A sexualidade é o traço mais íntimo do ser humano e se manifesta de formas diferentes em cada indivíduo, como a sexualidade do idoso, dependendo das experiências e vivências ao longo da sua vida.
Entendendo a sexualidade do idoso
A sexualidade é uma busca pelo prazer e depende de fatores genéticos, culturais e das experiências únicas de cada indivíduo. Muitas vezes confunde-se sexualidade com sexo, mas um não precisa estar diretamente relacionado ao outro. Pois a sexualidade é algo individual, que gera prazer ao indivíduo, como a admiração pelo próprio corpo, o autoamor, o autocuidado e outras situações que não envolvam a relação sexual propriamente dita nem uma relação narcísica de amor ao ego.
Freud, em seus estudos, verificou que a sexualidade se desenvolve a partir das fases do desenvolvimento psicossexual humano (oral, anal, fálica, latência e genital) e que tais fases serão responsáveis pela formação da sexualidade do indivíduo adulto. Ao longo da vida, o indivíduo vai passando por seu processo evolutivo e, muitas vezes, vai ganhando consciência da sua sexualidade após a vida adulta ou, às vezes, na maturidade. E, embora o processo de envelhecimento seja irreversível e contínuo, a sexualidade não precisa ser abandonada ou escondida conforme vai se envelhecendo.
Mas, infelizmente, existem muitos tabus e preconceitos com relação a isso, como se ao envelhecer o indivíduo tivesse que parar de se relacionar, de sentir prazer ou até de viver. Isso não faz nenhum sentido, pois muitas pessoas trabalham muito ao longo da vida, não tem tempo para se olhar, se cuidar ou até se relacionar e namorar. Quando podem fazer isso, a sociedade impõe que é errado, como houvesse tempo certo para que as coisas fossem feitas na vida.
A individualidade e a sexualidade do idoso
Cada indivíduo é único e, embora fisiologicamente, as coisas aconteçam de forma parecida para a maioria das pessoas, existem escolhas, crenças e experiências de vida, que não são iguais para todos, e essa é a grande beleza da vida, que torna cada indivíduo único.
Dessa forma, manter ou até mesmo desenvolver a sexualidade na vida adulta do idoso é algo fantástico. Se o indivíduo puder se se preparar para envelhecer com saúde mental, física, emocional e, consequentemente uma vida sexual saudável, é mais fantástico ainda. As gerações de hoje têm acesso a muitas informações e têm muito mais liberdade que as gerações de seus avós ou bisavós, por exemplo.
E isso reforça o quanto as gerações passadas podem ter sido reprimidas quanto à sua sexualidade. Se cuidar, olhar para si, se amar, sentir prazer, se sentir bem e completo para depois encontrar um parceiro ou parceira é algo muito recente.
A relação da sexualidade
A sexualidade sempre esteve relacionada ao sexo e a mulher dificilmente pôde fazer suas escolhas no passado e se conhecer nesse quesito, sabendo diferenciar e separar a sexualidade do sexo. Por causa disso, existem até mulheres que não se cuidam ou não são vaidosas, para não despertar o interesse de outros homens. E, dessa forma, o prazer vai ficando em segundo plano. É possível e permitido ter prazer em qualquer idade.
E, a maturidade, muitas vezes, faz o indivíduo refletir sobre suas escolhas e feitos ao longo da vida. Pois as gerações passadas, que não tinham a informação que se tem hoje, como a de que não se deve esperar envelhecer para curtir a vida, não puderam refletir sobre isso. E, quando têm essa oportunidade, às vezes têm pouco tempo.
E a cultura e crítica da sociedade, muitas vezes, os impedem de curtir o pouco tempo que lhes restam. Um exemplo disso, é o filme Antes de Partir, com Jack Nicholson e Morgan Freeman, que conta a história de dois homens que se conhecem em um hospital quando estão em tratamento contra um câncer terminal.
O resgate do prazer e a sexualidade do idoso
Apesar do pouco tempo de vida que lhes restam, eles resolvem preparar uma lista de coisas que gostariam de fazer antes de morrer. É incrível ver o resgate do prazer e do amor próprio num momento tão delicado da vida. O filme Diário de uma Paixão, com Gena Rowlands e James Garner, é um outro exemplo disso.
O filme conta a história da idosa Allie, que sofre de mal de Alzheimer e vive num asilo e seu marido Noah, que é um vendedor aposentado, que escolheu viver no asilo, ao lado do seu grande amor, para ler diariamente para ela seu caderno de recordações. Neste diário, ele tenta trazer de volta os momentos conturbados e intensos que viveram numa época em que juravam amor eterno e que a doença dela está apagando.
Ele foi criticado pela família que não entendia a importância de sua decisão. Enquanto puderem, fazer suas escolhas, os idosos devem ser livres para isso, sem julgamento ou resistência por parte da família. Deixe-os viverem suas vidas, fazerem suas escolhas, sentirem prazer e viverem livremente sua sexualidade. Afinal, todo ser humano, pode ter uma vida feliz e prazerosa.
O presente artigo foi escrito por Beatriz Costa. Professora, psicoterapeuta, coach e psicanalista em formação. Contato: [email protected]
One thought on “Sexualidade do Idoso na visão da psicanálise”
Idoso ou “coroa” percebo que as pessoas como que exigem mais da região genital, desleixando o papel que a mente tem sobre a sexualidade e o próprio fisico! Um vizinho que presumo deva estar com idade em torno de 44 anos, com a pele das pernas desidratadas, condição geralmente atrelada à próstata e, que percebo que ele não esteja dando a devida atenção, supostamente por tê-la “estimulada” (digo isso porque já nos paqueramos, apenas)! Situação semelhante aos maridos que alegam ejaculação precoce e disfunção erétil, será que eles vão ter relações, relaxados ou estressados!