transtorno afetivo bipolar

Transtorno Afetivo Bipolar versus Melancolia (maníaco-depressiva)

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Hoje entenderemos sobre o Transtorno Afetivo Bipolar. As redes psiquiátrica e psicanalítica podem ser boas parceiras ao serem utilizadas de maneira correta, porém, muito se discute em relação às formas de diagnóstico e tratamento que ambas oferecem.

Visto isso, ao decorrer deste trabalho serão abordadas ambas as práticas, seus diferenciais e seus possíveis resultados.

O campo Psiquiátrico e o Transtorno Afetivo Bipolar

Antes de tudo, é necessário a compreensão de que o campo psiquiátrico se desenvolve a partir do campo médico clínico, ou seja, as visões e a relação da psiquiatria com o que aqui iremos chamar de “estado mental”, é deveras rígida e um pouco engessada.

Dentro do campo psiquiátrico, é possível observar, que o indivíduo é visto como um objeto de estudo, que pode caber dentro de respostas fáceis, pré-determinadas e fórmulas medicamentosas que solucionariam os problemas deste.

O campo da medicina psiquiátrica se escora nos planos de diagnóstico que conhecemos como CID ou DSM – IV, manuais que ficam de prontidão para que o médico psiquiatra avalie o indivíduo, reconheça padrões que recorram e que caibam dentro de algum dos vários transtornos listados.

O estado mental

Sendo assim, o campo psiquiátrico faz uma avaliação do estado mental do indivíduo, tal qual faz com um paciente que apresenta coriza, fadiga e mal-estar, recolhendo informações pontuais de forma sintomática que se encaixem dentro dos padrões previstos pelos manuais. De forma que as particularidades de cada indivíduo desapareçam ao fim de padronizar e reduzir o indivíduo a um CID.

O campo Psicanalítico e o Transtorno Afetivo Bipolar

O campo psicanalítico por sua vez, apresenta sim teorias acerca de determinados padrões que podem ser apresentados em determinados estados mentais por diferentes pacientes, o diferencial em relação a psiquiatria, é o fator da escuta. Quando o terapeuta ouve o paciente, deixa-o falar e entende suas particularidades e características individuais que ultrapassam o ponto de somente detalhar sintomas.

Desta forma, o diagnóstico se torna mais abrangente e real, pois de fato há uma compreensão global daquilo que o paciente é, do que ele se forma e quais os resultados de tais formações que são indispensáveis para a compreensão do paciente para além de seus sintomas.

Diferentemente da psiquiatria médica que oferece diversas rotulações para cada padrão, a psicanálise se divide em categorias maiores e subcategorias, sendo as categorias maiores as neuroses, psicoses e perversões, que se dividem em outras subcategorias. Neste trabalho, nos é de interesse as psicoses.

Transtorno Afetivo Bipolar, as psicoses, o transtorno afetivo bipolar e a melancolia

Freud nos apresenta as psicopatologias a partir de um olhar diferente do que o rotineiro, este, apresenta-nos três campos psicopatológicos como possibilidade.

Dentre estes três campos, estão as psicoses. Ao se ouvir o termo psicose, logo se pensa no delírio que rompe com a realidade, ou em termos mais leigos, a loucura. Entretanto, para Freud, as psicoses se estendem a algo além.

Dentro desta categoria maior desenvolvida, existem outras três subcategorias: a esquizofrenia, a paranoia e a melancolia (maníaco-depressiva).

A esquizofrenia

A esquizofrenia se daria a partir de um termo grego que significa “dividir o espírito”, o que seria o fator onde se encontra um certo rompimento com a realidade insuportável, criando-se assim, uma alternativa irreal e ilusória como um mecanismo de defesa.

Já a paranoia se encontra na fronteira, o indivíduo que sofre com a paranoia é capaz de identificar e reconhecer a realidade, porém, a reinventa e a reinterpreta.

Por fim, temos a melancolia (maníaco-depressiva), aquela que é popularmente conhecida pelos termos psiquiátricos como transtorno afetivo bipolar. Este mecanismo será abordado com maiores detalhes a seguir.

Transtorno afetivo bipolar versus melancolia (maníaco-depressiva)

O Transtorno Afetivo Bipolar – como é popularmente conhecido na psiquiatria – é identificado a partir de dadas oscilações de um humor eufórico e um humor deprimido, de forma que o indivíduo vezes possui um humor deprimido.

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    Não come, dorme muito, se sente cansado o tempo todo e chega às vezes até mesmo a ponderar ideações suicidas, enquanto no humor mais eufórico – conhecido como mania – possui uma alta energia, humor elevado, delírios de grandeza, grande inquietação, age por grande impulsividade e pode chegar até mesmo a alucinar.

    Já na psicanálise, a visão muda, se tornando uma das subcategorias das psicoses identificadas por Freud. Esta denominação, melancolia maníaco-depressiva surge no texto “Melancolia e Luto” de 1917 pela primeira vez.

    A visão de Freud

    Para a Freud, não se deve trazer um olhar patológico para essas questões, deve-se entender tais condições como formas de se viver no mundo. Em suma, a melancolia (maníaco-depressiva) ocorre a partir de uma quebra com EGO, onde se cria um ideal do ego que passa a ser o ideal do desejo, observe:

    Estado melancólico (depressivo) – ocorre quando o EGO se submete ao ideal do ego.

    Ou seja, o ideal do ego faz com que o EGO se submeta a este, tornando o viver em algo doloroso, pois o ideal não é real, menos ainda alcançável.

    O estado eufórico (mania/hipomania) – ocorre quando o ideal do ego se sobrepõe ao EGO.

    Ou seja, o indivíduo passa a acreditar que aquele ideal é sua realidade, tendo assim delírios de grandeza onde acredita ser o melhor e se frustra quando isso não é reconhecido pelo outro.

    Conclusão: sobre o transtorno afetivo bipolar e a melancolia

    Por fim, pode-se observar que a Psiquiatria e a Psicanálise possuem vieses bem diferentes um do outro, o que pode sim ser algo difícil de se conciliar ao tratar um paciente, porém, se feito da forma certa, com acompanhamentos mútuos, os resultados podem ser, de fato, satisfatórios e positivos.

    Este artigo sobre transtorno afetivo bipolar e melancolia foi escrito por Maria Eduarda Martins([email protected]), graduanda do curso de Letras pela UFMG, se interessou pela psicanálise através da interpretação da literatura através desta, gosta de pesquisar acerca das questões da loucura e a escrita.

     

    4 thoughts on “Transtorno Afetivo Bipolar versus Melancolia (maníaco-depressiva)

    1. Muito interessante! Achei um conteúdo super acessível e bem explicado. Parabéns, Maria!

    2. Olga Maria da Silva disse:

      Excelente texto!!! O assunto por si já é de muita relevância e curiosidades… principalmente quando escrito de forma simples, atrativa, esclarecedora e precisa.

    3. Adriana Ferreira Godinho Bitarães disse:

      Muito bom o texto, esclarecedor! Acrescento ainda que a atividade física também ajuda e muito.

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