pedofilia na cúpula religiosa

A Pedofilia Na Cúpula Religiosa: uma reflexão

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Este artigo sobre a Pedofilia Na Cúpula Religiosa foi escrito por Reynaldo Nogueira, para o blog Psicanálise. Todos os artigos do blog são reflexões autorais e pontos de partida para o debate, via comentários (ao final do post) ou pela publicação de novos artigos.

A Cúpula Religiosa

Vou exemplificar os argumentos e ideias na perspectiva da Igreja Católica brasileira pois está mais distante da minha convivência a sua realidade em outros locais do mundo, seja por particularidades de outras culturas ou as concessões da sua liderança local.

O segmento religioso escolhido é representativo em nosso país pois mais de 60% de nossa população (segundo censo IBGE 2010) confessa essa fé. Mas não descarto que a análise que farei, além da Igreja Católica Brasileira, também se manifeste sistematicamente em outros segmentos religiosos em nosso país (ou em outros) se enquadrando dentro de nossos comentários.

Contudo quando estes abusos ocorrerem esporadicamente em outros segmentos, não sendo fruto de suas normas, não se enquadram na crítica feita nesta redação pois estas anomalias são desencadeadas por encadeamentos de circunstâncias de outras áreas da vida do indivíduo, que poderia ocorrer em qualquer segmento social ou cultural, motivados por gatilhos não originados na religião.

A relação do filme Spotlight – Segredos Revelados (2015) com a Pedofilia Na Cúpula Religiosa

O filme Spotlight – Segredos Revelados (2015), baseado em “fatos reais”, traz a superfície escândalos de pedofilia dentro da Igreja Católica cometidos por padres no mundo inteiro.

Baseando sua narrativa como acontecimentos do início do novo milênio (2001), bem poderia ter sido ambientalizado em outras décadas, 80, 90. Mas ironicamente escolhe o período como para nos dizer que é um problema recente, de nossos dias.

O choque que proporciona ao senso comum é o contraste da fé que se deposita na instituição e seus representantes que marqueteiam o tutorial para salvar vidas enquanto, alguns, embora não poucos, destruam família através de abuso sexual de menores de idade, particularmente meninos.

Representantes de Deus e os traumas sexuais

O trauma parece maior quando os abusadores eram tidos como os representantes de Deus, deixando o abusado e suas família destruídos em sua fé e perdidos em relação ao seu enquadramento na sociedade.

Foi noticiado em 2014 em matéria publicada pelo Jornal El País que o Papa admite haver ao menos 2% de sacerdotes pedófilos. Embora este número já seja inaceitável, o filme citado no parágrafo anterior nos fala de mais de 10%.

Mas não acredito que foi feita uma eleição sobrenatural para eleger como sacerdotes os piores homens do mundo. E que foram perversos desde perceber seu “chamado”. Não! Acredito que foram sinceros no seu desejo de servir e bem representar Deus. Como?

Pedofilia na cúpula religiosa e os representantes de Deus

Acredito que sofreram resistindo aos primeiros e aos décimos impulsos sexuais orientados, não para crianças, mas sim para pessoas de idade compatível.

Até aí tudo normal, embora desnecessário… Contudo erraram ou perceber que a proposta de celibato era inviável para eles e caíram das práticas de suas convicções e involuntariamente cometeram o primeiro abuso. Pior ainda quando por seus motivos não renunciaram, arrependidos, e passaram para o segundo, o terceiro, até normatizar em suas mentes o crime com parte das suas realidades hipócritas em relação à pedofilia na cúpula religiosa.

O sistema religioso precisa desafiar a sua abrangência reconhecendo que contribui para o erro ao condicionar o sacerdote a uma vida contrária à sua biologia.

Os impulsos sexuais

Quando vem a determinação hormonal de escoar os impulsos sexuais represados pela ideologia, assim como a água, nossas ações buscam o caminho mais fácil para fluir. Por que crianças e não mulheres ou homens?

A apostila deste módulo 5, na página 70 nos trás a informação que a pedofilia é o transtorno sexual mais comum e que 15% de todas as crianças foram molestadas antes de atingir a maioridade.

Na página 77 temos a seguinte afirmação: “Freud classificou a pedofilia como sendo a perversão dos indivíduos fracos e impotentes. Estes sentem-se atraídos por crianças por serem mais fracas e mais fáceis de conquistar quando outros objetos lhe são excluídos pela angústia”.

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    A necessidade biológica de escoar os impulsos sexuais

    Ou seja… Na necessidade biologicamente incontrolável de escoar os impulsos sexuais, contraposta a repressão impositiva cultural do celibato de seu cargo, equalizando na decisão de não abrir mão deste frente a sua realidade hormonal, decide-se a vítima que seja mais fácil convencer e coagir em primeiro momento para escoar as suas necessidades e fantasias, ainda lhe mantendo o segredo público, não perdendo aquilo que já não queria abrir mão: o cargo, a vocação, o chamado, o sacerdócio.

    Critico a imposição institucional do celibato obrigatório, tanto quanto a opção de pedofilia invés da renúncia do cargo, pois ignora-se a força que a cultura e fé tem de iludir as pessoas que eles seriam capazes de resistir ao ataque massivo de sua biologia, quando a história e estatística nos provam quem não.

    Que o celibato fosse opcional e abrangesse os de grande força de vontade ou biologicamente favorecidos a esta escolha, sem os privilegiarem por isso para não gerar efeitos incentivadores além das convicções e condições naturais. Isto já melhoraria essa realidade traumática que sociedades católicas estão sujeitas ainda em 2021.

    Considerações finais

    Diante do conhecimento atual do homem, biologicamente falando, é irresponsável manter regras definidas com informações que se tinham milênios atrás.

    Não são mais estas imposições fé e sim ignorância perversa, tornando iludidos desavisados em criminosos pedófilos e sendo cumplicies do agravo cometidos a história de crianças e famílias vitimadas.

    Desejo que reformadores, padres e pais possam somar os esforços que puderem em proteger as crianças que poucos poderes e informações tem para se auto defenderem.

    O presente artigo foi escrito pelo autor Reynaldo Nogueira ([email protected]). Reynaldo é Eng. de Produção, estudante de Psicanálise e percebe quanto o conhecimento do “ser” com uma abordagem filosófica são importantes a construção do sociedade.

     

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