sonhos na psicanálise

Sonhos na psicanálise: o mundo onírico segundo Freud

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Sonhar sempre foi algo inerente ao ser humano. Dormimos, logo sonhamos. Desde os tempos mais remotos o mundo onírico sempre despertou o interesse e a curiosidade dos seres humanos. Por que sonhamos? Para que servem os sonhos? Nos textos religiosos os sonhos estão relacionados a profecias e comunicação de anjos e de Deus com os homens, mas e sonhos na Psicanálise? Entenda com a leitura a seguir!

Sonhos na Psicanálise

Conselhos, advertências e prenúncios eram transmitidos a poucos escolhidos que tinham a missão de tomar sábias decisões. Ainda hoje há pessoas que relatam ter sonhado com eventos que aconteceram no futuro e, sinceramente, não duvido de que isso seja realmente possível.

Apesar da psicanálise ter surgido com o estudo da histeria em mulheres e a aplicação inicial de métodos hipnóticos, Freud a inaugura com a obra “A interpretação dos sonhos” escrita em 1889, porém publicada com a data de 1900 a pedido do próprio Freud para marcar o início de um novo tempo.

Então, de acordo com essa obra, os sonhos são os “guardiões” do nosso sono, o que significa que ele nos mantém dormindo.

Sonhos na psicanálise e a realização do desejo

Outra afirmação do pai da psicanálise é a de que no sonho sempre estamos realizando algum desejo inconsciente. Isso mesmo quando se trata de pesadelos e sonhos ruins. Haveria um desejo inconsciente de ser punido ou algo assim.

É claro que essa afirmação gerou e ainda gera muitas controvérsias sobre o assunto. Algo bastante interessante dessa obra é a explicação de como os sonhos são formados. Primeiramente, Freud divide o conteúdo do sonho em duas partes.

Há o conteúdo manifesto que é a narrativa do sonhador, descrevendo o fato assim como é lembrado e há o conteúdo latente que é o significado do sonho após ser analisado. O conteúdo latente seria formado por três aspectos.

Freud e os sonhos na Psicanálise

Inicialmente seria influenciado por atividades realizadas durante o dia pelo sonhador como trabalhar, comer, conversar sobre algum assunto e coisas assim. A isso Freud nomeou de “restos diurnos”.

Também fariam parte da elaboração dos sonhos as impressões sensoriais do corpo durante o sono. Isso seria a sede, fome, dor, algum ruído, calor, frio, etc. E por último e, talvez o responsável pela maior parte da responsabilidade de formação dos sonhos estaria o nosso ID reprimido.

Sim, eles mesmos, os recalques. Reafirmando, portanto, que os sonhos, segundo Freud, estão sempre relacionados a realização de desejos, faz todo sentido a participação imensa de nosso ID selvagem e sem pudor conseguindo alguma forma de aparecer. E é isso mesmo que ele precisa fazer, conseguir alguma forma de “burlar” o esquema de segurança do consciente para surgir.

O inconsciente

Para isso existem algumas táticas utilizadas pelo nosso inconsciente. Uma delas é a condensação, um dos truques mais utilizados. É quando vários elementos ou características aparecem em uma coisa só. Por exemplo: você sonha que bate em um homem alto, autoritário, que veste um uniforme escolar como o que usava na infância.

Seu sonho após ser analisado pode significar que você guardou um desejo enorme de vingança de um homem autoritário (talvez seu pai) e também de um colega de escola que praticava bulling com você. Esses dois fatos foram condensados na imagem de uma única pessoa no sonho. Outro truque utilizado na elaboração de um sonho seria o desdobramento que é exatamente o contrário da condensação.

Nesse caso um único fato pode ser representado por vários elementos diferentes. Outros mecanismos utilizados são a dramatização com criação de estórias, a representação pelo oposto e também pelo nímio, que é quando o sonho valoriza apenas um detalhe, algo a princípio sem muita importância. Freud dá o exemplo do sonho de um paciente que relatava retirar o brinco de uma mulher.

Considerações finais

Na verdade, o que o conteúdo latente queria demonstrar era o desejo desse homem em despir a mulher completamente. Esses mecanismos de deformação do conteúdo latente para elaboração dos sonhos demonstram que mesmo dormindo nossas barreiras do recalque ainda estão ativas, embora um pouco mais enfraquecidas comparadas aos momentos de vigília.

Podemos ver que a nossa mente ainda nos protege de nos defrontar com nossos verdadeiros desejos e angústias recalcadas para, provavelmente, nos poupar de reviver o trauma. Freud valorizou muito o ato de sonhar afirmando que eles eram o caminho para o inconsciente. Juntamente com o método da “associação livre” em que a pessoa falará livremente sobre o que lhe vier à cabeça constituem o método psicanalítico que buscará sempre a causa raiz dos problemas ou distúrbios apresentados.

É acima de tudo um método investigativo, por isso acredito que atrai as pessoas que querem realmente saber mais da vida e que não se conformam com respostas rasas e superficiais. Talvez o método psicanalítico não me forneça todas as respostas que procuro, mas tenho certeza que somente o ato de caminhar por ele, com erros e acertos, me trará autoconhecimento e amadurecimento para viver uma vida com mais verdade e lucidez. É o que busco. É o que me basta.

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    O presente artigo foi escrito por Leticia Almeida([email protected]), mãe, enfermeira, apaixonada pela psicanálise e pelos enigmas da vida e da mente humana.

    3 thoughts on “Sonhos na psicanálise: o mundo onírico segundo Freud

    1. A interpretação de sonhos na psicanálise é bastante interessante. Este artigo ajuda a clarear como Freud explicava e utilizava deste recurso em psicanálise.

      1. Letícia Almeida disse:

        Que bom que o artigo ajudou, Simone! Obrigada pelo retorno!

    2. Evangelista Damasceno Santos disse:

      Parabéns Letícia, ótima explicação.

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