Como é viver com TDAH? O que mais se vê e se ouve são comentários sobre o quanto são difíceis os enfrentamentos, os desafios e desilusões que passa quem convive com a atipicidade.
Até mesmo quem o orbita sente os seus efeitos, mas sem dúvida quem vive intensamente e sente duplamente (por passar tanto pela experiência do fato em si, mas pelos efeitos nos outros) é quem está fora do limiar dito de normalidade.
Propósito de vida: conviver e viver com TDAH
O Primeiro choque é a diferença de como a grande população “dentro do limiar da normalidade” age. As pessoas que estão mais próximas ao padrão cognitivo comum, costumam não agir de modo muito coerente a serem acolhedores e receptivas com o que é diferente.
Passam a julgar de modo depreciativo o comportamento como se o atípico escolhesse esse ou aquele padrão, como se fosse um traço de desvio de caráter. O pensamento absorto diluído em devaneios de diversas ideias múltiplas que por vezes se misturam e escorrem em um discurso que mais parece estar sem sentido, no fundo possuem uma interligação diferenciada na forma cognitiva.
Para quem está de fora mais parece uma maldade ou má vontade em não ser claro, ou demonstrar ser sem sentido propositalmente.
Viver com TDAH: Um descompasso com as expectativas dos outros
Na sequência vem o desgaste dos eternos esquecimentos, os desapontamentos pela consequência do fato em si, os abalos emocionais, atritos que ocorrem em decorrência da situação, o tempo e mão de obra que atravancam a vida parecem mais um labirinto sem saída.
Para a formação de raciocínio são destinados involuntariamente o pensamento para zonas que darão maior atenção ao alvo de seu interesse. Por exemplo, se é alguém que gosta de música, tudo a sua volta vai ser música! E não é uma forma de “escolha”, é uma determinação neural do hiperfoco.
Pode se dizer que, de certo modo fosse retirado toda a atenção do sujeito das demais coisas e destinado somente ao objeto de seu interesse, com toda a força do ser.
Letargia e hiperatividade: aspectos não tão opostos ao se viver com TDAH
Aqui tem duas situações que são parceiras e ao mesmo tempo antagônicas, a letargia e a hiper atividade, momentos em que não se consegue parar quieto e outros momentos em que não se consegue focar na realidade. O pior dos dois é não conseguir estar no momento presente seja em qual for, ou o que se esteja executado.
De todo modo a angústia evolui provocando crises de ansiedade e momentos em que se deprime, isso é um tanto constante, por vezes se desenrola em uma avalanche de revolta e vazio em busca de alguma solução. A inconstância nas áreas de interesse, de trabalho e relacionamento por consequência da própria atipicidade é mais um obstáculo a ser enfrentado diuturnamente. E como viver assim?
Se para quem não tem esses poréns muitas vezes já é um desafio. Como a vida não é feita somente do “dia ou da noite”, e sim da mescla dos dois, o constante ciclo de vivências é de fundamental importância na adaptação para o melhor aproveitamento das capacidades de cada um.
A contribuição das terapias
Neste sentido a psicanálise e algumas terapias auxiliares complementares como a auriculoterapia, florais, fitoterapia entre outros tratamentos, treinamentos e aplicativos vem com a proposta de auxiliar o TDAH. Esta tendência tem crescido e só aumenta a pluralidade de diversos implementos que a todo instante surgem no sentido de incrementar tratamentos tradicionais.
Nas escolas, já a algum tempo, é possível requisitar formas, meios, aparatos de estudo, acompanhamento por professor e profissionais adequados para o neuro atípico.
Projeto de Lei 8036/2021: medicamentos TDAH
Coadunando com a ideia dos parágrafos acima, o projeto de lei nº 8036/21, vem com a proposta de garantir o fornecimento gratuito de medicamentos psicoestimulantes às pessoas que sofrem com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que já foi aprovado pela CCJ assinada pelo deputado Charles Bento (MDB), e recebeu parecer favorável do relator, o deputado Wilde Cambão (PSD), segue agora para apreciação do Plenário em primeira e segunda votação.
É de fundamental importância o apoio a este projeto de lei, pois vem com a proposta de dar certo suporte necessário e condições a empreender meios de adaptação ao sistema social comum. É imprescindível o reconhecimento de que o TDAH não é uma deliberação de caráter pessoal ou uma deficiência, e sim, possui um comportamento sináptico diferenciado que provoca o padrão comportamental em questão.
E mais que se digam haver diversos contrapontos, aqui reside uma proposta a um olhar por outro veio. Se o TDAH tem um hiperfoco titânico, uma vontade tenaz que o enleva, muito acima do padrão, em seus pontos de interesse, não seria este um anteparo que fortalece, da norte, direção e sentido ao seu propósito de vida? Deixo vocês com esta pergunta. Sinta-se à vontade para nos enviar uma mensagem a este respeito, sugerir outros temas, participar e acompanhar nossas redes sociais.
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O presente artigo sobre viver com TDAH: convivência, propósito de vida e terapias foi escrito por Jo de Cassia (Instagram, TikTok, Fanpage e Telegram: @PsicanalisandoDireito; Twitter: @PsicDireito; Youtube: Psicanalisando Direito; Site: psicanalisandodireito.com.br). Possui formação em Direito, Psicoterapia, Psicanálise, Análise Comportamental e Ciências Políticas. Tem atuação na área como terapeuta por volta de 20 anos, com ênfase em estudos dos povos, cultura, costumes e tradições; ciências políticas e sociais; desenvolvimento e evolução da consciência pessoal e de grupo.
4 thoughts on “Viver com TDAH: propósito de vida e atipicidade”
Esclarecedor! Minha esposa tem TDAH. Espero que o PL seja aprovado o quanto antes.
Nada é por acaso, iniciei atendimento com um paciente com TDAH e esse artigo foi muito esclarecedor, grata pela colaboração e gostaria de mais aprofundamento no tema.
Muito bom artigo, parabéns!
Meu companheiro tem TDAH, descreveu o meu relacionamento, muito importante essa contribuição. É importante entender melhor como é para o neuro atípico! Agradeço pela contribuição