Melquisedeque

Melquisedeque: quem foi, sua importância na Bíblia

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Você já deve ter ouvido falar no personagem bíblico de nome Melquisedeque. Afinal, quem foi ele, por que ele apareceu na Bíblia e como analisar esta figura emblemática pelo prisma da Psicanálise e encarar o desafio de responder a problematização levantada: ‘Que missão e mensagem poderemos inferir da análise de Melquisedeque na ótica da Psicanálise?’

Você já deve ter ouvido falar em alguma oportunidade de um personagem bíblico estranho, de nome ‘Melquisedeque’. Assim como já ouviu falar de Enoque e outros incógnitos.

Significado de Melquisedeque

Mas, afinal, quem foi o Melquisedeque que apareceu na Bíblia e como analisar este personagem pelas lentes da ótica da Psicanálise e encarar o desafio de responder a uma problematização proposta sobre a missão e mensagem dele: ”Que poderemos inferir sobre a missão oculta dele e sua mensagem sob o prisma da Psicanálise?’

A Filosofia ainda não conseguiu fazer essa interface com sucesso. Outros campos do saber não entraram nesta seara com exceção da Teologia e as Ciências Religiosas. Neste enfoque (pequeno artigo) à luz da Psicanálise vamos enfrentar este desafio de examinar quem foi o Melquisedeque, e falar um pouco sobre a tal ‘OSM,’ Ordem do Sacerdócio de Melquisedeque; a relação de Abraão com Melquisedeque; o apoio dos livros ‘apócrifos’ para decifrar Melquisedeque, a missão e mensagem dele. O que a Psicanálise pode extrair dessa interface?

No fecho, vamos ofertar uma alternativa de resposta e demonstrar a intersecção deste tema com a Psicanálise e demais conhecimentos.

Quem foi Melquisedeque?

Ainda permanece uma incógnita decifrar pelas vias do ‘cânon’ (escritos bíblicos) fora do eixo dos livros chamados de ‘apócrifos’, quem foi efetivamente este personagem que está numa galeria de pessoas ainda sem maiores dados. O nome dele possui várias variantes na literatura: Melkszedeq, Melchizedeque, Melktzedek entre outros.

Ele foi citado no Gênesis, que compõe o Pentateuco, ou cinco livros, e depois no Salmo 110 versículo 4 e na Carta aos Hebreus, no capítulo 7. Ainda não sabemos se Jesus o citou nos Evangelhos. No livro de Gêneses, ele aparece numa ‘relação dialógica’, rápida com Abraão, que foi resgatar o sobrinho Ló sequestrado e após foi falar com Melquisedeque, um sacerdote e ofereceu um dízimo.

O nome de Melquisedeque tem um significado na língua original, “rei da justiça”. Consta que foi o fundador da cidade de Salém, mais tarde cidade de Davi e após, denominada de Jerusalém, uma cidade que possui mais de cinco mil anos, somando o antes e após Cristo.

A Ordem do Sacerdócio de Melquisedeque

Este é outro ponto que não existem maiores dados a não ser que Melquisedeque era um sacerdote de Salém, uma cidade embrionária e que havia uma ordem dos sacerdotes, antes do surgimento dos sacerdotes do Templo de Jerusalém, este construído por Aarão, irmão de Moisés.

Este personagem Melchizedek aparece no livro Gênesis e desaparece e depois somente é citado. Não existe ainda um estudo profundo sobre esta figura bíblica no ‘cânon’, ou seja, nos livros bíblico’ que são considerados inspirados. Arqueólogos tentam achar uma resposta e tentar entender esse personagem.

O que foi descoberto é que existem as origens primitivas de Jerusalém, que foi gestada por Salem, que era habitada pelos jebuseus, nada mais que isso. Davi mais tarde invade a cidade e a transforma na sua capital política e espiritual, denominada de cidade de Davi.

Abraão e Melquisedeque

Este encontro ocorreu e é descrito em Gênesis, no capítulo 14, 17-24, mas de forma breve, quando seu sobrinho Ló é sequestrado. Abraão sai ao encalço e resgata o parente após uma luta fratricida. É um encontro rápido inserido no Gênesis, com uma doação de dízimo e nada mais que isso. Sem ter o apoio dos livros fora do cânon bíblico não se sabe como este personagem se estruturou e quem eram seus parentes.

Apenas sabem pesquisadores que ele era um sacerdote possível conselheiro de pessoas. As escrituras bíblicas não relatam nada sobre seus antepassados. As apócrifas relatam. Ele aparece e some na história bíblica no Gênesis. Alguns analistas têm o dado direto das escrituras que ele era também um rei, Melquisedeque seria o rei de Salém, o primeiro nome de Jerusalém.

Melquisedeque teria dado a Abraão vinho e pão, após este voltar da batalha momento em que deu uma benção ao Abraão. A missão, mensagem e conexão Melquisedeque a luz da Psicanálise. A missão de Melquisedeque em tese e a priori, ficou um pouco clara com a ajuda prestimosa dos livros apócrifos, que são livros fora do ‘cânon’ ou dos canônicos; os livros canônicos foram aceitos no Concílio de Nicéia (concílio de bispos cristãos, reunidos na cidade de Niceia da Bitínia pelo Imperador Romano Constantino I em 325), livros ditos inspirados.

A mensagem

Não se sabe bem ainda qual é o tipo de mensagem do Melquisedeque mas já se tem uma base. Freud usou muito os mitos gregos onde alguns desses mitos se associaram depois, se mesclaram e se subsumiram, nos mitos romanos. Freud não adentrou nos mitos e relatos judaico-israelitas constantes na Bíblia e nem tentou decifrar essas questões, apenas pinçou alguma coisa.

Relação com a Psicanálise

Vale salientar que a Psicanálise vai se consolidar e se firmar bem, se e somente se houver consciência dos analistas que precisam decifrar os fatos bíblicos e não rejeitar porque é a chave do sucesso da Psicanálise. A Psicanálise tem um rico material inexplorado em toda Bíblia, tanto NT como no VT e precisa ir abrindo essa caixa preta analisando as relações entre os personagens porque as escrituras são atípicas, elas não escondem o lado negativo das figuras bíblicas em seus legados, principalmente mais emblemáticos, que relatam até casos de crimes premeditados, assédios, estupros, sexo parental e incestos.

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    Para alguns analistas de vanguarda, Melquisedeque ajuda a aplacar um pouco a consciência pesada dos humanos que negam Deus. Porque ele mesmo por via dos apócrifos se transforma num elo. Ele é uma peça chave do elo pós-diluviano. Se a Psicanálise Clínica se recusar examinar essas questões terão que delegar para uma emergente Teologia Clínica ainda incipiente.

    Porque a saúde mental dos humanos passou por esse trauma que Melquisedeque está implicado. Esta seria a conexão dele à luz da Psicanálise com a humanidade. No tópico a seguir vamos entender melhor o apoio apócrifo para decifrar Melquisedeque.

    O livro apócrifo de Melquisedeque

    Vamos encontrar no livro apócrifo Caverna dos Tesouros, língua siríaca (língua semítica antiga, usado em liturgias, em igrejas da Síria, descoberto no final do século VI, início do século VII) narrativas relacionadas à Bíblia cristã, que teriam sido escritos por uma pessoa de nome Efrém da Síria, onde narra fatos que teriam ocorrido cerca de 5500 anos, uma obra dividida em cinco capítulos.

    A obra narra que após o dilúvio, Noé ao sair da barca com sua mulher e três filhos e três noras, se fixou na região do monte Ararat e lacrou a barca, ninguém poderia entrar. À medida que as águas baixaram e o tempo passou Noé chamou Cam e Japhet e teve uma conversa reservada e precisavam retirar da barca os restos mortais de Adão e Eva, os ossos e era preciso enterrar num lugar.

    E pediu para reunirem alguns para a missão de sepultar os restos de Adão e Eva num lugar distante sem falar para ninguém, era um segredo. Sabe-se apenas que Sem, Cam e Jafet e Noé tinham ido até o túmulo de Adão e Eva e retirado os restos e colocados na barca antes do dilúvio começar. Então Noé pediu a Sem, que falasse com seu filho primogênito e este conversasse com seu neto Malach e sua esposa Jozadak e pedissem ceder o menino Melquisedque para acompanhar na missão.

    O juramento

    O motivo alegado era explorar terras inférteis e rios além mar. Malach e Jozadak concordaram e autorizaram levar o menino. Foi Sem que pegou os restos mortais e entregou para levarem durante a noite. Depois de muitos quilômetros, acharam um local e sepultaram os restos de Adão e Eva.

    O menino Melquisedeque foi deixado no local, para tomar conta dos restos e voltaram informando os pais que ele morreu durante a viagem e o enterraram. Este menino foi quem mais tarde lançaria as bases primitivas de Salém.

    Esta teria sido a origem do Melquisedeque e seu juramento em ser o guardião dos restos e o tutor da culpa humana pela tragédia do dilúvio.

    Conclusão

    Diante de tudo que acima foi exposto para considerações e reflexões, tendo como eixo a Psicanálise, vamos ofertar uma alternativa de resposta à pergunta que não quer mais calar: ‘Que mensagem podemos deduzir da análise da missão do Melquisedeque na ótica da Psicanálise?’ A primeira delas é que os humanos esqueceram-se do dilúvio, nem comemoram a data.

    Houve uma amnésia humana que recalcou e esquecer o trauma. A segunda, que a dedicação do sacerdote e depois rei, de ser o tutor dos restos encerra em si um dever de preservar uma memória e de zelar pelos restos que trazem uma culpa universal e como guardião dos restos daquele que faleceu antes do dilúvio mas que foi levado para o mundo pós-dilúvio pelos seus descendentes. Não sabemos se os restos de Enoque também vieram.

    Para alguns analistas não existem os restos por ter sido obliterado de um sepultamento e o corpo ter sido diluído pela luz. Muita riqueza emerge desses relatos ainda aguardando uma análise detalhada. Melquisedeque seria aquele que guarda a culpa sepultada da humanidade naqueles primórdios e irá fundar a cidade de Jerusalém palco depois de muitos episódios que aguardam análises.

    Antropologia e Sociologia

    A mensagem oculta está embutida nessa missão que foi desafiadora com um menino que foi praticamente sequestrado dos pais e prestou um juramento e ficou distante de seus genitores cuidando os restos mortais daquele que teria sido o ponto de origem de todos. O tema não está jamais esgotado e merece muita reflexão. A Filosofia se mostrou impotente para fazer esse exame e apreciação.

    A Antropologia e Sociologia se negaram a fazer essa indagação geral e profunda. A História se nega a aceitar o paradigma haja luz e houve luz. A Teologia se debate com as Ciências da Religião em torno dos dois mega paradigmas. De um lado ohaja luz e houve luz e de outro, o mega explosão original que em última análise é a percepção do espírito e da matéria e energia.

    Ou seja, enfrentam o dilema de qual precedeu primeiro; o paradigma haja luz e houve luz reivindica que o espírito precedeu a matéria ao passou que a contrário senso, o paradigma mega explosão original entende que a matéria é que precedeu tudo e engendrou a energia e o abstrato. E Melquisedeque está no meio disso, com seu elo de ligação. A questão é um impasse, porém, um dia ela terá que ser resolvida.

    O inconsciente

    Cabe à Psicanálise por hora, por via do inconsciente que recalcou a culpa ir tentando decifrar esse enigma. Vale ainda registrar que o inconsciente já era citado na Bíblia, antes de Cristo.

    Vamos encontrar passagens relatando isso e até nos livros poéticos o que nos coloca num outro patamar de que precisamos das interfaces mais aprofundadas e que temos que analisar sob o prisma psicanalítico toda Bíblia que é uma fonte de dados, informações, conhecimentos e saberes. Só o tempo nos dará as respostas que precisamos.

    Este artigo foi escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira ([email protected]), Licenciado em História e Filosofia. PG em Psicanálise. PG em Filosofia Clínica, PG em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica. Cursando Neuropsicanálise.

    One thought on “Melquisedeque: quem foi, sua importância na Bíblia

    1. samuel Gonçalves disse:

      Achei interessante a analise a respeito de Melquisedeque e essa relação com a psicanalise.

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