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Setembro Amarelo: significado na prevenção do suicídio

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Na Internet encontramos que o Setembro Amarelo (SA) surgiu quando um habilidoso jovem de 17 anos restaurou seu carro – um Mustang 1968 – pintado de amarelo e se suicidou.

A comoção foi geral, principalmente, porque nem a família nem os amigos perceberam que ocorriam no interior do rapaz problemas com os quais ele não conseguiu lidar e o levaram ao ato extremo.

Entendendo o Setembro Amarelo

Todavia, há controvérsias quanto a essa versão. Ainda assim, verdade ou não, o importante é que nos EUA, desde 1994, e, no Brasil desde 2015, setembro foi escolhido, numa parceria do Centro de Valorização da Vida (CVV), com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) como o mês oficial para se tratar da prevenção do suicídio. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o suicídio é o segundo maior fator de morte entre pessoas de 15 a 29 anos.

Por isso, falar sobre suicídio não é tarefa das mais simples para a maioria das pessoas, principalmente com os filhos, sejam crianças ou adolescentes. Todavia, se faz necessário, buscar abrir caminhos de diálogo para a diminuição do tabu em torno do tema, a fim de desmistificar a ideia de que dessa forma, se está colocando o filho em evidência quando ele não deseja que isso ocorra, ao contrário.

Toda a comunidade precisa e pode se engajar nessa luta pela vida: família, escola, amigos, grupos de igreja, de academia e de trabalho; estando alertas aos sinais, implícitos e explícitos que podem (ou não) ser apresentados: cansaço extremo, falta de energia e vontade, sono alterado, irritabilidade, mudanças no apetite para mais ou menos, vontade de chorar sem motivo aparente, tristeza persistente, postagens nas redes sociais relacionadas ao tema, desinteresse por atividades que antes traziam prazer, pensamentos sobre o desejo de morrer, sentimentos e fala sobre inutilidade, entre outros.

Setembro Amarelo para ouvir

Mesmo assim, mais importante que tudo é buscar ouvir a pessoa em sofrimento, sem críticas e julgamentos, perguntar sem receio se morrer é um pensamento/desejo que ela apresenta, se tem um plano, qual é, acolher, mostrar que ela não está desamparada, que existem outras possibilidades que podem ser buscadas com auxílio de um profissional adequado, seja médico ou terapeuta, que poderá lhe oferecer outras perspectivas diante daquela situação.

Setembro Amarelo e o suicídio

É importante dizer que mais do que a crença popular prega, o suicídio tem causas diversas e muito complexas e, falar do assunto para a maioria das pessoas é um tabu, um assunto cercado de preconceitos, inclusive entre profissionais de saúde.

Não há, ainda, estudos suficientes que comprovem que a pandemia tenha (ou não) aumentado os números de casos de suicídio no mundo, mas podemos afirmar que a perda de entes queridos, a obrigação do isolamento social, o sentimento de solidão e de desesperança por dias melhores, o medo, as dificuldades de acesso à ajuda médica, emocional e/ou espiritual, as dificuldades financeiras são fatores que facilitam e predispõem ao fato.

Podemos afirmar, também, que a pessoa que pensa em morrer, em geral, não deseja a morte física e sim a “morte daquela dor que corrói sua alma”, com a qual ela não consegue lidar.

A incidência para o suicídio

Estudos apontam que existe uma relação entre o suicídio e algumas doenças/transtornos mentais entre os quais podemos citar a depressão, transtornos de comportamento e humor, entre outros. Porém, esses não são requisitos para tal, uma vez que pessoas sem essas doenças/transtornos também podem se suicidar num gesto de impulsividade, num momento de forte dor física e/ou emocional, de crise, desespero, sob forte estresse, dificuldades financeiras, separações, lutos.

Os indicadores apontam maior incidência para o suicídio entre pessoas que fazem parte de grupos que sofrem qualquer tipo de discriminação, negros, LGBTQIA+, pessoas que sofrem ou sofreram violências de qualquer natureza, abusos físicos, morais, sexuais e emocionais e populações rurais pelo fácil acesso ao meio.

O suicídio acontece entre adultos, mas também entre crianças e, não obrigatoriamente, em pessoas de aparência triste, deprimida ou que sinalizem estar pensando no assunto. É bastante comum ocorrerem casos de pessoas que tiveram um final de semana maravilhoso com a família e na segunda-feira atentam contra a vida, por exemplo.

A perda de um ente querido

Perder um ente querido não é um fato que passa sem deixar sequelas. Perder um ente querido por suicídio é algo que deixa sequelas ainda maiores e profundas, em alguns casos, até por várias gerações.

Estudos apontam que ao se suicidar, esse ato pode atingir diretamente ou indiretamente, em média, até 135 pessoas; pessoas essas que poderão necessitar de algum tipo de suporte profissional após o evento por estarem expostas a traumas relacionados ao fato propriamente dito, a preconceitos, estigmas, discriminações e cobranças sociais de ordens diversas.

É comum os familiares viverem o receio de que um novo suicídio possa ocorrer na família, se perguntarem como não perceberam o que estava acontecendo e assim, pudessem tentar evitar, serem inundadas por sentimentos conflitantes: sentirem raiva da pessoa que se suicidou permeada pela dor da perda, da saudade, de amor, de culpa, sentimento de fracasso e impotência.

O Setembro Amarelo e a dor da perda

Atualmente, as mídias sociais nos fazem acreditar, com uma avalanche de lives, palestras, encontros, webinar sobre o SA que suicídio só acontece nesse mês – o que é um grande engano! Acontece de janeiro a janeiro, muito mais próximo a qualquer pessoa que acredita que tal fato só ocorre em outro estado, muito longe dela mesma.

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    Falar do assunto é muito importante, mas há que se ter cuidado, uma vez que no afã de ganhar espaço nas mídias, pessoas nem sempre com conhecimento suficiente sobre o assunto, se acham profissionais suficientemente capacitados e prontos para palestrar. Ledo engano. Ser Psicanalista, Psicólogo, Terapeuta ou Psiquiatra não é requisito suficiente para tanto.

    Um exemplo: Uma frase estava em um jornal há dias, atribuída a peritos criminais: “Peritos alertam: 9 em cada 10 suicídios podem ser evitados”. Tal frase gera grande controvérsia no meio da Suicidologia – profissionais da área da saúde mental, especialistas que se dedicam a estudar com afinco o comportamento e as causas suicidas – sob a alegação de que muitas pessoas que se suicidam não dão o menor sinal de que estão pensando nisso e, ainda sim o fazem. Como explicar?

    É preciso, falar, sim!

    Mas é preciso entender do assunto, é preciso estar preparado para falar, estudar, compreender o comportamento humano e o que há por trás da dor de quem deseja morrer e de toda uma família e amigos que sofrem com essa perda.

    As redes sociais são, literalmente, uma “grande rede” que prende, influencia, embola a pessoa, sua autoimagem, sua autoestima e ao se disponibilizar a falar do assunto, é fundamental compreender que por detrás de uma postagem, detrás de uma telinha existe alguém que tem uma vida bem distante da “ideal” pregada pela superexposição midiática e que provavelmente está insatisfeita e sofrendo com tudo que a cerca.

    De janeiro a janeiro – Como realmente ajudar

    Ajudar é cuidar no trato da dor que para sempre acompanhará quem perdeu alguém para o suicídio, cuidando tanto das dores do corpo, quanto – e principalmente – das dores da alma, dos sobreviventes enlutados, não minimizando a dor, permitindo que essa dor seja sentida realmente enquanto for preciso, cuidar das “feridas” com ajuda profissional se necessário, dando o tempo necessário para que a cura aconteça, encarar os sentimentos de forma honesta e aberta, expressar a dor, falar dela sem medo e vergonha. FALAR É PRECISO PORQUE FALAR SALVA VIDAS, realmente!!!!

    Esse artigo foi escrito por Monika Borges, especializanda em Terapia Familiar, especializanda em Somatic Experience, Psicanalista, Suicidologista, especialista em Luto e Saúde Mental, Assistente Social, Psicopedagoga Clínica , coordena o Projeto ACOLHE-DOR que oferece acolhimento emocional para pessoas enlutadas. www.acolhe-dor.org e @acolhedoroficial

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