Homossexualidade e estigma

Homossexualidade e estigma: a dor de não poder simplesmente ser

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Para entender sobre a homossexualidade e estigma, temos que ter em mente que embora os homossexuais tenham conseguido grandes vitórias em sua luta contra o preconceito e tenham dado passos importantes para garantirem os direitos garantidos pela Constituição a todos os cidadãos, ainda estão longe de receberem da sociedade um tratamento humanitário e igualitário em relação à população heterossexual.

Homossexualidade e estigma

O preconceito contra essa parcela da população já vem de longo tempo. Antes mesmo do termo homofobia ser utilizado em 1971 por K. T. Smith, em um de seus artigos, os homossexuais já sofriam sanções por assumirem um gênero diverso do gênero aceito socialmente.

Na época da Inquisição, a Igreja Católica considerava o homossexualismo crime ou pecado e cabia à ela, distinguir quando era um ou outro e julgar de acordo com suas regras. A partir do século XIX, o homossexualismo deixou de ser entendido como um pecado ou crime e passou a ser considerado doença mental.

Os homossexuais tinham que passar por um tratamento psiquiátrico visando a “cura” desse mal. Apenas em 1990, a OMS (Organização Mundial de Saúde) retirou a classificação de homossexualismo como doença.

O que é estigma

De acordo com o dicionário, a palavra estigma, é proveniente do grego “stígma” e do latim “stigma” e representa uma marca, sinal ou picada.

Também possui o significado no sentido figurado de algo que pode ser considerado indigno ou desonroso. Ser estigmatizado significa ser depreciado, desacreditado, se sentir diminuído.

Uma pessoa pode ser estigmatizada quando possui alguma característica ou atributo que, para a sociedade, é tido como estranho, desvalorizado ou que não se refere ao seu padrão normativo..

Homossexualidade e estigma : homofobia e violência

Vivemos numa sociedade machista, onde o patriarcalismo e o heterossexismo são predominantes e, pessoas que não estejam dentro dos padrões por ela determinados, são consideradas inferiores e com isso, passíveis de não terem respeitados seus direitos e ainda sofrerem todo tipo de violência. A violência que não só os homossexuais são vítimas, mas toda população LGBTQIA+, é um reflexo desse desprezo e repulsa que a sociedade impõe por terem escolhido um gênero não aceitável e por isso, ficam sujeitos à arcar com as consequências de escolhas de suas escolhas.

Uma pesquisa realizada em 2020 pelo SUS (Sistema Único de Saúde), apontou que de hora em hora, um indivíduo LGBT é agredido no Brasil, com isso, percebe-se que os índices da violência de gênero são alarmantes, essa violência é uma forma que a sociedade encontra de demonstrar sua insatisfação e controlar a maneira como as pessoas vivenciam sua sexualidade.

Por se perceberem vulneráveis a sofrer violência, os homossexuais, muitas vezes, preferem calar sobre sua sexualidade e assumir a postura e o comportamento esperado pela sociedade, com isso, se tornam mais suscetíveis a desenvolver problemas de saúde mental.

O medo de ser estigmatizado

Quando uma pessoa se sente impedida de demonstrar sua essência e precisa ocultar sua forma de ser e sentir, por medo de ser estigmatizada, ela se torna mais vulnerável a desenvolver comorbidades emocionais e psicológicas. Viver sob ameaça constante, acarreta um esforço mental que faz minar as energias do sujeito e pode trazer consequências graves.

Na maioria das vezes, é na adolescência que o indivíduo se percebe homossexual e, por ser essa fase, uma etapa da vida cheia de conflitos, o sujeito ao se perceber “diferente” do normativo, passa por um processo ainda mais complicado de autoaceitação. É na adolescência que o sujeito sente maior necessidade em conviver em grupo, porque é nela, que ele irá desenvolver sua identidade social e a sensação de pertencimento

E ao se perceber atraído pelo mesmo sexo, é natural que ele rejeite esse desejo e busque se esquivar do que sente, para não ser rejeitado pelo grupo ou ser vítima de violência. Os meios de comunicação, principalmente as redes sociais, estão repletas de movimentos que propagam a homofobia e, muitos chegam a incentivar a violência contra essa parcela da população, sendo essa, mais uma razão para que o indivíduo homossexual faça um esforço diário para demonstrar o que não é, com medo de não ser aceito.

Não poder simplesmente ser, homossexualidade e estigma

Ao se perceber homossexual, o sujeito vai se vê diante de questões conflituosas que precisarão ser refletidas e trabalhadas por ele, visando a autoaceitação e o autoamor. Não poder demonstrar o que é, e precisar encobrir sua orientação sexual, pode desencandear um sofrimento emocional profundo e, muitas vezes, o sujeito não possui recursos internos que lhe proporcionem formas de enfrentar essa situação, levando ao adoecimento psíquico.

É necessário desenvolver estratégias de enfrentamento para não absorver o estigma e o preconceito que a sociedade vai lançar contra ele. Buscar apoio e se fortalecer visando não internalizar as atitudes preconceituosas do outro e não sentir vergonha do que é.

Entender que cada um é livre para ser, sentir e vivenciar sua sexualidade da forma que quiser, devendo apenas respeitar as escolhas e opções do outro.

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    Bibliografia

    DICIO – Dicionário Online de Português. Significado de estigma. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/estigma/>. Acesso em 30 de julho de 2021.

    PUTTI, A. Carta Capital. Um LGBT é agredido no Brasil a cada hora, revelam dados do SUS, 2021. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/diversidade/um-lgbt-e-agredido-no-brasil-a-cada-hora-revelam-dados-do-sus/>. Acesso em 30 de julho de 2021.

    O presente artigo foi escrito por Ana Regina Machado Figueiras ([email protected]), Psicanalista, graduada em Comunicação Social e em Formação Pedagógica, Especialista em Intervenção na Autolesão, na Prevenção e Posvenção do Suicídio, Especialista em Saúde Mental, Adoecimento Psíquico e Contemporaneidade, Especialista em Neuropsicopedagogia. Escritora do site: www.acolhe-dor.org

     

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