Terapia Assistida por Animais

O que é Terapia Assistida por Animais

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Neste artigo, vamos falar sobre a Terapia Assistida por Animais (TAA) e sua possível combinação com terapias tradicionais como a Psicanálise, especialmente no combate ao transtorno de ansiedade em adultos.

Entendendo a Terapia Assistida por Animais

O uso de cães na prática de terapia assistida por animais (TAA) vem tornando-se cada vez mais conhecida. Para tanto, estudos voltado para essa área tem se deleitado acerca dos benefícios que os animais possuem nessa intervenção, embora, uma prática que está se expandido, o presente estudo objetiva de forma geral, estudar a terapia assistida por animais no emprego da psicanálise na condução dos casos com transtorno de ansiedade que são crescentes socialmente.

De forma mais específica, pretendemos averiguar nos estados do Rio Grande do Norte e de São Paulo acerca da terapia assistida por animais na psicanálise. Em que pese nossa problematização teórica: por qual razão a terapia assistida por animais não é tão utilizada no setting terapêutico da psicanálise?

Em busca de responder tal problemática, empregaremos a abordagem qualitativa para analisar a revisão literária, o emprego de um questionário para abranger os demais estados e o método comparativo. Conclui-se que a TAA é recente e o uso na clínica psicanalítica é exequível e realizável, todavia existe uma gama de pessoas que desconhecem a essência dessa metodologia terapêutica, contudo estão abertos a se submeterem a experiência.

Palavras-Chaves: Psicanálise; Terapia Assistida por cães; ansiedade; Terapia Assistida por Animais.

Introdução: sobre a Terapia Assistida por Animais

O cão doméstico e a Terapia Assistida por Animais

O cão é um animal que começou desde muitos anos atrás a compartilhar seus atributos e o próprio convívio com o ser humano. Estudos como “Etologia del lobo y del perro: análisis e interpretación de su conducta” (2008), de David Nieto Maceín, falam sobre a variedade de comportamentos dos cães domésticos com os lobos. Porque estudar sobre o cão doméstico, é necessariamente entender seus ancestrais que eram os cães selvagens (p.20).

Segundo Maceín (2008), os antepassados dos cães surgiram na América do Norte, depois eles chegariam ao velho mundo, Europa e na Asia. Acredita-se que o Eucyon apareceu tem uns seis milhões de anos, este seria a espécie responsável que daria origem aos cães atuais. O Eucyon iria evoluir como canis lupus, o lobo, para depois continuar evoluindo para outras espécies e subespécies (p.21-22). Ainda com o autor, durante milhares de anos, os lobos e os humanos tiveram que competir por alimentos para garantir a sobrevivência de suas espécies. Nessas condições a união deles poderia garantir as possibilidades necessárias para essa sobrevivência.

Por outro lado, aqueles lobos solitários que não fizeram essa união, estavam fadados a serem extintos por predadores maiores e mais fortes do que eles. Graças a união do ser humano com o lobo, garantiram uma excelente estrutura organizacional e uma aliança. O homem aproveitará a capacidade do lobo para a caçada, enquanto o lobo teria também parte dessa caçada, ambiente seguro em troca. (MACEÍN, 2008, p.41-43).

A domesticação dos lobos

Para contribuir com o que está sendo abordado, o artigo Benefícios da terapia assistida por animais (2021) menciona que tudo começa com a domesticação dos lobos na antiguidade e a aproximação com o homem, ou seja, eles passaram a dormir com o cachorro e davam-lhe o resto de comida (p.3). Percebendo esse laço entre cães e homens, não iria passar despercebido o uso desse animal no setting terapêutico.

O pai da psicanálise, Sigmund Freud, possuía um chow chow, chamado Jofi, no qual relatou em seus diários que o felpudo cachorro funcionava como um “termômetro de emoções”. Jofi se afastava de pacientes ansiosos e interagia com os mais amigáveis, além de ficar agitado quando dava os cinquenta minutos da análise (VAIANO, 2018, online).

De igual modo, William Tuke “utilizou intuitivamente a terapia assistida por animais (TAA) em pacientes com doenças mentais no ano de 1792. Sendo tratada pela primeira vez como terapia médica no século 18”. (SILVA et all, 2021, p.2) Ou seja, a terapia assistida por animais ou cães tem um uso antigo.

Animais no ambiente hospitalar

Nesse intuito, a pesquisa justifica-se pela percepção de que os estudos voltados para esse tema de análise com o uso de cães focavam nos seus benefícios; intervenção dos animais em ambiente hospitalar; análises com crianças autistas, idosos, pessoas com transtorno de ansiedade, depressão ou hipertensão. (2018, LIMA, et all; 2021, SILVA, et all). Sendo visto que esse estudo contribuirá para o campo da psicologia e do uso de cães como apoio emocional. Para além disso, a pesquisa visa tornar a terapia assistida por animais mais conhecida e complementar os estudos já propostos por autores anteriores, com intuito de preencher o déficit na literatura.

Para tanto, o objetivo geral deste trabalho é estudar a terapia assistida por animais voltada na psicanálise no caso da condução de transtornos de ansiedade nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Norte. E com isso, o objetivo específico: (a) estudar o uso da terapia assistida por cães na psicanálise em pacientes com transtorno de ansiedade no estado de São Paulo e do Rio Grande do Norte.

Isso nos fez observar a seguinte problemática: por qual razão a terapia assistida por animais não é tão utilizada no setting terapêutico da psicanálise? Para auxiliar a responder a problemática contaremos com duas frontes: o aporte teórico e os métodos científicos. Quando nos referimos ao aporte teórico, trata-se dos autores que auxiliaram esta jornada.

Freud e Terapia Assistida por Animais

Os ensinamentos de Sigmund Freud, importante para a gênese da psicanálise, será responsável por nos explicar o surgimento da psicanálise, bem como poderemos compreender o transtorno da ansiedade. A doutora Karina Schutz, cuja área de concentração é a Intervenção Assistida por Animais (IAA). Sua área de atuação e experiência em clínica estão voltados para o uso de animais e transtornos de ansiedade. E também o uso de autores transversais para o desenvolvimento da pesquisa e seu conhecimento sobre a psicanálise e a terapia assistida por animais.

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    Enquanto a metodologia trata de um estudo com abordagem qualitativa, pois pretende analisar o uso da psicanálise na terapia assistida por animais nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Norte. Como nosso primeiro passo será contextualizado uma revisão de literatura nos últimos cinco anos. Essa investigação se deu através de consultas de sítios dos repositórios acadêmicos da universidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do repositório da Universidade de São Paulo, por serem os estados escolhidos para aplicar a pesquisa, bem como SciELO, CAPES, Pepsic.

    Os presentes estados do Rio Grande do Norte e de São Paulo, foram escolhidos por meio de suas características. O Rio Grande do Norte possui uma cultura diferente, primeiro pelo fato da sua região nordeste ser diferenciada da região sudeste. A cultura e preocupação com o bem-estar animal no Rio Grande do Norte também é diferente da de São Paulo. Outro ponto é o contexto populacional, pelo estado da região sudeste ser maior geograficamente, em comparação ao da região nordeste.

    A Terapia Assistida por Animais no Brasil

    Foi feito um questionário de pesquisa de conhecimento com a ferramenta dos formulários do G-mail para compreender quem conhece ou já fez terapia assistida. Esses serão nossos principais passos para obtenção da resposta para a problemática proposta.

    Quanto a isso, concluímos que a Terapia Assistida por Animais, ainda precisa ser mais investigada e aprofundada, principalmente aqui no Brasil. O material e o acesso de estudos para o preparo de profissionais ainda têm um número limitado.

    Caracterizando que não é tão utilizado pelo desconhecimento ainda desse emprego, embora as pessoas sejam curiosas e dispostas acerca do assunto, ainda precisam conhecer mais sobre o TAA, bem como o maior número de profissionais no Rio Grande do Norte, cujo número é diferente em outras regiões como no Sul e Sudeste do Brasil.

    Revisão da Literatura sobre Terapia Assistida por Animais

    Em 2012 dados apontavam que o Brasil, possui a quarta população de pets no mundo, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Ocorrendo uma mudança na colocação para o terceiro lugar com mais pets (LIMA, 2022, online).

    O que sugere que os gastos financeiros para proporcionar o bem-estar físico e mental são significantes, pois ocorreu o aumento do número de profissionais de saúde, educadores e outros trabalhadores sociais, juntamente com o despertar do interesse pela Intervenção Assistida por Animais (IAA) no meio acadêmico e científico. Demonstrando um deslocar da experiência particular e voluntária para o público e com estudos rigorosos e delineados (CHELINI, OTTA, 2016).

    O uso da terapia assistida por animais, chamada a partir de agora por TAA tem uma utilização antiga, William Tuke utilizou para tratar pacientes com doenças mentais em 1792. Mas só foi relatado como uma terapia médica no século XVIII como forma de melhorar a postura, coordenação e equilíbrio com pacientes doentes das articulações (SILVA, SIQUEIRA, GONÇALVES, 2021, online). Por outro lado, também há relatos que o primeiro artigo científico registrado sobre o assunto foi em 1962 por Boris Levinson utilizando seu próprio cão na terapia com crianças.

    A ajuda de um cão

    Sendo considerado o pai da TAA, em seu trabalho relata atendimentos psicológicos com a ajuda de um cão e seus resultados benéficos na melhoria do tratamento (PALOSKI, SCHUTZ, GOZATTI et all, 2018; ALEGRETTI, MAGALHÃES, FIGUEIREDO, 2021, online; CHELINI, OTTA, 2016). Esse procedimento teve continuação ao que Samuel e Elisabeth Corson, chamaram de pet therapy.

    Outras nomenclaturas relacionam com a ideia da terapia assistida por animais. Percebendo que o nicho padrão é o termo intervenção assistida por animais (IAA), subdividindo em:

    – Terapia Assistida por Animais (TAA),

    – Atividade Assistida por Animais (AAA) e

    – Educação Assistida por Animais (EAA).

    Nosso objeto de pesquisa concentra-se na TAA, dessa forma descreveremos rapidamente as características de cada classificação. Com o AAA, o objetivo é melhorar a qualidade de vida do assistido, sem a supervisão de um profissional de saúde. Já a EAA, é um recurso pedagógico, no qual o animal é uma parte importante para o processo de ensino e aprendizagem.

    O TAA

    Enquanto o TAA, o animal é integrante no processo terapêutico, supervisionado por um profissional, sendo avaliados e registrados (ALEGRETTI, MAGALHÃES, FIGUEIREDO, 2021, online).

    Esse tipo de terapia – TAA – consiste em três fatores cruciais:

    (a) um profissional;

    (b) o animal que será responsável por ser essa ferramenta ou mediador da terapia e por fim

    (c) o paciente ou pacientes.

    O animal entendido como um “co-terapeuta” pode ser cães, gatos, aves, cavalos, animais marinhos e até mesmo répteis. Todavia, os animais frequentemente utilizados na TAA é o cão (ALEGRETTI, MAGALHÃES, FIGUEIREDO, 2021, online). Os estudos encontrados relatam os benefícios e melhorias, segundo o uso de TAA.

    Ela serve como agente auxiliador dos profissionais da saúde, revelando efeitos positivos em tratamentos como Alzheimer; autismo, transtorno do espectro autista, ansiedade, depressão (SOUSA, 2019, p. 18-19; LIMA, KRUG, BENDER, 2018, p. 92) e até melhorias em caso de gagueira (ICHITANI, FACCIN, COSTA et all, 2021).

    A equoterapia

    Projetos como a equoterapia, uma terapia assistida por cavalo é bastante utilizada para o vínculo afetivo de crianças autistas. Como por exemplo o artigo “Vínculo afetivo de crianças autistas na equoterapia: uma contribuição de Winnicott” (2018), estudo que falava da utilização da equoterapia como facilitador, em busca de reabilitar crianças com o transtorno do espectro autista (TEA).

    O setting da equoterapia, traz experiências com o animal, proporcionando experiências de cuidado que remetem ao desenvolvimento da infância e esses momentos são primordiais para o terapeuta encontrar um possível avanço (SILVA, LIMA, SALLES, 2018, p. online). Outro exemplo foi o programa de terapia mediada por animais desenvolvido pelo grupo de pacientes do centro de atenção psicossocial da infância e adolescência (CAPSi). Sendo entendido que foi um projeto pioneiro no país ao propor e implantar o projeto de terapia mediada por animais (TMA) (TEIXEIRA, 2015, p. 76).

    Um dos fatos curiosos são alguns cachorros que mudaram a história da ciência, como por exemplo o Jofi, o cachorro da raça chow chow do Sigmund Freud. Freud gostava muito dos animais, levando um dos seus cães para as sessões de psicanálise. O chow chow, levantava-se para avisar aos pacientes quando o tempo de suas sessões terminam. Além disso, Jofi se levantava para falar com os analisandos depressivos e se afastava dos que chegavam agitados (O TEMPO, 2015, online; VAIANO, 2018, online).

    Freud e os amimais

    Partindo dessa relação desenvolvida entre TAA e a própria psicanálise que resolvemos pesquisar sobre o assunto de forma qualitativa. Com isso, dentre os materiais selecionados, se tem artigos científicos, dissertações, teses e alguns livros. Para isso, a base de dados foram: “periódicos eletrônicos em psicologia” (Pepsic); Scientific Eletronic Library Online Brasil (SciELO); Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Repositório da biblioteca da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

    Nesse canal filtramos os seguintes descritores: “terapia”, “psicanalise”, “animais”. Também estendemos para “terapia assistida por animais”, cujo resultado encontrado foram de três artigos na Pepsic. .Esses artigos são dos anos de 2016 e 2018. Nosso critério de seleção eram examinar artigos entre os anos de 2018 a 2023 com acesso livre, cujo objeto de pesquisa mencione a terapia assistida por animais.

    O primeiro dos três artigos já citado foi: “Vínculo afetivo de crianças autistas na equoterapia: uma contribuição de Winnicott” (2018) já descrito, enquanto o próximo é “efeitos da terapia assistida por animais na qualidade de vida de idosos: uma revisão sistemática” (2018). O artigo foi escrito e corroborado pela psicóloga Karina Laux Schutz, que tinha um projeto chamado de Pet Terapeuta: bicho ajudando gente. Nesse estudo, o objetivo era investigar os efeitos da Terapia Assistida por Animais (TAA) na qualidade de vida em idosos.

    Averiguação do TAA

    Enquanto o terceiro da lista é intitulado “Os projetos de terapia assistida por animais no estado de São Paulo” (2016) este artigo visava identificar projetos que trabalhavam com TAA no estado de São Paulo. Foram identificados 29 projetos na época que atendia todas as faixas etárias, utilizando com frequência cães da raça Golden Retriever como coterapeuta (SANTOS, SILVA, 2016, online).

    O próximo canal a ser averiguado é o repositório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, utilizamos os mesmos métodos de antes, com as palavras-chaves e considerando os últimos cinco anos. Os resultados no geral foram de 192, mas dos últimos cinco anos foram um pouco mais de cinquenta pesquisas. Desses mais de cinquenta resultados fez-se necessário um critério de inclusão e exclusão. Um ponto para incluir as linhas investigativas seria o fator “animal”.

    Os estudos encontrados no repositório da UFRN falavam sobre o transtorno do espectro autista, envolvendo relatos de experiências, comportamento durante a pandemia no covid-19; dentro do raio de pesquisas desenvolvidas entre 2018 e 2023 houveram temas como:

    – emergências das relações de corpos;

    – pesquisa em saúde coletiva;

    – alguns temas falando sobre cuidados psicossocial;

    – educação e trabalho;

    – envelhecimento dentre outros tantos temas que não condiziam com o estudo.

    Devido a essas eliminações chegou-se a dois estudos “Cães terapeutas: um doc sobre a afetividade como ferramenta de superação” (2021) e “A terapia do afeto: uma proposta de anteprojeto para centro de reabilitação infantil utilizando terapia assistida por animais” (2019) ambos são propostas de monografia.

    Resultados obtidos

    Por sua vez, na SciELO, utilizando descritores: “terapia”, “psicanalise”, “animais” e nenhum resultado foi encontrado. Todavia, quando usamos “terapia assistida por animais”, dezoito resultados apareceram. Um deles articula sobre um estudo comparativo entre a fisioterapia com brinquedos e a terapia assistida por cães no desenvolvimento neuromotor de lactantes de quatro meses de idade com e sem alterações.

    Sendo concluído que a TAA pode ser um método bastante eficaz para auxílio convencional de lactantes com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Demonstrando outra forma alternativa que a TAA pode atuar (PRADO, PINHEIRO, 2022, online). Além desse resultado, o estudo de caso dos efeitos do cão na expressão do sujeito que gagueja também obteve resultados promissores no artigo “efeitos da presença do cão na expressão de conteúdo psíquicos de um sujeito que gagueja: estudo de caso” (2021) (ICHITANI, FACCIN, COSTA, et all. 2021, online).

    Os dezoito resultados encontrados na SciELO, cinco deles não tratava especificamente da terapia assistida por animais, cuja data de publicação foi entre 2005-2022. Realizada a leitura, os presentes trabalhos foram distribuídos em aqueles que utilizaram método de análise de caso, revisão de literatura – sendo os que mais são encontrados –, observação nas mais distintas situações. (SCIELO, 2023, online). Com efeito, também analisamos os repositórios da USP e da PUC-SP.

    Desenvolvimento humano e Terapia Assistida por Animais

    Quanto ao primeiro, os dados são reduzidos, quatro pesquisas de dissertações, entre os anos de 2006 e 2016 na área da psicologia experimental e do desenvolvimento humano. Esses estudos estão vinculados a compreender crianças e adolescentes com o uso do TAA com jovens com síndrome de down e do espectro autista (USP, 2023, online). Enquanto, os resultados da PUC-SP são mais substanciais. Com o uso de descritores: Intervenção Assistida por Animais, obtemos 1.259 resultados, enquanto usando Terapia assistida por Animais o uso cai para 568 resultados.

    Todavia, o número de pesquisas desenvolvidas sobre IAA e suas categorias como TAA e EAA são maiores, sejam como dissertações, teses e trabalho de conclusão de curso, sendo a PUC-SP o local que encontramos mais acerca do tema. Contudo, o lastro de livros acerca do tema é diversificado, principalmente, internacionalmente.

    Cientificamente falando, a TAA é reconhecida internacionalmente como já exposto, seja em países como os Estados Unidos, Canadá e na Europa, que adotam esse trabalho nos últimos cinquenta anos, enquanto o Brasil há intervenções recentes, mais de vinte anos (SOARES; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 188). A consideração sobre esse tópico é que aos poucos a literatura está se desenvolvendo, todavia, podemos verificar que há mais resultados de pesquisas científicas desenvolvidas em São Paulo do que no Rio Grande do Norte.

    Transtorno de Ansiedade segundo a Psicanálise

    Como trabalhado anteriormente, o uso da TAA gera relevantes efeitos positivos em tratamentos como autismo, ansiedade, depressão e demais doenças. Devido a isso, pensou-se em focar em um desses tratamentos, no caso o transtorno de ansiedade (TA). Para tanto, antes precisamos conceituar e explicar sobre esse transtorno. O TA é um estado de tensão ou apreensão a uma expectativa. O que, por vezes, quem sofre de crise de ansiedade não sabe, é que a ansiedade ela move o indivíduo para entrar em ação.

    Mas em excesso, ela acaba prejudicando e tornando-se patológico.

    Para o Ministério da Saúde, os transtornos de ansiedade são sintomas intensos mais do que o normal como:

    – preocupações, tensões ou medos exagerados (não há relaxamento);

    – sensação contínua de que um desastre ou algo ruim irá ocorrer;

    – falta de controle dos pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade (MINISTÉRIO, 2011, online).

    Assim, configura Freud que:

    (…) a ansiedade é uma reação que o sujeito tem ao se deparar com um perigo iminente e que é decorrente de um acontecimento traumático que não foi elaborado, tendo como principais sintomas fisiológicos: tremedeira, tontura, uma palpitação ou falta de ar, mas o sentimento geral que nos permite identificar a angústia pode estar ausente ou ter se tornado imperceptível (FREUD, 1916/2014, p. 530)

    Do ponto de vista da sua afirmativa, Freud apresenta o seu conceito sobre ansiedade, nesse caso, quando um ser humano sente que está em perigo, por exemplo nos períodos antigos, na hora de caçar para sobreviver, era natural e como instinto de alerta apresentar um nível de ansiedade. Contudo, torna-se patológico quando o indivíduo começa a associar que toda situação é um perigo iminente. Sair de casa, pode ser uma situação difícil para quem sofre com isso.

    O artigo Reflexões psicanalíticas sobre a ansiedade no contexto acadêmico (2021) rememora o livro de Freud o Mal-estar na civilização, que traz o sujeito na cultura, o pai da psicanálise pensou em três formas de sofrimento:

    (a) as forças da natureza;

    (b) as limitações do ser humano e

    (c) a terceira fonte de sofrimento, os vínculos humanos e as relações.

    O mal-estar

    Esse constante mal-estar resultado das abdicações das satisfações das próprias pulsões, resulta em ansiedade, angústias, adoecimento, decorrente da insatisfação e queixas. O que está presente nas instituições de ensino superior, profissionais. Freud pontua que a satisfação plena é algo inalcançável. (FREUD, 2009, p. 22;25).

    O artigo citado no parágrafo anterior concebe a ansiedade como um sintoma social contemporâneo, algo que de mesmo modo também consideraremos. O Classificação Internacional de Doenças (CID) traz o CID F41 que seria o código para “outros transtornos ansiosos”, segundo o CID é caracterizado por crises de ansiedade que não são provocadas por uma situação específica.

    Dentro do CID F41 existem subcategorias (MORSCH, 2022, online):

    • CID F41.0: Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica)

    • CID F41.1: Ansiedade generalizada

    • CID F41.2: Transtorno misto ansioso e depressivo

    • CID F41.3: Outros transtornos ansiosos mistos

    • CID F41.8: Outros transtornos ansiosos especificados

    • CID F41.9: Transtorno ansioso não especificado. (MORSCH, 2022, online)

    Essas subcategorias mostram as diversas formas que podem ser introduzidas, enquanto o que estamos lidando seria um transtorno de ansiedade comum. Assim, como exposto, os sintomas psicológicos ocasionados pela ansiedade: angústia, irritabilidade, maus pressentimentos, insônia, apetite desregulado, inquietação constante, pensamentos catastróficos, falta de controle emocional.

    A Terapia Assistida por Animais e seus benefícios

    E quanto aos sintomas físicos associados temos: taquicardia, sudorese, falta de ar, boca seca, formigamento, náusea, tremores, tontura, urgência para ir ao banheiro (VIDA V, 2023, online). Pensando nisso, o estudo A terapia assistida por animais e seus benefícios para a saúde mental (2022) elaborou uma tabela que cita três estudos que falam sobre a ansiedade e a terapia assistida por animais, sendo:

    (a) Animais que curam: a terapia assistida por animais (2017) que informa nos seus resultados que a TAA promove saúde física e ajuda a diminuir a depressão e a ansiedade.

    (b) Os benefícios apresentados na utilização da terapia assistida por animais: revisão de literatura (Revista saúde e desenvolvimento, 2018). O artigo também aponta os mesmos resultados que o anterior, a diminuição da ansiedade, melhora na interação social, motivação em atividades físicas e melhora na postura educativa.

    (c) Transtorno de Ansiedade Social (TAS) ou fobia social: contribuições da Terapia Assistida por Animais (2019), no qual buscou avaliar os benefícios do convívio com os animais na saúde física, orgânica e psicológica dos seres humanos (ARAÚJO, SOUSA, AMORIM, et all, 2022, p. 4).

    A relação da Terapia Assistida por Animais e a Psicanálise

    Vimos na sessão anterior sobre o Transtorno da Ansiedade (TA) e que há casos que trabalham a TAA para lidar com esses casos. Assim, podemos perceber, a Terapia Assistida por Animais, pode ser desenvolvida por diversas espécimes de animais e diversos tipos de transtornos.

    Como já supracitado, a TAA, é uma forma ou método de terapia que utiliza um animal como mediador do processo, ou seja, um terapeuta, o paciente e o cão terapeuta. As sessões podem ser em grupos, mas acompanhadas individualmente. Também podem ser individuais (SOARES; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 66).

    Exposto o conceito de TAA, um dos animais, continuamente usado, são os cães. Isso se deve pela obediência, compreensão, estando conosco há muito tempo e participando de inúmeras atividades. Nesse caso, não pretende-se falar de TAA de forma genérica, mas a com uso dos cães, também conhecido como cinoterapia (SOARES,; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 116-117). Embora qualquer cão, independente da raça e porte possam ser elegíveis para ser um cão de terapia, eles devem passar por um treinamento e testes para se prepararem.

    A socialização

    Os cães devem ser muito bem socializados, essa fase chamada de socialização é apresentar tudo o que puder para o cãozinho. Estando o filhote apto para novas experiências, apresentando para pessoas de distintas idades, sexos, com chapéu, toca, óculos e demais objetivos. Tudo controlado para não ocorrer traumas ao cão (ROSSI, 2012, p.50; SOARES,; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 127).

    Para além disso, é recomendável que o cão de terapia tenha recebido os ensinamentos de adestramento básico. Os comandos básicos seriam entendidos como: senta, vem, deita, fica, junto, busca, não. Estes devendo ser executados em diferentes momentos e ambientes. Após aprender em casa, fazer uso da generalização, ou seja, em ambientes distintos. Além disso, os cães precisam ter um grande foco no condutor durante toda a visita.

    Ademais, treinos de dessensibilidade ao toque por crianças, adultos e idosos, sejam com crianças que falem alto ou movimentos bruscos (ROSSI, 2012, p. 106; SOARES,; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p.128). O teste para saber se o cão é apto para TAA seria alguns desses:

    – Sentar educadamente para acariciar;

    – Aparência;

    – Andando em uma guia frouxa;

    – Caminhando através de uma multidão;

    – Sente-se e deite-se no comando;

    – Vindo quando chamado;

    – Reação a outro cão;

    – Reação à distração;

    – Separação supervisionada” (SOARES; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 134).

    Essas são algumas análises que devem ser consideradas para um cão terapeuta.

    Organizadores da obra

    Os organizadores da obra Terapia Assistida por Animais: teoria e prática (2018) apontam algumas raças mais comuns usadas como: os Sem raça definida (SRD), bernese mountain dog, Terrier Tibetano, Border Collie, Boston Terrie, Labrador, Pastor Alemão, Grayhound, Beagle, São Bernardo, Golden retriever dentre outros. Devendo ser avaliados por profissionais da área da veterinária e da psicologia comportamental (p.137; 346).

    A título de exemplo, o Instituto Cão Terapeuta promove curso de introdução à Intervenção Assistida por Animais, caminhando na sexta edição. O Instituto realiza essas intervenções desde 2010 e desde 2018 promove o curso. No qual seu público alvo são todos os tipos de profissionais, voluntários e pessoas interessadas.

    O conteúdo programático conta com: introdução a IAA; o perfil e seleção do cão coterapeuta; sinais apaziguadores e manejo em cães coterapeutas; o médico veterinário e a IAA; projetos, Legislação e regulamentação das IAA no Brasil; explica sobre a Terapia Assistida por Animais; as pesquisas em IAA; Educação assistida por Animais; Introdução a Equoterapia; como cães e pessoas se comunicam; emoções no dia a dia dos cães; psicofisiologia da interação homem-animal; estresse em animais coterapeutas; vínculo humano-animal: bases para a IAA; Cão de intervenção no contexto clínico: participação, função e planejamento e por fim, a prática e projetos desenvolvidos com IAA (CAOTERAPEUTA, 2023).

    Instituto Cão Terapeuta

    Percebemos que a proposta do Instituto Cão Terapeuta é completa, explicando desde a introdução, passando para a seleção dos cães, explicação a proposta do IAA e suas categorias e regulamentações legislativas e projetos. Como falado anteriormente, a Terapia Assistida por Cães (TAC) ou Cinoterapia (cães terapeutas) são meio utilizados na TAA, visto que o convívio homem-animal beneficia o ser humano, além de ser antigo.

    Os cães vêm desempenhando diversos tipos de atividades e são classificados de acordo com sua atividade, exemplo: cão de serviço, cão guia, cão de alerta, cão de resgate, cão para deficientes auditivos, cão farejador, cão de assistência. Nesse aspecto o TAA possui algumas indicações, contra indicações e benefícios que será exposto. Quadro 1: Terapia Assistida por Animais (TAA) e suas indicações.

    Indicações: A TAA é indicada para crianças com atraso de desenvolvimento; idosos; autistas; pessoas com depressão; Parkinson; com déficit de atenção, ansiedade dentre outros sintomas. Contra indicações: Enquanto é contra indicado para pessoas que possuem medo de animais ou possuem algum tipo de alergia a pelos; pacientes que podem ter sua condição de saúde agravada por causa do animal.

    Benefícios

    Quanto aos benefícios, podemos ver a melhora nas crises depressivas, ansiolíticas; normalização da pressão arterial; diminuição do estresse; da solidão, melhora no vínculo afetivo e também na autoestima. Fonte: Elaborado pelo autor com base no livro TAA (SOARES, PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 449). Desse modo, o quadro acima, demonstra de forma resumida para quem a TAA é recomendada, quais seriam as não recomendadas e sobretudo seus benefícios.

    Devendo deixar claro que esse quadro não simboliza ou resume em sua integridade os incontáveis benefícios que a TAA sugere, visto que os inúmeros trabalhos e pesquisas lidos trazem constantemente as benesses desse tratamento. Por sua vez, em que pesa a área da psicanálise e essa relação. A Doutora Nise da Silveira, médica psiquiátrica, além de psicanalista e terapeuta ocupacional no Rio de Janeiro na década de cinquenta.

    Estando conhecida por seu pioneirismo nos registros do uso da TAA utilizou cães e gatos em seus atendimentos com doentes mentais. A doutora Silveira cunhou o conceito de Afeto Catalisador (SOARES,; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 214; 443-444). Dessa relação homem-animal no espaço terapeuta, examina-se o aspecto da projeção, seja do analisando quanto do analisado, respaldado por seu fenômeno do inconsciente (CARVALHO, 2022, p. 9).

    Exemplo de Terapia Assistida por Animais

    Como exemplo, na cidade do Rio de Janeiro, o projeto desenvolvido pela Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer (APAZ), realiza sessões terapêuticas com duas calopsitas e dois cães da raça Collie, na qual a raça não foi escolhida aleatoriamente, mas como identificação do filme norte-americano “Lessie”, cuja personagem da década de 80 faz com que os analisandos desperte memórias do inconsciente no período da infância (TEIXEIRA, 2015, p. 66).

    Corroborando com o entendimento de Whitmont sobre o espaço da terapia deve promover o confronto do consciente com o inconsciente (CARVALHO, 2022, p. 9). Um outro exemplo do trabalho com Cinoterapia é o Projeto Alice, feito no estado do Rio de Janeiro, sua fundadora é Emi Parente, que desenvolveu o projeto junto da equipe de neuropsicologia da escola bilíngue canadense Maple Bear Barra.

    Ela é a tutora de dois cães, Alice, border collie blue merle, de sete meses e o spitz alemão caramelo Albert de dois anos (INACIO, 2023, online). O projeto Alice promove a terapia para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), síndrome de Down, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), dislexia e depressão. Saberemos um pouco mais na próxima sessão, pois a tutora do Albert e da Alice concedeu uma entrevista (INACIO, 2023, online.).

    Dados do questionário

    A próxima sessão será trabalhado sobre os dados encontrados por meio de um questionário do Google formulário enviado online.

    OS DADOS SOBRE A TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS NO RIO GRANDE DO NORTE E EM SÃO PAULO.

    Esse tópico utilizamos um questionário para a obtenção de dados perante ao conhecimento das pessoas sobre a Terapia Assistida por Animais nos Estados do Rio Grande do Norte (RN) e de São Paulo (SP). Ambos pertencem a regiões diferentes e são estruturalmente distintos e geograficamente também.

    O RN conta com uma população inferior a de São Paulo, com 3.560.903 milhões de pessoas (BRASIL, 2023, online), enquanto SP carrega uma população estimada de 46.649.132 habitantes. Um número que supera de forma colossal ao do estado nordestino.

    Amostras da Terapia Assistida por Animais

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015 levantou uma pesquisa sobre os dez Estados que mais gostam de animais, São Paulo saía em primeiro lugar seguido pelo Paraná e o Rio Grande do Sul. O RN, não fazia parte das amostras e não chegou no top dez (DESIDÉRIO, 2015, online).

    Também vale ressaltar que o censo pet informa que em 2018 a região sudeste concentra quase 50% dos animais de estimação no Brasil, em seguida está o Nordeste com 21,4%; depois Sul 17,6%; Centro-Oeste com 7,2% e Norte com 6,3%. Em si, um quarto dos pets estão em São Paulo. Isso justificaria as escolhas entre os Estados.

    Como dito, anteriormente, utilizamos para a coleta de dados o questionário, Marconi e Lakatos (2003) apontam uma série de vantagens quanto a esse instrumento de pesquisa, como a economia de tempo, atingir um maior número de pessoas simultaneamente; abrange área geográfica, o que facilita a comparação entre os Estados do RN e SP. Todavia, também há desvantagens como percentagem pequena dos questionários que voltam; devolução tardia que prejudica o calendário; uma questão pode influenciar na outra e outros (MARCONI, 2003,p. 201).

    Aspectos da pesquisa

    Assim, no dia 06 de fevereiro de 2023 foi criado um questionário com dezessete perguntas em duas partes, a primeira voltada para os dados pessoais e a segunda, da Terapia Assistida por Animais. As perguntas e as categorias foram justificadas da seguinte forma: os dados pessoais, localidade, idade, grau de instrução e profissão. Essas perguntas foram feitas para termos noção de como a informação é ventilada e perpassada quanto as áreas e o grau de instrução.

    Nesse aspecto as perguntas da primeira etapa se distribuem assim:

    Nome

    Contato

    Idade

    Estado

    Gênero

    Grau de instrução

    Área de atuação

    (Fonte: elabora pela autora inspirada na obra fundamentos da metodologia cientifica; 2003, p. 203-209).

    A Terapia Assistida por Animais e perguntas da pesquisa

    O intuito de perguntas voltada mais para a pessoa foi saber em qual faixa etária é mais conhecido essa informação, bem como suas regiões, se há a participação maior de mulheres ou homens. Bem como a instrução desses candidatos, em qual área e instrução a TAA e a própria psicanalise são conhecidas.

    Em continuidade, a segunda fase do nosso questionário tem um teor mais objetivo da terapia, são elas:

    – Você já fez algum tipo de terapia?

    – Qual foi a abordagem?

    – Por que fez terapia?

    – Você sabe o que é terapia assistida por cães?

    – Já fez algum tipo de terapia assistida por cães?

    – Se sim, como foi a experiência?

    – Se não, tem curiosidade de fazer?

    – Já fez uma sessão com um psicanalista?

    – Conhece alguém que já fez terapia assistida por cães?

    – Você conhece alguma instituição, clinica ou departamento que trabalhem com terapia assistida por animais na sua cidade?

    (Fonte: elaborado pela autora inspirada na obra fundamentos da metodologia cientifica; 2003, p. 203-209).

    O objetivo do questionário

    No que diz respeito a segunda etapa do questionário é mais diretivo, buscando compreender quem já fez terapia, se sabem da existência de terapia assistida por animais ou tem algum conhecimento de saber do que se trata. O objetivo central desse questionário é compreender o nível de informação que as pessoas possuem sobre o TAA. O número de retorno do questionário, foi de 59 respostas, entre a faixa etária foi das mais diversas entre 19 à 58 anos, contendo o maior número de respondentes dos 27, 29 e 45 anos.

    Por conseguinte, os Estados que obtivemos retorno foram os seguintes: São Paulo com (11), Rio Grande do Norte (15). Embora tivemos retorno de outras áreas que gostaríamos de compartilhar:, Paraíba (6); Minas Gerais (5); Bahia (4), Rio de Janeiro (3), Rio Grande do Sul (3); Goiás (2), Pernambuco (1), Paraná (1), enquanto confusões sobre o estado foram de quatro resultados, dos quais três colocaram “solteiro” e uma com “casado”.

    Fazendo pensar que a pergunta dizia respeito ao “estado civil”, o que de fato não era o correspondente. Em continuidade, o número de mulheres respondendo foram de 49, o que totalizava 83,1% da pesquisa contra 15,3% dos homens e apenas 1,7% que preferiu não dizer seu gênero. Mas conseguimos perceber que a participação foi maior no contexto feminino. Também percebemos que grande parte do nosso público continha pós-graduação completa, enquanto a segunda parte empatava com os que tinham ensino superior incompleto com o completo.

    Respostas do questionário

    Poucas pessoas eram de ensino médio completo. Em referência a área de atuação que responderam, a liderança foi da área de Medicina veterinária, seguido por psicólogos e adestradores de animais. Embora obtivemos as mais variadas áreas profissionalizantes.

    Das 59 repostas, 38 responderam que já fizeram algum tipo de terapia, enquanto 21 responderam que não fizeram. Em que pesa a abordagem, 25 pessoas responderam que não sabiam sobre a abordagem que faziam sua terapia, enquanto 15 responderam que faziam terapias com abordagem psicanalista, oito responderam utilizar a abordagem cognitivo comportamental.

    Os que fizeram terapia, seus motivos são dos mais variados desde: Ansiedade; Depressão; Autoconhecimento; Burnout; Necessidades pessoais e até mesmo por gostar dessa prática. Quando entendemos sobre a abordagem e quem se submeteu a terapia, passamos para a etapa de quantas pessoas conhecem a TAA, o resultado é acirrado, pois trinta e duas pessoas responderam que não conhecem a terapia, contra 27 responderam que conheciam.

    Outros resultados

    Por conseguinte, o número de pessoas que submeteu a prática do TAA foi apenas de dois resultados, contra 57 que nunca fizeram. As duas pessoas que responderam positivamente, alegaram que as pessoas se sente acolhida, e que os próprios cães acompanhavam em uma visita profissional. Embora, muitas pessoas respondessem que não haviam feito TAA, o número de curiosos eram de 44, totalizando a maior parte das pessoas, enquanto apenas 10 responderam que não tinham vontade ou curiosidade e outros estavam na dúvida de entre fazer ou não, solicitando mais informações a respeito da TAA.

    Quanto a parte final do questionário, quase não se conhece quem já fez TAA e não se sabe muito das instituições que existem no território de cada candidato. Por outro lado, o envio de um segundo questionário voltado para os profissionais de TAA foi encaminhado para essas pessoas específicas. No qual, o retorno e a participação foram baixas. Tentamos contato com veterinários do estado do RN que não participaram, em São Paulo também não. Contudo, obtemos retorno de profissionais atuantes no estado do Rio de Janeiro já supracitado o seu projeto e no Paraná.

    O questionário para os profissionais continha as seguintes perguntas:

    – Por que resolveu ser um profissional de Terapia assistida por animal?

    – Quanto tempo atua na área de Terapia Assistida por Animal?

    – Quais os requisitos para um cão fazer parte da Terapia Assistida por Animal?

    – Qual o tempo e período de cada sessão de Terapia Assistida por Animal?

    – Qual sua opinião acerca de quem sabe sobre a Terapia Assistida por Animal?

    – Se você acha que as pessoas ainda não conhecem Terapia Assistida por Animal, qual a razão atrelada?

    – Quais os principais obstáculos encontrados pelos profissionais de Terapia Assistida por Animal atualmente?

    – Na sua opinião, o que falta para tornar uma área ainda mais conhecida?

    (Fonte: elabora pela autora inspirada na obra fundamentos da metodologia cientifica; 2003, p. 203-209). As perguntas arroladas acima possuem o objetivo de compreender um pouco mais dessa atividade que envolve paciência, comprometimento e muito carinho pelo que se faz.

    A Terapia Assistida por Animais e as sessões

    Nossa interlocutória será denominada por F. e respondeu nosso questionário informando que percebeu que através da experiência pessoal o quanto um animal de estimação pode contribuir para o desenvolvimento psicológico/afetivo. Em relação ao tempo que trabalha com sessões com TAA, acerca de seis meses e que cada sessão costuma durar em média cinquenta minutos. Quando foi questionada sobre a opinião de quem sabe sobre a TAA, disse que é um ramo que ainda está em crescimento e poucos conhecem esse trabalho.

    Acredita que uma das dificuldades é encontrar profissionais que utilizem esse método. Sobre dos obstáculos enfrentados pela TAA que ela encontrou, informa que até o momento não se deparou com nenhuma até o presente momento de sua atuação. Quanto à ideia do que falta para tornar a área mais conhecida seria o difundir os benefícios desta terapia.

    Para além dessa entrevista, como foi registrado anteriormente, tivemos a participação do Projeto Alice como já supracitado anteriormente. Antes de irmos para a entrevista, devemos entender a natureza do projeto Alice, conhecido por “Projeto Alice: levando amor ao próximo; Uma comunicação sem barreiras”.

    O projeto Alice

    A Alice, é uma border Collie, como já exposto, que está sendo adestrada para se tornar um cão de serviço e apoio emocional, enquanto também atua como um animal de Terapia Assistida para trabalhar com crianças do espectro de autismo, déficit de atenção, crise de ansiedade ou qualquer outro apoio emocional psicológico focado em crianças. Conhecendo sobre o projeto, caminha-se para a entrevista. Para o nascimento do projeto, a tutora conta que esperou cinco anos para que a Alice (o cão terapeuta) chegasse, pois foi feita uma escolha minuciosa desde a raça, canil e toda a equipe de adestramento necessário para a desenvoltura do projeto.

    Em relação ao nosso questionário, foi respondido que devido a observação nas crianças com dificuldade e sua interação com os adultos (professores, auxiliares e etc), foi pensado em como seria mais tranquilo e fácil com a intervenção de um cão. O Projeto Alice começou em novembro do ano de 2022, e antes disso foi feito muita pesquisa. Por ser algo ainda muito novo no Brasil, contou a interlocutora que muito da sua especialização foi feita fora, nos Estados Unidos.

    Alguns fatos importantes que ela considera é, é a necessidade de um curso preparatório para o tutor, a escolha do filhote, pois como já listamos e falamos as suas características e requisitos. A preparação para esse cãozinho tornar-se apto, bem como uma certificação nacional e internacional. Além de ter um adestramento básico para o cãozinho. Os cães de Terapia Assistida por Animal, não são cães de serviço como esclarece nossa interlocutora e para isso eles não podem ficar com uma carga horária longa demais, sendo o ideal 2 horas e com um espaçamento entre os encontros.

    Considerações finais: sobre a Terapia Assistida por Animais

    Como foi observado, falou-se de forma compactada as pesquisas desenvolvidas atualmente sobre a Terapia Assistida por Animais no campo acadêmico de algumas regiões. Por conseguinte, abordou-se o transtorno de ansiedade na psicanalise, informando suas características até a próxima sessão da relação da terapia assistida por animais.

    Nessa sessão, como pode ser visto, tratou-se de algo mais especifico e detalhado sobre as recomendações e características. Foi falado as indicações, as contras indicações e os benefícios do método da TAA e por fim os dados sobre a TAA, no qual é mencionado os resultados coletados com a implementação do formulário compartilhado online. Esses resultados permitiram responder a problemática que era: Por qual razão a Terapia Assistida por Animais não é tão utilizada no setting terapêutico da psicanálise?

    Para responder essa pergunta foi utilizado algumas metodologias essenciais, entre elas a revisão literária nos forneceu informações das últimas pesquisas que foram desenvolvidas e os principais focos dos assuntos quando se trata da Terapia Assistida por Animais, enquanto a metodologia de um questionário online passou a abranger estados diferentes, áreas aleatórias de distintas idades e grau profissionalizante.

    O grande percurso da Terapia Assistida por Animais

    Diante disso percebemos alguns pontos, o primeiro deles é o quão ainda novo é a Terapia Assistida por Animais, mesmo que o uso seja empregado a muitos anos, ela ainda precisa percorrer um grande percurso, principalmente aqui no Brasil. Outro ponto é quanto ao material e o acesso de estudo e preparo aqui no Brasil dos profissionais dessa função. Com a entrevista que foi realizada, percebe-se que muito da profissionalização de uma das interlocutoras deu-se fora do país.

    Terceiro ponto, diz respeito a disputa acerca da ciência do que se trata a TAA e o seu desconhecimento, ganhando o desconhecimento por uma curta porcentagem, todavia ganhando o interesse acerca de estar disposto e interessado em se submeter a fazer uma sessão de TAA. Isso mostra que as pessoas estão abertas a fazerem uma sessão de TAA.

    Por conseguinte, as pesquisas desenvolvidas possuem relação com os benefícios, qualificações e características da terapia, principalmente seu uso nos meios de hospitais, instituições em grupos de apoio como crianças, idosos e demais pacientes. Artigos que utilizavam a Terapia Assistida por Animais em um nicho individual não eram encontrados tão facilmente. Isso demonstra um outro campo a ter maior aprofundamento e estudo melhor detalhado. Bem como a possibilidade da psicanalise e a TAA sendo utilizadas juntas em um mesmo ambiente.

    O setting terapêutico

    Para continuar, no Rio Grande do Norte não tivemos tanto retorno quanto gostaríamos e interlocutores anônimos que se sujeitaram, desconhecem algumas ações que ainda trabalhem com isso. Sendo assim, quando perguntamos: Por qual razão a Terapia Assistida por Animais não é tão utilizada no setting terapêutico da psicanálise?

    Se deve ainda pela novidade que é o TAA, ainda está crescendo o profissionalismo no quesito de mais locais preparatórios de fato, como no caso da nossa interlocutora que teve que buscar muitas especializações no exterior e melhorar toda a preparação.

    Diante disso, percebemos que nosso estudo pode ser sim melhor aproveitado com uma pesquisa mais longa e proveitosa no campo empírico, além do teórico. Buscando assim, uma melhor construção e cobertura de diversos cenários, como a técnica e o manejo de uma sessão de psicanalise assistida por animal. Uma melhor busca dos profissionais que trabalham com coterapia.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    SOUSA, Carolina Câmara Dias de. A terapia do afeto: uma proposta de anteprojeto para centro de reabilitação infantil utilizando terapia assistida por animais / Carolina Câmara Dias de Sousa. – Natal, RN, 2019. 176f.: il. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Luciana de Medeiros. Coorientadora: Bianca Carla Dantas de Araujo.

    SOUZA, Lirani Firmo da Costa; ALMEIDA, Rodrigo da Silva; SOARES, Vitor Manoel Souza; et all. Reflexões psicanalíticas sobre a ansiedade no contexto acadêmico. VII congresso Nacional de Educação. Conedus. 2021. Disponível em https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2021/TRABALHO_EV150_MD1_SA118_ID1760_27072021224842.pdf. Acesso em 2023.

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    TEIXEIRA, Ivana dos Santos. A terapia assistida por animais como uma forma de associação: um estudo antropológico sobre a relação humano-animais na promoção da saúde humana no Brasil. / Ivana dos Santos Teixeira. – 2015. 357 f. Tese – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instituto de filosofia e ciências humanas, programa de pós-graduação em Antropologia Social, Porto Alegre, BR-RS, 2015.

    JORNAIS, REVISTAS E COLUNAS.

    DESIDÉRIO, Mariana. Os dez estados onde os brasileiros mais gostam de cachorros. Exame. 13 de setembro 2016. Disponível em https://exame.com/brasil/os-10-estados-onde-os-brasileiros-mais-gostam-de-cachorros/. Acesso em 2023.

    LIMA, Monique. Brasil é o terceiro país com pets: setor fatura R$ 52 bilhões. Revista Forbes.com.br.

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    USP. Resultado de pesquisas de Terapia assistida por animais. Teses e Dissertações. Disponível em https://www.teses.usp.br/index.php?option=com_jumi&fileid=7&Itemid=62&lang=pt-br&filtro=Terapia%20assistida%20por%20animais. Acesso em 2023.

    VAIANO, Bruno. Cinco cachorros que mudaram a história da ciência. Super Interessante. 7 nov 2018. Disponível em https://super.abril.com.br/ciencia/5-cachorros-que-mudaram-a-historia-da-ciencia/. Acesso em 2023.

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    CAOTERAPEUTA. Instituto Cão Terapeuta. Disponível em https://caoterapeuta.org.br/o-que-fazemos/. Acesso em 2023.

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    MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ansiedade. Biblioteca virtual em saúde. Ministério da Saúde. 2011 Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/ansiedade/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20ansiedade%3F,qualquer%20contexto%20de%20perigo%2C%20etc. Acesso em 2023.

    VIDA V. Ansiedade: saiba como diferenciar o sentimento normal do transtorno que interfere na rotina diária. 2023. Disponibilidade https://www.vidav.com.br/doencas-e-sintomas/ansiedade/?gclid=Cj0KCQiArsefBhCbARIsAP98hXTCxkU-vLLD8DNZDnN24ANea4cVLdKLc1vCgapa-jZ9TExmFjNL0iMaAqZ-EALw_wcB. Acesso em 2023.

    OBSERVAÇÕES

    É o ambiente, local que o terapeuta e o paciente se juntam para o desenvolvimento da terapia.

    O artigo do psicólogo Boris Levinson intitulado “The dog as a co-therapist”.

    O projeto realiza atividades terapêuticas em ambientes de cuidado à saúde humana, com atuação conjunta da Karina. Ivana Teixeira em sua tese de doutorado, mostra que Karina Schutz entrou no ramo da pet-terapia a partir de seu interesse por essa modalidade alternativa (TEIXEIRA, 2015, p. 40).

    Por um momento o pai da psicanalise aparenta ter um flerte com o filósofo Schopenhauer.

    Para mais informações sobre os filhotes e o adestramento ler o artigo “O perfil de um cão ideal para TAA” por Francis Paese Cherobim.

    Rede social @caoterapeuta, disponível https://www.instagram.com/caoterapeuta/. Tentamos fazer contato para conseguir uma entrevista com a equipe parceira, mas não obtivemos resultados.

    Em seu site, obtivemos mais informações, sendo uma instituição que realiza visitas, semanas, quinzenais e mensais com crianças, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade. Localizada em São Paulo, o Instituto Cão Terapeuta conta com 37 cães coterapeutas e seus donos voluntários, 17 voluntários sem cães e 17 consultores e especialistas em comportamento animal. Disponível em https://caoterapeuta.org.br/o-que-fazemos/

    “(…) constância e pelo comportamento não invasivo de um coterapeuta não humano, afirmando que o animal reúne qualidades que o faz apto a tornar-se um ponto de referência no mundo externo, facilitando a retomada de contato com a realidade.” (SOARES,; PINTO; SILVEIRA et all, 2018, p. 214).

    Dados para saber um pouco mais sobre o Rio Grande do Norte e seus boletim epidemiológicos ver a dissertação A judicialização da política no Supremo Tribunal Federal: uma controvérsia pública da pandemia da Covid-19 nos Estados da Bahia e do Rio Grande do Norte (2022).

    Visite a página do instagram para conhecer um pouco mais sobre esse projeto @projeto_alice_servicedog.

    Sobre a Autora: este artigo foi escrito por Nara Mª da Silva, Bacharela em direito pela Unifacex. Especialista em direito e processo do trabalho pela Unifacex. Mestre em sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Psicanalista em formação pela IBPC em São Paulo.

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