A terapia de integração sensorial é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças. No entanto, algumas apresentam dificuldades nessa área, o que pode trazer desafios no dia a dia.
A terapia de integração sensorial busca organizar a chegada dos estímulos dos sentidos para gerar respostas adaptativas e promover o desenvolvimento integral.
Neste artigo, vamos explicar os conceitos por trás dessa abordagem terapêutica, suas aplicações práticas e os benefícios que pode trazer.
Além disso, vamos entender o que é integração sensorial, como ela acontece de forma típica e atípica, quais áreas podem ser afetadas quando há disfunção sensorial e de que forma a terapia pode ajudar!
O que é a terapia de integração sensorial?
O processo de integração sensorial começa já nos primeiros meses de vida. À medida que a criança explora o mundo ao redor com os sentidos, o cérebro faz conexões e organiza as sensações recebidas. Isso permite que ela desenvolva respostas adaptativas diante de diferentes estímulos, o que é essencial para a interação com o ambiente.
Quando esse processo sofre uma disfunção, ele pode prejudicar algumas áreas, como coordenação motora, equilíbrio, alimentação, fala, coordenação visual-motora, atenção e concentração, entre outras. Nesses casos, a terapia de integração sensorial pode fazer uma grande diferença.
Por meio de atividades sensoriais organizadas, o terapeuta ocupacional busca preencher lacunas no desenvolvimento, facilitar a modulação sensorial e promover respostas mais adaptativas da criança. Isso traz impactos positivos nas áreas afetadas inicialmente pela disfunção.
A terapia costuma envolver exercícios com diferentes texturas, sons, movimentos, posições corporais e muito mais, respeitando as necessidades e particularidades de cada criança.
Além disso, ela é indicada para diferentes condições, como transtorno do espectro autista, paralisia cerebral, atrasos motores, dificuldades de aprendizado e problemas sensoriais isolados.
Quais são os transtornos do processamento sensorial?
Os transtornos do processamento sensorial ocorrem quando o cérebro tem dificuldade em receber, organizar e responder apropriadamente aos estímulos sensoriais do dia a dia. Existem três apresentações principais:
- Hiporresponsividade sensorial: Nestes casos, a criança apresenta respostas mínimas ou tardias aos estímulos externos. Por exemplo, pode reagir ao ouvir o nome chamado, sentir um toque suave na pele ou ouvir o som de objetos caindo.
- Hiperresponsividade sensorial: A criança demonstra respostas exageradas ou desproporcionais aos estímulos. Por exemplo, assustando-se facilmente com sons altos ou evitando tocar em certas superfícies e texturas.
- Transtornos da práxis: A práxis refere-se à habilidade de realizar movimentos voluntários e coordenados para executar tarefas cotidianas. Nestes transtornos, existem dificuldades na integração dos aspectos sensoriais, perceptivos e motores necessários para gestos habituais e brincadeiras.
É importante avaliar cada caso para identificar os sistemas sensoriais afetados e o modo como isto impacta as habilidades adaptativas e participação da criança.
A terapia de integração sensorial pode ajudar no tratamento, buscando melhorar o processamento de estímulos para respostas mais adequadas no dia a dia.
Que profissional aplica a terapia de integração sensorial?
A terapia de integração sensorial deve ser conduzida exclusivamente por terapeutas ocupacionais devidamente capacitados e certificados na especialidade. É uma área de conhecimento muito específica, que requer anos de estudo teórico-prático para uma atuação qualificada.
O profissional habilitado para aplicar essa abordagem terapêutica é o terapeuta ocupacional com especialização em integração sensorial. Além da formação básica em terapia ocupacional, ele deve buscar cursos de aperfeiçoamento, como o abordado por A. Jean Ayres, criadora da terapia, e ter obtido a Certificação Internacional em Integração Sensorial.
A certificação garante que o terapeuta tem conhecimento aprofundado sobre os aspectos neurobiológicos, instrumentos de avaliação sensorial específicos e como estruturar um plano de intervenção personalizado com base na integração sensorial. Também assegura que ele seja capaz de mensurar os resultados da terapia e fazer os ajustes necessários.
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Portanto, é muito importante que os pais e responsáveis procurem um terapeuta ocupacional devidamente especializado ao buscar esse tipo de abordagem. A formação e experiência do profissional são fundamentais para potencializar os benefícios desse tratamento tão singular.
Como é feita a terapia de integração sensorial na prática?
Na prática, a terapia de integração sensorial envolve uma série de atividades e exercícios planejados cuidadosamente pelo terapeuta ocupacional para atender às necessidades específicas de cada criança.
Abaixo estão alguns pontos de como ela costuma ser aplicada:
- Inicia-se com uma avaliação completa do perfil sensorial da criança, usando questionários, observação do comportamento e atividades práticas.
- Com base nos resultados da avaliação, o terapeuta elabora um plano de intervenção personalizado, selecionando atividades sensoriais adequadas.
- As sessões acontecem em uma sala de integração sensorial, com estímulos controlados como iluminação, cores, texturas, sons, etc.
- Algumas atividades comuns: piscina de bolinhas, cama elástica, rampa de espuma, brinquedos vibrantes, massagens, atividades com tinta e areia, circuitos de obstáculos, entre outras.
- Os exercícios são adaptados conforme a resposta da criança a cada estímulo, respeitando sua zona de conforto.
- O terapeuta introduz os estímulos gradualmente, parte de atividades mais passivas até chegar em mais ativas.
- Os pais aprendem sobre as necessidades sensoriais dos filhos e recebem orientações de como promover a integração sensorial em casa também.
- Após um determinado período, fazemos uma reavaliação para analisar a eficácia da terapia, os avanços conquistados e decidir se é caso de alta ou se precisamos de ajustes no plano terapêutico.
Portanto, é um processo dinâmico e personalizado, que vai sendo moldado de acordo com cada criança. Requer uma equipe preparada e engajamento familiar para potencializar as conquistas.
Como este tipo de terapia pode beneficar crianças com TEA?
A relação entre terapia de integração sensorial e autismo é bastante estreita e relevante. Isso porque alterações no processamento de estímulos sensoriais são muito comuns em pessoas dentro do espectro autista.
Estima-se que de 30% a 100% dos autistas apresentam alguma disfunção sensorial, seja hipo ou hiperresponsividade a certas texturas, sons, cheiros, gostos, entre outras.
Essas particularidades acabam impactando sua interação com ambientes, situações e pessoas. Por exemplo, sons como o do liquidificador podem ser insuportavelmente altos. Roupas com etiquetas causam extremo desconforto. Essas experiências intensificadas levam à ansiedade, irritação ou reações desproporcionais.
Ao não conseguir modular adequadamente tantos estímulos, a pessoa fica sobrecarregada, o que compromete sua capacidade de se comunicar, se socializar e aprender.
A terapia de integração sensorial, portanto, emerge como uma poderosa aliada do tratamento do autismo, uma vez que promotesistemática a harmonização e o equilíbrio das sensações do dia a dia.
Ao longo das sessões terapêuticas, estabelecem-se novas conexões cerebrais, permitindo que a criança reaja de forma mais adaptativa aos poucos. Isso gera avanços em todas as áreas prejudicadas pelas particularidades sensoriais, inclusive socialização e linguagem.
Por isso, a integração sensorial é hoje uma das principais abordagens para lidar com as especificidades sensoriais dos autistas, trazendo benefícios significativos para seu bem-estar e desenvolvimento global.
Considerações finais sobre a terapia de integração sensorial
A terapia de integração sensorial mostra-se uma poderosa estratégia para beneficiar crianças com disfunções sensoriais, incluindo aquelas dentro do espectro autista.
Ao organizar a forma como o cérebro recebe e responde aos estímulos, é possível promover respostas mais adaptativas e harmônicas da criança, com impactos positivos em todas as áreas do desenvolvimento.
Os resultados são significativos, trazendo mais qualidade de vida não apenas para a criança, mas para toda a família. Para potencializar os benefícios, é fundamental que os pais engajem-se no processo terapêutico.
Além disso, é essencial buscar um terapeuta ocupacional devidamente especializado e certificado em integração sensorial. A formação e experiência deste profissional são cruciais.
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