Ao longo do dia, nossa mente trabalha sem descanso. E nesse processo de elaborar e decifrar pensamentos e ideias, milhões de coisas vão surgindo na nossa cabeça. E é nesse momento que surgem os pensamentos intrusivos.
Esses pensamentos, não precisam apresentar algo ruim. Inclusive, pode ter um teor animador. Não é possível evitá-los de maneira 100% eficaz, mas é possível tratá-los e aprender a conviver com eles.
Mas, o que são esses pensamentos indesejados que nos invadem? Quais seus significados, como definir? Como saber quando isso se torna uma doença? Como identificar, como lidar, é preciso algum tipo de cuidado ou tratamento?
Prepare-se para tirar suas dúvidas sobre o assunto. Será um percurso fantástico, seja para você se conhecer melhor, seja para ajudar pessoas nesta condição.
O que são pensamentos intrusivos
Os pensamentos intrusivos são ideias que involuntariamente surgem na mente de uma pessoa e que podem provocar um desconforto psíquico. São lembranças de fatos ou pessoas, imagens, dúvidas essenciais ou impulsos para agir de maneira inadequada, que acontecem espontaneamente. A pessoa pode se sentir angustiada ou irritada, porque ela não queria voltar a ter aquele tipo de pensamento e acredita que tal pensamento intrusivo não define sua intenção ou seu caráter.
Os pensamentos intrusivos não afetam um tipo de pessoa específica. Todos estamos sujeitos a eles. Ao compreendermos o que é psicanálise, descobrimos que a mente humana não é passível de ser 100% controlada, já que existe a dimensão do inconsciente.
Assim, esses pensamentos que surgem na nossa mente parecem não ter um motivo específico, mas podem ter uma explicação inconsciente. É importante dizer que eles não estão relacionados ao caráter de alguém, por isso é importante tentar entendê-los, mas sem ser severo demais com um autojulgamento.
Em geral, estão ligados à ansiedade, mas ela não é fator determinante para que eles surjam. Sendo assim, eles podem ou não fazer sentido quando aparecem. Variam muito de uma pessoa para outra, mas, no geral, estão conectados a um trauma, um medo ou um acontecimento do passado.
Sobre o medo de voltar a pensar
A origem desses pensamentos intrusivos pode estar ligada a algum medo. Claro, o medo é algo natural do ser humano e pode ter relação com nosso instinto de sobrevivência.
Inclusive, o medo causado por esses pensamentos é normal. Ele apresenta uma avaliação errada que a pessoa faz da situação, acreditando na chance real de que algo ruim irá acontecer.
E, quando a pessoa sofre com pensamentos invasivos uma vez, isso reforça seu medo. Ela sofre por antecipação, achando que vai ter aqueles mesmos pensamentos outras vezes, em situações similares. Ou que outros pensamentos invasivos novos poderão surgir.
A principal forma de lidar com o medo é entender que ele não é real e que não há chance de a situação imaginada ocorrer.
Identificando os tipos de pensamentos intrusivos
É importante reforçar que alguns pensamentos que nos invadem podem ser considerados bons, como ao lembrar de uma experiência sexual agradável no passado. Mas que, mesmo assim, a pessoa pode se sentir desconfortável, pelo momento ou local em que o pensamento acontece, ou por fazê-la lembrar cuja lembrança gostaria de ter superado.
Há duas frases que ajudam a entendermos este tema:
“Você não pode impedir os pássaros da tristeza de voarem sobre sua cabeça, mas pode impedi-los de fazerem ninhos em seu cabelo.” (Provérbio Chinês).
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“Não somos perturbados pelas coisas, mas pela visão que temos delas.” (Epiteto, pensador estoico clássico).
O que essas frases nos dizem sobre nosso tema: o mais importante não é tanto o assunto dos pensamentos invasivos, mas entender por que eles nos incomodam. Então, esses pensamentos são vistos inicialmente como “negativos”, mas podem se tornar ferramentas para o autoconhecimento.
Alguns tipos de pensamentos intrusivos são:
- Autoestima: pensamentos que nos fazem sentir incômodo com nossa aparência. Nesse caso, pode, também, estar relacionado a algum tipo de ansiedade.
- Obsessivos: pensamentos desagradáveis, constantes e insistentes, como se houvesse um “vício ao pensar”. A pessoa que os tem sente culpa por tê-los por não concordar com o conteúdo deles buscando não seguir como fazer o que eles sugerem que ela faça.
- Relacionamentos: quando pensamos sobre pessoas com as quais nos relacionamos (hoje ou no passado), nossa família, amizades e colegas de trabalho. Trazem junto a ideia de que não somos dignos do amor que recebemos, ou que não conseguimos superar um ex-amor.
- Religiosos: ideias provocadas pela sensação de se estar cometendo um pecado ou contrariando algum dogma. Nesse caso, a pessoa acredita estar agindo contra a vontade de uma força superior.
- Sexuais: ideias baseadas em desejos eróticos com pessoas onde seria impensável ter uma relação. Como familiares ou colegas de trabalho.
- Violentos: sugerem atos de violência contra alguém que você ama ou contra uma pessoa desconhecida.
Tabela: Alguns Tipos de Pensamentos Invasivos
Tipos de Pensamentos Intrusivo | Breve Descrição |
---|---|
Preocupações com segurança | Receios sem fundamento sobre perigo e necessidade de checagem constante. |
Dúvidas existenciais | Questões profundos sobre a vida, a morte e o próprio ser. |
Impulsos agressivos | Urgências perturbadoras de agir de forma violenta. |
Pensamentos sexuais | Impulsos sexuais inoportunos que surgem subitamente, muitas vezes com estranhos. |
Preocupações com saúde | Ansiedade excessiva sobre doenças e saúde pessoal, como na hipocondria. |
Necessidade de Simetria | Compulsão por ordem e simetria, como o TOC, que pode levar ideias repetitivas e viciosas. |
Exemplos de pensamentos intrusivos
Vejamos alguns exemplos de pensamentos intrusivos que podem ser considerados de natureza perigosa e que precisam de ajuda ou acompanhamento, como por meio de terapia psicanalítica:
- Jogar-se nos trilhos do metrô em uma estação lotada.
- Empurrar alguém de uma sacada.
- Agredir uma pessoa desconhecida.
- Fazer o mal por vontade própria a alguém que você gosta.
- Jogar-se de um veículo em movimento.
- Machucar um animal por diversão.
- Desejar ter relações sexuais com alguém em específico, que a pessoa sabe que não tem chance de ter um vínculo afetivo.
Como lidar com pensamentos que nos invadem
Ter pensamentos intrusivos não é algo ruim. Na verdade, eles fazem parte de quem somos e nos ajudam a nos conhecer melhor. Inclusive, podem indicar que precisamos cuidar mais de algo em nós.
O que esses pensamentos costumam transmitir, quando ruins, não quer dizer que será realidade. Eles são apenas ideias, e isso não significa que irão mesmo acontecer. Portanto, não representam uma realidade verdadeira, apenas uma idealização dela.
Em alguns casos, quando os pensamentos são excessivamente constantes, a pessoa precisa mudar algo em sua vida. A transformação na rotina pode ajudar a lidar com eles, ou até mesmo a acabar com eles.
Além disso, siga as dicas a seguir:
1. Entenda o que são pensamentos intrusivos
Pensamentos intrusivos são pensamentos ou imagens que surgem inesperadamente na mente, sem que a pessoa os queira. Eles podem ser de natureza variada, como pensamentos negativos, imagens violentas ou até mesmo sensações físicas desagradáveis.
É importante entender que pensamentos intrusivos não são necessariamente um sinal de doença mental. Eles são comuns em pessoas de todas as idades e condições. No entanto, quando se tornam frequentes e perturbadores, podem causar sofrimento e interferir na vida cotidiana.
2. Aceite a presença dos pensamentos
A primeira reação natural ao surgir de um pensamento intrusivo é tentar se livrar dele o mais rápido possível. No entanto, essa estratégia pode ser contraproducente. Ao tentar reprimir os pensamentos, a pessoa acaba dando mais atenção a eles, o que pode fazer com que se tornem ainda mais persistentes.
Portanto, a melhor forma de lidar com pensamentos intrusivos é aceitá-los pela sua presença. Isso não significa que você precisa concordar com eles ou agir de acordo com eles. Apenas significa que você aceita que eles estão ali e que não pode fazer nada para mudá-los.
3. Desenvolva uma conversa mental positiva
Depois de aceitar a presença dos pensamentos, você pode tentar desenvolver uma conversa mental positiva consigo mesmo. Essa conversa pode ajudar a reduzir o impacto emocional dos pensamentos e a fortalecer sua confiança.
Por exemplo, se você tiver um pensamento intrusivo negativo, como “Eu sou um fracasso”, você pode tentar substituir esse pensamento por um pensamento mais positivo, como “Eu tenho minhas falhas, mas também tenho minhas qualidades”.
4. Mude sua rotina
Em alguns casos, quando os pensamentos intrusivos são excessivamente constantes, pode ser necessário mudar algo na rotina. A transformação na rotina pode ajudar a lidar com os pensamentos ou até mesmo a acabar com eles.
Por exemplo, se os pensamentos intrusivos surgem principalmente em momentos de estresse, você pode tentar reduzir os fatores de estresse da sua vida. Você também pode tentar se envolver em atividades que lhe proporcionem prazer e relaxamento.
5. Busque ajuda profissional
Se os pensamentos intrusivos estão causando sofrimento significativo ou interferindo na sua vida cotidiana, é importante buscar ajuda profissional. Um psicólogo pode ajudá-lo a entender a origem dos pensamentos e desenvolver estratégias para lidar com eles.
Dicas adicionais
- Pratique a atenção plena. A atenção plena é uma técnica que ajuda a concentrar a atenção no momento presente, sem julgamentos. Ela pode ser uma ferramenta útil para lidar com pensamentos intrusivos, pois ajuda a reduzir a atenção que você dá a eles.
- Converse com alguém de confiança. Falar sobre os pensamentos intrusivos com alguém que você confia pode ajudar a reduzir o estresse e a sensação de isolamento.
- Cuide da sua saúde mental. Uma alimentação saudável, exercícios físicos regulares e boas noites de sono são essenciais para a saúde mental. Cuidando da sua saúde mental, você estará mais preparado para lidar com os pensamentos intrusivos.
Lembre-se que você não está sozinho
Pensamentos intrusivos são comuns e podem acontecer com qualquer pessoa. Se você estiver enfrentando esse problema, saiba que você não está sozinho. Há ajuda disponível e você pode aprender a lidar com esses pensamentos de forma saudável.
Quando são mais comuns de acontecerem?
Esse tipo de pensamento acontece com qualquer pessoa, em qualquer momento. Não é necessariamente uma doença, porque boa parte do que pensamos é feito involuntariamente. Uma vez que o cérebro não para de assimilar informações, é normal termos pensamentos indesejáveis de vez em quando.
Porém, podem ser sintomas de dores psíquicas que atuam por repetição e que encontram nos pensamentos invasivos formas de se expressar.
Esses pensamentos são mais comuns em pessoas que apresentam TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, depressão e depressão pós-parto.
A origem, frequência e tratamento, variam de pessoa para pessoa. E é possível tratá-lo com ajuda especializada como, por exemplo, de psicanalistas.
Sobre o contexto em que aparecem, não há uma regra. A pessoa pode se incomodar com eles, em diversas situações, como:
- quando está sozinha, como antes de dormir ou acordar;
- em um contexto público, como quando a pessoa está no trabalho e começa a ter pensamentos que considera desagradáveis para aquele momento.
Quando pensamentos intrusivos não são bons?
Quando sua qualidade de vida é afetada por seus pensamentos, é sinal de que algo não vai bem. Se os pensamentos intrusivos são negativos e persistem, é necessário buscar ajuda especializada. Eles podem estar conectados a algum medo, e a psicanálise pode ajudar a entender isso.
Além disso, podem estar relacionados a algum trauma ou acontecimento passado. E é por esse motivo que não devem ser ignorados. Eles podem representar que algo não está bem e precisa de atenção.
Assim, o pensamento não é bom quando ele é fixo, e sua vida passa a ser organizada em função de uma ideia que não é real.
E quando são bons?
Pensamentos intrusivos não são só ruins. Eles podem surgir como ideias ou momentos de reflexão ao longo de nossa vida. São aquelas ideias deslocadas, que aparecem do nada e perduram um tempo em nossas mentes.
Como os pensamentos ruins, os temas são muito variados. Mas são pensamentos que nos causam alegria e felicidade, uma sensação de bem-estar. Esse tipo de pensamento pode decorrer de situações que nos dão prazer.
Portando, viajar, estar com amigos ou familiares, ou fazer uma atividade que você gosta, podem despertar pensamentos intrusivos bons.
Como tratar
É possível controlar a situação quando somos acometidos por pensamentos indesejados. Assim, é necessário manter a calma quando eles surgirem. Exercícios de respiração podem auxiliar a alcançar um estado de relaxamento.
Uma dica recomendada por especialistas, é não ignorar os pensamentos negativos. No caso, observá-los, mas sem dar muita significância. Quanto mais significância eles receberem, mais irão perdurar e incomodar.
Por exemplo, a terapia psicanalítica pode ajudar a pessoa a entender fatos do passado ou padrões de pensamento que ajudam a entender a essência de uma pessoa. Ou seja, é preciso identificar o que o paciente é, seus medos e desejos, seus relacionamentos. Muitas vezes, os pensamentos intrusivos são formas diretas ou indiretas do desejo querendo se revelar.
Esse desejo pode não ser vivido (se não for da vontade de outra pessoa, por exemplo), mas muitas vezes poderia ser, mas o paciente prende-se ao que outras pessoas desejaram para ela, como as obrigações impostas pela família ou pelo trabalho.
Além disso, outra forma de lidar com esses pensamentos é, por exemplo, a meditação. Meditar ajuda a esvaziar a mente e a relaxar o corpo. Dessa forma, é possível manter a calma quando surgir uma ideia indesejada.
Perguntas e respostas sobre pensamentos intrusivos
1. O que são Pensamentos Intrusivos?
São episódios em que a mente produz uma ideia ou imagem não desejada. Esse pensamento surge sem convite, interrompendo a corrente de pensamentos cotidianos.
São percebidos como invasivos porque causam incômodos ao sujeito, que se culpa ou se angustia por estar “pensando nisso agora”.
2. Por que acontecem pensamentos assim?
As causas podem ser pontuais ou presentes, como alguma angústia profissional ou pessoal que você esteja passando. Mas podem ser também causas de eventos da infância ou adolescência que não foram resolvidos.
Podem ser o resultado de estresse, ansiedade, transtornos de humor e depressão, dentre outros fatores. Podem também ter uma base fóbica (medo de algo) ou compulsivo-obsessivo (como o TOC).
A psicanálise entende as histerias, fobias e compulsões são neuroses como expressões substitutivas de causas inconscientes, que precisam ser investigadas.
3. Como identificar pensamentos intrusivos?
Existem diversos tipos, desde aqueles relacionados a preocupações do dia-a-dia até impulsos agressivos ou sexuais impróprios para determinados contextos.
Alguns podem estar associados a memórias traumáticas ou medos profundos.
Observe a recorrência de certas ideias ou imagens mentais que lhe causem angústia. Quando elas surgem? Há algum gatilho que disparam essas ideias ou imagens?
4. Todo pensamento invasivo é uma doença?
Não. Faz parte do fluxo mental trabalhar por associações de pensamentos. Não é possível nem necessário querer controlar totalmente os pensamentos.
Também não significa que alguém é perigoso apenas por ter tido um pensamento de agressividade contra alguém. É preciso avaliar a cada caso.
A preocupação deve recair para quando exista incômodo psíquico ao sujeito, ou exista risco a outras pessoas, nesses casos é importante buscar ajuda.
5. O que fazer, como lidar e como tratar?
A psicanálise é uma excelente forma de tratamento. Isso porque a psicanálise não culpa o sujeito por pensamentos invasivos, já que nosso cérebro não pode ser totalmente controlado.
O que a psicanálise faz é buscar respostas nos padrões mentais e comportamentais do sujeito, seus desejos e medos, suas formas de se relacionar consigo mesmo e com outras pessoas.
Isso fortalece a estrutura psíquica da pessoa, para se entender melhor, o que minimiza situações psíquicas desagradáveis.
Considerações finais e referências bibliográficas
Pensamentos intrusivos fazem parte da experiência humana. Eles podem ser tanto ruins como bons, e acontecem com todos nós em algum momento das nossas vidas. Em algumas pessoas com mais intensidade do que em outras.
Existem formas para se tratar pensamentos intrusivos, e uma delas é a própria psicanálise. Entender com mais profundidade quem somos ajuda a lidar com esses pensamentos. Além de trabalhar a nossa qualidade de vida.
Devemos lembrar sempre que vivemos em constante evolução e aprendizado. Por isso, esses pensamentos, estão conectados a esse processo. E, dessa forma, devem ser encarados como uma parte de nós sobre a qual precisamos compreender.
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E você, é atravessado por pensamentos intrusivos com frequência? Há momentos específicos em que isso acontece? O que isso provoca em você, como você se sente? O que você acha que pode levar a esse tipo de pensamento? Deixe seus comentários abaixo.
2 thoughts on “Pensamentos Intrusivos: tipos, como identificar e lidar”
Muito obrigada por esse artigo, a gente pensa que situações “x” só acontecem conosco e se sente muito mal, um monstro. Vou seguir todas as dicas, vcs foram uma benção.
Realmente os pensamentos intrusivos nos fazem perder o foco e acontece quando estamos focado para resolver algo, como se quisesse chamar a atenção nossa. E com este pensamento quer nos dizer olha você precisa resolver isto, porque se não fizer vai dar problema.
Precisamos estar atentos e entender porque surgem, as vezes é só por estarmos em certo lugar que nos remete a uma lembrança boa ou ruim e ele surge, só para nos lembrar, de que estamos num ambiente que pode nos fazer sentir bem ou mal.