Teoria do aparelho psíquico

Teoria do aparelho psíquico e reflexos na sociedade

Posted on Posted in Teoria Psicanalítica

O processo do conhecimento é muito intrigante, a cada descoberta, milhares de novas conexões, associações, mudanças de perspectiva; e quando se depara com a segunda teoria do aparelho psíquico, o modelo estrutural, apresentado por Freud, consegue-se compreender, também, muitos dos fenômenos sociais.

Entendendo a teoria do aparelho psíquico

Mesmo com o desdobramento do ego, o superego, sendo composto, boa parte, por regras morais redigidas pela sociedade e, devido ao fato de que o ego media e limita a sobreposição do id ao superego, que conseguimos viver em sociedade, uma outra observação aqui será exposta. Inicialmente, façamos uma breve rememoração de cada uma das partes apresentadas no modelo estrutural: Id, que representa nossos desejos mais profundos e que, propicia um limitado acesso ao nível consciente de seu conteúdo inconsciente, movido pela agressividade e pela libido; ego, o mediador das partes do sistema que funciona de maneira racional mesmo estando parte no consciente e parte no inconsciente.

É o responsável por nossa autoimagem e controla nosso corpo, os movimentos; e superego, que deriva do ego, servindo de consciência elaborada através de padrões e preceitos morais, que visa cercear os desejos socialmente inaceitáveis do id. Está, assim como o ego, tanto no consciente quanto no inconsciente. Nesse modelo apresentado, observa-se o Id como uma ambiguidade do superego.

Assim como se o id sobrepusesse o superego, o mesmo, quando exageradamente rígido causará grandes consequências. Essas, independente dos casos ultrapassam a figura do sujeito, influindo na sociedade. Aqui, restringir-se-á na segunda hipótese, já que, no caso da primeira, nota-se uma expressão menor de ocorrência que na segunda, vez que, no Estado de direito, no caso da primeira hipótese, a partir do momento que a ação do sujeito acarretar a danos a outrem (materiais, físicos ou psíquicos), haverá identificação e punição extremamente mais fácil que no caso de um superego deveras rígido.

O superego  e a teoria do aparelho psíquico

Em síntese, a função primordial do superego é restringir os desejos profanos do Id. Quando essa função é extrapolada, em uma analogia, a restrição passa a ser morte, ou seja, já não se quer mais restringir, mas que não exista e, a mera ameaça, indício de que o desejo pode vir à tona (pensamento), causa no sujeito uma aversão extrema e um sentimento exagerado de culpa, desenvolvendo uma necessidade de se redimir, sem a existência de pena capaz de expiar o “pecado”.

Quando isso ocorre, de duas uma, ou o indivíduo fica de autoflagelando ou busca punir o desejo de outrem. Um exemplo dessa segunda saída são os grupos extremistas, que se fecham em uma bolha de medo e, com medo de se mostrar, ataca o outro. Porém, a partir do momento que jogam a pedra, seus braços ultrapassam a barreira de proteção e eles demonstram suas fragilidades por meio da hipocrisia.

Funciona como o princípio da reversibilidade dos raios luminosos, o terceiro princípio da óptica geométrica: se eu enxergo a pessoa, a pessoa também me enxerga. Parece algo simples, mas é algo que, muitas vezes, os agressores não percebem. O mais engraçado é que, na maioria dos casos, os ataques acabam sendo uma espécie de “terapia às avessas”, em que o agressor projeta na vítima seus problemas, expondo as primeiras coisas que vem a sua mente.

Teoria do aparelho psíquico e reflexos na sociedade

No entanto, esse tipo de “terapia”, a do ódio, traz alívio muito breve, atacando a projeção do eu, a fim de destruir a ambiguidade. Essa confusão muito exemplifica o acesso do superego também ao inconsciente.

Infere-se que, a “terapia do ódio” é movida pelo Thanatos, o instinto da morte, que emana do id, pela não realização daquele desejo e como forma de alívio da angústia neurótica, sintoma emanado pelo ego quando há indício de colapso entre id e superego.

À luz do exposto, pode-se verificar o quão forte é a mente humana, razão dos erros e acertos que resultam em uma rede de princípios de certo agrupamento de pessoas. Verifica-se como maior virtude a ponderação, o caminho do meio, tendo como principal guia o ego. Infelizmente, o senso comum tanto abomina o ego, generalizando a definição do mesmo para o narcisismo, ou ego narcísico.

Considerações finais

Pensa-se que, quanto mais treino em manter a ponderação, mais estável é o sujeito e, assim, a comunidade que ele pertence. Para isso, há muitas ferramentas. Aqui, proponho a psicanálise clínica como um dos mecanismos para, não só identificar problemas e os tratar, como também e, principalmente, desenvolver o autoconhecimento.

Consequentemente, com isso, o sujeito também irá exercitar sua resiliência, inteligência emocional, persistência, determinação e atingir a felicidade. Uma pessoa feliz, que conhece sobre si e que busca melhoria constantemente, alcança uma série de pessoas, produzindo um efeito em cadeia.

Assim, não é só a melhora do paciente em si, mas de todos aqueles que estão ao seu redor a partir da mudança daquele.

O presente artigo foi escrito por Gustavo Ogata([email protected]
). Treinador Comportamental e Terapeuta Holístico. Mestre Reiki. Practitioner em Programação Neurolinguística. Cursando Psicanálise clínica pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *