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Violência doméstica pelo olhar da psicologia

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Neste trabalho, desenvolveremos um olhar relevante sobre as vítimas de Violência Doméstica. Esta abordagem se torna relevante porque tem afetado grande parte das mulheres, crianças e idosos. Visto que são a parte mais vulnerável nas relações familiares, quando o assunto é Violência Doméstica.

Como objetivos, trataremos neste trabalho, demonstrar como as mulheres se tornaram as maiores vítimas de violência doméstica, especialmente no período da Pandemia. Na primeira parte do trabalho, abordaremos o aspecto cultural machista que leva o homem a se achar no direito de controlar a mulher. Na segunda parte, focaremos em analisar como a violência afeta o comportamento dos membros da família.

Para atingir esses objetivos, a metodologia empregada foi ouvir mulheres em situação de risco, nas Unidades Básicas de Saúde de uma comunidade carente, e para corroborar foi consultado a bibliografia de Augusto Cury, Psiquiatra, cientista e escritor. Consultas ao Site do Instituto Maria da Penha, Livro Sobrevivi, Posso Contar. PENHA, Maria da. Mulheres, Cultura e Política DAVIS, Angela , Leituras complementares e Material de Estudos do Curso de Psicanálise, segundo Sigmund Freud.

O que é, afinal, a violência doméstica?

O artigo 5 da Lei Maria da Penha, esclarece que violência doméstica e familiar contra a mulher é “Qualquer ação baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológicos e dano patrimonial.” Violência Física: Ofensa a integridade física ou a saúde corporal (Pode envolver socos, empurrões, estrangulamento, enforcamento, etc.) Faz – se necessário ser contundente quando se fala em violência doméstica. Ela vai muito além das agressões físicas.

Existem outros fatores que podem estar presentes na Violência Doméstica. Veja a seguir: Violência Psicológica, é toda ação que cause dano emocional, que prejudique, perturbe, degrade ou impeça a mulher na prática de suas ações, crenças e comportamentos. Violência Moral é a prática que ofende a honra ou a reputação da pessoa (caluniar, difamar ou injuriar). Violência Sexual é manter ou obrigar a mulher a participar de relações não sexuais de forma não desejada ou consentida, por meio de intimidação, coação, ameaça ou uso de força.

Violência Patrimonial consiste em reter, subtrair, destruir objetos de trabalho, documentos pessoais, bens, e valores ou recursos econômicos. Machismo Estrutural O machismo estrutural no dia a dia As ideias machistas tem origem desde a Roma antiga, embora disfarçadas de protecionismo, religiosidade, romantismo. Os homens ditavam o modo como a mulher devia se vestir, quantos filhos ela teria, e até suas amizades eram escolhidas, para manter o controle sobre suas ações.

O matrimônio indissolúvel e a violência doméstica

A ideia do matrimônio indissolúvel perdurou por muito tempo em defesa de interesses contrários a mulher, isso ajudou a reforçar a subjugação do feminino como sendo propriedade adquirida. Sua submissão era obrigatória e a sociedade foi cumplice e omissa nesse processo. Coube a mulher se rebelar contra essa situação. A história vem sendo modificada ao longo do tempo. Mas, a tentativa de conservar a mulher sob controle ainda é muito forte.

Sem falar na tentativa de legitimar a violência contra a mulher, quando por exemplo acontece o crime de estupro é muito comum mencionarem o tipo de roupa que ela usava, ou ainda questionar se ela bebeu numa festa, como justificativa e aceitação do crime como algo provocado pela mulher. Ou seja, além de sofrer a violência ela ainda precisa provar que não foi a culpada. O homem se recusa a aceitar que a mulher não é um objeto, uma mercadoria adquirida com a união civil.

Que ela é um ser que tem suas próprias vontades e que isso precisa ser respeitado, incluindo toda a integridade dela como ser humano. O patriarcado tem sobrevivido à custa de muita violação de direitos conquistados a duras penas. Em nome da moral e dos bons costumes se cometiam os maiores horrores contra as mulheres e continuam lutando para perpetuar esse processo. É preciso lutar por aprimoramento de leis mais eficientes, além do devido cumprimento das leis vigentes.

Pulsões e a relação com a violência doméstica

Abordando as pulsões (Freud,1920 P. 51) esclarece que “a pulsão situada – se entre o mental e o somático, como representante psíquico dos estímulos que se originam no corpo – dentro do organismo – e alcança a mente, como uma medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar em consequência de sua ligação com o corpo.” Assim, o homem que tem dificuldade de abstrair as informações novas, preferindo continuar com conceitos arcaicos ele vai somatizando os acontecimentos até que um dia começa a extravasar, o que pode se dar através de ato violento, contra o objeto de seu recalque, que nesse caso específico estamos falando em relação a mulher.

Eles se ofendem com qualquer comportamento que foge a seu controle, frutos de uma moral antiga e de submissão. Esses homens foram educados sob forte repressão moral enquanto crianças e se recusam a aceitar que os tempos exigem novas formas de tolerância. O que não justifica de modo algum a Violência contra as mulheres. Porém, é preciso orientar os envolvidos a procurar um acompanhamento para orientação emocional, psicológica buscando um equilíbrio do indivíduo e num todo, é o caso da terapia individual ou em grupo.

Sabemos também que muitos desses homens foram educados em ambiente familiar de muita hostilidade, viram suas mães serem humilhadas e agredidas. Mas a sociedade tolerava com a submissão da mulher e assim se normatizava a violência, que perpetua até hoje. O filho imita seu pai e não admite que sua parceira ultrapasse limites que ele impõe. Ele observa com preocupação o passo a passo do progresso da mulher, se lembra das reações de sua mãe diante do pai que a agredia e o gatilho para a agressão está presente na memória.

O recalque

O recalque explode, é como rebelar-se perante aquilo que a muito está guardado e agora, o somatório de novas vivências vão se revirando na memória e transbordando. Ao se ver contestado surge o gatilho de violência e assim segue o ciclo vicioso… Basta uma conversa informal ou alguma pesquisa nas redes sociais para descobrir a fragilidade que envolve os lares das famílias envolvidas em conflitos dessa natureza. Muitas vezes os homens são vistos como figuras infantilizadas que se recusam a crescer, aqueles que não suportam ouvir um “Não.”

Ao invés de evoluírem com as adversidades se embrutecem com elas, tornando-se algozes de suas companheiras. Aqueles que deveriam ser amigos e companheiros tornam- se o pior inimigo, o pesadelo e muitas vezes, o assassino cruel da mãe de seus filhos. Essa tem sido a realidade de muitas famílias envolvidas pela Violência doméstica. Foram ouvidas cerca de vinte mulheres em conversas informais em uma Unidade Básica de saúde. A Unidade em questão fica próxima a uma comunidade muito carente.

As mulheres foram informadas do objetivo das indagações, bem como o sigilo sobre o assunto ali tratado. Foram selecionados alguns casos que agora resumo para prosseguimento do trabalho com os devidos pseudônimos. Senhora ‘SS’ Mulher jovem com 34 anos, empregada doméstica, dois filhos e uma mãe acamada. Relatou que seu marido se torna violento toda vez que faz uso de bebida alcoólica, o que se tornou constante durante a pandemia.

Sobre a jovem…

Estava na unidade buscando informações para encontrar um abrigo temporário, visto que o marido fugiu após a polícia ser chamada por mais uma agressão. Saiu fazendo ameaças de incendiar a casa. Senhora ‘VV’, Quarenta e dois anos, um filho, formada em contabilidade, trabalhavam na mesma firma que o marido. Ambos foram dispensados da firma já no início da pandemia. Relatou-me que começou a fazer seus trabalhos home office, devido a clientela de conhecidos dar preferência ao seu trabalho.

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    Porém, o marido não se adaptou à nova realidade. Começou a ficar agressivo e se justificava dizendo que ela o estava traindo em redes sociais. Passou a revistar o computador e celular dela todos os dias. Passou das agressões verbais à agressão física. Até que úmida chegou em casa e trancou as portas, e começou agredi-la. Uma vizinha chamou a polícia e ele foi preso. Ela, porém, está se recuperando de uma cirurgia e várias fraturas pelo corpo. Nesse dia ela estava buscando tratamento psicológico para ela e o filho.

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    Senhora ‘MM’ jovem de 27 anos relatou que havia saído de uma consulta com psiquiatra, que foi buscar remédios controlados, sua mente não suportou ver sua irmã de 25 ser assassinada com vários tiros na sua frente. Contou que os ciúmes eram constantes e seguidos das agressões físicas. Um dia ela foi embora de casa após receber uma medida protetiva, ela sabia que o marido fugitivo iria voltar, pegou alguns pertences e foi morar na casa dos pais em uma cidade próxima.

    O rótulo em mulheres

    Tempos depois quando ela e a irmã tomavam sorvete na pracinha ele chegou e atirou em direção às duas, ela foi socorrida, conseguiu sobreviver, sua irmã não teve a mesma sorte. Morreu com a Medida Protetiva na bolsa. A dominação pela Violência O machismo tem permanecido constante na sociedade. E vem de longe…desde os tempos em que Jesus pisou essa terra, os costumes dos hipócritas eram de rotular as mulheres, depois de usa-las como propriedade, muitas eram as formas de amedrontar e calar aquelas que se atreviam a agir de forma diferente das ditadas na época.

    Como naquela oportunidade em que na bíblia é citado o caso da mulher pega em adultério. Se não fosse a intervenção de Jesus, aquela mulher seria assassinada a pedradas em praça pública, para causar impacto psicológico, aterrorizar as outras. De lá pra cá mudaram as formas mas o fundo ainda permanece violento e misógino . Porém, continuamos a assistir as mulheres sendo assassinadas todos os dias. Basta ver os noticiários. A mulher tomou coragem de dizer não à submissão e aos abusos, a cada dia que passa ela busca ser mais independente, estuda, trabalha, se informa.

    Ao perceber que perdeu seu domínio sobre a vida da mulher, o homem reage com violência para barrar o desenvolvimento dela, visto que esse progresso lhe causa insegurança. Uma mulher emancipada não se submete nem se deixa dominar, seja pela pressão psicológica ou agressão física. As Leis criadas para proteger as mulheres ainda são frágeis em seus efeitos.

    A ineficácia da medida preventiva na violência doméstica

    Visto que uma medida protetiva não salva a vida de uma mulher, não lhe oferece garantia de vida, funcionando apenas como paliativo. Porque as penas são brandas para os crimes de agressão, coação, e tantas outras ações que agridem a mulher. E a garantia de vida da mulher somente será possível quando a lei for severa prendendo o agressor antes que aconteça o feminicídio. Como citamos, a violência doméstica acontece em vários âmbitos abalando a estrutura familiar.

    “A necessidade neurótica de controlar o parceiro(A) tão comuns na juventude, são exemplos de distorções nas relações interpessoais.” (Cury, Pág.41, Ansiedade) Quando o homem se sente inseguro diante do crescimento de uma mulher, ele fica atormentado com a possibilidade de perder o controle sobre ela . Ao invés de compreender. Ele perde a autoestima e passa a agir como inimigo porque não conseguiu gerir a relação, e se ela resolve se separar ele vira um ferrenho perseguidor.

    Ele não percebe que é preciso trabalhar em equipe também na instituição família para gerir os conflitos e liderar com sabedoria, acompanhar a evolução do tempo e das pessoas. E é justamente por essa mentalidade arcaica que muitas vezes o casamento chega ao fim, não somente com os jovens, mas também com casais de mais idade. Ao perceber que a mulher está buscando novos conhecimentos, novas relações profissionais, novos investimentos, ele simplesmente se opõe, ao invés de apoiar e se aliar. Quanto mais independente, mais o homem se acha no direito de conte-la, fazendo uso da violência.

    O impulso de autodestruição

    Freud (1933/1980, p 131), “Realmente parece necessário que destruamos alguma outra coisa ou pessoa, a fim de não nos destruirmos a nós mesmos, a fim de nos protegermos contra o impulso de autodestruição’’. Vemos portanto, a mentalidade do homem que não consegue abstrair a ideia de que sua companheira seja bem sucedida em seus projetos e se torne independente. Destruir a mulher para salvar a reputação, até pouco tempo essa alegação era aceita até nos tribunais.

    Foi assim Doca Street que recebeu uma pena de dois anos de prisão para cumprir em liberdade porque seus advogados alegaram defesa da honra. Somente após protestos, o Ministério Público decidiu por um novo julgamento, no qual a pena foi de quinze anos de prisão. Assim, Leila Diniz foi assassinada, vítima de seu companheiro. Violência Doméstica; O que é? ‘’ É qualquer evento que abusivo que acontece no ambiente familiar, seja ele físico, psicológico, sexual, moral ou patrimonial.’’

    (Art. 5.Lei Maria da Penha) A violência física é qualquer evento que cause ou tenha a intenção de lesionar. Violência psicológica é a que causa dano emocional, diminuição da autoestima, prejudica e perturbe o comportamento da mulher. Violência Sexual é forçar a mulher a participar, ou presenciar relação sexual não desejada, mediante intimidação de qualquer natureza: Coação, ameaça, intimidação ou uso de força. Bem como, impedir o uso de contraceptivos, forçá-la a se casar, engravidar ou se prostituir.

    Violência Moral

    É todo tipo de calúnia, difamação, ou injúria contra a vítima. Violência Patrimonial: Quando o agressor destrói bens, documentos pessoais, instrumentos de trabalho e recursos econômicos necessários à mulher. O escritor e psiquiatra Augusto Cury (1958,p.66) utiliza o termo ‘’Janela Killer’’ para definir as zonas da memória de conflitos angustiantes, fóbicos, tensos, depressivos e compulsivos. “Quando o gatilho encontra tais janelas…o volume de tensão é tão grande que bloqueia milhares de outras janelas, fazendo que o Eu seja prisioneiro dentro de si mesmo, incapaz de dar uma resposta lógica.” (A. Cury Ansiedade pág. 66)

    Diante dessa informação podemos perceber que alguns homens ainda não conseguem expressar de forma racional suas angústias em relação a suas parceiras. Eles acabam por recalcar todo sentimento negativo que nutrem no relacionamento. O bloqueio os transformam em pessoas violentas porque bloqueiam as janelas da coerência, do raciocínio lógico. Então os sentimentos reprimidos se tornam potenciais gatilhos, em algum momento para concretizar a agressão.

    Esses sentimentos recalcados e mal geridos explodem em forma de violência contra as mulheres de diversas formas, muitas vezes acaba em assassinato, que muitas vezes resulta no feminicídio. Freud (1915) diz que: ‘’O processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo, e cujo estímulo é representado na vida mental por um instinto.’’ Muito embora tenha o homem a capacidade de utilizar o raciocínio, existem aqueles que preferem deixar prevalecer o instinto em detrimento da razão. Estando ele, somatizando as ações ocorridas na relação familiar, de modo a acumular insatisfação, sem se dar conta de que está adoecendo em silêncio.

    A busca de equilíbrio

    Tal reação o impede de se utilizar do raciocínio para busca de equilíbrio. Muitas vezes, na angústia de encontrar uma janela de escape, ele se refugia nos vícios, sem perceber que sob o efeito de tais substâncias se tornam ainda mais perigosas suas reações diante das resoluções dos conflitos. As Vítimas Ouvindo os profissionais de saúde, após conversar com aquelas mulheres, eles relataram que todas as pessoas envolvidas nessa situação são afetadas.

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    Umas expressam no comportamento, outras no corpo físico. As crianças são as que mais conseguem demonstrar o resultado de algo que se quer esquecer. Elas dormem mal, são mais medrosas, têm dificuldades para se adaptar na escola. Ao longo do tempo elas apresentam dificuldades de aprendizagem, rebeldias e até transtornos alimentares. Assim, também os idosos desenvolvem fobias após vivenciar tais situações. A insônia é uma das principais queixas entre os idosos.

    ”Há muitos tipos de ansiedade, como a pós Traumática, o Transtorno de Obsessivo Compulsivo (TOC),a Síndrome de Burnout, Transtorno de Pânico’’…(Cury,p.99) Sabemos que a evolução do ser humano depende de sua constante observação e disposição de se adaptar ao novo, ao inusitado. As mulheres estão cada vez mais buscando espaço nos ambientes antes ocupados por homens. A política tem sido um dos maiores desafios para as mulheres no Brasil.

    As mulheres na sociedade

    As cotas destinadas a elas na participação partidária têm sido negligenciadas como forma de alienar as mulheres da ocupação de cargos políticos em eleições públicas. Parafraseando Angela Davis (2017, p.53) ‘’Política não se situa no polo oposto de nossa vida. Desejemos ou não, ela permeia nossa existência, insinuando-se nos espaços mais íntimos.’’ A sociedade precisa reconhecer o valor da mulher e sua contribuição em qualquer setor da sociedade onde ela escolha atuar.

    Seja na escola, no futebol, na universidade, ela é por si só um ser político e temido pelos homens por sua resistência, exatamente por isso tem sido alvo de violência e extermínio por parte daqueles que não toleram a capacidade evolutiva e adaptativa adotada por elas. Enquanto isso, faz-se necessário repensar as ações em defesa da mulher, em sua integridade física, moral, psicológica e patrimonial. Urgente também encontrar novas formas de investigar e punir os responsáveis pela violência doméstica, que as leis não deixem brechas para interpretações dúbias em detrimento da integridade da mulher.

    As providências precisam ser imediatas para que a mulher tenha mais chance de sobreviver. Nos últimos tempos as mulheres estão inventando algum subterfúgio para denunciar o algoz quando acuadas. Elas ligam no departamento de Polícia e pedindo pizza, outras pedem para que enviem o boleto para sua casa, outras ainda deixam bilhetes por onde passam quando são raptadas, sequestradas. São ações que elas se veem obrigadas a praticar na ânsia de terem sua vida salva das mãos do agressor.

    Conclusão

    Maria da Penha Maia Fernandes relata sua História no Livro chamado Sobrevivi, Posso Contar. Ele relata todo o terror que passou com aquele que se achava no direito de controlar sua vida. Ela fala do medo de buscar ajuda, o sofrimento, as humilhações e a agressão que a deixou paraplégica. Conta também a trajetória da luta contra a impunidade, sua luta ganhou espaço na sociedade, movimentos em defesa das mulheres e jornais. A repercussão foi tanta que ela conseguiu se transformar em símbolo de luta em defesa das mulheres. Seu nome foi dado à lei que aumenta o rigor das punições sobres crimes de violência doméstica.

    A lei 11.340, de 2006. Avançamos bastante mas ainda é necessário combater com rigor a Misoginia que afeta grande parte da população masculina por temerem e por terem aversão às mulheres, optam por discriminar e desmerecer seus valores. A educação precisa ser em consonância com os valores humanitários na escola, no lar e na sociedade. É de suma importância modificar o modo como vemos as meninas/mulheres e o modo como são tratadas em relação aos meninos/homens, a diferença com que são tratados.

    Faz-se mister também criar mecanismos mais eficientes que a atual Medida Protetiva. E evidentemente, penas mais rigorosas para o agressor. Os meios de comunicação em massa precisam ser utilizados para rever os valores sociais, sem as hipocrisias e falsa moral, para fazer com que a sociedade repense ações que possam modificar tais comportamentos. É imprescindível educar crianças, jovens e adultos com valores baseados no respeito às diferenças, nos valores humanitários “Quando a educação não é libertadora, sonho do oprimido é ser opressor.” Paulo Freire (p.98).

    A violência doméstica se repete de geração a geração

    Observa-se essa tendência nos meninos que crescem vivenciando tal situação como se fosse algo normal. O sujeito que não tem acesso a uma educação libertadora, não consegue estabelecer compreensão e tolerância na vida conjugal, também não consegue se equilibrar emocionalmente diante de situações desafiadoras no convívio familiar. Vemos com isso, o ciclo de violência se repetir de geração a geração. Precisamos enfrentar o problema e discutir políticas capazes de eliminar ou pelo menos, diminuir a Violência que virou banalidade nos dias atuais.

    Uma pergunta que não quer calar: Quem ama humilha, violenta, mata? É preciso que haja respeito, justiça para todos. É preciso que o oprimido seja liberto É preciso que o opressor seja punido, seriamente, através da ampliação de mecanismos que possam antever o acontecimento do feminicídio. Mas acima de tudo, é preciso que a sociedade proteja as mulheres na forma da lei. Que se encontre soluções imediatas para preservar a vida das mulheres com ações rigorosas para retirar o agressor do convívio da sociedade.

    Reconhecer a necessidade de modificar as ações capazes de influenciar a violência também se tornou muito importante. Muitos homens se pronunciando em apoio às mulheres, como fez o cantor e compositor Chico Buarque em 2022 que declarou às mídias sociais que não mais cantará a música “Com açúcar, Com afeto”.

    O comportamento machista

    Por reconhecer que essa figura retratada na composição não tem mais lugar na sociedade atual. Se por um lado isso é relevante para os movimentos sociais feministas, não se pode negar que a importância dessa canção está justamente na divulgação da situação da mulher, mostrou a sutileza com que se tratava o assunto. Numa época em que não se ousava questionar o comportamento machista, esse assunto em forma de música romântica trouxe à tona a voz da mulher oprimida, que não podia reclamar.

    Foi exatamente pela romantização que ela atingiu o objetivo, chamando a atenção para esse tipo de relacionamento. A importância das músicas do Buarque será sempre vista nas questões sociais e políticas. AÍ está a grande diferença entre outros artistas que simplesmente fazem apologias, ao invés de defenderem suas ideias.

    Bibliografia

    FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Ed. Paz e Terra; Rio de Janeiro. 2013 DAVIS, Angela. Mulheres, Cultura e Política; Ed. Bontempo, 2017 FREUD Sigmund, As pulsões e seus Destinos. Ed.Autêntica,2013 FREUD, Sigmund. Obras Psicológicas; Ed.Imago,1996 CURY, Augusto. Ansiedade; como enfrentar o mal do século. São Paulo, ed.Saraiva,2014 PENHA, Maria da. Sobrevivi, Posso Contar; Fortaleza – CE Ed. Armazém da Cultura,2020 PENHA, Maria [Online] Resumo da lei-Instituto Maria da Penha. Acesso em março 2022. Disponível em https:/www.institutomariadapenha.org.br Doca Street, Condenado por assassinar Angela Diniz [Online] Acesso em 17 de Março 2022.Disponível em https;/g1.globo.com > 2020/12/1

    Este artigo sobre violência doméstica foi escrito por Solange Aparecida Sabino.

    One thought on “Violência doméstica pelo olhar da psicologia

    1. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom texto! Esse assunto é muito importante e não pode deixar que caia no esquecimento. Infelizmente vivemos por muitos anos sobre uma cultura machista, que dava aos homens o direito de serem “senhores” de suas mulheres. O primeiro homem que deu o exemplo de como tratar as mulheres com o devido respeito que elas merecem, foi o nosso Senhor Jesus Cristo!

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