Mulheres, feminismo, relacionamento extra-conjugal

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Neste texto vamos refletir sobre o perfil de mulheres que entram em relacionamentos extra-conjugais se tornando “a outra”. E analisar se para algumas mulheres estas relações podem ser entendidas como ato de liberdade sexual e afetiva. Não abordaremos o comportamento masculino pois é assunto para outra conversa.

Por quê algumas mulheres se atraem por homens com aliança? Ou se sentem livres por flertar com homens comprometidos?

Mulheres em relacionamento extra-conjugal e ética relacional: uma reflexão feminista

Bom, poderíamos começar por uma análise, digamos, terapêutica e levantar hipóteses para iniciar a conversa:

1. Mulher com baixa auto-estima

A mulher que não se sente boa o suficiente para que um homem legal e livre queira desenvolver uma história com ela tenderá, inconscientemente, a se aproximar de homens comprometidos. Nesta lógica a mulher já sabe que o cara não a assumiria, usa isso como uma “muleta” para não se machucar nem se sentir inferior. Se o relacionamento vingasse e houvesse traição a justificava seria “Eu já sabia que ele não prestava”.

2. Mulher que pensa não merecer muito

Aqui a baixo auto-estima e a insegurança estão presentes, porém há um plus. Trata-se de uma crença de que o universo é escasso, que nem todos terão tudo na vida; algumas mulheres serão felizes no amor e outras não. Esta mulher acredita que está no grupo das pessoas que não se realizarão plenamente. É o típico pensamento “Eu já tenho um bom emprego, por quê eu mereceria um bom namorado? Não é justo!”.

3. A mulher que crê que os homens solteiros querem continuar solteiros

Neste caso a mulher vê o homem comprometido como a única espécie de “homem que assume relacionamento” e vê os homens solteiros como aqueles que não prestam e só querem gandaia. Assim ela investe, por exemplo, em um homem casado acreditando que ele se casará com ela depois de se separar. Ela acredita que a única forma de conseguir um relacionamento é investindo no parceiro de outra. Estas mulheres tendem a ser seguras, vaidosas e com boa auto-estima. Entram nesse tipo de relacionamento e justificam dizendo que tem “dedo podre”.

É possível compreendermos e acolhermos mulheres nesse perfil, pois muitas vezes a estrutura psíquico-afetiva se formou em experiências de abandono e depreciação. Se temos amigas vivendo isso devemos aconselhar, ajuda-las a elevar auto-estima pois em todos os casos está presente insegurança e medo.

Obviamente existe um quarto motivo (que pode se fundir com os demais):

4. Caráter ruim, por falta de termo melhor

Se existem homens com mau caráter também existem mulheres. E muitas vezes eles se encontram! Lembra do ditado “Quando um não quer dois não bicam”? Aliás, muito bem adaptado para “Quando um não quer dois não beijam”!

Em uma relação extra-conjugal (incluído namoros e noivados) podemos ter uma pessoa com conflitos pessoais de auto-aceitação e uma de caráter ruim. E também podemos ter duas pessoas de caráter duvidoso.

Do outro lado sempre existirá a mulher traída. Essas mulheres são as que preferencialmente merecem solidariedade.

Sabemos que uma traição traumatiza e pode colocar mulheres com boa auto-estima nos clicos de auto-sabotagem que analisamos.

Como mulher, que obviamente convivo com mulheres, vejo meninas que não se acanham de dar em cima de um rapaz comprometido ou mesmo “empurrar uma amiga”. E muitas vezes elas próprias estão em um relacionamento, acreditando que são de ouro e são imunes de serem vítimas dessas situações.

Por que existe esse comportamento ruim e depreciativo entre mulheres?

Será que o feminismo nos levou para uma fronteira nebulosa que faz com que mulheres colaborarem com atitudes machistas, acreditando que este é um ato de libertação? Será que o feminismo tem contribuído para dissolver a ética das relações amorosas como se isso fosse um ato de libertação?

Sinceramente não acredito nisso. O feminismo não tem nada com isso!

Feminismo é sobre construção de relações éticas e de apoio mútuo entre as mulheres. Às vezes o obstáculo será outra mulher, pois ainda estamos no começo, ainda fundando as estruturas… Mas vamos chegar lá!

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    Ninguém quer ser traído ou enganado. Algumas tendências amorosas a gente pode chamar de “gosto”, como gostar de moreno, baixo ou nerd. Outras são escolhas ruins e jamais se confudem com orientação ou preferência.

    Nunca é saudável uma relação que começa aniquilando o outro. Nessa lógica, devemos repensar nossa atitude para não sermos também vítimas.

    Refletindo neste tema delicado, sensível e polêmico a minha ponderação final é de que nós mulheres – principalmente as que abraçam o Bom Feminismo – devemos sempre imprimir ética e cuidado nas relações.

    Principalmente quando há pontos de contato com a luta e os sentimentos de outras mulheres.

    É isso o que nos diferencia.

    A falta de ética relacional e despreocupação com o sentimento do outro já machucou e traumatizou gerações e gerações de mulheres, em todas as épocas e lugares.

    Sejamos diferentes!

    Sobre a Autora: Isabella de Oliveira estudou Direito e Filosofia na PUC Minas. Reflete no blog Mulher de Verdade mulherdeverdade.home.blog

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