mentira patológica

Mentira patológica e a mentira no mundo contemporâneo

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No mundo contemporâneo no qual todos nós seres humanos estamos inseridos e configurados, em termos ‘glo-cal’, ou seja, local mas global, global mas local, estamos vivenciando um momento delicado que é a explosão exponencial da mentira patológica.

Nunca na história da humanidade ocorreu um processo de mentira tão profundo, agudo, crônico e doentio como nestes novos tempos. Diante de tantas formas de mentiras, as pessoas começaram a indagar porque a mentira esta em alta?!

Entendendo sobre a mentira patológica

As mentiras ganharam grandes taxas de atenção. E a montagem de mentiras de grande repercussão e envergadura precisa de pessoas treinadas, estoque de tempo e recursos. Temos as mentiras em termos globais ligadas pandemia, sobre vacinas; ligada ao meio ambiente; ao universo, no caso dos UFO `(discos voadores) envolvendo abduções e alienígenas, entre tantos outros temas até de caráter geopolítico. Alemanha nazista foi um case típico.

A nível nacional temos o exemplo de uma CPI, no Congresso, sobre vacinas, aonde uma pessoa chegou a ser presa em flagrante delito por mentir no depoimento. Temos o caso de uma deputada que foi espancada e envolveu-se numa intriga de grandes proporções com possíveis mentiras; temos as mentiras sobre pesquisas eleitorais, mentiras econômicas e estatísticas, onde os números são torturados, mentiras sociais veiculadas, mentiras politicas.

O falecido poeta Mario de Miranda Quintana (1906-1994) disse uma frase emblemática e poética que ficou imortalizada sobre a mentira: “A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer!”, Existem vários tipos de mentiras. Estudiosos já conseguiram catalogar mais de 100 tipos de mentiras em todo o planeta.

A mentira patológica sempre existiu

O tema não é recente e ganhou grande projeção no mundo atual, contemporâneo, porém, a mentira tem uma historicidade enraizada global desde a antiguidade. A mentira sempre existiu e existirá. Dificilmente a mentira será superada e extirpada da humanidade.

Alguns estudiosos vão além do fenômeno psicossocial da mentira e questionam em suas reflexões o que seria da humanidade com as suas relações sociais sem a existência da mentira?! E os questionamentos são dos mais amplos possíveis, onde especialistas debatem para tentar saber para que serve a mentira ? Como ela funciona? Quando deve, e se de fato e direito deve ser usada ? O que fazer quando a mentira for descoberta e confirmada? Quais os males pode causar uma mentira bem elaborada e de sucesso ? O que fazer quando você for alvo de mentiras até graves ?!

Estes são alguns dos temas que estudioso tentam desvendar. Vários campos do saber se debruçam sobre o fato social ou fenômeno da mentira, como a Sociologia; Antropologia; Teologia; História; Geografia; Pedagogia e as Ciências ‘Psi’, como a Psiquiatria, Psicologia e as Psicoterapias.

A Psicanálise e a mentira patológica

A Psicanálise como uma das formas de Psicoterapias vem estudando o fenômeno também. Sigmund Freud (1886-1939) sobre o fenômeno deu sua contribuição cognitiva e expressou o que segue: “Mesmo que tentemos não podemos negar a nossa essência no que dizemos abertamente; por isso, as palavras que emitimos são construções de nossa própria identidade social; nós mentimos, elas não.”

Este era um dos entendimentos do Freud sobre a questão da mentira. O tópico ‘mentira’ nas ciências psíquicas é vista como um distúrbio da comunicação embora verbal, na realidade se caracteriza por uma não-comunicação. Porque é uma falsificação.

Os estudiosos da mentira relatam que é um fenômeno que carrega em si um engano, uma falsidade, trás um embuste, uma ficção, não deixa de ser uma impostura, gerando um enredo, uma farsa. No senso comum chamam de trapaça, lorota, balela, peta, burla, lenda e usam o termo ‘estória’ sem o ‘h’, para expressar algo que seja fantasioso, que nunca existiu, uma ficção. A mentira é uma criação humana portanto de fato uma ficção.

Um propósito lúdico

Muitos consideram a mentira uma mera invenção até criativa, ou pretexto para algo. A mentira possuiu uma roupagem muito grande de conceitos e definições. A mentira tem embutida em si uma finalidade, um propósito mesmo que seja lúdico (diversão) como o campeonato de mentira premiado que ficou famoso o Festival Nacional da Mentira em Novo Brescia, RS, que tem já várias edições.

Quem consegue contar uma mentira que realmente seja convincente ganha um prêmio. Vários países do mundo também tem seu lúdico atrelado a formas de avaliar o papel da mentira com programas de humor. A estória do cavalo de Tróia (Estreito de Dardanelos, 1250AC) é considerada uma bela mentira. Idem Atlântida de Platão (428-347AC), uma potência naval localizada para lá das colunas de Hércules, eu existiu em 9500 AC, outra mentira clássica.

Existem os que dizem Jesus Cristo (2AC-33DC) foi uma mentira idem Deus, uma criação da ficção humana. A mentira por via do humor pode ser um instrumento para dizer verdades dolorosas. Os estudiosos conseguiram mapear vários tipos de mentiras.

Tipos de mentira

A mentira comum também chamada de branca, que tem sido parte inevitável no tecido social da interface humana em geral, face da hipocrisia, sendo considerada uma mentira inofensiva. A mentira piedosa que visa ajudar alguém. A mentira evitação, que visa evitar uma vergonha como defesa da pessoa.

A mentira perseguidora que tem como finalidade perseguir pessoa, grupos, instituições. A mentira psicopática, que tenta enganar, ludibriar e usar a má fé e o dolo; a mentira maníaca, que uma mentira que tem raízes no passado enraizado visando controle de pessoas; a mentira perversão onde mesclam o imaginário com o real tentando impor como verdade; mentira comunicação, que visa distorcer fatos e gerar fantasias; a mentira ambígua com mensagens contraditórias; mentira ligada a inveja, onde tenta evitar a inveja dos outros frente sua depreciação; mentira vazia, onde pessoa tenta colocar vida no que não tem.

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    A mentira compulsiva, que é mitomania, também chamada de patológica especial porque a pessoa tende a ter um hábito incontrolável de mentir e inventar coisas; A mitomania é considerada a doença da mentira patológica. Existem pessoas que sofrem da mitomania.

    Mentira patológica e social

    Temos também a mentira social, a mentira consagrada pelo uso; a mentira esfarrapada; a mentira para sim mesmo. A mentira marketing tanto de grupos e organização como de marketing pessoal. A mentira marketing espiritual muito usada por pessoas ligadas a formas espirituais. Como exemplo temos falsos milagres, falsas curas.

    Muitos atores da mentira utilizam uma etiqueta para mentir e até treinam pessoas para aprenderem a mentir de 60 a 99% de formação de convicção em terceiros. Uma mentira contada várias vezes pode se erguer como uma pseudo verdade e para ser crível e convicta precisa manipular crenças.

    Pessoas que se autolesionam nas extremidades das mãos e pés e alegam ser as chagas de Cristo. Ou pessoa que alega ter visto um espírito ou um ET no seu pátio. Ou, ter viajado numa espaçonave no universo. A mentira pode estar associa a patologias psicomentais.

    Os mentirosos

    “Existe um protocolo para se tentar combater as várias formas de mentiras, porém, ‘checar os fatos e atos tem sido o único método mais factível e infalível quando forem de observação direta”. A mera análise das posturas do chamado ‘corpo fala’ não tem surtido muito efeito porque o mentiroso contumaz aprimora as técnicas e estuda as posturas.

    Tapar a boca, evitar contato visual, comprimir lábios, olhar pra cima ou para direita, mostrar rugas na testa, restringir movimentos dos braços, mãos e pernas, não tem sido muito eficaz nos tempos modernos para determinados tipos de mentirosos profissionais que treinam técnicas. Bem como o uso de detector de mentira não tem evitado mentiras amplas e profundas.

    O bom mentiroso usa até álibis bem pré-programados e armados para convencer inclusive plateias de que sua mentira é uma realidade. Alguns mentirosos escolados e bem atilados desenvolvem mecanismos tecnológicos para ajudar fabricar a mentira. Treinam simulações de reações que se tornam 99% convictas. O benefício da dúvida fica reduzido a 1% em muitos casos.

    A detecção da mentira

    Não é incomum pessoas enganadas expressarem, ‘jurava e pensava que era verdade’. A detecção da mentira (poligrafo/1924 se tornou um grande desafio. Porque a mentira é um processo consciente, mas inconsciente tanto que não cura, agrava mais as somatizações.

    Os questionamentos sobre a mentira conforme supra referidos vão nos indicar que é um processo muito peculiar e singular, pois, cada caso é um caso. Cada pessoa carrega em si as respostas porque mente ou mentiu e continua mentindo. O psicanalista precisa mergulhar no inconsciente singular e decifrar o contexto da mentira.

    Não existem respostas prontas e acabadas sendo um processo aberto e em construção de forma muito especialíssima. Temos que ter em mente que a mentira não pode ser provada. A arte da verdade nos permite conhecer as mentiras.

    Conclusão

    Por fim, resta concluir que quando não conseguimos descobrir ou decifrar uma mentira estaremos diante de uma verdade. A mentira no mundo contemporâneo passou a ser o maior desafio humano de todos os tempos.

    O presente artigo foi escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira ([email protected]) é licenciado em Filosofia e História. Possui PG em Ciências Políticas, acadêmico e pesquisador de Psicanálise Clinica e Filosofia Clinica.

     

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