introjeção

Introjeção: entendendo o conceito na psicanálise

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Para Sigmund Freud, a introjeção designa um processo pelo qual o ego, sujeito ao princípio do prazer, passa por dentro dele, se identifica como sendo ele mesmo, o que é bom (enquanto, por meio da projeção, rejeita a si mesmo o mau), modificando assim a fronteira entre ele e o mundo exterior. É uma noção semelhante às de incorporação e identificação.

Entendendo a Introjeção

Com Melanie Klein, esse processo, somado ao de projeção, envolve objetos e desempenha um grande papel na concepção do tratamento. Para Lacan, a introjeção diz respeito apenas aos significantes e ele a aborda no quadro das relações do sujeito com o Outro por meio da dialética da alienação-separação e da identificação simbólica.

Além disso, o termo introjeção foi introduzido por Sándor Ferenczi (Transferência e Introjeção, 1909) onde designa, em oposição à projeção do paranoico que “expulsa de seu ego as tendências que se tornaram desagradáveis”, a atitude do neurótico que ” busca a solução trazendo para o seu ego o máximo possível do mundo exterior, tornando-o objeto de fantasias inconscientes.” Analisando a Introjeção segundo Freud, onde retoma esse termo em Pulsões e Seus Destinos, de 1915, primeiro mostrando que as pulsões são orientadas de acordo com três oposições: interior exterior prazer-desprazer atividade-passividade Essas polaridades contraem vínculos muito significativos entre si.

No início, o sujeito coincide com o agradável, o mundo exterior com o indiferente. Esse ego no início é qualificado por Freud como um ego real. No entanto, longe de estar sujeito ao princípio da realidade, é um ego preocupado apenas em desfrutar. Assim, o que não diz respeito ao prazer não o interessa. Mas, diz Freud, ele tem, portanto, um bom critério objetivo para distinguir dentro e fora, para o qual pode ser considerado real.

Introjeção e o prazer

Posteriormente, a fronteira entre dentro e fora será modificada e se tornará menos real. De fato, sob o domínio do princípio do prazer e pelo mecanismo de introjeção, “o ego recebe em si os objetos apresentados, na medida em que são fontes de prazer, os introjeta […], e rejeita fora de si o que para ele torna-se no fundo do coração motivo de desgosto.” Assim, o self real no início “mudou em um self de prazer purificado que coloca o critério do prazer acima de todos os outros”. Se o ego (o interior) permanece ligado ao prazer, o mundo exterior agora se confunde com desprazer e não mais com indiferença.

Como resultado, o novo objeto (a parte que não é incorporada ao ego) se funde com o estranho e o odiado. O A Introjeção, segundo Jacques Lacan, Em Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise (1964), entende o self-prazer purificado freudiano como aquilo que, no self-real, se satisfaz com o objeto, se torna a imagem espelhada desse objeto.

Quanto ao desprazer, a partir do qual o não-ego será constituído, é a outra parte do eu-real primitivo, aquele que, quaisquer que sejam as intenções do objeto, se sente perturbado em sua tranquilidade (o princípio do prazer é o do menos tensão). Essa parte perturbada torna-se hostil ao ego, como um estrangeiro, mas persiste dentro dele sem que o funcionamento homeostático do princípio do prazer jamais consiga reabsorvê-lo.

Lacan e a Introjeção

Lacan substitui a introjeção na dialética das relações do sujeito com o Outro por sua dissimetria fundamental. O que se introjeta é sempre um traço do Outro, um significante que, ao mesmo tempo que faz emergir o sujeito, o reduz a ser apenas este significante. A relação do sujeito com o Outro é, portanto, sempre marcada por uma perda. Isso é o que Lacan chama de alienação. É uma escolha sempre perdida entre significado e ser.

Com efeito, se o sujeito aparece como sentido, é ao custo de desaparecer sob o significante que o representa. Seu ser-significante cai assim no absurdo e constituirá o inconsciente em virtude de uma das identificações do sujeito. A introjeção de um significante é, portanto, acompanhada de um desaparecimento do sujeito.

Mas isso retorna graças ao que Lacan chama de separação. É sua própria perda que o sujeito proporá como resposta à ausência de um significante no Outro para designar seu ser. Esta perda é concretizada pelo sujeito na forma de objetos com uma unidade, objetos separáveis do corpo (peito desmamada, fezes esquerda para a limpeza, o olhar, a voz).

Conclusão

Vemos, então, que a introjeção não pode ser explicada com base do princípio do prazer sozinho, porque, longe da unidade únicas preocupações objetos favorável ao prazer, reconhece-se precisamente como unidade em que ele gira em torno desses objetos.

Em que, no final, pode ser inútil. A introjeção, na medida em que diz respeito ao fundamento de toda conduta em relação ao outro, mostra-nos assim o fracasso de uma ética que se situaria no registro único do útil como do puro prazer e do simples.

O presente artigo foi escrito por Michael Sousa([email protected]). Possui MBA em Gestão Estratégica pela FEA-RP USP, é graduado em Ciência da Computação e especialista em Gestão por Processos e Six Sigma. Possui extensão em Estatística Aplicada pelo Ibmec e em Gestão de Custos pela PUC-RS. Rendendo-se aos interesses pelas teorias freudianas, foi formar-se em Psicanálise no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica.

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