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Masculinidade: o que é em relação ao Homem Contemporâneo

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Recentemente o cantor Tiago Iorc lançou uma música e um clipe intitulado “masculinidade”. A canção aborda alguns temas polêmicos, que ao mesmo tempo são tabus e clichês em relação a construção da figura masculina ao longo dos séculos.

Apesar de toda a crítica relacionada ao trabalho do artista, a música serve para levantar reflexões acerca da figura do homem contemporâneo.

Entendendo mais sobre a masculinidade

O trabalho do cantor levanta questões importantes, e chama a sociedade para uma discussão acerca do que é ser masculino, sobre a masculinidade tóxica, e das subjetividades que envolvem o gênero masculino. Talvez a maior falácia, para não dizer mentira, é o vulgo popular: – “homem não chora “. Desde os séculos passados a figura masculina foi construída de acordo com um patriarcado dominante que visa a normalização de uma hegemonia masculina.

A figura mitológica de Hércules, de força, virilidade, e potência, ainda ressoa, entretanto, o cinema hollywoodiano e o apelo capitalista, construiu uma figura padronizada do homem moderno que “deve ser”: cisgênero, heterossexual, branco, rico e de preferência cristão. A narrativa hebraico-cristã contida na Bíblia, coloca a mulher em um patamar inferior ao homem, e divide num dualismo, atributos que seriam especificamente masculinos ou femininos.

A sociedade ocidental foi construída sob essa perspectiva masculina, e vai além, cria uma hegemonia onde o homem, para ser homem deve ter certos comportamentos, hábitos e preferências, caso contrário “não é homem “. Dentro desse dualismo foi estipulado na sociedade que a cor rosa é para a mulher, e o azul para o homem.

A masculinidade para a sociedade

A bola de futebol, e o próprio futebol é para o menino, e a boneca para a menina, de forma que o que foge desse padrão é fortemente reprimido pelos pais. Essa narrativa sexista é tão forte na sociedade, que é capaz de influenciar inclusive as escolhas profissionais, dado que profissões como enfermagem por exemplo, tem um rótulo de ser uma profissão feminina, enquanto mecânico, caminhoneiro, motorista, são ditas profissões masculinas.

Esses fatos estão fortemente ligados a um argumento biológico e falocêntrico, onde o homem teria mais força física e, portanto, a mulher não seria capaz de desempenhar certas funções. O homem sempre grosseiro, rústico, largado, e a mulher maquiada, bem-vestida e perfumada. Nos séculos passados na Europa, a mulher tinha até aulas de como se portar na sociedade, e o homem sempre fez o que bem entendeu.

Movimentos como “Beat Generation” e o movimento hippie, estão intimamente ligados entre si e com a música, o Rock principalmente. Esses movimentos, são exemplos de contracultura na época, e tem um apelo de revolução sexual, que buscava abolir as convenções sociais acerca da monogamia, da proibição do sexo pré-nupcial, e do preconceito quanto à opção sexual (homofobia).

Desconstrução da masculinidade

Artistas como Elton John, Fred Mercury, Cazuza, Ney Matogrosso, são desbravadores de uma geração e tem forte influência na desconstrução da hegemonia masculina. Antes deles, assumir a homossexualidade não era uma opção, e se hoje homens como o jogador Cristiano Ronaldo, por exemplo, podem se considerar “metrossexuais” é em grande parte influência de muitos artistas que tiveram visibilidade e foram precursores.

Entretanto, existe ainda na sociedade contemporânea um apelo conservador a hegemonia masculina, é muito comum ouvir frases como: “isso não é coisa de homem”, de forma que para a masculinidade dominante o indivíduo tem que gostar de futebol, no máximo de basquete, se o sujeito gosta de vôlei já é taxado como “estranho”, fazendo conotação a homossexualidade.

Tudo o que foi exposto até aqui, são levantamentos de uma construção histórico-social que têm causado muita influência no homem contemporâneo. Como cada sujeito irá enfrentar as imposições sociais é bem subjetivo, e passível de conflitos mentais.

A Psicanálise enquanto clínica

A psicanálise enquanto clínica do sujeito, não pode ignorar esse contexto sociológico-existencial no qual está inserido o homem moderno. Se por um lado a sociedade nitidamente foi construída pelo homem branco e para o homem branco, por outro lado, estamos colhendo frutos dos movimentos dos séculos passados, e as mulheres, e toda a sociedade já não releva mais certas atitudes e imposições masculinas.

Esse enfrentamento do patriarcado, tem causado uma certa castração na identidade masculina, de forma que a ansiedade se tornou uma queixa muito comum no setting analítico. O homem hétero médio, não foi criado para ouvir não, afinal, “todo o mundo foi feito para ele”. Ver mulheres assumindo cargos em grandes corporações, conquistando sua independência financeira, tem causado conflitos internos e estranheza no homem moderno.

Hoje o gozo feminino está em evidência e a maioria dos homens não está sabendo lidar com isso. Em síntese, não se consegue esgotar tão complexo tema, haja visto, justamente, que a masculinidade contemporânea está em transição.

Conclusão

Os papéis do homem e da mulher, na sociedade, por muito tempo estiveram bem definidos, e agora isso está mudando. Por um lado, isso traz liberdade de expressão para os homens que compreenderem essa mudança e souberem se adaptar as mudanças.

Por outro lado, aqueles que são conservadores e carregam preconceitos e tabus irão sofrer na sociedade e com seus conflitos internos. A psicanálise é uma porta sempre aberta ao sujeito que queira externar suas angústias, seus medos, suas dores e suas ansiedades, porque, afinal, homem também chora.

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    O presente artigo foi escrito por Igor alves([email protected]). Psicanalista pela ibpc, licenciado em letras e filosofia

    2 thoughts on “Masculinidade: o que é em relação ao Homem Contemporâneo

    1. Percebo que a masculinidade, foi o maior empecilho aos Bissexuais sairem do armário, ainda que digam que não! Se eu pude fazer amigos, com os quais cheguei a ter intimidade (transa eventual) foi porque nunca relutei a chamada feminilidade (carinhoso, bem educado, gentil) que em viagem o taxista do citytour, me acompanhava pelas praias, tirava fotos, até que convidei para quiosque a noite (musica anos 80)! Em dado momento convidou sairmos da mesa, fomos local a meia luz e me abraçou por tras, com a famosa “respiração no cangote” e me olhava como observando se eu iria criticar, maroto perguntei o que criticaria: beijo no cangote ou excitação dele no abraço por tras, como namorados! Aonde ele disse que a minha meiguice, fazia ele me desejar, mesmo ambos sendo cisgeneros! Depois dormiu comigo no hotel que era proximo!

    2. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom artigo! Com certeza, homem também chora, é uma das formas que os seres humanos têm de expressar seus sentimentos, tantos homens e mulheres.

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