Carl Gustav Jung estudou as raízes ancestrais e coletivas do inconsciente humano e nos trouxe o caminho para uma nova interpretação da figura do tarô analítico, indo muito além da visão profética que nos traz tanto fascínio. Presente em diversas culturas, os oráculos tiveram influência nas diferentes civilizações.
O tarô analítico e os Oráculos virtuais
Oráculos virtuais vêm sendo utilizados por um grande número de pessoas que garantem a eficácia deste método, seja na forma de aplicativos ou sites com interações on-line.
Para Jung os oráculos são uma forma de comunicação com o inconsciente, sendo a sua interpretação um processo de autoconhecimento.
Nesta interpretação as figuras das cartas do tarô representam arquétipos do inconsciente coletivo, uma espécie de memória de todas as experiências da humanidade ao longo da evolução armazenada na forma de imagens.
Arquétipos
Arquétipos são representações de papéis sociais que criamos como uma forma de adaptação para vivermos em grupo, nos adequando as situações impostas pela organização social na qual estamos inseridos. Os arquétipos possuem tendência hereditária universal e são passados biologicamente pelos nossos ancestrais. Quando expressamos demais a característica de um determinado arquétipo temos algum tipo de desequilíbrio de personalidade.
Quando passamos por experiências na quais precisamos ter certas características despertamos o arquétipo respectivo. Embora o arquétipo seja universal, a maneira como expressamos as suas características é individual, pois o consciente influencia a maneira na qual ele é expresso.
A sociedade e a cultura na qual vivemos influenciará como nos relacionamos com cada um dos arquétipos, sejam exaltando ou reprimindo as suas características. Os arquétipos são vistos e reproduzidos em sonhos, nas mitologias, histórias, e atualmente em propagandas e filmes e são a representação das potencialidades humanas.
Interpretando os arquétipos do tarô analítico
O Tarô analítico é utilizado na prática psicanalista para reflexão sobre quem somos e como podemos agir para tomar decisões favoráveis ao nosso desenvolvimento. A partir das figuras nas cartas somos chamados a refletir sobre arquétipos que estão mais presentes em nossas vidas e a influência da presença mais expressiva deste arquétipo em nosso modo de pensar e agir.
A escolha da carta é o resultado da comunicação entre o inconsciente em conexão com a matéria. O método no qual ocorre esta sintonia entre o inconsciente e as cartas é chamado por Yung de sincronicidade.
Seria uma conexão entre a matéria e a mente, segundo as palavras do autor “Uma vez que psique e matéria estão contidos em único e mesmo mundo e, além disso, estão em contato recíproco contínuo, e em última análise, repousam sobre fatores irrepresentáveis, transcendentes, não só é possível, mas até altamente provável, que psique e matéria sejam dois aspectos diferentes da única e mesma coisa.”
O inconsciente coletivo e individual Segundo Jung
O inconsciente coletivo e individual Segundo Jung existe o inconsciente coletivo e individual. O inconsciente coletivo é de natureza universal e possui conteúdos e modos de comportamento iguais em toda parte e em todos os indivíduos, constituindo um substrato psíquico comum de natureza psíquica suprapessoal que existe em cada indivíduo a qual ele chama de arquétipo.
Já o inconsciente individual é o resultado das experiências pessoais e possui uma interpretação única das representações de comportamentos e imagens representadas pelos arquétipos nas figuras do tarô.
O papel do Psicanalista na leitura do tarô
A interpretação do tarólogo é decodificar e organizar os símbolos para que seja compreensível ao consulente a sua interpretação. Para que isso ocorra é necessário que o consulente esteja disposto a falar sobre as suas vivências e experiências marcantes tanto alegres como traumáticas para facilitar a compreensão e a melhor interpretação das figuras do tarô que forem apresentadas em seu atendimento.
Importante destacar que o tarô não possui aqui uma interpretação adivinhatória e que para compreender a representação do arquétipo é necessário estarmos dispostos a assumir que somos protagonistas de nossas próprias vidas. Neste contexto somos responsáveis de alguma maneira por todas as situações que acontecem, tanto as boas como as ruins.
O lado bom disso é que possuímos a capacidade de alterar a maneira como as coisas acontecem. Isto nos dá um grande poder, mas também precisamos abandonar o vitimismo, ao colocar a culpa dos acontecimentos sempre em coisas externas, sejam pessoas ou situações.
Considerações finais
Com o uso do tarô analítico podemos descobrir quais arquétipos possuem destaque na nossa forma de agir, conseguindo identificar características negativas de nossa personalidade que está relacionada com determinado arquétipo. Compreendendo quais arquétipos buscamos nos outros, podemos trabalhar para desenvolver as características destes arquétipos, buscando o equilíbrio em nossos relacionamentos.
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O tarô analítico é uma abordagem de conhecimento do presente, sendo mais um método de compreensão dos conflitos do que o método adivinhatório com relação ao futuro, se bem que, ao alterarmos o nosso comportamento, estaremos também alterando o nosso futuro, mas isso mais por consequências de nosso atos.
Utilizada como revisão de valores e condutas entendendo nossos padrões de controle ou vitimização com relação às situações cotidianas o uso do tarô analítico pode ser uma ferramenta muito importante nas sessões de terapia.
O presente artigo foi escrito pela autora Stela Raupp ([email protected]). Stela é bacharel em Biologia, taróloga com 30 anos de experiência e formanda em psicanálise. Mora na praia de Torres, RS.