Ainda que sejam vistas de forma antagônica, a Psicanálise e o feminino podem se unir em alguns pontos específicos. O tempo proporciona reflexões cada vez mais aprofundadas, permitindo que novos debates sejam construídos gradativamente. Vamos adentrar na perspectiva atual da Psicanálise e conversar a respeito da forma do feminismo.
A submissão feminina
Nem sempre essa onda de feminismo teve voz na Psicanálise como acontece hoje em dia. Isso porque a figura feminina era alvo de visões bastantes misóginas a seu respeito. A mulher era vista como um objeto a menos do que o homem unicamente por ser mulher. Independente de qual posição ocupasse, sua condição de gênero era “incapacitante”.
Isso fica bem evidente quando observamos boa parte das teses psicanalíticas criadas pelos homens. Muitos davam suma importância à existência do falo nos homens para determinar variadas características comportamentais nos homens e mulheres. O machismo fica ainda mais evidente quando vemos as negativas às refutações femininas sobre esse assunto.
A situação começa a mudar de forma gradual à medida em que as mulheres tomam uma postura maior na psicoterapia. Ainda assim, ficava evidente que a figura feminina estava longe de ser vista de forma igualitária. A exemplo, podemos citar a recusa de Freud em reconhecer o trabalho proposto por Melanie Klein.
Pacientes histéricas
Pouco antes do começo do século XX, Freud passou a atender pacientes histéricas em seu consultório. Infelizmente, dada à forma de pensamento da época, as mesmas eram vistas como “degeneradas” em hospitais psiquiátricos. É sabido que as mesmas eram consideradas “perigosas e sedutoras” por conta de uma sexualidade excessiva.
O feminismo na época recebeu a concepção dominante de duas linhas de pensamento dominantes:
Sexualidade
Era fortemente defendido que a histeria era algo inerente às mulheres por conta da existência do útero. Estudiosos defendiam que a má condução do sangue no local afetava diretamente as funções exercidas pelo cérebro. Graças a isso, o quadro de histeria se torna comum, já que o órgão era o catalisador da situação.
Claramente, vemos que a concepção do feminino aqui era filtrada por uma concepção misógina da mecânica funcional do corpo humano.
Doenças neurológicas
Graças a uma suposta combinação de sexualidade excessiva e fraqueza moral, isso provocava declínios na mente feminina. Segundo os médicos, a histeria na mulheres era fruto de problemas causados em suas mentes em relação ao sexo.
Notamos que essa concepção sobreviveu ao longo do tempo quando observamos o período fértil da mulher no imaginário popular. Isso porque elas passam a ser vistas como entes fora de controle na menstruação. A visão preguiçosa dos condutos químicos em seu corpo alimenta um esteriótipo de irracionalidade sexista.
Encarando a realidade
Apesar de ser uma das figuras mais ilustres na saúde mental, Freud tinha uma postura clara em relação ao feminismo. Como dito linhas acima, o pênis assumia uma postura determinante para a construção social das crianças, independente de gênero. Entretanto, quando se direciona essa questão às meninas, é dito que a inveja era elemento a isso.
A declaração sempre provocou a revolta de psicanalistas mulheres que tinham uma visão pessoal do desenvolvimento humano em sociedade. Enquanto trabalhavam para equilibrar conceitos e unificar conclusões, eram minadas pelo orgulho de alguns psicanalistas masculinos, incluindo o próprio Freud.
Inclusive, este demorou um pouco a perceber o equívoco que havia cometido. Somente quando passou a atender as pacientes, descobriu que suas condições nada tinham a ver com degenerescência. Tudo se resumia a forma como as mulheres sofriam intimamente durante o século XIX e XX.
O útero da Psicanálise
É fato que Sigmund Freud foi quem popularizou o uso da Psicanálise no mundo moderno da terapia. Entretanto, pouco se fala da forma como ele chegou a isso. Historiadores localizaram o surgimento da Psicanálise na reunião em que o psicanalista teve com Anna O. Foi ela quem sugeriu que a “cura pela palavra” substituísse mais ativamente a hipnose.
Com base no relato de Anna O, além de Lucy R. Katherina e Emmy von N, Freud quebrou o senso comum. Tudo não passa de insatisfações por conta das obrigações inerentes à vida cotidiana. Por causa do inconformismo com amarras familiares impostas pelos homens, muitas mulheres se viam à beira dos próprios limites.
A intervenção do Complexo de Édipo
À medida em que o trabalho com o feminismo evoluía, isso acabava por fazer crise diante do processo de civilização. A dominação masculina encontrava um desafio à frente em relação à sua supremacia. Com isso, Freud recuou gradativamente e se dedicou a pensar na sexualidade feminina de forma disruptiva. Com o Complexo de Édipo, defendeu:
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Amadurecimento das garotas
As garotas passavam por mudanças em relação ao clitóris e vagina a fim de caminharem à fase adulta como mulheres. Além disso, a mesma se distanciava da mãe para favorecer o desejo em relação ao pai. Tudo isso resulta na inveja dela em relação ao pênis, já que seu próprio órgão não tem valor aparente.
Narcisismo feminino
Segundo Freud, as mulheres possuem uma tendência natural a serem bastante narcisistas. Graças a isso, sustentam a imagem de uma mulher com sexualidade em excesso. Entretanto, essa mesma sexualidade deve ser domesticada pelos entes masculinos.
Desde o início dos tempos, a figura da mulher foi condicionada a uma postura subserviente a do homem. Isso fica evidente quando se associa sua imagem com os afazeres domésticos. Entretanto, isso não define quem realmente ela é, mas, sim, o que querem que ela seja. De fato, a mulher é perigosa, mas não pelos motivos que se imagina.
É isso o que o feminismo vem para contar: a mulher não deve ser um alvo, mas aliada. Em um mundo onde o machismo predomina, é preciso que se faça uma intervenção social e mental sobre. Além disso, é preciso que nos atentemos a forma como as mulheres interagem entre si.
Comentários finais sobre a relação entre Psicanálise e Feminismo
Precisamos quebrar a ideia de que a mulher precisa brigar com os homens e contra outras mulheres. Parafraseando a escritora Chimamanda Ngozi:
“Feminista: uma pessoa que acredita na igualdade política, social e econômica dos sexos“.
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