Setembro é conhecido como o mês do Setembro Amarelo, uma campanha dedicada à prevenção do suicídio. Mas a verdade é que o diálogo sobre esse assunto difícil deve ser constante e não apenas em Setembro. Então hoje, vamos falar hoje sobre tentativa de suicídio, um grito silencioso por ajuda que muitas vezes não é ouvido ou compreendido.
O tema é duro, porém, crucial. Pois entender os riscos, reconhecer os sinais e saber como prevenir são passos que podem salvar vidas. E se você está aqui, lendo isso agora, saiba que você é fundamental nesse processo de conscientização e auxílio!
O que significa uma tentativa de suicídio?
Uma tentativa de suicídio é um ato em que uma pessoa tenta tirar a própria vida mas não consegue concluir o ato até a morte. Esse é um sinal de alerta gravíssimo e, muitas vezes, um clamor por ajuda que não pode ser ignorado. Pois é um sintoma de algo profundamente errado na vida da pessoa, seja uma doença mental, um trauma ou situações insuportáveis que a pessoa não vê como enfrentar.
Fica claro, então, que uma tentativa de suicídio não é um ato de “busca de atenção” ou “dramatização”, como alguns erroneamente acreditam. É uma expressão séria de desespero e angústia que requer intervenção imediata, tanto em termos de cuidados médicos de emergência quanto de suporte psicológico. É, em sua essência, um pedido de socorro que precisa ser tratado com a seriedade e a urgência que merece.
Além disso, se alguém pensa que o suicídio é um evento isolado, as estatísticas estão aqui para nos fazer acordar. A cada 100.000 pessoas, 12 cometem suicídio. E por trás de cada caso consumado, há aproximadamente 30 tentativas. As mulheres são mais propensas a ter ideias suicidas, enquanto os homens são mais propensos a realmente tirar suas vidas.
Fatores de risco
Entender os fatores de risco associados à tentativa de suicídio é crucial para sua prevenção. Pois não existe um único gatilho que explique o ato, mas uma série de condições e circunstâncias que podem aumentar a probabilidade de uma pessoa tentar se suicidar.
- Tentativa prévia: Quem já tentou suicídio uma vez está mais propenso a tentar novamente.
- Doenças psiquiátricas: Depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia e outros transtornos mentais estão frequentemente associados a um risco elevado.
- Abuso de substâncias: O uso excessivo de álcool, drogas ou medicamentos pode aumentar o risco, especialmente se combinado com outros fatores.
- Minorias sexuais: LGBTQ+ têm taxas de tentativas de suicídio significativamente mais altas em comparação com o resto da população.
- Doenças crônicas e dor: Condições médicas de longa duração e dor crônica também são fatores de risco.
- Abuso na infância: Experiências traumáticas durante a infância, como abuso físico ou emocional, são frequentemente citadas como um fator contribuinte.
- História familiar: A existência de suicídio ou tentativas de suicídio na família pode aumentar o risco, talvez por razões tanto genéticas quanto ambientais.
- Idade: Jovens entre 18 e 25 anos e idosos estão em faixas etárias que frequentemente apresentam maior risco.
- Situação socioeconômica: Fatores como pobreza, desemprego e falta de acesso a serviços de saúde mental podem também contribuir.
- Isolamento social: A falta de uma rede de apoio pode agravar os sentimentos de desespero.
Contudo, é importante ressaltar que a presença de um ou mais desses fatores não garante que alguém tentará suicídio; eles apenas aumentam o risco. Por isso, a prevenção envolve um olhar atento, ação rápida e, principalmente, empatia.
Então, se você perceber que alguém está em risco, é crucial buscar ajuda profissional imediatamente.
Classificação do risco suicida
A classificação do risco suicida é uma etapa crucial no processo de avaliação e intervenção. É uma forma de mensurar o grau de perigo e ajudar os profissionais de saúde mental a decidir sobre o melhor curso de ação.
A categorização pode variar entre diferentes protocolos e instituições, mas aqui estão algumas classificações comuns:
- Risco Baixo: A pessoa expressa pensamentos de suicídio, mas não tem um plano específico nem acesso a meios para concluir o ato. Ainda assim, é vital que a situação seja monitorada.
- Risco Moderado: A pessoa tem pensamentos suicidas, um plano menos concreto e pode ter acesso a meios. O risco é maior aqui e a intervenção deve ser mais imediata.
- Risco Alto: Existe um plano detalhado, acesso a meios para executá-lo, e a pessoa já tomou medidas preparatórias como organizar um testamento ou despedir-se de entes queridos. A situação é crítica e exige uma resposta urgente e imediata, incluindo hospitalização.
- Risco Muito Alto ou Extremo: Além do plano detalhado e acesso a meios, a pessoa já iniciou a execução do ato suicida ou mostra sinais extremos de desespero e desligamento emocional. A ação é imediatamente necessária para preservar a vida.
A classificação ajuda profissionais da área médica e psicológica a decidirem sobre intervenções que podem variar desde o monitoramento e terapia até hospitalização e tratamento intensivo.
Prevenção
Prevenir o suicídio é uma tarefa complexa que envolve uma rede de apoio multidisciplinar, desde profissionais de saúde até amigos e familiares. Aqui estão algumas abordagens que podem fazer a diferença:
1. Comunicação e consciência
- Fale abertamente: Romper o tabu em torno do suicídio é o primeiro passo. Conversas abertas podem identificar sinais de alerta antes que a pessoa chegue a um ponto crítico.
- Promova educação e sensibilização: Quanto mais as pessoas souberem identificar os sintomas e fatores de risco, mais eficazes serão as intervenções.
2. Identificação e intervenção
- Consultas regulares com profissionais: Psiquiatras e psicólogos são essenciais para identificar e tratar os problemas subjacentes.
- Apoio familiar e de amigos: Ter um sistema de apoio forte pode ser um fator crucial para alguém em risco.
3. Estratégias médicas
- Tratamento farmacológico: Medicamentos podem ajudar a controlar sintomas de desordens mentais subjacentes que contribuem para pensamentos suicidas.
- Terapia: A terapia cognitivo-comportamental e outras formas de terapia podem ajudar a pessoa a desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis.
4. Ação e plano de segurança
- Ambiente seguro: Limitar o acesso a meios letais pode diminuir a chance de uma tentativa impulsiva.
- Plano de crise: Ter um plano estabelecido para momentos críticos pode ser um recurso valioso.
5. Rede de apoio
- Centros e linhas de apoio: Serviços especializados existem para oferecer aconselhamento e suporte em momentos de crise.
- Comunidade e grupos de apoio: Às vezes, falar com alguém que passou pela mesma situação pode fornecer um nível único de compreensão e suporte.
6. Políticas públicas e prevenção comunitária
- Promoção de políticas de saúde mental: Campanhas governamentais e ONGs muitas vezes trabalham para promover a saúde mental em uma escala maior.
- Programas escolares e no local de trabalho: Prevenção também começa com educação e sensibilização em ambientes onde passamos a maior parte do nosso tempo.
Prevenir o suicídio é uma luta contínua e coletiva. É vital lembrar que cada pessoa é única; portanto, o que funciona para uma pode não funcionar para outra. No entanto, a combinação dessas abordagens pode criar um sistema de segurança mais eficaz.
Considerações finais
Enfim, estamos diante de um problema de saúde pública que precisa de atenção, cuidado e, principalmente, conversa. Tentativas de suicídio são, de fato, um pedido silencioso de ajuda.
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O primeiro passo para mudar esse cenário alarmante começa com o diálogo aberto e sem preconceitos. Portanto, se você ou alguém que conhece está passando por isso, fale. A voz de quem pede ajuda precisa ser ouvida.
Se você está enfrentando uma crise emocional, você pode buscar ajuda ligando para o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188 ou acessando www.cvv.org.br.