Neste trabalho, desenvolveremos a importância da psicanálise na sociedade e o conceito sobre o trajeto (inicial, transferência e resistência). Esta abordagem é relevante para ressaltar a importância da análise na saúde psíquica atual da população, porque essa ciência incrível parece estar diluída dentro de abordagens, quando poderia ser mais integralmente aproveitada.
A ideia de “Análise” precisa ser descentralizada e alçar patamares que possam favorecer cada vez mais indivíduos. Como objetivo, buscaremos resumir o conceito já citado. Na primeira parte do trabalho, abordaremos a gênese da importância da psicanálise na sociedade, já enaltecendo suas intenções favoráveis. Na segunda parte, focaremos no trajeto Analítico, percorrendo sobre sua importância para os indivíduos dentro da sociedade. Para atingir esses objetivos, a metodologia empregada foi de pesquisa bibliográfica.
Primórdios e importância da psicanálise na sociedade
O pai da Psicanálise, Sigmund Freud, dedicou a maior parte de sua vida aos estudos da psique humana e seus mistérios. Nascido na cidade de Freiberg (Império Austro-Húgaro) no de 1856, Freud era de família economicamente simples, que estudada por biógrafos, mostrava-se ser berço da tendência dos estudos de Freud. A princípio a vida acadêmica do mestre na importância da psicanálise na sociedade estava sem direcionamento certo, migrando do direito para a medicina –tornou-se neurologista- sem ainda o intuito de estudar as emoções humanas. O ensejo de Freud na medicina esta ligado a um viés de pesquisa e educação, porem por falta econômica não poderia seguir seu desejo. Tomado pelo anseio de ser reconhecido no seu meio por alguma grande descoberta, passa a realizar pesquisas das quais se desfez posteriormente, desistindo e repensando uma nova direção.
Freud comunica seu desejo de mudanças a sua noiva Martha e se desfaz de suas pesquisas. Em 1885 foi contemplado com uma bolsa para estudar ao lado de Charcort em Paris, médico que estava responsável por estudos com pessoas tidas como histéricas na época. Foi a oportunidade para Sigmund começar a trabalhar com o objeto de sofrimento até então intitulado como fantasioso na sociedade, a partir desse, Freud conheceu o processo de sugestão hipnótica na tentativa de curar essas pacientes. Quando retorna à sua casa, Freud já começa o trabalho clínico com base principal na histeria. O então médico se casa com sua noiva com quem teve seis filhos. Freud continua seus pequenos avanços clínicos insistindo na sugestão hipnótica, porém a sua maneira, a qual compartilha com um colega, Wilhelm.
Nos próximos anos Freud se associa com Breuer, com quem compartilha trabalhos, pesquisas e novas descobertas no processo de tratamentos ligados a histeria. Logo mais, no entanto, devido a divergências de pontos de vista, os colaboradores de desassociaram, Freud atribuía conotações sexuais mal resolvidas ligadas aos conflitos emocionais, enquanto seu colega não concordava com essa perspectiva. O médico passou a se dedicar a autoanálise, um estudo de si, mergulhando em seu passado, analisando acontecimentos, lembranças e sonhos que promulgaram o início de uma base do que conhecemos hoje por Psicanálise. Freud passa a publicar suas importantes descobertas. Em sua publicação sobre a interpretação dos sonhos, o médico intitula sua descoberta sobre a psique humana, a qual nomeou e agrupou em instancias psíquicas chamada de modelo topográfico, que se divide em consciente, pré-consciente e inconsciente, com influência de aspectos relacionados a sexualidade humana desde a infância – algo considerado inédito e até digno de incredulidade para época.
O consciente e a importância da psicanálise na sociedade
O consciente para Freud é tudo que se apresenta disponível, perceptível e acessível; o pré-consciente é considerado um meio termo, uma barreira entre as outras duas instancias, onde um conteúdo pode ser recalcado para o inconsciente ou emergir ao consciente, já o inconsciente seria de fato o local onde se escondem os conteúdos considerados inapropriados ou insuportáveis demais para estarem presente no consciente. Freud passa a publicar importantes estudos sobre o tema e começa a receber notoriedade em sua área, realizando associações com outros médicos, surgindo assim o primeiro congresso de Psicanálise, do qual disseminou estudos na área por todo o mundo. Porém o período de guerra mundial no qual transcorriam esses estudos e as conotações que relacionavam os aspetos sexuais à psique humana, esfriou o alavancar da Psicanalise na época.
Mas isso não desestimulou Freud, que continuou publicando seus estudos. Em 1920 houve um retorno dos estudos e pesquisas e com eles uma nova teoria freudiana, sua segunda tópica, o modelo estrutural da psique humana, estruturado por id (impulso de imediatismo que não mede consequências), ego (mediador entre o id e o superego-censura) e superego (censura, culpa, perfeccionismo e critica ao ego). A partir dos mecanismos de defesa do ego para com as investidas do superego, ficou instituído: o recalcamento (conteúdos escondidos no obscuro do inconsciente); a negação (negar a realidade); a recusa (recusar a realidade); a regressão (aos pontos da fase de desenvolvimento em que possa haver uma fixação); a conversão orgânica (somatização); a projeção (atribuir caracteres imorais de si no outro); o deslocamento (descontar a ira de um objeto em outro); a racionalização (justificar os erros imorais com desculpas morais/éticas); a formação reativa (ser extremamente de um jeito, mas agir de outro); e a sublimação (uma energia imoral ser transformada em uma energia moralmente aceita, como artes, por exemplo).
Freud continua com seus estudos e publicações na importância da psicanálise na sociedade. O destino novamente bate de frente com o entusiasta e após a guerra, graças a uma perseguição nazista, Freud perde parte de suas grandiosas obras que foram queimadas. Freud é refugiado em Londres onde termina de padecer a um câncer que o acometia. Freud ficou conhecido como o pai da Psicanálise e toda sua trajetória se tornou material de riquíssimo conteúdo, utilizado, estudado e debatido até os dias atuais. A trajetória do seu trabalho na importância da psicanálise na sociedade é dividida em quatro partes históricas: o início do seu trabalho e pesquisa sobre neurose e histeria; a autoanálise; a instituição do id e libido, além da sua primeira tópica sobre o psiquismo e a instituição da segunda tópica freudiana.
Atos falhos: Primórdios na Conferência Freudiana
Sigmund Freud elaborou um método simples para apresentar as propostas iniciais de seu trabalho que se desenrolaram durante as conferências que ocorreram entre 1915 e posteriormente uma apresentação mais avançada até 1917, que foram formadas por especialistas da área e um público leigo que estava lá apenas para conferir essa nova modalidade que vinha inflando dentro da ciência. As apresentações a principio que especulava sobre modulações sobre a vida e sua ligação com a psique como atos falhos obteve enorme engajamento e popularizou-se rapidamente. Freud iniciou com uma abordagem que provavelmente poderia ser mais facilmente associada por seu publico, portanto iniciou pelos atos falhos relacionando-os a interpretação do próprio sujeito. Nessas primeiras conferências Freud iniciou pelo pressuposto de que o público nada soubesse sobre o tema de seu trabalho, destacando detalhes e exemplos como se explica a uma criança, para que os presentes compreendessem o máximo possível desta ferramenta tão elementar para Freud.
Já que na época ele tinha como principal obstáculo a falta de elementos fisiológicos ou biológicos que pudessem creditar sua teoria. O psicanalista sustenta ao público, que, para que a abordagem de fato se elucide, é necessário que cada um veja em si o fluir de sua teoria, requerendo total atenção de seu público. Freud inicia então chamando o público a compreender atitudes realizadas consideradas até então apenas como deslizes, a ter um olhar mais dinâmico sobre estes acontecimentos, relacionando os lapsos de memoria, atos falhos e sonhos com outra interpretação, mais voltada ao fato de que fatos meramente isolados e acidentais na verdade emergem sentimentos inconscientes, um olhar jamais estuado até então. Tal pensamento gerou bastante dúvida quanto a forma de interpretar esse novo método de encarar o indivíduo.
Então foi enunciado o que seria a relação de alteridade, em que cada participante deveria enxergar de fora de si, realizando um questionamento para chegar a provável interpretação. No entanto o psicanalista não deixou de elucidar que a técnica flui muito mais eficiente quando, outra pessoa, o analista, é locutor do discurso para se chegar a uma construção da conclusão do fato. Dado esse entendimento, pode-se incitar que a técnica baseada em investigação, revela que não apenas pessoas consideradas com desordem de suas faculdades mentais passam por situações psíquicas envolvendo o inconsciente, mas quaisquer outras pessoas consideradas mentalmente saudáveis se inter-relacionam com seu mundo interior até então desconhecido e que poder ter acesso a esse universo psíquico, pode resultar em respostas após uma analise conhecida como o que Freud intitulou de associação livre.
O universo psíquico e a importância da psicanálise na sociedade
Freud destaca na importância da psicanálise na sociedade que nem sempre os atos falhos devem estar diretamente associados a transtornos, mas estão ali como prova da existência de um inconsciente antes não verificado. Podendo estar presente em casos menos importantes ou corriqueiros e passageiros. O que encanta o palestrante é de fato o ato falho falado sem querer, enunciando o deslize que pode ser observado pelo analista em seu analisado e que muitas vezes o próprio analisado ate então não pode perceber, mas que durante a associação livre pode trazer a consciência. Toada essa descoberta permite ao individuo identificar uma forma de conflito que desencadeia em seu interior podendo levar a exaustão psíquica e somática, sendo então essa técnica uma revolução para o bem estar e saúde sem necessariamente adentrar nas questões fisiológicas ou biológicas.
Não fora deixado de se enaltecer o fato de que, a interpretação das descobertas, está vinculada totalmente ao analisado, não devendo servir de material a ser julgado pelo analista em nenhuma hipótese, acarretando em negativa por parte do individuo que não reconhece o significado para si. Vale ressaltar também situações em que o próprio analisado se recusa a aceitar a situação que apresentou: ato falho seguido de um recalcamento da hipótese verificada. Não significando ainda que o indivíduo seria um insano sobre suas faculdades mentais, mas que se observa necessário maior engajamento na construção desta analise. Nesse momento é especificado que se trata de uma luta para fugir de um sentimento de desprazer que leva o individuo a recalcar emoções, que na psique ocorre um a verdadeira guerra para equilibrar o que vem ao consciente e o que fica no inconsciente, e esta seria a base da técnica ali apresentada, acessar o inacessível até então, para resolução e equilíbrio das emoções que afetam o indivíduo.
Após apresentados vários exemplos demonstrando inúmeras situações em que ocorrem os atos falhos, como esquecer nomes, reuniões previamente marcadas, ou ainda falar outros nomes no lugar daqueles que deveriam ser dito, Freud se aproxima da finalização desta incrível conferência contextualizando e reafirmando a necessidade da interpretação do analisado partindo a principio de suas próprias elucidações, deixando um questionamento a respeito, para que se inquietem, pois julga inconcebível que se justifiquem como acidentários e até mesmo sem sentido ou importância as elucidações sobre os atos falhos. Freud trás a necessidade de um olhar interpretativo por parte do individuo quanto suas próprias resistências a essas observações e finalmente se retira, com esperança que possam seus expectadores partir para a construção de suas hipóteses apoiados em sua inovadora ferramenta de trabalho (AIRES, 2017).
O Psicanalista na sociedade moderna
Na medida em que o mundo se globaliza as horas parecem não ser suficientes para dar conta da demanda em um padrão tão moderno. Mas se o mundo se modernizou era para sobrar tempo e não faltar, certo? Na verdade o que vivemos é uma corrida insana em busca de alcançar o inalcançável, de desejar o que a indústria impõe como desejável e o resultado disso são pessoas trabalhando exaustivamente para obter modernidades que dispendem mais dinheiro até serem ultrapassadas e necessitarem de troca por algo mais moderno. Milhares de pessoas perdidas em uma bagunça universal de não se saber exatamente o porquê das coisas, até adoecerem emocionalmente parando de viver, apenas existindo. Essas pessoas precisam de respostas, precisam se reconectar, compreender a si para encontrar no seu interior a resposta que as elevem a um plano maduro, onde possam desfrutar da vida corretas de sua sanidade mental.
E para tanto, que o pai da psicanálise Sigmund Freud na importância da psicanálise na sociedade, deixou esse presente tão necessário nos dias atuais e em tantos outros tempos, o estudo da psique humana a fim de libertar os aflitos de suas próprias neuroses entre outras. O resultado de anos de estudo deu à Psicanálise autonomia para ser utilizada por diversos profissionais, sem necessariamente dever responder uma classe que a particulariza-se somente a determinado nível dentro da sociedade. Para tanto se torna primordial a íntegra formação dos Psicanalistas, que terão a oportunidade de trabalhar com a mais íntima das relações humanas, explorar o inexplorado, auxiliar através da escuta até encontrar as respostas que direcionam á cura e libertação emocional. Para a formação de um analista é necessário que se consagre o clássico tripé que inclui o ensino teórico, a análise pessoal e a supervisão clínica. As análises clínicas se constituem geralmente de enfrentar resistências e saber utilizar as transferências do paciente como ferramenta na busca pela cura.
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Porém, trabalhar com a psique humana em Psicanálise não se resume apenas em ter a formação e o saber para lhe dar com essa ferramenta tão íntima, é necessária uma formação permanente, além da disposição do analista para se mantiver em análise tratando suas contratransferências. Dentro dessa perspectiva ética na formação de um psicanalista, o mesmo deve responder profissionalmente perante as situações vivenciadas em clínica, como guardar sigilo absoluto, não divulgando informações advindas de pacientes, mesmo que esses as julguem como reveláveis; o profissional não deve revelar sobre um paciente a outro profissional, se o paciente não desejar; não deve também o profissional mencionar nome de seus pacientes quando estiver falando sobre um quadro clinico, por exemplo, devendo utilizar nomes falsos para preservar a identidade dos pacientes; não é permitido que o profissional mencione o paciente como tal na frente de terceiros, assim como comentar sobre suas particularidades mesmo que com familiares; em casos que o profissional anote falas do paciente, essas devem ser rigorosamente guardadas em local que mantenha-se sigilo; devendo o profissional comunicar quando perceber falhas desses tipos cometidas por colegas de profissão.
A atuação do psicanalista
Projetar a profissão seguindo um aglomerado positivo de valores e a importância da psicanálise na sociedade, engrandece a figura do Psicanalista que a priori necessita trabalhar principalmente com a confiança de seus pacientes, uma virtude necessária é a honestidade em qualquer situação, assim como a coragem para assumir as decisões que precisam ser tomadas; deve ser trabalhada a tolerância e flexibilidade para lhe dar com as situações; ser integro e ter princípios, assim como cultivar a humildade e estar sempre se atualizando dentro dos estudos da Psicanálise e estar aberto ao aprendizado em quaisquer outras áreas. Amparando a atuação do Psicanalista, constitui-se como direitos do profissional a recusa em atender pacientes com patologia estrutural ou não analisável, assim como pacientes com doenças neurológicas que dificultem a análise.
Reserva-se ainda o direito de recusar analise em quaisquer outros pacientes, com os quais o profissional na importância da psicanálise na sociedade não se sinta seguro com sua consciência, além da recusa em atender amigos e familiares. A especificação do valor da remuneração está reservada ao profissional, tendo esse o dever ético de pesquisar o valor por localidade por exemplo. E é de direito do mesmo, preservar seu endereço e contatos particulares. Protegendo o consumidor/paciente, é constituído o direto do paciente, que o reserva o direito de desconfiar do Psicanalista; de escolher livremente um profissional que o atenda; de encerrar o tratamento em qualquer etapa ou circunstancia; de exigir o contrato entre as partes e o cumprimento do mesmo; não aceitar mudanças repentinas do horário de atendimento e acesso ao recibo pelo pagamento da consulta.
Toda essa estruturação voltada para profissionalizar e organizar a atuação do Psicanalista, colabora para a formação de profissionais capazes no tocante de suas habilidades à amenizar a dor humana diante dos transtornos modernos que paralisa as pessoas, seja em clínicas ou consultórios –físicos ou online, instituições privadas ou públicas, o profissional analista pode atuar como uma ferramenta indispensável auxiliando o paciente na busca por sua verdade interior, que o emancipa para enfrentar quaisquer mentiras contadas e impostas para sociedade.
Transferência em Psicanálise
Em um tratamento terapêutico a busca pelo equilíbrio emocional é o anseio da maioria dos indivíduos. Na psicanálise o carro chefe é a associação livre do analisado que busca a paz interior, se livrar de conflitos emocionais, entre outros. Após buscar por um tratamento, encontrar um psicanalista e começar a análise, o analisado geralmente passa por um processo compreendido como transferência, momento em que o mesmo projeta na figura do analista um relacionamento recalcado em algum momento – geralmente uma fixação em alguma das fases de desenvolvimento na infância – direcionando a afetividade que seria sobre um terceiro, desviada para o psicanalista, visto que o mesmo acaba mexendo com seus sentimentos escondidos no inconsciente. O analisando age desta maneira transferencial inconscientemente, sendo uma ação repetida do seu passado, que apesar de inadequada á realidade, lhe convém no processo de remontar lembranças do passado em busca de respostas interiores.
O interior obscuro do paciente pode ser acessado após ser compreendida as instancias em que se dividem o modo operante do psiquismo. Pela teoria topográfica de Freud, por exemplo, podemos identificar três andares: o consciente; pré-consciente e inconsciente. O consciente está fortemente interligado e próximo ao pré-consciente, as coisas acontecem nessa instancia, são gravadas no pré-consciente e escondidas nos inconsciente. O pré-consciente é onde são gravadas as memórias que podemos facilmente acessar com um pouquinho de esforço mental, mas é dessa instancia também, que se recalca para o inconsciente o que não seria suportável para a realidade do indivíduo. O inconsciente por sua vez guarda informações proibidas para o consciente, nele não ocorre sistematização de tempo ou linguagem simbólica entre outros.
Já na teoria estrutural também de Freud, sobre a mente, os sistemas ou instancias se dividem de outra forma: em id; ego e superego. O id é como uma criança mimada interior que quer tudo o que quer, na hora, não se importando com consequência alguma. O ego seria como um ser neutro que precisa colocar limites no id, ele é a censura do id, porem precisa também amenizar as ordens autoritárias e moralistas do superego, que praticamente existe para acusar, culpar, exigir perfeição e fazer criticas ao trabalho do ego. Dentro desse cenário, pode-se afirmar que a transferência ocorre inconscientemente associada a uma fantasia do analisado, devendo ser tratada como sintoma a ser considerado para análise. Esse comportamento deve ser tratado com cautela, pois apesar de ser e -dever ser- identificado pelo analista, pode ser vivenciado como verdade para o paciente.
A transferência e a importância da psicanálise na sociedade
Esse processo da transferência passa a ocorrer no momento que conteúdos escondidos no inconsciente estão próximos de ser acessados, portanto esclarece-se que a transferência é notavelmente uma forma de resistência do analisado, utiliza-se até o termo “resistência transferencial”, é rotineiro, por exemplo, ocorrer de um paciente apresentar desejo pelo analista e ao mesmo tempo raiva por não perceber o mesmo desejo vindo da outra parte. Esse momento é delicado e uma dificuldade a ser enfrentada com cautela pelo psicanalista, sendo bem utilizada se torna uma ferramenta no processo da busca pelo equilíbrio emocional do paciente. Se, por exemplo, o paciente vê na figura do psicanalista uma versão de seus pais, os quais alimentaram seu superego com ordens –pode e não pode- agora cabe ao analista utilizar esse momento para educar o analisado em algumas situações que favoreça o processo terapêutico.
Freud o pai da psicanálise exemplifica esse momento e o discernimento que o mesmo merece, comparando a uma analogia de olhar no espelho, que o psicanalista deve ser como um espelho para o analisado, não permitindo que a situação o corrompa ou o penetre, mas apenas seja ele um reflexo para que o analisado receba de volta, perceba as respostas que estão saindo do seu próprio intimo. A transferência pode ainda ser classificada em positiva e negativa. Ocorre uma transferência positiva quando o analisado sente pelo psicanalista, emoções como amor, desejo, confiança entre outras. Já a transferência negativa está associada a emoções de ódio, desconfianças, inveja, que geralmente não trazem tanto auxiliam no tratamento quanto as transferências positivas.
Para tanto, saber lhe dar com essa delicada situação da transferência como já exposto, é de suma importância, além de convir como postura ética por parte do psicanalista, devendo o mesmo também estar em constante análise para se caso ocorrer uma contratransferência, – que se dá pela afetividade emanada do analisando pelo analisado- o psicanalista poder compreender, a raiz da situação, para que desta forma possa dar continuidade ao tratamento do seu analisado sem prejudicar o processo. O processo de transferência pode ocorrer em qualquer ambiente, sendo mal interpretado e ocasionando diversas complicações, como uma paixão proibida que não deveria ser correspondida- um aluno que se apaixona por sua professora casada, projetando nela o afeto por sua mãe, e por má sorte a professora cede à essa paixão-, porem dentro do processo analítico, é de responsabilidade do psicanalista, conduzir com ética e sabedoria direcionando a situação a um viés de cura.
Resistência em Psicanálise
A vida moderna despende enorme sobrecarga sobre os indivíduos que padecem frente à rotina exaustiva. Os profissionais da saúde indicam insistentemente para que se coma menos e melhor, alertam para importância da prática de exercícios, além das horas necessárias de sono para boa produção de hormônios que refletem na saúde da população. Porém o que se observa mesmo diante toda a gama de informação e alerta, é uma dificuldade enorme de adesão a essas práticas. Algumas pessoas recorrem então a terapias que possam trazer algum tipo de equilíbrio emocional, para que consigam de fato cuidar da saúde, como exemplo a análise em Psicanálise. O fato é que mesmo recorrendo a esses métodos na tentativa do autocuidado, as pessoas apresentam inconscientemente resistências que se não bem observadas e discutidas as fazem desistir do tratamento e continuar suas vidas presas em uma montanha russa de tentativas frustradas de melhora.
A resistência de um indivíduo frente a um tratamento pela Psicanálise pode ser classificada de acordo om suas instâncias, como a resistência da repressão, advinda do ego, ou resistência pela transferência, que reflete impulsos da infância, levando o indivíduo analisado a ver no analista uma figura afetiva do passado. O id fica responsável pelas resistências de conotação instintuais, enquanto o superego está associado às resistências de profunda culpa. Os indivíduos podem apresentar resistências de acordo com o ponto de fixação na fase de desenvolvimento, como fase oral, fase fálica, período de latência ou adolescência. Os tipos de defesa que apresentam vão de repressões, por conta das condutas morais da sociedade, por exemplo, que é fortalecida pela anulação e negação, ou seja, desfazer um fato como se nunca tive acontecido na tentativa de invalida-lo.
Alguns indivíduos convertem suas defensivas somatizando. Outra forma de resistência apresentada como uma defesa do indivíduo é o deslocamento, em que o mesmo desconta toda ira de um objeto em outro cuja descarga emocional não lhe cause prejuízo em primeiro momento. Pessoas que apresentam dupla personalidade, ou que se faz de cegas diante uma situação, também estão na tentativa de defesa, assim como as que utilizam de humor, inibição e isolamento para lhe dar com a realidade. Essas pessoas, inconscientemente apresentam mecanismos de defesa como uma forma desesperada de proteger essa maleta de emoções que carregam dentro de si.
A racionalização
A racionalização, por exemplo, é uma forma de tentar justificar algum erro que cometem rotineiramente; a surdez emocional é como o caso do indivíduo que se nega a ver, nesse caso a pessoa não percebe, mas passa a ouvir somente o que lhe convém, uma espécie de mentir para si; na formação reativa, o indivíduo precisa manter uma aparência moralmente aceita enquanto censura algo que faz; na regressão , como o próprio nome já diz, tende-se a regredir emocionalmente em um estágio emocional anterior na busca de expectativas melhores já vivenciadas; na fixação, muito de mãos dadas com a regressão, o individuo tende a se fixar em uma etapa emocional anterior prejudicando assim o desenvolvimento normal da vida; o ato de projetar está associado à atribuir ao outro o que na verdade esta enraizado em si, sendo algo imoral, como desejos proibidos ou qualidades; Já na introjeção a pessoa assume caracteres de outros, assim como na identificação, que ocorre de maneira parcial ou completa.
Para lhe dar com determinadas situações o individuo pode passar pela fase de elaboração, em que passa a lhe dar com o conflito de forma reelaborada, uma espécie de ressignificação. Enquanto a idealização faz com que a pessoa acredite piamente no aperfeiçoamento das coisas e pessoas que a cercam, uma forma de ficar cega a coisa ruim. Dentro de uma defesa caracterizada como renúncia altruísta, a pessoa tende a renunciar a si em favor do que a sociedade impõe. Já a reparação é mentir a si, dando afetos ou pagando para encobrir um erro. Por fim a simbolização e a sublimação, também formas de defesa que o indivíduo adota para manter em padrão de conforto emocional, sendo o primeiro a utilização de uma coisa para dizer outra e o segundo um jogo do ego para manter determinado desafeto de origem sexual, reprimido, enquanto o individuo desloca esse impulso para outra atividade inconscientemente. Esses aspectos de defesa dos indivíduos por si só já demonstram a enorme dificuldade que os mesmos encontram em cuidar da própria saúde, já que o “senhor” de suas atitudes, ou seja, suas emoções estão recheadas de desafetos, medos e angustias escondidos no inconsciente e que não as permitem seguir em frente.
Compreende-se sendo necessário que a psicanálise possa repercutir e atingir positivamente o maior numero de pessoas possível, permitindo assim que possam finalmente cuidar dos aspectos relacionados à saúde como vencer a auto sabotagem em comer demais mesmo com sobrepeso, obesidade e doenças associadas, ou ainda praticar exercícios mesmo diante qualquer adversidade. A Psicanálise é de suma importância no desentrave emocional das pessoas e pode ser uma ferramenta imprescindível de saúde pública para alcançar o bem estar social se bem aplicada em âmbitos de gestão pública e privada. Um processo terapêutico dentro da Psicanálise visa trazer emancipação ao paciente quanto aos seus devaneios emocionais. Por vezes as pessoas são céticas quanto aos tratamentos e padecem por anos em um circulo de vai e vem ou ainda como são chamadas “montanhas russas” da vida, momentos em que se encontram bem e tentam seguir em frente, mas são novamente acometidas por comportamentos que a fazem estagnar frente a um problema.
A importância da psicanálise na sociedade e os insights
Quando finalmente decidem tentar enfrentar o problema pela raiz, começam a perceber insights que explicam muita coisa. Esse processo pode ser rápido, ou perdurar por mais um tempo, tudo depende das circunstâncias, mas principalmente o nível de resistência do individuo e a confiança em um bom analista. Dentre outros podemos citar os fatores econômicos e de tempo, pontuando que a própria resistência aumenta o tempo, tanto em análise quanto a sua prorrogação. Dentro da Psicanálise não se trabalha com proposta de tempo para obtenção de resultados satisfatórios, visto que inúmeras possibilidades podem aumentar ou reduzir o tempo para se obtiver direcionamento com um individuo, podendo até mesmo perdurar por toda a vida, dependendo do grau de abatimento emocional do mesmo, porem proporcionando melhor qualidade de vida. O “tratamento” intitulado pela psicanálise fixa um viés claro: “a livre associação”.
Para isso é necessário muitas vezes fazer primeiro o cliente compreender esse conceito, já que por vezes as pessoas procuram formulas mágicas externas, e quando se deparam com o processo analítico descobrem que a resposta estava dentro delas o tempo todo. A livre associação tem o intuito de trazer para a realidade do indivíduo, todo o conteúdo recalcado, escondido no inconsciente e que causa tantos transtornos. A ideia é que o paciente fale o que lhe vem na mente naquele momento, principalmente com o uso do divã, para que se sinta leve e relaxado para tal. Com o auxílio do analista que interpreta de forma clara esse conteúdo, seja uma história atual ou recordações passadas, para que ocorra a chamada catarse, que significa literalmente se libertar de conteúdos ou traumas reprimidos no inconsciente.
Esse contexto de fala livre deve estar associado a um pensamento falado, não simplesmente uma fala aleatória que disperse o ponto principal (uma forma de resistência), também não deve ser uma fala muito racionalizada, por isso a importância de o paciente se sentir a vontade sem julgamento. O próprio analista antes mesmo da prática clínica deve se atentar às questões que podem direcionar um processo psicoterápico fluido, como, por exemplo, saber exatamente como é uma livre associação, para direcionar o analisado em uma fala que venha a mente sem muito esforço para ser lembrada. Muitos pacientes podem apresentar resistência durante o processo, uma maneira de se sentir mais confortável em não querer cutucar uma ferida.
Conclusão
Existe a resistência consciente, por vergonha, por exemplo, e a resistência inconsciente, que o próprio paciente não percebe que está usando, como pode ser notada em atos falhos por exemplo. Se mesmo diante todo esforço do psicanalista o analisado apresentar resistência, uma forma de conduzir a fluidez é utilizando um questionário que o incentive a revirar a memória, como no caso da relação edipiana, em que perguntas sobre os corpos dos pais são colocadas em contexto, assim como o relacionamento (abusivo ou carinhoso). Ou perguntas relacionando a infância e a sexualidade, a relação com os animais, à relação com o próprio corpo, sobre as relações amorosas, das situações familiares e sobre a morte. Outra questão que auxilia na conexão entre as partes é a chamada aliança terapêutica, que está associada à maneira que o paciente lido emocionalmente com o analista, para estabelecer um laço de confiança.
Se difere pela intensidade desse, a transferência, em que o paciente vê no psicanalista uma figura da qual emerge carência afetiva. A transferência ocorre corriqueiramente em ambientes inapropriados, como a relação aluno(a)/professor(ra), chefe/funcionário(a), que longe da interpretação científica acabam causando problemas de relacionamentos. Já a contra-transferência está associada ao ligamento emocional do analista quanto ao analisado. Deve-se estar atento a todas essas influências para que se dê um direcionamento assertivo ao tratamento do paciente. Ainda sobre essa vertente analista/analisado, uma recorrente a que se deve ter atenção, é quanto ao tipo de relacionamento, que deve ser formal, com o indivíduo analisado.
Não deve o analista abrir o coração e contar sua história na tentativa de mostrar compreensão, pois pode resultar em atraso desnecessário no tempo de insight do analisado, que poderá se interessar por uma historia que não a sua. A figura do analista está ali pura e simplesmente como alguém que emana confiança para que o seu cliente possa de fato falar livremente, sem receber julgamentos e afins. Outras condutas simples como vestimentas adequadas, boa higiene e comportamento natural (não rir alto, não ficar dando beijos e abraços), fazem do psicanalista uma figura de confiança.
Psicanálise: uma ferramenta científica
Dentro do processo também são trabalhados os conteúdos dos sonhos manifestos, para que o analista possa auxiliar a interpretar conforme as técnicas deixadas por Freud, pai da psicanálise. Já que os sonhos são um material muito importante que o inconsciente fornece, é a realização de um conteúdo que é negado ao consciente, apesar das “fantasias simbólicas” por passar pelas censuras impostas.
Mesmo que possa demorar algum tempo, poder utilizar essa ferramenta científica que é a importância da psicanálise na sociedade, auxilia milhares de pessoas pelo mundo a restaurarem as faculdades mentais e levarem uma vida mais equilibrada. A formação de um psicanalista e todo o processo terapêutico devem ser eximiamente aperfeiçoados constantemente e propagados cada vez mais, visto que apesar de alguns preconceitos e resistências, tem mostrado até mesmo um melhor custo benefício quando comparado aos gastos desnecessários que uma pessoa em descontrole pode ter.
Este artigo sobre a importância da psicanálise na sociedade foi escrito pela autora Cristiane Alves Quinsan, para publicação no blog Psicanálise Clínica.
One thought on “A importância da psicanálise na sociedade”
Muito bom artigo! Parabéns!