Letícia Schmidt

O Caso de Letícia Schmidt em psicanálise

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Com o presente artigo, você entenderá sobre o caso de Letícia Schmidt.

Durante o processo de análise, a paciente relatou que possuía uma relação familiar complexa, tal que não fora criada por sua mãe e não conhecia seu pai. Assim, fora sua avó e o marido desta quem lhe haviam criado durante a infância.

A mulher ainda afirmou que houvera se casado com cerca de vinte e três anos com o homem que fora seu primeiro e único namorado. A mulher, àquele tempo, demonstrava clara imaturidade sexual.

Observações do Analista sobre o caso de Letícia Schmidt

A priori, a paciente teve mostrado uma certa resistência à análise. Assim, pois, percebiam-se constantes cortes em seu fluxo de fala. No entanto, com o decorrer das sessões, a analisanda principiou a ceder e abrir-se mais ao labor analítico. Pode-se considerar que a saudável aliança terapêutica formada até então foi o fator que possibilitou tal realidade.

Destarte, no início da análise, a paciente indicava claros sinais de uma ansiedade exagerada, a qual principiava a desenrolar-se em uma síndrome do pânico. Além disso, ela demonstrava evidentes sinais de um esgotamento físico e psicológico. Assim, objetivou-se trabalhar com ela a priori a “fala curativa”. Isto é, permiti que a paciente falasse livremente ( livre associação) para que, por sua própria expressão, seus sintomas recuassem e assim , de fato, ocorreu.

Desse modo, logo na terceira sessão a mulher já se mostrava sensivelmente mais calma . Também trabalhei em sua autopercepção, de modo a analisar como ela concebia seu próprio valor. Entrementes, propus à mulher que criasse uma história de tema completamente livre e me relatasse seu sentido. Com isso, poder-se-ia notar sua capacidade imaginativa desenvolvida, segundo Jean Piaget, durante à infância.

O caso de Letícia Schmidt e o seu comportamento

No entanto, Letícia não foi capaz de elaborar nada. Isso reforçou minha hipótese subjacente de que sua infância não fora tão boa quanto ela gostaria de acreditar. Cite-se que ela própria afirmava ter sido uma infante brincalhona e espontânea, malgrado todo seu comportamento e histórico revelasse o contrário.

Além disso, ela relatou em análise que tivera outrora um princípio de crise de pânico e que sua avó, quem lhe havia criado, falecera há alguns anos. A partir daí, a ideia de uma fantasiação da figura da avó se estabeleceu para mim, pois a mulher , além do referido, frequentemente falava de culpa e referia-se às suas atitudes como erradas ou falhas.

Tal fato indicava a presença de um superego punitivo e castrador. Destarte, sua psoríase também estivera atacada durante o período que antecedeu à análise, de modo que se poderia conceber facilmente que Letícia estaria convertendo suas angústias em sintomas histéricos. A mulher também afirmou que não estava conseguindo lembrar-se de seus sonhos recentes.

A censura moral

Novamente, então veio-me à mente que havia uma forte censura moral que obstava o acesso às suas angústias. A partir desse ponto, principiou-se o aprofundamento da análise, quando passei induzir a paciente a relatar mais sobre seu passado e a acessar livremente suas memórias através de indagações e propostas terapêuticas. O relato de cada teste segue na próxima consulta.

Princípios de Desenvolvimento e o caso de Letícia Schmidt

No dia 7 de setembro do presente ano submeti a paciente a um teste de modo a auxiliar o acesso ao seu inconsciente. O teste consistia em uma abordagem de duas partes. Na primeira, haviam três seções de palavras às quais ela deveria responder com a primeira coisa que lhe viesse à mente . Seguem abaixo as listas:

a)

  • Casa
  • Família
  • Pai
  • Mãe
  • Quarto

b)

  • Homem
  • Mulher
  • Amor
  • Liberdade
  • Perda

c)

  • Vida
  • Morte
  • Saúde
  • Paz
  • Doença

As respostas foram, respectivamente:

a) 1. Família 2. Casa 3. Proteção (aqui houve uma breve divagação da analisanda) 4. Renúncia 5. Descanso b) 1. Complicado 2. Força 3. Plenitude 4. Qualquer expressão 5. Dor c) 1. Tudo 2. Recomeço/ dúvida 3. Bem-estar 4. Tudo 5. Aflição

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    Na segunda parte do trabalho, eu lhe disse quatro novas palavras conceituando estados mentais e pedi-lhe que Letícia dissesse o que a fazia sentir-se daquela forma. As palavras foram:

    I- Feliz II-Triste III-Angustiada IV-Amada

    As respectivas respostas foram:

    I- o bem-estar de outrem. II-ingratidão, falta de confiança, parentes falecidos e frustrações. III-ansiedade e frustração causadas por relacionamentos de experiências. IV- não sei mais o que é ser amada. O afeto das minhas filhas.

    Breves Análises Oníricas

    Com o desenrolar da presente análise, nossa paciente trouxe dois sonhos para interpretação. No primeiro sonho, a mulher dizia ver sua antiga cadela de estimação morta e exalando um forte cheiro de putrefação e, ao mesmo tempo, repleta de carrapatos e pulgas . Ela ,então, dizia para si: “Foi isso que a matou.” Depois disso, ela veio a despertar profundamente perturbada. Esse fato se passou antes do início da análise.

    A interpretação conferida ao sonho era a seguinte: o cão representava a autoimagem de Letícia e os parasitas e a morte indicavam que sua excessiva dedicação a outrem( nota que permanecia constante em todas as sessões realizadas) deixava-a descuidada em relação a ela própria e, assim, “matando” simbolicamente seu eu. Depois disso, já na quarta sessão, Letícia relatou outra experiência.

    Nesse novo sonho, ela dizia estar em uma floresta densa, em cuja extensão se encontrava um prédio, onde estavam seus familiares. Então, após caminhar por alguns metros, Letícia encontrava um rio de águas cristalinas. Logo após isso, ela acordou igualmente impactada. A interpretação para essa segunda experiência onírica fez-se mais Complicada, de sorte que alguns elementos permaneceram obscuros.

    O medo de perder sua identidade

    Todavia, a tônica do sonho pareceu ser símile da primeira. Isto é, de que a paciente temia perder sua identidade. Isso, porém , diferia ligeiramente da experiência passada, pois agora a paciente começava a perceber seu interior (rio cristalino) malgrado a presença de outras pessoas, o que representou um ganho significativo.

    Considerações Finais

    Mediante todo o atestado até o presente momento, foi mister que se desse prosseguimento à análise de Letícia Schmidt, haja visto que a analisanda ainda encontrava-se fixada em diversos pontos relacionados à sua autopercepção e à percepção de outrem. Malgrado a constante resistência da mulher à análise, puderam-se perceber dois eixos fundamentais que lhe geravam significativo prejuízo. São estes:

    a) presença de um superego castrador e punitivo. b) ausência de um ego bem estruturado e consciente do próprio valor.

    Assim sendo, parece objetivo afirmar-se que um processo de contínua avaliação será o melhor caminho para o progresso psicanalítico de Letícia Schmidt.

    O presente artigo foi escrito por Gabriel Montes. Psicanalista egresso do IBPC. Também é acadêmico de Letras e História. Sua área de pesquisa abrange semiótica psicanalítica, literatura, feminilidade e estudos de gênero. Também atua como psicoterapeuta em atendimento virtual. Contato: (65) 99934-0423.

    2 thoughts on “O Caso de Letícia Schmidt em psicanálise

    1. vanessa simoni disse:

      nossa, que bacana este texto, me identifiquei, porque costumo fazer este tipo de exercício para incentivar o analisando a falar, e costumo tambem falar de repente, me fala uma cor, e depois eu consigo dai, extrair muitas simbolizações, é uma forma lúdica, sem pressão e que ajuda muito o analisando falar

      1. Gabriel Felipe Montes Lima disse:

        Fico muito feliz em saber disso. Gostei do seu método também. Vou tentar inserí-lo nos meus atendimentos.

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