Transferência e Contratransferência

Transferência e Contratransferência: significado em Psicanálise

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A  Transferência e Contratransferência em Psicanálise, designa o vínculo que se estabelece automaticamente e atualizado do paciente com o analista e que atualiza os significantes que sustentaram seus pedidos de amor na infância.

por ocasião do fracasso do tratamento catártico de Anna O com Josef Breuer que Sigmund Freud foi levado a descobrir e levar em conta o fenômeno da transferência, e foi isso que o levou a abandonar a hipnose.

Entendendo a Transferência e Contratransferência

O estabelecimento deste intenso vínculo emocional é automático, inevitável e independente de qualquer contexto de realidade. Pode acontecer que algumas pessoas não estejam aptas para a transferência, mas, por isso, não solicitem análise. Fora do quadro de análise, o fenômeno da transferência é constante, onipresente nas relações, sejam elas profissionais, hierárquicas, românticas etc. Nesse caso, a diferença com o que ocorre no quadro de uma análise consiste em que os dois parceiros estão cada um nas garras de sua própria transferência, da qual na maioria das vezes não estão cientes.

Como resultado, o lugar de um intérprete não é poupado, encarnado pelo analista no quadro do tratamento analítico. Na verdade, o analista, por meio de sua análise pessoal, deve ser capaz de saber de que são tecidas suas relações pessoais com os outros, de modo a não interferir no que está acontecendo do lado do analisando. Além disso, esta é uma condição sine qua non para o analista estar disponível e ouvir o inconsciente.

É importante para o analista ser capaz de identificar as várias figuras que ele vem incorporar para seu paciente. Além disso, a inevitabilidade e o caráter automático da transferência são acompanhados para o paciente, no momento do renascimento de tal ou qual afeto, de uma cegueira total. O paciente esquece completamente que a realidade do quadro analítico nada tem a ver com a situação vivida no passado, que então despertou esse afeto.

Transferência e Contratransferência e a Psicanálise

É neste ponto que a intervenção do analista é decisiva, mesmo que às vezes se limite a um silêncio atento, mas que, de uma forma ou de outra, dá conta do que o analista compreendeu onde o paciente o coloca (o pai, a mãe etc.). Além disso, o analista sabe que está apenas se prestando a esse papel. A transferência, portanto, se apresenta como uma faca de dois gumes: por um lado, é o que permite ao paciente se sentir confiante e querer falar, buscar descobrir e compreender o que está acontecendo nele., E por outro lado, pode ser o local da resistência mais obstinada ao progresso da análise.

Com efeito, da mesma forma que nos sonhos, o paciente em análise atribui aos afetos a que é levado a reviver uma atualidade e uma realidade, e isso contra toda a razão, sem levar em conta o que realmente é. Na dinâmica da transferência, Freud escreve: “Nada é mais difícil na análise do que superar as resistências, mas não esqueçamos que são precisamente esses fenômenos que nos prestam o serviço mais precioso, permitindo-nos lançar luz sobre as emoções do amor.

Segredos e esquecidos por pacientes e dando a ess-as emoções um caráter tópico, porque é preciso lembrar que ninguém pode ser morto à revelia ou em efígie.” É porque a transferência é o lugar e a ocasião para a reprodução dessas tendências, dessas fantasias que Freud diz que a transferência é apenas um fragmento da repetição e que “a repetição é a transferência do passado esquecido.

Repetição, Transferência e Contratransferência

Não apenas para a pessoa do médico, mas também para todas as outras áreas da situação presente”. É aqui que entra o papel da resistência. Na verdade, quanto maior for a resistência à lembrança, mais prevalecerá a encenação, ou seja, a compulsão de repetir. É por meio do manejo da transferência que, aos poucos, essa compulsão à repetição se transforma em um motivo para lembrar e, assim, aos poucos, permite ao paciente se reapropriar de sua história.

O acompanhamento obrigatório da transferência é a contratransferência do analista, entendida como a soma dos afetos despertados nele por seu analisando. O analista deve ser capaz de analisá-lo para evitar que venha a impedir o funcionamento da análise, desviando o analista de uma posição correta.

No entanto, Lacan adverte contra uma tendência a conceber a relação analítica de modo dual e simétrico e não incentiva a análise da contratransferência, que ele redefiniria mais precisamente como aquilo que o analista reprime dos significantes do ‘analisando. Em vez disso, ele nos convida a levar em consideração o fato de que, quando um paciente se dirige a um analista, ele assume dele, de antemão, o conhecimento sobre o que busca em si mesmo.

Conclusão

Lacan nos lembra que não pode haver palavra falada ou mesmo pensamento elaborado sem essa referência a um grande outro a quem implicitamente nos dirigimos e que seria o fiador de uma boa ordem das coisas. Segue-se que a transferência existe apenas como um fenômeno que acompanha o exercício da fala. Sem o exercício da fala, não haveria transferência possível.

O presente artigo foi escrito por Michael Sousa([email protected]). Formou-se em Psicanálise no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, e procura diariamente especializar-se cada vez mais no assunto e na clínica. É também colunista do Terraço Econômico, onde escreve sobre geopolítica e economia.

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