Método freudiano

O Método Freudiano de Investigação

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Quando compreende-se o método freudiano e os fundamentos da Psicanálise, nota-se facilmente o caráter investigativo, questionador e pesquisador que se demonstra necessário para qualquer indivíduo que, ou passe a estudar a Psicanálise em si ou, quando estuda os psicanalistas, percebe essas características nestes.

Entendendo o Método freudiano

No decorrer da história, diversas descobertas e constatações cientificas ou até filosóficas, enfrentam o homem e tiram seu caráter de divindade, empregado pelas principais religiões no decorrer da história.

A constatação do real funcionamento dos astros e sua característica de tirar a Terra do posto de centro do universo, uma alegoria ao próprio homem e seu egocentrismo, ou as descobertas Darwinistas e a teoria evolucionista, classificando o homem como mais uma espécie dentre muitas, são só alguns exemplos de descobertas e movimentos históricos importantes que enfatizam ao indivíduo o quanto o mito de suas características divinas e superiores são, na verdade, nada além de mitos.

Esses enfrentamentos e suas percepções (entre diversas outras coisas) afeta a psique humana, fazendo-a reagir com impressões perturbadoras ou desorganizadoras de seu funcionamento, principalmente afetadas pela ativação dos seus Mecanismos de Defesa.

Método freudiano e os Mecanismos de Defesa

Os Mecanismos de Defesa, que como alguns exemplos temos o Recalcamento, a Formação Reativa, a Regressão, a Projeção e a Racionalização, nada mais são do que mecanismos da psique para lidar com os conflitos internos e externos, rejeições, negações, emoções dolorosas como um todo, que o próprio individuo não compreende de forma completa, ou às vezes, de nenhuma forma, e que afetam diretamente suas relações, sentimentos, pensamentos e convívios. Em todas essas características, comportamentos e reações temos um agente em comum: o Inconsciente.

Quando investigamos o comportamento, os sentimentos, as reações, interações ou até mesmo os questionamentos dos indivíduos, não estamos somente enfatizando o seu caráter não divino (já que dentro dessas questões, se destaca a instância da ausência do controle e do entendimento racional e pleno sobre si mesmo), mas também a relação do individuo com o meio, com os demais, consigo mesmo e o quanto essas relações afetam seu comportamento, sentimentos e interação de forma que o próprio individuo sequer consiga ver ou compreender de forma clara.

A necessidade do atributo de investigação já se demonstra evidente, pois a procura da compreensão desses pontos e suas conexões e influência é abrangente e complexo, sendo necessário a visão cientifica e questionadora (apoiada pela teoria e experiência dos antecessores) para que se consiga compreender todas as interrelações e influências que cada uma dessa conexões causam entre sim. O agente principal de investigação, o inconsciente, possui meio de autoproteção e preservação, os já mencionados Mecanismos de Defesa.

O trabalho do investigador

A prima facie pode-se perceber uma natura não reveladora, obscurantista do inconsciente, o que dificultaria infinitamente trabalho do investigador. Mas o inconsciente possui sua própria forma de comunicação. São formas simbólicas, complexas, muitas vezes reativas, mas, quando analisadas, sempre são reveladoras, profundas e, muitas vezes, fundamentais para a compreensão e bom funcionamento da psique do indivíduo em questão.

Esse agente se comunica conosco o tempo todo, dando dicas, migalhas, evidências, de seu funcionamento, o que o afeta, como funciona e quais efeitos estão ocorrendo e por quais causas chegamos pela investigação de toda essa evidenciação demonstrada. Os próprios mecanismos de defesa, além de formas de autoproteção da psique individual, são também meios de informação e comunicação do inconsciente para o consciente e mundo externo.

O investigador deve ter, por premissa, a compreensão dos mecanismos da psique, do funcionamento, de sua estrutura, além da percepção das interações sociais, as consequência dessas interações ou experiência e o que elas podem acarretar em uma psique, bem como a percepção para lidar com reações, sentimentos, experiências ou impressões que não compreende tão bem e, não só através do embasamento teórico, estudos dos predecessores e as interpretações e conclusões deixadas, mas também, fundamentalmente, a percepção, o tato, a cautela e a inteligência para lidar com as reações dessas investigações, que trarão mais movimentos da psique, levando o individuo para uma compreensão maior dessas relações, interações e comportamentos que vem percebendo, vivendo e enfrentando, interna ou externamente em seu convívio ou em seus questionamentos e anseios.

Considerações finais sobre o Método freudiano

A investigação é a metodologia do psicanalista, com suas características analíticas, capacidade de percepção de nuances, em respostas, comportamentos, reações ou gatilhos. Precisa estar atento ao ambiente, aos reflexos e reações e o que podem causar em sua investigação e, através da compreensão dos conceitos, dos fundamentos e, principalmente do contexto baseado em todas essas percepções e compreensões que adquiriu até ali, atingir uma visão clara e compreensão geral dos movimentos e reações do agente investigado, o inconsciente, entendendo suas conexões, seus modos de reações, a interação com o consciente do indivíduo, pelas suas experiências, anseios e sentimentos, destrinchando essa psique para que haja os diagnósticos, as soluções e retornos que são esperados quando se faz as investigações com afinco e entendimento.

Os métodos psicanalíticos de compreensão e investigação levam o individuo ao questionamento, certo desconforto e acessos que antes podem não ter acontecido, mas esses são justamente os objetivos de qualquer investigação.

O presente artigo foi escrito por Michael Sousa([email protected]). Possui MBA em Gestão Estratégica pela FEA-RP USP, é graduado em Ciência da Computação e especialista em Gestão por Processos e Six Sigma. Possui extensão em Estatística Aplicada pelo Ibmec e em Gestão de Custos pela PUC-RS. Entretanto, rendendo-se aos interesses pelas teorias freudianas, foi formar-se em Psicanálise no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, e procura diariamente especializar-se cada vez mais no assunto e na clínica. É também colunista do Terraço Econômico, onde escreve sobre geopolítica e economia.

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