O relacionamento conjugal perpassa por encontros, escolhas, decisões e por fim, conforme Brotto (2016, p.1), para esse tipo de relacionamento criou-se a simbologia de “uma união perfeita entre seres imperfeitos” – a autora continua refletindo que, “[…] talvez a beleza esteja, na capacidade do reconquistar diário, na superação dos desafios, na redescoberta de si mesmo e na capacidade infinita de reconstrução ou de amar”.
Esse estudo, pressupõe que a Psicanálise freudiana no desenvolvimento do indivíduo, pode servir de base para a psicanálise de casal e de família.
Entendendo o relacionamento conjugal
A partir do começo do relacionamento, onde o casal vive a fase do conhecer-se, através das descobertas de um com o outro será denominada aqui como a fase de paixão, a fase de projetar o ideal de amor no outro, gerando assim uma simbiose mútua.
Na psicanálise freudiana, as escolhas amorosas na vida adulta são marcadas pelos primeiros objetos de afeição da criança que são as figuras parentais. De acordo com tal concepção, o processo identificatório se estabelece no momento da trama edípica, ao lado do investimento libidinal.
Nesses termos, o menino ama a própria mãe e se identificará com a figura do pai, vivenciando sentimentos de amor e ódio que caracterizam essa fase.
O relacionamento conjugal e representações
Dessa perspectiva, as representações das figuras parentais no psiquismo permeiam as escolhas dos parceiros no encontro amoroso. O primeiro encontro com o objeto é na verdade um reencontro, permeado, portanto, de reminiscências da relação mãe-bebê (PIGNATARO; FÉRES-CARNEIRO; MELLO, 2019, p.2).
Na continuidade de um relacionamento amoroso, ao mesmo tempo que o conhecimento do outro causa uma maior tranquilidade no lidar, surgem também as dificuldades no se relacionar. Essa fase será aqui denominada de luto da paixão, que é quando identificamos o outro não como o idealizamos, mas sim como realmente este é.
No texto “Psicologia de grupo e análise do ego”, a propósito das identificações, Freud (1921/1969) apresenta que a dissolução do complexo de Édipo é, assim, ocasionada pela ameaça de castração e a angústia de castração considerada como a primeira capaz de apaziguar o desejo na criança (PIGNATARO; FÉRES-CARNEIRO; MELLO, 2019, p.2).
O relacionamento para Freud
Freud (1921/1969) revela que o momento da fase edípica, vivenciada pela criança, é marcado por conflitos e o amor refletido dos pais, nessa fase, é que irá moldar a habilidade de se relacionar com o outro, sendo fundamental a história de vida do sujeito e, por conseguinte, o como dar e receber amor.
Dessa forma, segundo Pincus e Dare (1981) o complexo de édipo referenciando-se ao desenvolvimento infantil é tido como de extrema importância para a compreensão dos casamentos e histórias familiares, principalmente, na escolha amorosa.
Sendo assim, o casamento não significa somente a união de dois indivíduos, mas sim, a transformação de subsistemas, a exemplo das famílias de cada um dos parceiros amorosos, como também do casal, que será identificado como um novo subsistema.
O desenvolvimento emocional
A partir dessas constatações notamos que a díade-casal, segundo Sampaio (2009, p.4) “é uma ‘unidade’ um tanto quanto complexa, regulada por laços, com estrutura, organização e funcionamento psíquico próprio. As escolhas de parceiros, bem como, o manejo dessas relações, estão intimamente ligadas às etapas evolutivas do desenvolvimento emocional de cada um dos parceiros”.
Retornando a Freud (1921/1969), já que o primeiro encontro amoroso se dá no período da infância, mãe-bebê, consequentemente ‘a criança aprende a amar pessoas que a ajudam no seu desamparo. Assim, os cuidados maternos representam para a criança uma fonte de excitação e ao mesmo tempo de satisfação’.
Ao longo do desenvolvimento infantil, a relação vivenciada da criança com os pais torna-se um modelo de escolha sexual para o sujeito, que culmina com o período edipiano.
Conclusão sobre o relacionamento conjugal
O complexo de Édipo é marcado pela presença da ambivalência e demarca a constituição do psiquismo do sujeito. Nessa direção, os modelos parentais indicam o caminho da escolha de objeto sexual na fase adulta (Freud 1921/1969 apud PIGNATARO; FÉRES-CARNEIRO; MELLO, 2019).
Oliveira (2007, p. 5) reflete que uma coisa é amar e ser amado. E outra é ter a capacidade de amar, pois “essa capacidade estabelece relações que geram amor na natureza viva que nos cerca”. A partir do como o amor ocorre numa relação, torna-se implícito que somos correspondidos de forma suficiente tanto no mundo interno quanto no externo.
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A autora completa que “[…] dentro desse estado mental, já não importa o eu ou o outro, mas que o mundo exista em harmonia. Até porque, sendo parte das coisas do mundo, o eu e/ou o outro estarão indiretamente participando dessa harmonia” (OLIVEIRA, 2007).
Este artigo sobre relacionamento conjugal foi escrito por JOSIMARA EVANGELISTA DE SOUZA. Estou em formação na área de Psicologia e trabalho como Psicanalista em Salvador BA, me chame no instagram @josimaraevangelistade para conversarmos.