Se você quer saber o que faz um psicanalista, você chegou ao lugar certo. Vamos falar como é o trabalho de um psicanalista, como funciona a psicanálise, qual a diferença do psicanalista para outras profissões e como ser psicanalista.
O que um psicanalista faz?
Um psicanalista faz a ponte entre a fala e a escuta. A Psicanálise é uma área do saber independente de qualquer outro campo consolidado das ciências.
No entanto, é um campo que intermedia muitas outras áreas, na medida em que pode ocupar e desvendar a maneira como atuamos sendo sujeitos de nossas historias no mundo, qualquer que seja a experiência prévia vivida.
Sigmund Freud é conhecido como o Pai da Psicanálise por ter sido o primeiro pensador a sistematizar um conjunto de ideias que iam além da fisiologia humana no século XIX. Num tempo em que a esmagadora maioria dos transtornos psíquicos eram tratados em manicômios, hospícios ou instituições psiquiátricas, Freud vislumbrou a possibilidade de existirem questões que iam além dos sintomas físicos apresentados pelos pacientes.
A Psicanálise como ele a concebeu, consegue se articular com
- a Medicina,
- a Filosofia,
- a Antroposofia,
- a Linguística,
- as Ciências Exatas, entre outras
Apesar de ser um campo delineado pelas trajetórias individuais do aparelho Psíquico, paradoxalmente é um campo vazio do saber, na medida em que se soergue no discurso do individuo que o enuncia.
Quem pode trabalhar com Psicanálise?
Você já sabe o que faz um psicanalista, mas quem pode atuar na área?
Por ser aberta e estar presente em vários campos do conhecimento, também na área clínica, profissionais oriundos de campos de diversas áreas de formação profissional podem se habilitar para tornarem-se Psicanalistas, sem que exigências fixas de formação educacional sejam necessárias.
No entanto, embora nem mesmo uma formação superior seja exigida dentro dos parâmetros que legalizam o exercício da profissão do analista, o percurso para autorizar-se como tal é deverás comprometido e consistente.
Por isso, várias escolas tem como exigência em seu estatuto interno, que apenas profissionais graduados em qualquer area da educação superior possam frequentar os cursos de Formação em Psicanálise, de modo a garantir uma formação mínima que contemple qualidades de estudo e pesquisa proativas já existentes no aspirante a Psicanalista.
Embora essa premissa possa causar descontentamento, as escolas sérias de psicanálise tem uma ótica séria de trabalho, e nada é mais demandante de seriedade e responsabilidade do que o Ser Humano e sua história pessoal.
É importante ter em mente que não é um oficio a ser exercido sem preparar-se previamente e nos meios psicanalíticos é sabido que, uma vez adentrado esse campo, os livros, ensaios e artigos serão companheiros constantes de jornada.
Um psicanalista jamais para de estudar.
Afinal, o que faz um psicanalista? Como atua?
Do que se ocupa? O psicanalista em exercício de sua função navega nas profundezas psíquicas de seu paciente e visto por essa ótica, deve ser um profissional profundamente comprometido com a vida humana e sua segurança em todos os níveis. É um profissional cujo trabalho parece mesmo emblemático.
Os filmes e livros onde figuram psicanalistas, mostram uma atmosfera onde há foco na fala do paciente e quase nenhuma intervenção do analista. O profissional porém, esta em sua totalidade imerso no discurso do paciente e, se raramente faz intervenções, é devido à premissa principal da Psicanalise orientada por Freud, onde o paciente deverá falar o que vier a sua mente, sem filtros, sem julgamentos.
Sendo assim, o psicanalista procura não fazer intervenções no discurso do paciente a principio, de forma a não interromper o fluxo espontâneo e continuo do que quer que o paciente tenha a dizer, perfazendo a regra de ouro da psicanalise conhecida como Associação Livre.
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A técnica psicanalítica e o trabalho do profissional
O paciente trás a tona tudo o que lhe vem a mente, sem uma sequencia necessária, em um discurso que pode ate mesmo parecer caótico, porem, o analista acompanha essa fala que, mesmo vindo aos borbotões, não configura nada além do que o analista busca: destravar o fluxo, desbloquear a via de acesso ao inconsciente.
Às vezes o que é valioso nesse discurso – o que realmente importa – vem envolto em camadas de fragmentos desconexos.
O psicanalista, como um escavador atento em um local recém escavado, não perde o que aparece de precioso, coletando-os para, num momento posterior, reorganiza-los, devolvendo-os ao paciente como ferramenta de reflexão e autoconhecimento.
Trata-se de uma técnica onde o psicanalista acompanha o fluxo de palavras e pensamentos do paciente sem se deter em qualquer delas, no que chamamos na psicanalise de Escuta Flutuante. A ideia principal é que, ao falar, o paciente também ouça a si mesmo.
No próprio modo em que um paciente enuncia sua falas, o que lhe perturba, o que lhe agrada, apresenta-se um vasto material psíquico que fica como que exposto a ser reorganizado e realocado de maneiras diferentes de como haviam sido estocados no aparelho psíquico até então.
O ofício de psicanalista na relação com o paciente
O psicanalista faz suas intervenções quando percebe algo a que chamamos de significante no discurso do paciente. Pode ser uma palavra repetida, uma ideia recorrente, um sonho revelador ou qualquer coisa que desperte a atenção do analista em uma direção que até então não havia se delineado com clareza na fala do paciente.
Nesse momento, o analista poderá fazer uma colocação de forma a que o paciente possa olhar para o que acabou de dizer por uma outra perspectiva. Esse novo viés apresentado, tem força e validade para o paciente na medida em que ele sente que o analista percorreu com ele toda a extensão do seu pensamento sobre aquele tema especifico.
Quando existe a intervenção do analista?
A fala do analista adquire força por ser extremamente pertinente e não vir a partir de um discurso pronto, de uma fórmula a ser utilizada por qualquer pessoa, mas de uma experiência muito particular relatada pelo paciente. Aquela fala especifica tem um conteúdo simbólico e transferencial.
Nesse momento o paciente percebe quase que como uma fusão porque a transferência que o par-analítico busca e, com um bom manejo prático encontra, é quando a fala livre do paciente é compreendida pelo inconsciente do analista e essa é a base é onde a troca acontece: de inconsciente para inconsciente.
O analista então é um viajante de malas prontas, disposto a acompanhar com todo o vigor velado da sua presença, a viagem de seu paciente. Em sua mala carrega tudo que precisa e é alguém que vem preparado porque já estudou aquela rota, embora jamais a tenha feito de fato com aquele paciente, sentindo-se sempre como se fosse a primeira viagem de sua vida.
É um viajante que empreende uma viagem a cada sessão, profundamente e completamente com seu paciente. Não sabe para onde vão, mas sabe que estará pronto e presente para enfrentar o que vier ao lado de seu paciente.
O artigo sobre o que faz um psicanalista, sua formação, sua atuação e métodos de trabalho foi escrito por Milena Morvillo ([email protected]), formanda em Psicanálise Clínica pelo IBPC, especialista em Acupuntura pela ABA, especializada em Lingua Inglesa e Traduções pela UNAERP e Artista Visual.
2 thoughts on “O que faz um Psicanalista, afinal?”
Além da associação livre qual a terapia usada ? É só ouvi ? Ainda não entendi
Olá, Patrícia. No começo, Freud utilizou a sugestão hipnótica e, depois, o método catártico. Procure por estes conceitos em nosso blog. Por fim, definiu a associação livre como seu método por excelência. Equipe Psicanálise Clínica.