Você já ouviu falar das ideias de Winnicott? Provavelmente não. Na verdade, não é difícil nos lembrarmos do médico austríaco Sigmund Freud quando abordamos os conceitos da psicanálise. Afinal, ele foi o criador da área. Ademais, muito contribuiu para a fundamentação desse campo de estudo que aborda os funcionamentos da mente humana.
No entanto, também é necessário dar atenção e estudar as ideias de outros estudiosos que ajudaram a construir o que se conhece atualmente da psicanálise. Um desses teóricos, o qual nós destacaremos nesse artigo, é o pediatra e psicanalista inglês Donald Woods Winnicott.
Para te ajudar a conhecer esse estudioso tão importante para essa área, nós selecionamos alguns aspectos de sua vida. Além disso, você conhecerá algumas das suas principais ideias, as quais serão apresentadas nesse artigo! Ficou curioso? Então continue lendo e aproveite!
Biografia
Donald Woods Winnicott nasceu na Grã-Bretanha, em 07 de abril de 1896, numa família próspera. Ele se formou na área de biologia e medicina na Universidade de Cambridge. Casou-se duas vezes. Em 1951, ele terminou o seu casamento com a sua primeira esposa, Alice Taylor, e uniu-se com Else Clare Britton no mesmo ano.
Uma época marcante na sua vida foi a que ele trabalhou como um cirurgião-aprendiz em um navio britânico na Primeira Guerra Mundial. Ele também atuou nas funções de pediatra, psicanalista e pediatra infantil no Paddington Green Hospital for Children. Ademais, trabalhou como médico no Departamento Infantil do Instituto de Psicanálise.
Escreveu, além disso, para vários periódicos da área da medicina e da psicanálise e também para outras revistas. Por fim, ele faleceu no dia 25 de janeiro de 1971. A causa da sua morte foram sucessivos ataques do coração.
Suas principais ideias
Sempre que falamos de “mãe” neste artigo, estamos falando da função de mãe. Isto é, pode ser a mãe biológica ou qualquer outro cuidador que proveja as tarefas de dar afeto e cuidado ao bebê.
Quanto à psicanálise de Winnicott, ela foi embasada nas relações entre a criança, quando nasce, e o ambiente em que ela vive, que corresponde à sua mãe. Segundo o estudioso, as crianças nascem indefesas e com um potencial de se desenvolver. No entanto, para que esse potencial se concretize, é necessário que o ambiente seja propício. Ou seja, é importante que seu ambiente familiar, econômico e social sejam sucetíveis a esse desenvolvimento.
Primeiramente, é necessário apontar o que seria esse desenvolvimento. De acordo com as ideias do psicanalista inglês, a criança passa da fase da dependência à fase da independência. A finalidade desse processo é a formação da identidade desse indivíduo.
Porém, para que o desenvolvimento dessa pessoa ocorra de maneira satisfatória, cabe à mãe oferecer o suporte necessário para o bebê. Para que você entenda melhor essa ideia, introduziremos aqui o conceito de Winnicott chamado “good enough mother”.
A mãe suficientemente boa
De acordo com ele, uma mãe precisa estar apta, primeiramente, para fazer com que o bebê se sinta onipotente. Isso significa que ela precisa suprir as carências da criança, fazendo com que o bebê acredite que ele mesmo produziu aquilo que precisava. Depois disso, é necessário que a mãe passe a não atender de imediato as necessidades do bebê. Isso, para que ele passe a lidar com certas frustrações.
Esse processo de desilusão implica a existência de objetos transicionais. Esse novo conceito é utilizado por Winnicott para nomear o utensílio utilizado pela criança para ela conseguir superar a separação de sua mãe. Pode-se afirmar que esse recurso revela a passagem de uma dependência absoluta da criança a uma dependência relativa.
Holding, Handling e Apresentação de Objetos
Estes três conceitos são provavelmente os mais comentados na obra de Donald Winnicott. Seriam três funções que a mãe suficientemente boa (e demais cuidadores) devem realizar no desenvolvimento do bebê.
- O holding seria o sustentar: segurar o bebê e lhe garantir proteção, alimento (amamentação) e limpeza.
- O handling seria o manejo: também relacionado ao toque; envolve o manuseio que vai dando ao bebê a noção de separação de sua pele/corpo em relação ao que lhe é externo.
- A apresentação de objetos seria a transição do afeto para além da mãe: a mãe suficientemente boa deve apresentar ao bebê outros objetos (brinquedos, pessoas, conhecimentos, situações etc.) para que o bebê consiga ir se tornando autônomo e desapegar-se da mãe, de maneira controlada.
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O bebê onipotente e a psicose materna
No começo, há uma união indistinta entre bebê e sua mãe. Winnicott chama de mãe-bebê: é como se fossem uma coisa só. Não existe um bebê sem uma mãe (ou pessoa que ocupe a função de mãe), para Winnicott.
A mãe desenvolve uma espécie de psicose materna: tudo é o bebê, ela vive em função do bebê. Tudo é ameaça ao bebê, ou tudo é para o bem do bebê, ou tudo é aprendizado que a mãe aplica na relação mãe-bebê. O termo psicose partilha da ideia de criar um mundo paralelo a partir de uma lógica irreal. Porém, Winnicott entendia esta psicose como necessária e importante, para que a mãe possa se identificar como tal e para que o bebê tenha um cuidador dedicado.
Por outro lado, o bebê tem a ilusão de onipotência. Basta querer (e chorar) para ter uma satisfação atendida pela mãe suficientemente boa: alimento, alívio de uma dor, afeto, higiene.
A identificação entre mãe e bebê
Nos primeiros meses, o bebê não aprendeu a se diferenciar da mãe. Com o tempo, o bebê começa a se perceber com um ser autônomo e diferente do resto. Neste momento, ele percebe a existência da mãe olhando para ele.
Winnicott afirma que é como se o bebê dissesse: “Vejo [minha mãe]. Sou visto [pela minha mãe]. Logo existo“. Ou seja, o bebê se percebe diferente de sua mãe e começa a identificar a unidade psíquica que ele traz, na sua junção psique-soma (mente-corpo).
Há então o que Winnicott chama de identificação cruzada. O bebê se identifica com a mãe, e a mãe com o bebê.
Psicoses
É importante abordar, também, o que significam as psicoses para Winnicott. Segundo as ideias desse estudioso, elas seriam resultados de um processo de desenvolvimento defeituoso. Para ele, caberia à família propiciar o ambiente favorável para uma boa evolução acontecer. Isso porque, para o psicanalista, um bebê só conseguiria fazer uso das suas percepções e do seu aparelho mental se ele tiver um bom convívio com a sua mãe.
Para entender ainda melhor essa ideia, é importante introduzir os conceitos de holding, de self verdadeiro e de self falso. Podemos chamar de “holding” a disposição que uma mãe tem de amparar o bebê em suas necessidades. Tendo isso em vista, quando o holding não é adequado, o self verdadeiro não consegue se desenvolver.
Dessa forma, quando o auxílio materno falha, o falso self surge como uma forma de defesa do self verdadeiro. Pode-se afirmar que ele se constitui uma forma de adaptação da criança. Além disso, entende-se que o desenvolvimento desse falso self está vinculado a tendências anti-sociais e transtornos mentais.
O papel do psicanalista para Winnicott
Tendo em vista todas essas questões, o psicanalista assume a função de levar um indivíduo com falhas em seu desenvolvimento novamente aos estágios de dependência. Isso, de modo a encaminhar o processo de forma adequada. Isso porque entende-se que só dessa maneira o seu desenvolvimento será concluído com sucesso.
Considerações finais sobre Donald Winnicott
Agora que você já conhece as principais ideias do psicanalista Donald Woods Winnicott, já é possível entender que nem só de Freud se faz a psicanálise. Pode-se afirmar que o médico inglês também contribuiu efetivamente para a construção dos conhecimentos da área.
Como pudemos ver, segundo as ideias do psicanalista, um ambiente favorável é fundamental para o desenvolvimento de uma criança, além de ser muito importante o apoio da mãe para que psicoses não sejam desenvolvidas.
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Esperamos que você tenha aprendido os fundamentos da teoria de Winnicott e se interessado em conhecer mais as suas ideias. Caso você tenha apreciado esse artigo, pedimos que você o compartilhe com seus conhecidos! Também não esqueça de ler os outros artigos do nosso blog para se manter atualizado nos conteúdos da área da psicanálise!