psicanálise e pós modernidade

Psicanálise e Pós-Modernidade

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Entenda sobre a psicanálise e pós modernidade. Como se dá o exercício da Psicanálise nos tempos pós-modernos?/A fundamentação teórica da psicanálise continua atualizada? Qual a missão da psicanálise? Qual a relação da psicanálise e pós-modernidade?

Nesse artigo o autor LIMA, Raimundo (pesquisador e ensaísta) vem a público responder de forma acessível a todos, essas perguntas de partidas (lançadas em forma de provocações) sobre o papel da Psicanálise nesse terceiro milênio.

A Psicanálise nos tempos pós-modernos

Freud (o pai da psicanálise) realizou a descoberta da psicanálise entre (1882 e 1885), com intuito de conhecer a gênese da histeria e da psicose. Essa descoberta aconteceu durante a sua estadia com o psiquiatra neurocientista Jean-Martin Charcot (na França).

Podendo-se assim dizer: que a psicanálise nasceu na França, e vai formalizar-se como profissão na Alemanha.

Freud, jamais autorizou que a psicanálise fizesse parte de uma profissão formal chancelada por uma Universidade (como as demais profissões), mas sim, que fosse exercida por um conselho de classe constituída por uma instituição, como: a IPA – Associação Internacional de Psicanálise, fundada em março de 1919, em Nuremberg / Alemanha, na qualidade de primeira Associação Internacional de Psicanálise.

A psicanálise e pós modernidade

A IPA nasceu de uma ideia de Sándor Ferenczi acatada por Freud, (médico neurologista), idealizador de uma das maiores descobertas a serviço da saúde psicossocial. Ou seja: um conhecimento a serviço da dor subjetiva que afeta não só a alma (compreendida como psique).

Mas também, com adoecimento do corpo a partir do adoecimento psicossomático, que pode se instalar a partir de um trauma ocasionado por uma catástrofe ambiental, as guerras, ou de algo violento que rompa com a estabilidade psicossocial de forma insuportável.

Por isso, a psicanálise bebe da fonte de vários saberes, como: a antropologia; a sociologia; a filosofia; a cultura; a política e o meio em que os sujeitos estejam inseridos nos vastos modelos de sociedades.

Desenvolvimento: sobre psicanálise e pós-modernidade

Com base nas três perguntas realizadas no início desse artigo: as duas primeiras fazem parte do desenvolvimento, e a terceira será contemplada nas reflexões finais. Como se dá o exercício da psicanálise nos tempos pós-modernos?

No meu entender de pesquisador e psicoterapeuta: a psicanálise de Freud (desde o seu nascimento) já nasceu fundamentada com regras e princípios, mas ao mesmo tempo se manifesta flexível e aberta. Por exemplo: no princípio a hipnose empregada na histeria e na psicose; revelaram muitos pontos positivos, mas não dava conta de fato da resolução de todos os casos.

Embora, ainda hoje em dia a hipnose continua sendo estudadas por algumas correntes da psicanálise. (Nada contra), desde que a sua fundamentação esteja a serviço de algo que possa ajudar aos pacientes em sofrimento mental. Todavia, Freud constatou que o método da associação livre (em que a fala do paciente passa a ter um lugar de destaque no setting analítico), e com isso, ficou mais fácil detectar as diferenças entre neuroses e psicoses.

Neuroses e Psicanálise

As neuroses encontram o caminho para elaborar os conteúdos reprimidos através da escuta qualificada. Alguns críticos da psicanálise clássica diziam que Freud mesmo sendo ateu, ironizava dizendo que: a psicanálise dava conta plenamente dos neuróticos ‘graças a Deus’! O mesmo, por muito tempo recomendou que, as psicoses deveriam ficar a cargo da psiquiatria.

Aqui cabe enfatizar que no mundo pós-moderno, quanto mais o psicanalista (ou outro modelo de psicoterapia) aprimora a sua escuta, maior será a chance de conduzir com sucesso o plano terapêutico. Tudo é uma questão de ajuste entre as queixas e as intervenções direcionadas para as necessidades de cada caso.

*Regras de escuta: tem paciente que deseja falar e ser pontudo ou questionado sobre o assunto ou tema que se encontra em exposição; outros querem apenas ser escutados, segundo as práticas da psicanálise clássica, (sem que seja preciso ser pontuado a toda hora).

Observação sobre a psicanálise e pós modernidade

Observação: no meu dia-a-dia de psicoterapeuta e supervisor em psicoterapia: tenho me deparado com alguns colegas inexperientes, preocupados com o silêncio dos pacientes durante as sessões. Pense bem! Se você sabe escutar e reconhecer as queixas: Quem disse que o silêncio também não faz parte da proposta da psicoterapia?

Nesse caso, cabe ao psicoterapeuta sustentar uma postura não invasiva, mas sem perder a atenção entre ele e o paciente de forma acolhedora. Acolher o TODO: aqui nasce uma de luz clareando o caminho do indizível; pois, o silêncio por si só fala de várias maneiras.

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    O importante é saber observar o que está se passando durante a sessão. É necessário que o paciente sinta-se acolhido de verdade. Para isso, o terapeuta deverá esclarecer ao paciente (no primeiro encontro), os vários modelos de intervenções psicoterapêuticas, acordando qual o modelo que mais se adéqua a realidade do paciente. Pois, nos tempo pós-modernos existem uma gama de intervenções a serem exploradas, como: música, poesia, colagens, pinturas, etc.

    Tudo com intuito de se inteirar da necessidade do paciente

    A fundamentação teórica da psicanálise continua atualizada?

    Com certeza, nem mesmo o advento das grandes tecnologias, ou as correntes que (fizeram ou continuam fazendo oposição a psicanálise) jamais conseguiram desqualificar a sua eficácia. Todavia, as tópicas freudianas sobre as fases: oral, anal e fálicas; continuam reproduzindo-se literalmente. O que mudou foram as reações comportamentais e psicomotoras observadas neste terceiro milênio.

    Pois, as crianças de hoje já nascem estimuladas, até mesmo, para interagirem naturalmente com as tecnologias de forma precoce. Ninguém deixou de trazer para a cena analítica as referências de ID, EGO e SUPEREGO. É possível até admitir que, Freud e Jung (em outras palavras) se complementam ou dialogam ampliando entendimentos entre as duas escolas: Psicanálise e Psicologia Analítica. Embora, cada uma deve manter o seu ponto de vista teórico, e isso precisa ser respeitado pelos psicoterapeutas.

    A psicanálise e pós modernidade no íntimo

    No íntimo: para existir qualquer forma de psicoterapia faz-se necessário se estabelecer transferência e contratransferência desenvolvida pela psicanálise, (mas quando trata-se de psicoterapia) essa realidade se manifesta universalmente. Alguns psicanalistas ortodoxos dizem que os psicóticos não são analisáveis. (Concordo, em parte).

    Porém, no mundo pós-moderno, se esse psicótico estiver sendo acompanhado por um bom Psiquiatra, e ainda, por um Terapeuta Ocupacional, a psicanálise com a sua escuta qualificada poderá ser uma forte aliada, contribuindo com a qualidade de vida desse paciente. Digo isso, por experiência própria. Cabendo apenas um ajuste na escuta, utilizando recursos lúdicos artísticos (não invasivos), que possam facilitar a elaboração das queixas recorrentes trazidas pelo paciente.

    Teoria para mim: é algo flexível, em constante movimento. Percebo também, que: neurose e psicose no terceiro milênio, quase não se separam, porque na atual realidade todos vivem as suas representações numa linha tênue. (Quase sem fronteira).

    Teorias psicanalíticas e a psicanálise e pós modernidade

    As teorias psicanalíticas existem e continuam em movimento constante. Principalmente diante da realidade do mundo globalizado, onde, tudo parece está misturando dentro de um caldeirão em efervescência, e o psicoterapeuta precisa estar antenado e atualizado.

    A teoria psicanalítica se sustenta por si mesma, porque, a partir da sua existência, muitas outras formas de terapias passaram a existir. Graças às teorias psicanalistas, como por exemplo: A Gestalt Terapia, desenvolvida por Fritz Perls; passou a trabalhar o aqui e o agora que ganha novos aliados a partir do grupo dos (7).

    Observação: Interessados sobre esse tema recomenda-se pesquisas em plataformas digitais confiáveis. Contudo, as teorias da psicanálise continuam fazendo história com muita qualidade.

    Considerações finais: sobre psicanálise e pós-modernidade

    Qual a missão da psicanálise?

    A psicanálise está para o mundo como uma das maiores descobertas a serviço das dores da humanidade. Por ser aberta e flexível, ela absorve o movimento do mundo sem perder as referências das suas origens.

    Portanto, os valores que sustentam a sua missão abrem-se como um leque de informações em movimento epistemológico, ou seja: construindo saberes em conformidade com a realidade dos tempos.

    Exemplo

    Por exemplo: é preciso conhecer que a dor do outro não se resume apenas nas queixas; faz-se necessário aprofundar a origem e o tamanho da dor que circunda a história de cada sujeito. (Essa é a visão antropológica). Em seguida: Esse sujeito pertence a qual cultura? Tem religião ou é cético? Qual o seu grau de conhecimento sobre sociedade, preconceito e cultura? – (Essa é a visão sociológica).

    É aqui que entra a sociologia de Durkheim entra na psicanálise para responder o estado de ANOMIA: que é quando os vínculos sociais se enfraquecem e desorganizam o projeto de vida, porque algo se rompeu para a dor se manifestar de forma insustentável.

    Aliada à sociologia, entra a representação da filosofia na qualidade de tudo que norteia o conhecimento formal e informal. A escola, a família e a comunidade, também deve fazer parte do plano de psicoterapia.

    Concluindo

    missão da Psicanálise no mundo pós-moderno para obter resultados pontuais, precisa aprender a dialogar com vários saberes. (Isso chama-se conhecimento transdisciplinar a serviço do fechamento de alguns diagnósticos, possibilitando a construção de um bom plano terapêutico).

    O último recurso se dá no uso do CID-10 – Código Internacional de Doenças, que precisa dialogar com as referência do DSM-5- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação de Psiquiatria Americana.

    Ambos vêm contribuir com informações preciosas para a saúde mental mundial. Todavia, essas informações não têm nada a ver diretamente com as intervenções durante as sessões de psicoterapia. Não compreendo porque alguns psicoterapeutas inexperientes tentam logo fechar um diagnóstico.

    O bom psicanalista

    Não existe diagnóstico fechado, porque o paciente chega com comportamento (x ou y), mas isso não significa que ele é um esquizofrênico, um psicopata ou um neurótico compulsivo.

    O bom psicanalista precisa assumir como missão primordial: o compromisso com a ética profissional e o zelo pelo paciente; além dos esforços voltados para as pesquisas produzindo conhecimento teóricos.

    Somente assim, a sua prática passará a exercer com excelência, a verdadeira Psicanálise nos tempos pós-modernos.

    Este artigo sobre psicanálise e pós-modernidade foi escrito por LIMA, Raimundo / Raimundo Nonato Lima ([email protected]): Pedagogo, Psicopedagogo, Psicólogo, Psicanalista, Arteterapeuta, Dr. em Psicologia Social e Pós-doutor pela Universidad Kennedy de Buenos Aires.

     

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