especializava no tratamento de pacientes que sofriam de uma variedade de sintomas fisiológicos inexplicáveis, como paralisia, contrações e espasmos. Ele eventualmente concluiu que esses pacientes sofriam de uma forma de histeria que havia sido induzida através da sua resposta emocional a um conflito mal resolvido. Charcot definiu então, que eles não sofriam pelo acidente, mas pela memória formada do mesmo.
Freud se impressiona imensamente com o trabalho de Charcot com a histeria traumática e tomou dela a noção que uma das formas principais de neuroses aconteciam quando uma experiência traumática levava ao processo de formação inconsciente de sintomas.
O trabalho freudiano com base em Charcot
Quando retornou para Viena, Freud manteve o interesse por explorar a teoria da formação psicológica de sintomas fisiológicos. Nesse contexto, o tratamento era feito através da hipnose e sugestão direta. Assim sendo, o pai da psicanálise se interessou especialmente pelo paciente mais anormal de um colega, Josef Breuer, denominada Anna O.
Freud e a histeria
A primeira teoria de Freud para explicar sintomas histéricos se apresentou em “Estudos sobre Histeria” (1895), co-autorado com seu mentor Josef Breuer. Esse livro é visto como o nascimento da psicanálise, vale lembrar. O trabalho se baseou no tratamento da paciente de Josef Breuer, Bertha Pappenheim, a quem o estudo se referenciou como Anna O, como já mencionamos. Ademais, o livro comenta seu tratamento, intitulado de “A cura falada”.
Breuer escreveu que vários fatores poderiam resultar nos sintomas de histeria, como trauma emocional, enquanto Freud assumiu que a raiz de todos os sintomas histéricos eram memórias reprimidas de situações estressantes. Contudo, quase sempre tendo associações sexuais diretas ou indiretas.
Nesse mesmo tempo Freud tentou apresentar uma teoria neurofisiológica dos mecanismos mentais inconscientes, da qual ele desistiu. Essa teoria nunca foi publicada.
Mais informações sobre a atuação de Freud na Psicanálise
A primeira ocorrência do termo psicanálise veio na dissertação de Freud escrita e publicada em francês em 1896, “L’hérédité et l’étiologie des névroses” (A hereditariedade e etiologia das neuroses). Nesse mesmo ano Freud publicou sua teoria da sedução, que propunha que as precondições para sintomas histéricos são excitações sexuais na infância, e ele afirmou que havia descoberto memórias reprimidas de abuso sexual em todos os seus pacientes.
Ele afirmou em particular para um colega, Wilhelm Fliess, que ele não acreditava mais nessa teoria em 1898. No entanto, só falou sobre isso publicamente em 1906. Essa ideia, mais tarde, evoluiria para o Complexo de Édipo.
No que tange aos outros conceitos da Psicanálise, Freud já havia teorizado a significância simbólica dos sonhos em 1900. Ademais, nesse período ele também formulou também sua segunda teoria psicológica: a hipótese de que o inconsciente possui um processo primário. Ou seja, que o inconsciente consiste de pensamentos simbólicos e condensados, mas também de um processo secundário, que consiste de pensamentos lógicos e conscientes.
Freud e a hipnose
A experiência pré-psicanalítica de Freud se dá, em grande parte, na hipnose. O psicanalista estudou e praticou extensivamente as técnicas de hipnose e sugestão direta.Porém ao longo da sua carreira como hipnoterapeuta, começou a observar um fenômeno, que ele mais tarde chamaria de associação livre, onde o paciente poderia fazer relações e passar informações para o terapeuta enquanto em um estado consciente.
Assim, Freud viu nessa ideia de associação livre um passo para a utilização do tratamento psicoterapêutico para a resolução dos conflitos internos do paciente de modo mais satisfatório. Dessa forma, abandonando progressivamente e totalmente a ideia de hipnose de sugestão direta.
Abordagem inovadora
Nesse contexto, Freud abandona, contudo, a hipnose de sua época. Trata-se da hipnoterapia de sugestão simples ou sugestão direta, onde o hipnotizador colocava o paciente em transe e apenas inseria em seu inconsciente as sugestões para a resolução do conflito recalcado.
Ao longo de seus escritos, Freud demonstrou um reconhecimento franco do débito da psicanálise a hipnoterapia e, apesar de abandonar a sugestão direta como ferramenta clínica, a teoria de associação livre que Freud desenvolveria se assemelharia a técnica hipnoterapeuta que mais tarde seria chamada de terapia de regressão.
As teorias da Psicanálise
Em 1905, Freud publicou a sua teoria das fases psicossexuais:
- oral (0 – 2 anos de idade),
- anal (2 – 4 anos de idade),
- primeira genital (Freud chamou originalmente de “fálica edipal”, 3 – 6 anos de idade),
- latência (6 – puberdade),
- e madura genital (puberdade adiante).
Suas formulações afirmavam que por causa de restrições sociais, desejos sexuais eram reprimidos para um estado inconsciente, e que a energia desses desejos inconscientes poderia se tornar ansiedade ou sintomas físicos. Portanto, suas técnicas de tratamento iniciais, incluindo hipnose e ab-reação, foram criadas para trazer o inconsciente a consciência para aliviar a pressão e os sintomas físicos.
Esse método depois foi abandonado por Freud, em troca de um foco maior nas associações livres.
Livros de Freud e conceitos importantes
No seu livro “Sobre Narcisismo” (1915), Freud debateu o narcisismo. Ainda usando um sistema de energias, Freud caracterizou a diferença entre a energia direcionada ao eu contra energia direcionada aos outros, chamada da catexia. Em 1917, em “Luto e melancolia”, ele sugeriu que algumas depressões eram causadas pelo direcionamento da raiva causada por culpa a si mesmo.
Em 1919 no livro “Uma criança é espancada”, ele começa a endereçar os problemas de pacientes autodestrutivos (masoquismo moral) e o masoquismo sexual franco. Baseado na sua experiência com pacientes deprimidos e autodestrutivos, e refletindo sobre a carnificina da primeira guerra mundial, Freud se encontrou não satisfeito em considerar apenas motivações orais e sexuais para comportamento.
Assim, em 1920, Freud dialogou sobre o poder da identificação em grupos como uma motivação para comportamento (Psicologia de grupo e a análise do ego). Nesse mesmo ano, ele sugeriu sua teoria de impulsos (impulso de vida e impulso de morte) em Além do Princípio do Prazer, para tentar começar a explicar a destrutividade humana. Essa também foi a primeira aparição do seu modelo estrutural (id, ego e superego).
Desenvolvimentos finais de Freud
Três anos depois, ele sumariza as ideias do id, ego e superego no seu livro O Ego e o Id. Nesse livro, ele revisou toda sua teoria de funcionamento mental, agora considerando que a repressão era apenas um de vários mecanismos de defesa, e que ela ocorria para reduzir a ansiedade. Assim, Freud caracterizou a repressão como ao mesmo tempo uma causa e um resultado da ansiedade.
Em 1926, em Inibições, Sintomas e Ansiedade, Freud caracterizou como conflito intrapsíquico entre impulsos e o superego (desejos e culpa) causa ansiedade, e como ansiedade pode levar a uma inibição de funções mentais, como intelecto e fala. O livro foi escrito como resposta a Otto Rank, que em 1924 publicou o livro O trauma do nascimento, analisando como arte, mito, religião, filosofia e terapia foram iluminadas pela ansiedade de separação na “fase antes do desenvolvimento do complexo de Édipo”.
As teorias de Freud, porém, não contemplavam tal fase. De acordo com Freud, o complexo de Édipo estava no centro da neurose, e era a fonte de toda arte, mito, religião, filosofia, terapia – e de fato toda cultura humana e civilização. Freud faleceu em 23 de setembro de 1939, após uma longa luta de 16 anos contra um câncer na sua mandíbula, deixando por trás um legado de mais de quarenta anos de estudos e avanços nas áreas da psicanálise, psicologia e psicoterapia.
Uma introdução à hipnoterapia
A história da hipnoterapia pré-data a história recordada. Ela foi praticada em todo mundo por curandeiros, xamãs, doutores tribais, fakirs hindu, yogis indianos e magis persianos, e foi conhecida através de vários nomes. Foi reconhecida inclusive através do tempo. Isso porque existe uma forte conexão entre a hipnoterapia e:
- a mente e o corpo;
- saúde e cura;
- remoção de sentimentos negativos e fobias;
- melhora na sensação de plenitude geral e performance ao longo das eras.
Contexto histórico
Os egípcios utilizavam o método curativo de “sono no templo”, por exemplo, desde três mil anos antes de Cristo. Os sacerdotes consideravam que esse “sono” tinha poderes curativos, e que a pessoa ao dormir estava em um estado iluminado. Os templos de Imhotep eram populares por essas técnicas, que ainda podem ser encontradas em alguns lugares do oriente e da África. Esses templos funcionavam como hospitais, onde os sacerdotes colocavam o paciente em um estado de transe e analisavam seus sonhos para prover tratamento.
Ademais, similarmente, os hebreus usavam exercícios de respiração, cantos e meditação para produzir um “estado de êxtase”. Este estado, por sua vez, era chamado de Kavanah. Essa prática era similar ao que hoje chamamos de auto hipnose.
Por sua vez, o termo “hipnose” vem do grego hypnos, ou seja, para dormir. Gregos e romanos tem uma história forte com hipnoterapia. Na época, era comum que eles usassem templos para isso, chamados de Asclépio (em homenagem ao deus grego da medicina, Asclepius). Lá, pessoas utilizavam uma técnica chamada de “incubação”, que focava no canto de mantras para Asclepius, pedindo a cura.
O Magnetismo Animal de Franz Friedrich Anton Mesmer
Ao longo da história, os métodos descritos acima foram utilizados como terapias, curas e tratamentos. No entanto, isso funcionou sem uma nomenclatura até 1770, quando Franz Friedrich Anton Mesmer (considerado o pai da hipnoterapia) começou a fazer exibições da sua teoria que existia uma troca de energia entre objetos inanimados e animais, chamado de magnetismo animal, mais tarde chamado de mesmerismo.
Em 1774, Mesmer produziu uma “correnteza artificial” em uma paciente chamada Francisca Osterlin, que sofria de histeria, fazendo-a engolir uma preparação contendo ferro e colocando imãs em várias partes do seu corpo. Osterlin disse sentir correntes de um líquido misterioso fluindo sobre seu corpo, e foi aliviada dos seus sintomas por várias horas.
Nesse contexto, Mesmer não acreditava que os imãs tinham conseguido a cura por si mesmos. Ele sentiu que ele havia contribuído com o magnetismo animal, que havia acumulado através no seu tratamento, na sua paciente. Ele logo parou de usar ímãs como método de tratamento.
A recepção da teoria de Mesmer
Em 1775, Mesmer deu sua opinião perante a academia de ciências de Munique sobre os exorcismos feitos por Johann Joseph Gassner. Este era um sacerdote e curandeiro que cresceu em Vorarlberg, Áustria. Mesmer disse que apesar da sua sinceridade em sua crença, as curas de Gassner resultaram por ele possuir um alto nível de magnetismo animal. Esse confronto entre as ideias de Mesmer e Gassner marcou o final da carreira do sacerdote, e, de acordo com Henri Ellenberger, o final da emergência da psiquiatria dinâmica.
Após um escândalo após a tentativa sem sucesso de Mesmer de curar a cegueira de uma garota de 18 anos, Maria Theresa Paradis, ele sai de Viena em 1777, se mudando para Paris. A cidade logo se dividiu entre aqueles que achavam que ele era um charlatão e aqueles que achavam que ele havia feito uma grande descoberta.
Hipnoterapia em James Braid
Em um sábado, dia 13 de novembro de 1841, James Braid atendeu a uma apresentação do magnetista francês Charles Lafontaine. Ele examinou a condição física dos atendentes “magnetizados” por Lafontaine e notou que, de fato, o estado físico deles estava diferente do normal. Assim, ele se intrigou pela alteração no estado dos pacientes de Lafontaine, porém não se convenceu da veracidade do magnetismo animal.
Ele atendeu mais duas demonstrações do magnestista, e na terceira demonstração (20 de novembro de 1841) Braid estava convencido da validez de alguns dos efeitos e fenômenos de Lafontaine. Ele estava convencido que existia uma transformação de uma “condição um” para uma “condição dois”, e então um retorno à “condição um”.
Embora acreditasse que essa transformação realmente havia ocorrido, ele não acreditava que isso ocorria devido a quaisquer tipos de “agência magnética” (como Lafontaine afirmava). Ele também rejeitava a asserção que essa transformação “procedia de, ou foi excitada a agir, por outra pessoa” (Neurohypnologia, pg. 32).
Sugestões de Braid
Braid então começou a experimentar a ideia das sugestões, partindo de um princípio oposto ao do magnetismo animal. Enquanto o magnetismo acreditava que o impulso era centrado no operador e vinha de fora, Braid acreditava que o impulso se centrava no operado, e vinha de dentro.
O seu sucesso excepcional em sua auto hipnose inteiramente por si mesmo, em si mesmo, em sua casa, claramente demonstrou que não havia nada relacionado com o “olhar”, “carisma” ou “magnetismo” do operador. Tudo que era necessário era a “fixação da visão” do operado em um “objeto de concentração”.
Assim, ao mesmo tempo, ao se usar como cobaia, Braid provou de como conclusivo que nenhum dos fenômenos de Lafontaine ocorriam devido a agência magnética.
A neurohypnologia
Ainda com relação a Braid, ele realizou vários experimentos em si mesmo. Contudo, agora crente que havia descoberto o mecanismo psicofisiológico natural desses efeitos genuínos, ele realizou seu primeiro ato de heterohipnose. O procedimento foi na frente de várias testemunhas, em uma segunda feira, dia 22 de novembro de 1841. Seu primeiro paciente hipnotizado foi o Sr. J. A. Walker.
No sábado seguinte, 27 de novembro de 1841, Braid deu sua primeira palestra no Athenaeum de Manchester. Ali, entre outras coisas, ele pode mostrar como conseguia replicar os efeitos de Lafontaine. Contudo, sem a necessidade de qualquer contato físico entre o operador e o sujeito.
Apesar de brevemente brincar com o nome “mesmerismo racional”, Braid acabou escolhendo enfatizar os aspectos únicos da sua aproximação, carregando experimentos informais ao longo da sua carreira. Isso de modo a refutar práticas que afirmavam invocar forças sobrenaturais e demonstrando o papel de processos psicológicos e fisiológicos ordinários como a sugestão e atenção focada na produção dos efeitos observados.
Mais descobertas de Braid
Braid trabalhou com proximidade ao fisiologista professor William Benjamin Carpenter. Este era um neuropsicólogo que introduziu a teoria de sugestão do “reflexo ideo-motor”. Carpenter havia observado instâncias de expectativa e imaginação aparentemente influenciando o movimento muscular involuntário.
Um exemplo clássico do princípio ideo-motor em ação é o “pêndulo de Chevreul”. Michel Eugène Chevreul afirmou que um pêndulo de divinação se movia devido a movimentos causados inconscientemente pela concentração focada em si.
Braid rapidamente assimilou as observações de Carpenter a sua teoria, realizando que o efeito de focar a atenção aumentava a resposta ideo-motora. Assim, ele estendeu a teoria de Carpenter para incluir a influência da mente no corpo de modo mais generalizado, além do sistema muscular, assim passando a se referir a teoria como a “resposta ideo-dinâmica”. Dessa forma, cunhou o termo “psicofisiologia” para se referir ao estudo da interação entre corpo e mente.
Hipnotismo
Mais tarde, Braid reservou o termo “hipnotismo” para casos onde indivíduos entraram um estado de amnésia similar ao sono. Para outros casos, ele falou de um princípio “mono-ideodinâmico”.
Ele fez isso para enfatizar que a técnica de indução através da fixação dos olhos funcionava através do estreitamento do foco do sujeito para uma ideia ou linha de raciocínio singular (“monoideísmo”). Isso amplifica o efeito da consequente “ideia dominante” funcionando sobre o corpo do sujeito através do princípio ideo-dinâmico.
Jean-Martin Charcot
Jean-Martin Charcot foi um neurologista francês e um professor de patologia anatômica. Hoje ele é conhecido pelo seu trabalho com hipnose e histeria, em particular por seu trabalho com a paciente Louise Augustine Gleizes. Ele também é conhecido como o “pai da neurologia moderna”, e seu nome foi conectado com pelo menos 15 epônimos médicos, incluindo a doença de Charcot e a doença Charcot-Marie-Tooth.
Ademais, Charcot é considerado um dos pais da psiquiatria moderna e foi chamado de “Napoleão das Neuroses”, como já mencionei. O foco primário de Charcot foi a Neurologia. Ele nomeou e foi o primeiro a descrever a esclerose múltipla, sumarizando relatórios anteriores e adicionando suas próprias observações clínicas e patológicas.
Na época, Charcot chamou a doença de “sclérose en plaques”. Os três sinais de esclerose múltipla são hoje conhecidos como a “tríade de Charcot”, que são nistagmo, tremor intencional e fala telegráfica. Além disso, o neurologista também observou mudanças de cognição, descrevendo pacientes como tendo um “notável enfraquecimento da memória” e “concepções que se formavam devagar”.
Mais informações sobre a atuação de Charcot no campo da histeria
Charcot hoje é mais conhecido pelo seu trabalho com hipnose e histeria. Em particular, ele é conhecido pelo seu trabalho com a paciente Louise Augustine Gleizes, que aumentou sua fama durante sua vida. Porém, Marie “Blanche” Wittman, conhecida como a Rainha dos Histéricos, foi seu paciente de histeria mais famoso na época.
Ele inicialmente acreditava que histeria era uma desordem neurológica com uma predisposição hereditária no sistema nervoso, mas próximo ao final da sua vida ele concluiu que histeria era uma doença psicológica.
As mulheres estudadas por Charcot
Charcot começou a estudar histeria após criar uma ala especial para mulheres sãs com “histero-epilepsia”. Ele descobriu duas formas distintas de histeria entre essas mulheres: Histeria menor e histeria maior. Seu interesse em histeria e hipnotismo se desenvolveram em um tempo onde o público estava fascinado com “magnetismo animal” e “mesmerização”, o que depois (graças a James Braid) se descobriu ser um método de indução a hipnose.
Ademais, o neurologista ainda argumentou veementemente contra a noção médica e popular que histeria era uma doença quase exclusivamente feminina. Ele o fez apresentando vários casos de histeria masculina traumática. Além do mais, ele ensinava que devido a esse preconceito esses casos iam muitas vezes desconhecidos, mesmo por médicos de renome e podia acontecer em modelos de masculinidade como soldados.
A análise de Charcot e sua visão sobre histeria como uma condição orgânica que podia ser causada por trauma, abriu o caminho para a compreensão de sistemas neurológicos nascentes de traumas.
A hipnoanálise
A teoria por trás da hipnoanálise é que para alguns problemas e complicações, existe uma repressão. O objetivo da terapia é descobrir essa repressão e a resolver. Esse processo é mais demorado que a hipnoterapia de sugestão e pode levar várias sessões. Isso permite que o analista e o analisado construam um relacionamento com bom rapport e confiança.
Por experiência própria, posso dizer que o relacionamento e a transferência/contratransferência entre o analista e o analisado é tão importante quanto, se não mais, que na psicanálise. Isso se dá pelo fato que, caso não exista um laço de confiança entre o paciente e o terapeuta, a entrada do paciente no transe se torna significativamente mais difícil.
Influências da hipnose sobre a Psicanálise
Hipnose em Freud
Em outubro de 1885, Sigmund Freud vai para Paris para estudar com Jean-Martin Charcot. Freud iria depois lembrar dessa experiência como um catalisador para o levar à direção de uma carreira na área de psicopatologia médica ao invés de uma carreira em pesquisa neurológica.
De início, Freud era um proponente entusiasta da hipnoterapia. Ele hipnotizava pacientes e pressionava suas testas para os ajudar a concentrar enquanto tentava recuperar suas supostamente reprimidas memórias. E ele logo começou a enfatizar a regressão hipnótica e ab reação (catarse) como métodos terapêuticos.
Ele escreveu um artigo sobre hipnotismo, traduziu um dos trabalhos de Bernheim para o alemão, e publicou uma série influencial de casos de estudo com Joseph Breuer chamado “Estudos sobre Histeria” (1895). Esse texto, além de considerado um dos documentos iniciais da concepção da psicanálise, também é o texto fundador da tradição subsequente conhecida como “Hipnoanálise” ou “terapia de regressão”.
O abandono e adoção tardia da hipnose em Freud
Freud eventualmente abandonou a hipnose, enfatizando a associação livre e interpretação do inconsciente. Posteriormente, Freud sugeriu que a psicanálise e a hipnose poderiam ser unidas para acelerar o resultado do tratamento. De acordo com ele, “É bem provável, também, que a aplicação da nossa terapia à números vai nos compelir a juntar o ouro da análise com o bronze da sugestão hipnótica direta”.
Apenas um punhado dos seguidores de Freud, contudo, eram suficientemente qualificados em hipnose para tentar a síntese. Esse trabalho influenciou, de modo limitado, as terapias conhecidas hoje como “regressão hipnótica”, “progressão hipnótica” e “hipnoanálise”.
Hipnose em Jung
Breve descrição de Carl Jung
Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicanalista suíço que fundou a psicologia analítica. Seu trabalho foi influencial não só na psiquiatria, mas também na antropologia, arqueologia, literatura, filosofia e até em estudos religiosos. Um cientista notável baseado no famoso hospital Burghözil, sob Eugen Bleuler, chamou a atenção do fundador da psicanálise, Sigmund Freud.
Os dois homens conduziram uma correspondência longa, e colaboraram inicialmente em uma visão conjunta da psicologia humana. Freud via em Jung o herdeiro que ele estava procurando para a sua “nova ciência” da psicanálise. As pesquisas e visões pessoais de Jung, contudo, fizeram impossível para ele se dobrar à doutrina do seu colega mais velho e uma separação se tornou inevitável. Essa divisão foi pessoalmente dolorosa, e causou repercussões históricas que duram até os tempos modernos.
Jung também era um artista, artesão e construtor, além de um escritor prolífico. Muitos dos seus trabalhos não foram publicados até após sua morte e muitos ainda estão aguardando publicação.
A psicologia analítica de Jung
Entre os conceitos centrais da psicologia analítica está a individuação – O processo vitalício de diferenciação do eu de cada elemento consciente e inconsciente individual. Jung considerava isso a principal função do desenvolvimento humano. Ele criou alguns dos mais conhecidos conceitos psicológicos, incluindo sincronicidade, fenômenos de arquétipo, o inconsciente coletivo, o complexo psicológico, a extroversão e a introversão.
No início de sua carreira, Jung utilizou muitas vezes a hipnose, hipnotizando principalmente sua prima Helene Preiswerk. Por meio das comunicações com ela, enquanto a mesma estava sob transe, ele determinou que partes diferentes da sua psique se apresentavam como personalidades diferentes, mas todas com a mesma intenção de se unirem.
Ele concluiu que essas partes estavam tentando se unificar e se tornarem uma pessoa completa. A partir disso, Jung teorizou que existiam forças inconscientes dentro de nós que tentavam se unir, e que o trabalho das nossas vidas era se comunicar com essas partes profundas de nós mesmos e nos tornarmos inteiros. Esse processo foi chamado de “individuação”, se referindo ao se tornar uma unidade indivisível.
Hipnose regressiva
A hipnose regressiva, também chamada de hipnoanálise ou hipnose de regressão, é uma técnica utilizada por hipnoterapeutas para ajudar pacientes a se recordar de percepções e sentimentos. Todos ocorridos durante a sua formação na vida infantil que podem afetar sua vida adulta.
A regressão acontece com o paciente sendo posto em estado de transe e sendo instruída pelo terapeuta a se lembrar de um evento específico no seu passado ou regredir emocionalmente a uma idade específica. O paciente pode então se lembrar ou até reviver eventos na sua vida. Essa regressão permite ao paciente reinterpretar o evento traumático com novas informações e observações.
Auto hipnose na Psicanálise
Na psicanálise ocorrem três eventos importantes onde podemos demonstrar uma utilização simbiótica da hipnose (no caso específico da psicanálise uma auto hipnose natural do paciente, semelhante a um estado meditativo) em três eventos: O diálogo, a associação livre e a transferência.
Para a explicação da relação entre esses eventos e essa auto hipnose meditativa, usamos a definição de James Braid – A hipnose se dá como um “estado alterado de consciência” e ocorre sendo necessários dois fatores principais: Um “objeto de concentração” e o “foco da visão”, além de um fator de apoio no relaxamento.
Conceitos importantes para quem estuda hipnoterapia
O diálogo
O diálogo entre o analisado e o analista se dá através da eliminação do analista de vista, com o mesmo se posicionando atrás do divã. Ademais, há também o posicionamento do paciente, geralmente deitado, em cima do mesmo. É importante notar que esse posicionamento naturalmente encaminha o paciente para um processo hipnótico. Ao se deitar, o paciente relaxa, o que ajuda o paciente a entrar em um estado semiconsciente, facilitando a conexão com o inconsciente e a entrada no estado meditativo.
Junto com esse relaxamento, nós temos o foco da visão. Devido a posição do paciente, ele vai normalmente estar com os olhos naturalmente direcionados ao teto, uma parede ou uma janela – Como não existe visão direta do analista, o inconsciente do paciente não tem como se ocupar com o processamento de estímulos visuais como a leitura da linguagem corporal do paciente, então o foco da visão acaba ocorrendo de modo natural.
Associação livre
Na associação livre ocorre a segunda parte do processo hipnótico, a criação do estado de concentração. Ao focar em expor suas visões, opiniões, ideias e sentimentos de modo imediato e sem filtro, o paciente se coloca sozinho em um estado meditativo de consciência alterada.
Com o foco do paciente saindo da análise do exterior (devido à falta de estímulos no exterior) e se focando no interior, ocorre uma transição natural a um estado hipnótico causado pelo próprio paciente como hipnotizador de si mesmo. Ou seja, uma auto hipnose ou meditação. E é com o uso desse foco que o paciente consegue estabelecer uma comunicação com seu inconsciente e manifestar, através da associação livre, suas ideias e sentimentos reprimidos.
Transferência
Por fim, a transferência ocorre como uma autossugestão nesse processo hipnótico. Devido a entrada do paciente nesse estado meditativo, a transferência ocorre de modo natural uma vez que o psicanalista age não como “guia” do estado meditativo (ao contrário do hipnoterapeuta, que faz justamente isso) e sim como o contrapeso e alvo do mesmo.
Ao contrário da hipnoterapia, onde as projeções do inconsciente são direcionadas aos catalisadores dos eventos traumáticos em si (O hipnoterapeuta pode, por exemplo, fazer o hipnotizado confrontar com seu pai durante a hipnose para resolver um desentendimento reprimido com o mesmo) o psicanalista se coloca como o alvo direto dessas projeções (algo que também ocorre de forma natural, uma vez que o paciente dialoga com o analista).
Enquanto o hipnoterapeuta faz o paciente confrontar a projeção, o analista “incorpora” esse projeção. No exemplo acima, o analista toma o lugar do pai no inconsciente do paciente, e através dessa projeção que ele trata esse desentendimento reprimido.
Elementos da hipnoterapia tradicional
Nesse modo podemos ver os três elementos da hipnoterapia tradicional – transe, regressão e sugestão. Na psicanálise, elas se apresentam na forma do divã, da associação livre e da transferência.
Vale lembrar que a psicanálise não utiliza a sugestão hipnótica como método de tratamento. Nas explicações acima e, de fato, na psicanálise como todo, as ferramentas hipnóticas são utilizadas (na maioria dos casos até sem o conhecimento do próprio psicanalista) como um suporte ou apoio do processo psicanalítico, que funciona independente a hipnoterapia em si. Nesses exemplos, o estado hipnótico ocorre inconscientemente e, de fato, a mesma ideia pode ser aplicada a quase qualquer outro processo psicoterapêutico.
Considerações pessoais do autor sobre a hipnoterapia
O autor dessa monografia também teve contato pessoal com a hipnoanálise, tendo sido tratado primariamente através desta durante um período de seis meses, e tendo como o resultado a superação de traumas da infância que causavam transtornos e depressão por torno de dez anos.
Nesta sessão, as opiniões pessoais do autor com relação as suas experiências com a hipnoanálise são descritas e não representam fatos. São apenas as visões e observações pessoais sobre a hipnoterapia.
Detalhes da experiência
De início aparentou existir uma dissonância entre o transe hipnótico e a análise propriamente dita. A análise e o transe ocorriam separadamente, em faixas de tempo separadas e bem delimitadas, com o transe ocorrendo geralmente no final das sessões e não servindo muito propósito inicialmente além de como uma ferramenta de relaxamento e uma coleta de informações superficiais.
Porém, isso se provou um comprometimento necessário da hipnoanálise. Conforme o rapport e a confiança entre o paciente e o terapeuta se desenvolveram, a hipnose começou a se tornar uma parte mais natural da terapia, ocorrendo de modo natural ao longo das sessões. Isso sem a mesma necessidade de delimitação e de aclimação com os processos.
De fato, na reta final da terapia, a associação livre e regressão hipnótica começaram a ser utilizadas simultaneamente. Uma foi usada para facilitar na outra,de modo que um resultado mais rápido foi alcançado sem a psicanálise tradicional e sem comprometer a eficácia total do programa.
Conclusão
Ao longo da história, a hipnose se mostrou uma ferramenta de suporte intimamente conectada com a medicina, psicologia e psicoterapia. Desde as aplicações históricas em templos com técnicas de incubação e meditação através de mantras religiosos, até o uso da hipnose em Charcot e Freud para a conclusão da existência de sintomas fisiológicos gerados por processos psicológicos.
A hipnose afetou a formação de várias das técnicas psicoterapêuticas modernas, sendo essas a própria hipnoterapia, a psicanálise, a psicologia analítica e até a terapia cognitivo-comportamental. Outras também foram consideradas, apesar destas não serem mencionadas neste trabalho.
De fato, a hipnose apresenta uma influência tão grande sobre Freud e Jung que, apesar de ambos se distanciarem da sugestão direta, eles não se distanciaram do transe em si. Freud, ao fazer o paciente se deitar em um divã, se mantendo focado apenas em um ponto de visão e na voz do analista, cria no paciente um estado de transe. Assim, abre através da associação livre um canal de comunicação com o inconsciente, deixando o paciente se expor.
Finalizando…
Em Jung, a hipnose afeta de modo bem mais direto na formação da sua teoria. Através da hipnose da sua prima que ele nota os diferentes fragmentos da psique que formam a base da sua ideia da individuação, e consequentemente a base do seu processo analítico.
A hipnose se mostra um amigo implícito em grande parte dos estudos psicológicos, lembrando sua definição por Braid. O transe pode se dar em qualquer situação desde que se cumpram duas condições. A fixação da visão e o foco da concentração do hipnotizado. Sendo assim, o autor vê a hipnose como um estudo de importância capital para a formação de um psicoterapeuta completo.
Apesar de resultados discutíveis na parte da sugestão direta, a hipnose como componente ativo da terapia facilita a busca por informações do paciente, como um complemento a associação livre. Dessa forma, guiando o paciente a um local ou trauma específico da memória e o ajudando a focar em artefatos importantes da sua psique.
Últimas palavras sobre hipnoterapia
A hipnose, por fim, não precisa nem ser utilizada. Seu estudo e conhecimento sem aplicação prática pelo analista, revela através das epifanias de seus praticantes conceitos importantes sobre o inconsciente e seus funcionamentos que o analista não teria de modo contrário.
Mesmo em tempos modernos, é importante voltarmos a visão ao passado. Um psicoterapeuta pleno com certeza só pode se afirmar o mesmo após o estudo extenso daqueles que o pré-datam, e a história da hipnose é, em si, a história da psicologia.
Esperamos que tenha gostado desse artigo sobre hipnoterapia de acordo com uma abordagem psicanalítica. Para aprender a abordar temas espinhosos da teoria psicanalítica assim como nosso aluno Gabriel, matricule-se em nosso curso. A formação em Psicanálise Clínica EAD fará a diferença não só em termos de aprendizado, mas também de evolução profissional.
O trabalho original foi escrito pelo concluinte Gabriel Merlin, e os direitos da mesma ficam reservados ao autor.