Neste transtorno de pessoas acumuladoras, a pessoa tem muita dificuldade de se desfazer dos objetos que possui e com isso ela acaba desorganizando sua casa, seu carro, os ambientes em que vive. São estimados de 2 a 5% de adultos que são acumuladores.
Pesquisadores começaram a estudar este transtorno recentemente e apenas em 2013 foi definido como doença mental.
As pessoas acumuladoras
Como todo vício o acumulador inicia seu processo de acumular objetos para suprir alguma carência ou necessidade afetiva. O acúmulo inicia com pequenos objetos e vai aumentando até chegar ao processo de acumulação.
Muitos tiveram privações ou desejos consumistas não atendidos na infância e passam a ter o desejo de consumir sempre, sem medidas, e o posterior medo de, ao se desfazer dos objetos acumulados, voltar a ter a escassez.
Como é o funcionamento da mente de pessoas acumuladoras?
A maioria das pessoas, quando adquire objetos de necessidades ou desejos possui uma lógica para organizar os mesmos, tanto pelo valor emocional, quanto monetário e de utilização.
O acumulador não possui esta lógica e não consegue avaliar qual seria a forma ideal de organizar os ambientes de sua convivência. Em resumo, o acumulador perde o controle daquilo que consome e da forma como deve organizar os objetos.
Qual o termo correto para este transtorno de acumulação compulsiva?
Disposofobia é o termo utilizado para definir esta condição patológica. Ela se caracteriza, como descrito acima, pela acumulação de objetos de uso e também de pouca serventia para quem os acumula. Principais sintomas do transtorno de acumulação compulsiva:
1) Dificuldade em se desfazer dos objetos que já não têm mais utilidade;
2) Falta de organização dos pertences;
3) Acumula objetos em todos os locais da casa;
4) Receio excessivo de ficar sem o objeto e sofrer pela sua ausência;
5) Gosta de adquirir novos objetos, mesmo quando já os possui;
6) Isola-se socialmente – principalmente por sentir vergonha de sua falta de higiene e de controle.
Com este último sintoma o acumulador poderá vir a desenvolver outros tipos de doenças de ordem psiquiátrica e até mesmo física. Para o idoso a situação de acumular pode gerar ainda mais problemas, pois com a falta de espaço para se movimentar há grandes chances do idoso tropeçar, cair e se machucar seriamente. Ainda pela falta de possibilidade de higienizar a casa ocorre a proliferação de animais peçonhentos.
Qual a diferença entre colecionador e acumulador?
Apesar de parecer semelhantes, há características diferentes entre acumular e colecionar: Colecionar objetos envolve a aquisição de itens específicos. O colecionador estuda, pesquisa a respeito de seus objetos colecionados e, geralmente, tem um local específico para armazenar seus objetos. Sente prazer em mostrar sua coleção para amigos, familiares e até pessoas não muito próximas.
Acumular objetos envolve aquisição de itens aleatórios. O acumulador pode adquirir vários objetos repetidos. Não possui local específico para armazenamento e nem tão pouco forma lógica de armazenar. Sente vergonha de mostrar o caos causado pelo acúmulo, porém ao mesmo tempo sente impotência em organizar e se desfazer dos objetos adquiridos.
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Por terem uma linha tênue que os divide, é comum que haja a transformação do colecionador a acumulador, normalmente devido à idade avançada ou estado mental do colecionador e as suas finanças.
Tratamento para pessoas acumuladoras
O tratamento para este transtorno deve ser indicado e administrado por um profissional (psicólogo, psicanalista, psiquiatra) e segue através de terapia cognitiva comportamental que investiga a causa raiz da ansiedade que desencadeou o processo de acúmulo. É um tratamento longo e que requer grande determinação e dedicação do acumulador e pode levar muitos anos até que se possa considerar sob controle.
Não há cura para este transtorno e o tratamento ajuda o paciente a se desfazer de itens sem uso ou duplicados, bem como evitar adquirir novos objetos, tomando decisões conscientes e definitivas. Durante o tratamento o acumulador é estimulado a tomar cuidado com os saldos, promoções, produtos gratuitos.
Ainda se estimula o acumulador a reciclar quando possível, doar, vender o que já não tem uso ou está duplicado. Para o acumulador é muito importante exercer a ação de doar ou se desfazer de um objeto no ato da aquisição de outro. Há uma técnica muito eficaz e utilizada para acumuladores que é a de 72 horas, onde o acumulador, quando tem um desejo ou compulsão de compra, deve esperar 72 horas para então efetivar a compra.
Conclusão
Esta regra consiste em parar, esperar, reavaliar e então decidir. Ao fazer este exercício há uma troca da parte emocional para a lógica no cérebro do acumulador que leva, muitas vezes, à decisão de desistir da compra.
O apoio da família é muito importante para ajudar o acumulador compulsivo a entender que tem o transtorno e que deve se tratar.
Na maioria dos casos ele não percebe ou admite que está doente, que está acumulando objetos desnecessários e que isso pode levá-lo a um desgaste físico e mental.
Este artigo sobre pessoas acumuladoras foi escrito por Adriana Gobbi ([email protected]). Pedagoga, formanda em Psicanálise clínica.
1 thoughts on “Pessoas acumuladoras: transtorno de acumulação compulsiva”
Muito bom artigo, parabéns! O caso é sério! Vai chegar um momento em que não existirá um espaço na casa para se viver.