Para muitas pessoas, Krystof Kieslowski, o diretor da Trilogia das Cores, é um gênio cinematográfico. Tudo porque Kieslowski é um diretor sensível e que proporciona uma experiência diferente em seus filmes. Nós entenderemos como o diretor consegue esse efeito descobrindo 10 dicas a respeito do seu trabalho.
Resumo sobre Trilogia das Cores
Na Trilogia das Cores, Krystof Kieslowski usa o lema da Revolução Francesa para explorar assuntos cotidianos. Os franceses têm como lema Liberté, Egalité e Fraternité, palavras que significam Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Ademais, Krystof usa as cores da bandeira francesa, azul, branco e vermelho, para compor cada filme da trilogia.
O diretor retrata uma tragédia familiar em Liberdade, um divórcio complicado em Igualdade e uma amizade diferente em Fraternidade. Em suma, Krystof tem o intuito de causar no público a reflexão a respeito da mente e emoções em relação a si e as outras pessoas.
A liberdade é azul
No primeiro filme da Trilogia das Cores nós acompanhamos Julie que perdeu o marido e filha em um acidente. Após Julie tentar se matar e não conseguir, ela vende todos os bens e se muda para uma nova cidade.
Segundo o diretor de A Liberdade é azul, a liberdade para Julie é não precisar de vínculos afetivos. Ainda que não fosse iniciativa própria, Julie não precisa mais exercer o papel de esposa e mãe esperados pela sociedade. Ela tem o direito de se sentir machucada sem ser julgada, mas aceita a liberdade que recebeu sem pedir.
Entretanto, Julie se torna cada vez mais solitária, não querendo estabelecer novos vínculos afetivos. Para aliviar um pouco da angústia, Julie se relaciona com um amigo do falecido marido de forma ocasional. Contudo, ela entende que se abrir para essa relação poderia acabar com a sua liberdade.
A igualdade é branca
Em suma, o segundo filme da Trilogia das Cores de Krystof Kieslowski retrata a igualdade por meio de um divórcio. Além de humilhar o marido Karol, um impotente sexual, Dominique pede o divórcio dele. Já que não pode salvar o casamento, Karol planeja uma vingança contra a ex-mulher para torná-la tão incapaz quanto ele.
Após Karol forjar a própria morte, Dominique recebe um testamento e vai até Varsóvia, onde encontra o ex-marido. Depois que eles passam a noite juntos, Karol deixa Dominique sozinha no quarto enquanto a polícia chega ao local. Ela acaba sendo presa, visto que as circunstâncias da falsa morte de Karol a tornaram suspeita do crime pela herança.
O público pode perceber que o casal, se olhando pela janela da cela, ainda se ama. Entretanto, Dominique humilhou o marido, e agora ela está tão impotente quanto Karol, pois não tem mais nada. É provável que o diretor da Trilogia das Cores deseje questionar os meios pelos quais uma pessoa consegue igualdade.
A fraternidade é vermelha
Por fim, o último filme da Trilogia das Cores de Kieslowski retrata Valentine, que atropela uma cadela sem querer. Valentine consegue encontrar o dono do animal e decide levar o corpo para ele. Apesar do ocorrido, ela desenvolve uma amizade com o estranho dono da pastora alemã.
O dono é um juiz aposentado, amargurado, cujo passatempo é ouvir as conversas dos vizinhos por meio de grampos eletrônicos. A princípio, esse juiz é insensível ao ponto de não se importar com a morte da cadela Rita. Entretanto, à medida que ele conhece Valentine, se torna mais afetuoso com ela e os filhotes de Rita.
Valentine também se sente só, visto que o namorado é ausente e a família é complicada. Como essa amizade é benéfica para eles, fica claro para os telespectadores como é importante ter alguém para dividir angústias. Talvez essa seja a principal lição que nós recebemos de A fraternidade é vermelha.
Identidades
Os filmes de Krystof Kieslowski compõem a Trilogia das Cores, mas cada um possui identidade própria. As pessoas que assistem aos filmes entendem o conceito e a narrativa de cada um como partes de algo maior. Fazendo uma análise da Trilogia das Cores de modo isolado, nós percebemos que:
A liberdade é azul e triste
As pessoas associam de forma imediata o azul à melancolia, sendo essa cor o símbolo do luto de Julie. Para muitas pessoas o azul é símbolo de harmonia e serenidade, mas também está associado à tristeza. Ainda que Krystof tenha criado um filme belíssimo, a tristeza e melancolia estão presentes em cada cena do longa.
A igualdade é branca e engraçada
O diretor Krystof Kieslowski usou o branco com o intuito de associá-lo a igualdade, o equilíbrio de tudo. Ele deu um tom mais cômico para o segundo filme e a cor é mais sutil quando aplicada em cena.
A fraternidade é vermelha e comunicativa
O diretor usou a cor vermelha com o intuito de conversar a respeito de empatia. Afinal, os personagens do filme mostram como uma amizade pode ajudar na cura das pessoas.
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Ligação
Uma idosa que tenta colocar a garrafa no lixo é o ponto em comum na Trilogia das Cores. Enquanto no primeiro filme ela nem é notada por Julie, Karol a vê e até ri por ela não conseguir descartar a garrafa. Porém, é Valentine que se mobiliza e ajuda a senhora a colocar a garrafa no coletor.
O comportamento dos personagens em relação à idosa representa a temática do filme que protagonizam. Julie, por exemplo, está concentrada demais na própria liberdade para notar alguém ao redor. Já Karol se diverte com a cena porque sente alívio ao perceber que não era o único passando por dificuldades.
Todavia, Valentine ajuda a senhora, mostrando que a fraternidade com o amigo juiz fez bem para ambos.
10 dicas para entender o cinema de Krystof Kieslowski
Após conhecer a Trilogia das Cores você, com certeza, percebeu a riqueza e grandeza do trabalho de Kieslowski. Pensando nisso, nós reunimos 10 dicas para você compreender melhor o trabalho do diretor:
1.Ainda que trate de temas fortes, Krystof é um diretor poético;
2.Para o diretor, a tragédia pode ser arte;
3.Ele dirige filmes lentos, melancólicos e que exploram os sentidos do telespectador;
4.Os filmes devem ser apreciados de forma lenta;
5.Ele dirige filmes existencialistas que imerge quem os assistem nas suas referências;
6.A direção dele discute a respeito da moral da sociedade em cada tempo;
7.É um diretor irônico explorando a sensação de vazio em relação a afetação do outro;
8.Krystof deixa espaços vazios de forma proposital para o telespectador completá-los;
9.Sempre provoca a percepção do público;
10.Tem uma presença feminina muito marcante nas suas narrativas.
Considerações finais sobre trilogia das cores
Nós podemos perceber que a Trilogia das Cores de Krystof Kieslowski investiga e questiona a estrutura familiar nos relacionamentos. Todos os personagens da trilogia são vítimas ou causadores das tragédias que vivenciam .
Talvez seja difícil para você ou quem assiste não se identificar com os personagens e refletir sobre si mesmo. Mesmo que as pessoas encontrem riscos nos vínculos afetivos, é importante saber quando é necessário contar com alguém de confiança.
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