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Suicídio: oito sinais indicativos para psicanálise

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Ações de prevenção ao suicídio são importantes para enfrentar a escalada de registros dos casos no mundo todo e exigem conhecimento prévio dos oito sinais indicativos de suicídio segundo a psicanálise a psicologia. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que o número de suicídio cresceu 12% em quatro anos, entre 2011 e 2015, no país. Mas é possível diminuir esse índice alarmante e você vai saber como.

É muito importante identificar os sinais indicativos do suicídio, pois isso poderá refletir na queda do número de casos e salvar vidas. Para ter uma ideia, em 2011, no Brasil, 10.490 ocorrências de suicídio foram registradas pelo Ministério da Saúde. Em 2015, o número saltou para mais de 11 mil, conforme os dados oficiais. A quantidade exata deve ser bem maior, já que existem casos subnotificados.

A existência desses sinais isolados não é, via de regra, um sinal de comportamento tendente ao suicídio. Agora, a constância, o volume e a combinação de sinais devem servir de alerta a familiares próximos.

Conheça os grandes sinais indicativos do suicídio

1. Tristeza excessiva, alegria camuflada

Podem ser reflexos da depressão, considerada a principal causa de suicídio. Depressão e suicídio, no entanto, não são irmãos siameses, felizmente. Se a pessoa com a doença for tratada, também haverá grandes chances de se sentir melhor e a tragédia será evitada. Por outro lado, nem todo mundo com tendência ao suicídio se afunda em uma tristeza excessiva e contínua. Alguns até carregam um sorriso no rosto e outros não demonstram muita alteração de humor. E nem toda pessoa depressiva terá tendências ao suicídio. Suicídio e depressão podem ter várias faces.

2. Isolamento, a vida perde o sentido

É uma consequência da tristeza excessiva e contínua. O principal alerta é em relação às pessoas que rompem contatos e se trancam dentro do seu mundo, sozinhas, sem querer ninguém por perto. É o desapego de tudo e de todos. Para elas, a vida não tem mais razão. Quem não vê sentido em algo não alimenta qualquer tipo de sentimento por ele. Isso sufoca as emoções e expectativas humanas, essenciais para a vida em sociedade. Há pessoas mais introspectivas que são assim por um traço de comportamento ou temperamento. Não necessariamente o isolamento é uma tendência ao suicídio. Mas, este fator combinado com outros pode acender um sinal de alerta.

3. Comentários agressivos despropositados

A pessoa pode aproveitar qualquer oportunidade para demonstrar um ódio cada vez mais crescente, contra si, contra familiares ou contra outras pessoas da sociedade. Então, além da depressão e do isolamento, a agressividade desmedida e o “pavio curto” para contrariedades podem ser fatores que levam a pensamentos  e ações suicidas.

4. Roupas diferentes e falta de cuidado ou higiene

Como a vida perde o sentido para as pessoas com ideias suicidas, elas acabam refletindo isso na forma de se vestir e de se cuidar. Não se preocupam como as outras pessoas vão enxergá-la também pela roupa que vestem, hábito que, infelizmente, é característica da sociedade. Mas, seja cuidadoso ao julgar alguém pela forma de vestir e falta de cuidados. Por vezes, é uma questão que a pessoa entende como seu estilo de vida. É preciso que isso seja acompanhado por sinais de insatisfação consigo mesmo e com alguns outros indícios, como tristeza excessiva ou isolamento ou agressividade desmedida etc.

5. Resolver pendências

Algumas pessoas com tendência ao suicídio têm o hábito de concluir várias tarefas e compromissos antes de praticá-lo. Evitam que seus familiares assumam dívidas deixadas por elas e, para isso, organizam melhor suas coisas, suas contas e suas pendências afetivas com outras pessoas. Mais uma vez é bom lembrar que um fator não é suficiente para considerar alguém como potencialmente suicida. Afinal, há outros motivos que podem levar as pessoas a resolverem pendências. O importante, como sempre, é verificar a combinação entre fatores.

6. Sem perspectivas profissionais e pessoais

A falta de expectativas e de planos para a vida talvez seja um dos sinais que possam ser identificados mais facilmente em pessoas com tendência ao suicídio. Uma das formas é prender-se à nostalgia profunda e viver no passado, seja para valorizar o passado, seja para lamentar fatos ocorridos. O desanimo, desorganização excessiva nas tarefas e falta de planos para futuros podem ser sinais indicativos de pensamentos suicidas.

7. Atitudes de despedida

Assim como a pessoa pode resolver pendências em relação a coisas (dinheiro, documentos, organização de objetos etc.), é comum também querer resolver pendências com outras pessoas. Por exemplo, a busca por despedidas de pessoas que elas consideram importantes. Algumas pessoas fazem questão de dar o adeus a amigos de infância, da escola ou da faculdade. Ou visitam lugares marcantes, como parques e bosques, por exemplo.

8. Mudança de comportamento, a instabilidade ganha força

Não é regra, mas pessoas com ideias suicidas têm uma tendência a mudarem o comportamento habitual. Às vezes, elas mudam até o tom da própria voz, ficando mais furiosas diante das atitudes dos outros, as quais até há pouco tempo viam como normal. Com isso, elas perdem o senso de humor. Não é só a agressividade que é um sinal: por vezes o silêncio e a clausura também indicam uma situação de angústia que pode se agravar até o suicídio.

Outros sinais indicativos

  • Realizar medidas autopunitivas ou automultilação (como cortar-se com faca ou estilete);
  • Ter realizado tentativas frustradas de suicídio anteriormente.

Não espere a pessoa chegar a cometer atos de multilação ou tentativa de suicídio para buscar ajuda. O que estamos dizendo é que esse comportamento sinaliza de forma ainda mais grave para os riscos do suicídio.

Busque ajuda. Não trate o assunto como se fosse apenas “uma manifestação de carência” ou “está querendo chamar atenção”.

Saiba agir diante de alguém com ideias suicidas

  • Não julgue, nunca! Os julgamentos de condutas alheias não fazem bem a ninguém, nem a você mesmo. Cada pessoa tem a sua própria subjetividade, que precisa ser respeitada.
  • Converse de forma direta e objetiva! Esteja pronto para ouvir e estimule a pessoa a conversar, naturalmente, sem pressão, sobre o que se passa na consciência dela em relação ao suicídio.
  • Não interrompa a conversa! Esteja com disposição para ouvir a pessoa que tem ideias suicidas. O diálogo pode salvar a vida dela, já que, de fato, perceberá que existe alguém se importando com o que está acontecendo.
  • Evite demonstrar emoções! Não deixe transparecer, no seu comportamento, atitudes e expressões que demonstrem negação e recriminação, enquanto conversa com uma pessoa com ideias suicidas.

Procure ajuda de profissional especializado

Não há uma receita pronta para evitar o suicídio. Existem, sim, ações contínuas e que devem ser tomadas, conjuntamente, com profissionais habilitados. O psicanalista exerce um papel fundamental, já que a psicanálise não se resume ao tratamento de distúrbios psíquicos. É mais que isso: estimula a pessoa a compreender os seus próprios processos psíquicos.

Certamente, a psicanálise atua, conjuntamente, com outras áreas do conhecimento, como a psiquiatria. Em alguns casos de tendência ao suicídio, no entanto, ela pode assumir papel central no tratamento da pessoa com ideias suicidas, evitando o uso de remédios e os seus fortes efeitos colaterais.

Você pode e deve buscar ajuda para você ou para algum familiar ou amigo nessas condições:

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    • Procurando psicanalista, psicólogo e/ou psiquiatra de sua cidade ou região;
    • Procurando algum serviço de atendimento psicológico de emergência que alguns hospitais, centros de saúde e serviços sociais de estados e prefeituras oferecem;
    • Ligando para o CVV – Centro de Valorização da Vida (telefone 188).

    Mesmo depois que uma crise ou surto passar, ou mesmo se a pessoa estiver usando medicamentos, será fundamental que faça terapia analítica com psicanalista ou psicólogo.

    Pulsão de morte e ideação suicida

    A psicanálise vê este tema pelo aspecto da pulsão de morte, que é uma “tendência ao zero”, ou seja, reduzir tensões (ou “resistências”, no sentido da Física), reduzir os acontecimentos. Freud não entendia a pulsão de morte como somente negativa, pois até o fato de dormir, de descansar ou de tentar amenizar tensões psíquicas usam esta mesma lógica.

    O periogoso é o extremo da pulsão de morte, que seria não querer viver mais. Pode estar relacionado com superego rígido demais: a pessoa se cobra demais (o que pode ser uma introjeção das cobranças de sua família ou da sociedade).

    Isso traz desgastes que levam à depressão, que podem predispor algumas pessoas ao suicídio.

    Estudos históricos sobre o suicídio

    Diversos estudos já se debruçaram, ao longo da história, sobre o tema suicídio. A pesquisa O suicídio na teoria e clínica de Sigmund Freud, da Universidade de São Paulo (USP), mostra que a psicanálise se ocupa de problemas decorrentes da condição humana e busca entender as causas do sofrimento das pessoas, de acordo com fenômenos psíquicos.

    O grande desafio é reunir esforços e ações para a diminuição das estimativas do suicídio no Brasil e em todo o mundo. Isso só será possível com a constante capacitação e qualificação dos profissionais e a preparação de toda a sociedade para lidar com esse problema, que, apesar de ser tratado como tabu, ainda faz várias vítimas entre nós.

    Você pode aprofundar seu conhecimento sobre o tema e sobre a psique humana fazendo o nosso Curso de Formação em Psicanálise, totalmente on-line. O Curso poderá lhe ajudar a enfrentar suas próprias questões, ou adquirir elementos para ajudar pessoas de seu círculo mais próximo.

    14 thoughts on “Suicídio: oito sinais indicativos para psicanálise

    1. Estou fazendo o curso, estou amando, o material é ótimo. Baixo todos os módulos e encaderno, pois vou precisar rever sempre o material confirme precise diante de um problema psicanalítico.

      1. Onde estão esses módulos? No curso? Onde encontro?
        Desde já agradeço

        1. Psicanálise Clínica disse:

          Kelly, quais módulos você se refere? As psicopatologias podem levar a pensamentos suicidas. Então, o curso não traz partes específicas sobre suicídio, mas ajuda a pensar as causas e patologias que podem ensejar o problema. Veja também as lives, principalmente aquelas sobre A Clínica Psicanalítica (vídeos gravados na sua área de membros).

    2. Silmara Ligiera disse:

      Artigo muito importante! Já conheci adolescentes que tentaram o suicídio no hospital onde trabalho. É um índice assustador! E a sociedade não sabe disso! É preciso divulgar mais!

      1. Carolina Elizabete disse:

        Que relato impactante, também tentei áudio por várias vezes e em 2010 a última vez fiquei desacordada 3 dias despedi de todos antes e foi isso que fez com que alguns amigo achem estranho, quando chegam na minha casa meus familiares não quiseram deixar q me socorrossem pois achavam q era mais um ataque de frescura mas foi pela insistência deles q sobrevivi e hj estou no curso tentando ajudar pessoas como eu não só suicida mas depressiva ou passiva a traumas profundos.

    3. João Lennon da Silva disse:

      Tema bastante hermético. Mas de sólida necessidade de compreensão social. A Psicanálise é bastante incisiva no que se referente ao entendimento não do comportamento do sujeito que tentou ou tende a praticar o suicídio, mas sim, no que está por trás desta tendência que pode ser aspectos do seu inconsciente…

    4. Suelí Schauble de Moura disse:

      Já tentei o suicídio, planejei por dias, então recebi uma foto de uma cachoeira transbordando, não muito longe da minha casa, a ideia de suicídio era tão fixa que vi naquela imagem a oportunidade certa, o carro afundaria e até aquela enchente terminar e alguém encontrar o carro eu já tinha partido, sem perder nenhum momento entrei no carro, tirei todos os objetos de identificação, e fui para a cachoeira, não me perguntou que caminho eu fiz e nem quanto tempo levei para chegar até esse local, ao chegar no local me dei conta que não era época de enchentes, a foto era antiga, a decepção foi tão grande em ver que aquele rio não me mataria nem mesmo se eu deitasse de bruços nele, então tranquei o carro e fiquei alí dentro carro no sol, por 11 horas sem beber, comer e sem identificação, quando entrei na parte alucinatória a ponto de ver figurinhas de monstrinhos “caveiras com espadas e escudos dourados” rindo da minha fraqueza comei uma discussão interna, PROVAR PARA ELES QUE EU NÃO TINHA DESISTIDO, ERA SÓ UMA FALTA DE COMO FAZER AQUILO ACONTECER, OU REALMENTE DESISTIR, E DEIXAR ELES RINDO DE MIM PARA SEMPRE, NAQUELE PONTO DE ALUCINAÇÕES TUDO ERA TÃO REAL, MAIS TÃO REAL QUE ALGUÉM DAS FIGURAS COM ESCUDOS E ESPADAS, AS FOLHAS DAS ÁRVORE DO OUTRO LADO DO RIO PARECIAM BOCAS RINDO, EU ERA A PIADA DA VEZ, a briga foi tão feia que a raiva tomou conta de mim, senti ódio deles e aqui me fez dar partida no carro e sair em busca de outro lugar, infelizmente dei de cara com um dos meus filhos que estava me procurando. Num momento antes do período de alucinações começarem eu vi um carro da polícia chegando bem devagar então fingi que estava dormindo, ouvi o comentário do policial dizendo: só está dormindo, é mais uma dessas loucas que fogem do trabalho doméstico no final de semana, alguém me viu ali, alguém avisou a polícia e não era a minha família pois eu tinha deixado uma mensagem que estava a serviço da igreja com algumas irmãs e não tinha hora para voltar, como eu já tinha feito esse trabalho antes e até eles perceberem que eu tinha deixado o meu celular ali e desligado, era o tempo mais do que suficiente para a conclusão da minha ideia fixa do suicídio. o fato dos policiais ignorarem o carro sem identificação e o fato de ter uma mulher sozinha num lugar daqueles não ter chamado a atenção deles mostrou-me a pouca força de vontade da parte deles. A intenção de concluir a minha missão era tão nítida e a minha decepção foi tão grande de não tê-la concluído que hoje estou terminando o curso de Psicanálise Clínica, e estou muito focada em aprender muito sobre essa luta interna que na minha opinião no momento de concluir o ato passamos por ela e é esse o momento que pode fazer toda a diferença, se trabalharmos mais para ensinar as pessoas a lutarem contra essas alucinações poderemos diminuir e muito a taxa de suicídio, no meu caso meu pavil curto para discussões me levaram a vencer nesse dia, eram tantas vozes e risos que eu não suportei e sai de perto, outras pessoas em outros lugares, essas alucinações pode adiantar o fato, afinal provar que você não é fraco e que não teme aquela situação não é tão difícil quanto parece.

    5. Suelí Schauble de Moura disse:

      Reescrevi o texto logo abaixo, falar sobre isso ainda é tão complicado que o português Brasil ficou na Índia, mesmo refletindo na escrita ainda não ficou muito bom é difícil falar escrever é quase impossível.

    6. Maria Aparecida de Souza disse:

      Sueli, expressar essa dor em palavras acredito ser muito delicado. Que bom que você conseguiu retornar !
      A melhor forma da gente tentar compreender a psique humana é se aprofundando nos estudos da psicanálise. Sua experiência pode ajudar muitas pessoas.

    7. Sueli: Bom ouvi-la e pode ter certeza que é com coração. Estamos aqui com todo amor para sempre ouvi-la. Gratidão!

    8. OITO sinais que demandam, não apenas do psicanalista, mas de todos os implicados no contexto, um permanente estado de vigília do complexo aparelho sensorial. Uma percepção, por assim dizer, acima da média. Penso que cultivando (estudando e praticando) atitudes preventivas constantemente pode, certamente, detectar precocemente a formação inicial desses redemoinhos vertiginosos catastróficos. Sermos como os pediatras, que, devido a ausência da fala, desenvolvem uma forte intuição de base científica: não deixam nenhum sinal e/ou informação de lado, e sempre prontos a interligar/vincular todo dado.

    9. Osmar Pereira de Araujo disse:

      Muito bom, este artigo.
      Ha dois meses conversava com uma pessoa que me falou muito sobre a vida de um primo seu, e meu conhecido e muita coisa tinha identificacao com este artigo. Comentei com esta pessoa que ja tinha uns tres meses que nao a vi e infelizmente a noticia foi que tinha suicidado. Lamentavel!

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