Freud, a partir de sua experiência clínica, vai percebendo no indivíduo a existência de um inconsciente como “lugar” de conteúdos aos quais o indivíduo não tem acesso. Presentes na teoria e prática psicanalítica, tais conteúdos inconscientes encontram, no pré-consciente, uma barreira, como um filtro, que impede o acesso desses elementos ao consciente.
Para ele, somente por processo de deslocamentos e condensações que buscam quebrar a barreira do recalque (repressão), é que esses elementos podem ascender ao consciente, tal processo ocorre pela formação de compromisso entre consciente – que busca equilibrar os conteúdos internos aos externos, advindos do princípio da realidade – e inconsciente que age pelo princípio de prazer, buscando a imediata satisfação de seus conteúdos. Pontos fundamentais que permearão o campo psicanalítico em sua teoria e tecnica.
A teoria e prática psicanalítica
A técnica psicanalítica, após abandonada a prática da sugestão hipnótica, consiste em proporcionar ao analisando um espaço onde possa falar sobre seu sofrimento, sem sofrer qualquer interferência ou direcionamento.
Como podemos aprender, pelo conteúdo do módulo IV, o analista deve iniciar fazendo uma entrevista preliminar, esta entrevista fará com que o analista possa instaurar a transferência, que é para Freud a mola mestra da psicanálise e é instaurada a nível simbólico.
pós instaurada a transferência o analista deverá implicar o sujeito no sintoma analítico, tal sintoma permite a criação da demanda de análise. Tal demanda retificará as demandas trazidas pelo analisando que podem ser de amor e cura.
O analista na teoria e prática psicanalítica
O analista precisa, ainda, histericizar o discurso do analisando, levando-o a questionar-se sobre seu sintoma. Esses elementos permitirão ao analista elaborar uma hipótese diagnóstica.
A entrevista preliminar é construída ao modelo mesmo da análise, por meio da livre associação de ideias. Esse método permite ao analisando a construção de um discurso personalíssimo, que trará conteúdos únicos do seu ser, “temos de ter sempre presente que, mesmo sendo dedicadamente estudiosos, jamais teremos atingido o grau desejável de conhecimento, pois nunca nos firmaremos num diagnóstico a partir do estudo de peças anatômicas, nem de filmes radiográficos, nem de exames laboratoriais, nem da descoberta de novas drogas, nem de testes psicométricos, vez que o nosso paciente é um ser humano ímpar, que veio de um ambiente familiar ímpar e que se desenvolveu ajustando-se as condições ímpares, influenciadas pela maneira ímpar como ele entendeu o que atuou sobre ele de forma continuada ou então lhe aconteceu por uma fração de segundo num abrir e fechar de olhos” (Apostila, Mód. IV, p.14).
A importância da escuta, teoria e prática psicanalítica
Sem nenhuma condução ou influencia, ao analista cabe o papel da escuta. Sua ação, dentro desse processo, será a condução do aprofundamento das questões trazidas pelo próprio analisando sem a sua influência.
Caberá ao analista avaliar as condições do analisando para definir o prosseguimento da análise durante a entrevista, levando em consideração a impossibilidade de casos que possam desencadear em surtos, pelo quais o analista não possa se responsabilizar.
A livre associação da teoria e prática psicanalítica
O analisando, por meio da livre associação, deverá construir as conexões entre seus pensamentos e os símbolos pelos quais os expressa. Dará livre curso as estes, tomando consciência, cada vez mais, dos processos inconscientes e de suas necessidades. Tomará consciência de suas resistências na expressão dos conteúdos de suas demandas, buscará entender a ação de cada uma.
A transferência na clínica psicanalítica
Segundo o texto do módulo IV: “é através da transferência, da inserção do psicanalista na cadeia de representações do paciente que aquele pode, por meio da interpretação e construção, dar prosseguimento à analise”, essa transferência pode ser ambivalente a (amor/ódio) e ambígua (positiva/negativa).
Tal processo, entre ambivalências e ambiguidades, e também na formação e expressão dos sintomas, decorre do fato de que para o inconsciente não há a ação do princípio da não contradição e que, em sua estrutura, os opostos não são excludentes, podendo agir em ampla complementariedade.
A dinâmica do psiquismo
Freud em seu percurso analítico e partindo da primeira tópica (Ics, Pcs e Cs) chegou à percepção de que ela não explicava alguns fenômenos psíquicos. Desenvolveu, assim, a sua tópica estrutural (Id, Ego e Superego), onde o psiquismo passou a ser entendido como um sistema dinâmico.
É percebido com evidências, que as duas tópicas não se excluem, e sim, que se complementam.
Essa percepção enriqueceu ainda mais o processo analítico, pois permitiu entender a dinâmica das energias psíquicas o que trouxe a compreensão de uma economia no psiquismo humano e dos destinos possíveis daquilo que Freud chamou de pulsão.
O mister psicanalítico
No processo analítico, “somos, também, os únicos profissionais que não usamos instrumentos e, tratando de pessoas, não as tocamos não lhes ministramos qualquer droga e nem ao menos lhe damos conselhos e, no entanto, as curamos!
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Daí dizermos que o nosso oficio é uma arte, desafiadora, é verdade que, por isso mesmo, exige de nós uma total dedicação, o máximo de horas de estudo, o máximo de pesquisas, o máximo de trocas com as comunidades afins” (Apostila, Mód. IV, p. 13).
Ainda mais, o analista é o responsável pela acolhida do seu analisando, tratando seus conteúdos com o máximo de cuidado e discrição, permitindo-lhe uma abertura sem nenhum tipo de julgamento ou comentário, para que o processo de livre associação possa fluir e a analise possa se desenrolar satisfatoriamente.
O presente artigo foi escrito por Paulo Edson de Oliveira Melo [[email protected]], licenciado em Filosofia, graduando em Psicologia.