Homofobia no campo psicanalítico

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A homofobia é um tema que ganha cada vez mais atenção e precisa ser amplamente discutido.

Nossa sociedade ainda estimula muitos preconceitos, e a violência contra pessoas LGBTQIA+ é uma triste realidade.

Por isso, este artigo é tão importante. Vamos conversar sobre o que é a homofobia, a visão da psicanálise sobre o assunto e como podemos combatê-la!

O que é homofobia

Para começarmos a discutir o tema, achamos necessário entender a definição da palavra homofobia.

Homofobia no dicionário

Em primeiro lugar, queremos expor o que o dicionário traz sobre a palavra homofobia :

  • É um substantivo feminino;
  • Etimologicamente: homo, pseudoprefixo de homossexual, fobia do grego φόβος “medo”, “aversão irreprimível”;
  • É o medo patológico em relação à homossexualidade e aos homossexuais. Assim sendo, a pessoa homofóbica tem medo de quem se sente sexual e afetivamente atraído por pessoas do mesmo sexo;
  • É o ódio direcionado aos homossexuais;
  • Preconceito contra homossexuais ou contra pessoas que não se identificam como heterossexuais.

Conceito de homofobia

Depois dessa definição mais objetiva que o dicionário nos oferece, devemos pensar no conceito de homofobia de modo mais abrangente.

A homofobia envolve uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a pessoas que não se identificam como heterossexuais.

Dessa forma, engloba pessoas homossexuais, bissexuais, transgêneros e pessoas intersexuais.

Nesse contexto, os sentimentos variam entre antipatia, desprezo, preconceito, aversão e medo irracional.

Assim sendo, resultam em um comportamento crítico e hostil, com base na percepção de que todo tipo de orientação sexual não-heterossexual é negativa.

Assim, entre as formas mais discutidas estão:

  • homofobia institucionalizada, motivadas por religiões e/ou o Estado;
  • lesbofobia;
  • homofobia internalizada.

Essa última é uma forma de homofobia entre as pessoas que experimentam atração pelo mesmo sexo, independentemente de se identificarem como LGBT.

É importante mencionar que em alguns casos, pessoas que são homofóbicas ainda não definiram completamente sua própria identidade sexual.

Além disso, a homofobia também pode ter raízes culturais e religiosas.

Homofobia e psicanálise

Quando pesquisamos sobre a homofobia do pondo de vista da psicanálise, é impossível não pensar em seu idealizador: o próprio Freud.

Desse modo, vamos trazer o posicionamento dele sobre o tema.

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    Para Freud, a homossexualidade é uma orientação sexual que não se muda com um tratamento psicanalítico.

    Assim sendo, a sexualidade é responsável por definir se uma pessoa é homem ou mulher.

    Dessa forma, independente do sexo biológico, é a sexualidade que define se o indivíduo estará do lado homem ou do lado mulher.

    Resposta de Freud para uma carta

    Curiosamente, Freud recebeu em 1935, uma carta de uma mãe preocupada com seu filho.

    Nesse contexto, Freud respondeu a ela o seguinte:

    Deduzo – diz Freud – que seu filho é homossexual. Me impressiona que não use esta palavra em sua informação sobre ele…”.

    Além disso, ele ainda acrescenta:

    a homossexualidade não é uma vantagem, mas também não é algo de que alguém deva se envergonhar; um vício ou uma degradação, nem pode ser classificado como uma enfermidade”.

    Ademais, Freud ainda menciona um pedido de ajuda com o objetivo de reverter a orientação sexual:

    Você me pergunta se posso ajudá-lo, devo supor que me pergunta se posso abolir sua homossexualidade e colocar em seu lugar a heterossexualidade…”.

    Diante disso, é impossível não lembrar das inúmeras discussões sobre a suposta “cura gay”.

    No entanto, ao contrário das expectativas, ele recomeda:

    Se é infeliz, se vive dilacerado por seus conflitos… a análise pode lhe trazer harmonia, tranquilidade mental…”.

    Assim, através dessa troca de correspondência, podemos ver o posicionamento de Freud sobre o assunto.

    Os estudos psicanalíticos ainda acrescentam que o preconceito contra as homossexualidades é fundado no narcisismo das pequenas diferenças.

    É um repúdio à castração, no não reconhecimento de uma falta constitutiva do Outro.

    Ele é uma repetição do preconceito xenófobo, racial ou misógino. Funda-se com ódio à alteridade.

    Combate à homofobia

    A OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou a homossexualidade da lista de distúrbios mentais da CID (Classificação Internacional de Doenças) no dia 17 de maio de 1990.

    Essa decisão impediu que se considerasse a orientação sexual como doença. Essa mudança marcou uma vitória para o movimento LGBT.

    O movimento escolheu essa data como dia internacional de combate ao preconceito e à violência contra gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

    No entanto, alguns países ainda criminalizam a homossexualidade, chegando a puni-la com pena de morte.

    Por essa razão, muitas organizações têm realizado campanhas para extinguir esse tipo de punição para pessoas homossexuais.

    Nesse contexto, artistas, intelectuais e celebridades têm se posicionado cada vez mais sobre o assunto.

    Ademais, hoje temos muito mais informação sobre o tema. Contudo, precisamos fazer mais. Infelizmente, alguns ainda consideram a homossexualidade um desvio de caráter ou doença.

    Crianças ainda sofrem bullying por sua orientação sexual, e muitos se escondem por medo. Assim sendo, enfatizamos que devemos combater qualquer tipo de violência mental ou física.

    Momentos importantes do combate contra a homofobia

    Neste tópico listaremos algumas das conquistas dos LGBTQ+ mais durante toda a luta contra a homofobia:

    Revolta de Stonewall

    Ela aconteceu em 1969 em Nova York, e marcou o início da organização de diversos movimentos pelos direitos dos homossexuais.

    Ela foi caracterizada pela ocorrência de diversas manifestações organizadas por membros da comunidade LGBT em reação a uma invasão policial.

    Essa invasão aconteceu no bar Stonewall Inn, o único bar gay que existia na cidade.

    Essa revolta deu força para que outros grupos homossexuais se organizassem nos Estados Unidos. Um ano depois surgiram diversas marchas do orgulho gay no país.

    Eleição de Harvey Bernard Milk

    O americano Harvey Milk (1930-1978) foi um político e ativista pelos direitos dos homossexuais.

    Ele ganhou a eleição para o cargo de supervisor da cidade de San Francisco (Califórnia) em 1977.

    Sua importância no movimento decorre de ser o primeiro político abertamente gay eleito. No entanto, ele foi assassinado com quase um ano de mandato.

    Uso da expressão orientação sexual no lugar de opção sexual

    Esta troca de expressão reconhece que a homossexualidade é uma condição biológica que faz parte da natureza da pessoa.

    Reconhecimento da união civil ou casamento entre pessoas do mesmo sexo

    Isso garante que o Estado reconheça e confirme a existência de direitos para essa união.

    No Brasil, o reconhecimento da união civil como direito ocorreu em 2011.

    Segundo a Resolução nº 175/13 do Conselho Nacional de Justiça, é permitido o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo.

    Ademais, de acordo com essa resolução, nenhum cartório pode se negar a fazer o registro do casamento.

    Autorização de alteração do nome no registro civil

    No Brasil, é permitida essa autorização, desde que o indivíduo comprove a sua transsexualidade.

    Isso possibilita dignidade para o indivíduo.

    Direito ao uso de nome social

    O nome social é o nome pelo qual pessoas identificadas como transexuais ou travestis desejam ser reconhecidas socialmente.

    Assim sendo, garantir que esse desejo seja atendido por lei é uma conquista importante.

    Conclusão

    Enfim, ainda há muito a ser feito para vencer a homofobia. Muitos homossexuais enfrentam o preconceito, o que é extremamente prejudicial.

    Portanto, precisamos de leis mais rigorosas e garantir a equidade dos direitos. No entanto, já celebramos a conquista de muitos direitos.

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    One thought on “Homofobia no campo psicanalítico

    1. Marta Maria Dupas Gião disse:

      Texto super informativo. Conteúdo bem exposto com clareza e reforço de conceitos. Ótimo.

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