Entenda no presente artigo sobre a vida e a relação de Stefan Zweig com a Psicanálise. No dia 23 de setembro de 1939, um ano que foi considerado triste e nefasto, pois dias antes, em 1º de setembro havia começado a 2ª grande guerra mundial, quando a Alemanha nazista (1933-1945) liderada por Adolfo Hitler (1889-1945) havia invadido a Polônia, justamente neste ano onde começa um novo trauma social humano, aconteceu o inevitável, a declaração do óbito (morte) de Sigmund Freud (1856-1939).
Ele faleceu no dia 23 e foi sepultado no dia 24 de setembro de 1939, no cemitério Hoop Lane, localizado ao norte de Londres, Inglaterra. No seu velório compareceu seu amigo de nome Stefan Zweig (1881-1942), que proferiu um breve discurso onde disse às palavras que ficaram imortalizadas, capturando um instante pela verbalização.
Entendendo mais sobre Stefan Zweig
Zweig disse perante terceiros: “Estão aqui os restos mortais de um homem de quem se pode afirmar que antes dele, o mundo era diferente”. (Palavras de Stefan Zweig, no ato de sepultamento de Sigmund Freud em Londres, dia 24 de setembro de 1939).
Por ironia do destino em 1942, já no Brasil, fugindo das garras do nazismo, Stefan cometeu suicídio Ele nasceu em 28/11/1881 e colocou um ponto final na vida no dia 22 de fevereiro de 1942, em Petrópolis, RJ, onde se encontram seus restos mortais no Cemitério Municipal de Petrópolis, de acordo com as tradições fúnebres judaicas no túmulo perpétuo de nº 47,417, na quadra 11.
Ele era formado em Filosofia pela Universidade de Viena, Áustria que foi anexada pela Alemanha e se tornou doutor em 1904. As palavras que ele disse, a beira do caixão do Freud suscitou várias interpretações. Seria Freud mais importante que Jesus Cristo ? O que afinal Zweig quis dizer quando expressou que ali estava um morto de quem poderia se afirmar ‘categoricamente’, pois as palavras de Zweig eram firmes e asseverativas, de que antes de Freud o mundo era diferente.
Stefan Zweig e Freud
De fato, o mundo antes da teoria de Freud era diferente. A partir dos estudos de Freud foi possível dar um mergulho no psiquismo humano e adentrar questões até então inimagináveis. Nem a Teologia unida a Filosofia e mais tarde numa interface com Antropologia tinham a ousadia e coragem de adentrar em temas cujo domínio era ainda um desafio e até sofria um perseguição seletiva.
A Psicanálise começa a indagar e questionar situações que eram condenáveis pelos dogmas da Igreja. Uma das questões suscitada seria se Jesus meramente histórico não teria um quadro de esquizofrenia ? Ou sofreria de alucinações ? Jesus teria metade dos cromossomas humanos, pois, consta nos relatos bíblicos que Deus fecundou Maria. Um arcanjo, o Gabriel apareceu para ela e lhe revelou que ela daria a luz uma pessoa que vinha da eternidade sem concurso sexual masculino.
A Psicanálise de Freud deixou a Igreja indignada porque era uma técnica e metodologia, sendo debatida se seria uma ciência psicoterápica que ingressava e se introjetaria nesses meandros que desejam conhecer mas que a Igreja estava imponto silêncio obsequioso.
Stefan Zweig e a Psicanálise
A Psicanálise também consegue trazer à luz numa dimensão maior do estudo dos paradigmas. Ela nasce no paradigma ‘haja luz e houve luz’ mas examina o novo paradigma proposto, do ‘big bang’ (que o começo foi uma mega explosão de matéria e energia) à luz dos processos inconscientes. E Jesus é apresentado pela Igreja na capilaridade social então vigente como uma trindade, pai- filho- espírito santo.
Ele passa a ser considerado a encarnação de Deus, no ser humano, pois o verbo se fez carne. A Psicanálise passa a examinar essa questão porque ela ergueu o conceito de ato psicanalítico. O objeto da Psicanálise passou a ser o inconsciente percebido por muitos como o fato psicanalítico.
E os atos psicanalíticos seriam os fenômenos até então inexplicáveis que precisavam ser examinados à luz do psiquismo. Nascimento entre tantos outros fenômenos, como a morte, a psicose, a neurose, a esquizofrenia, enfim, são atos psicanalíticos.
Um recado universal
Freud passa a ser entendido como um estudioso do fato e dos atos psicanalíticos. Jesus passa a ser compreendido como Deus que se encarnou num ser humano para vir a face da Terra na chamada plenitude dos tempos quando Roma dominava tudo e com estradas ligava o mundo todo de então e que Deus estava subsumido ou encaixado em Jesus. Jesus era Deus.
O grade recado universal para os humanos tinha sido dado, mas foi preso e executado. E como o nascimento e a morte são atos psicanalíticos ficou claro que Freud deu à humanidade uma caixa de ferramentas e instrumentos para que pudessem avaliar os atos psicanalíticos pelo objeto ou fato que seria a mente humana, o inconsciente.
Jesus, o Cristo ou Messias, esperado ou prometido passa a ser alvo da Psicanálise. Evidente que a Igreja não gostou. Porque os psicanalistas examinam as mentes, o aparelho psíquico e formulam suas hipóteses. Freud é entendido como um ser humano mortal, mas que revoluciona o cognitivo buscando um Jesus histórico,, desafiando a lógica teológica dos dogmas com a lógica psíquica.
Stefan Zweig e percepção da Psicanálise
Porem, as perguntas que a Psicanálise tratou de fazer, uma delas de como Maria, mãe de Jesus se sentiu ao saber que ia gerar uma criança sem o sêmem humano, eram perguntas consideradas capciosas e até blasfêmia, condenáveis pelo Magistério da Igreja. Para estudiosos da psicanálise, Maria tinha que deixar claro que estava gerando um ser humano sem ato sexual e ser feliz. Que fora fecundada pela providência divina.
Essas questões geraram polêmicas profundas no âmago de Igreja. E nunca a Teologia tinha se atrevido a adentrar nessas esferas. Jesus é crucificado e após some seu corpo. Ele aparece aos apóstolos que dão um testemunho. Mais tarde os positivistas científicos vão chamar os que acreditam em Jesus encarnado de tolos e que tudo seria impossível e que Jesus não passaria de um doente mental portador de patologias como traços de esquizofrênico ou psicótico que entrava em transe.
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O embate teórico se tornou impossível de continuar frente a frente na ótica da Igreja. Estava portando posta a diferença ente Freud e Jesus. Tinha todas as questões das descrições dos milagres alguns inexplicáveis. Freud diante dos mistérios que a Teologia trazia aos poucos ao tecido social. apresentou uma tentativa de explicação e apaziguamento.
Considerações finais
O tema é desafiador ainda envolto num manto de atos inexplicáveis e misteriosos. Os diversos temas ligados a questão continuam abertos e em construção.
Por fim, resta ainda expor que enquanto para Freud o deus pessoal não passa de um pai transfigurado e o inconsciente é a matriz da nossa existência temos que vencer a imaturidade e o medo, Jesus é o próprio Deus encarnado que veio deixar postulados positivados e que sem eles é impossível um mundo melhor.
O mérito da Psicanálise foi mergulhar neste conteúdo todo pela porta do psiquismo humano por isso Sweig disse, depois de Freud nunca mais o mundo seria o mesmo, pois de fato o mundo passou a ser diferente.
O presente artigo foi escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira([email protected]). Licenciado História e Filosofia. PG em Psicanálise. Realizando PG em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacológica; acadêmico e pesquisador de Psicanálise Clinica e Filosofia Clinica.