A Vida é Bela: uma leitura psicanalítica do filme

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Contrariando a trajetória de muitos filmes com a mesma temática, A vida é bela mostra situações brutais de forma simples. Seu valor como obra do cinema rendeu indicações a diversas premiações, inclusive vencendo três prêmios Oscar. Confira uma leitura psicanalítica do filme e o motivo dos personagens agirem da forma como fizeram.

Sinopse

Guido, interpretado por Roberto Benigni, se acomoda na cidade grande a fim de construir sua vida. Assim que chega na cidade de Arezzo, consegue emprego no hotel de seu tio e dá início aos seus planos. Em pouco tempo conhecerá Dora, professora de família simpatizante do regime fascista. Aí se inicia sua história de amor, resultando no pequeno Giosuè.

Entretanto, bem em meio ao estourou da Segunda Guerra Mundial, sua vida vira de cabeça para baixo. Guido é judeu e assim como tantos outros, passa a ser perseguido e é enviado a um campo de concentração. Infelizmente, Giosuè estava com ele, presenciando desde de cedo o que viria a ser uma dos maiores massacres da humanidade.

Contudo, Guido carrega uma aura ensolarada e fará de tudo para que o filho não sinta aqueles horrores. Ele convence o garoto de que toda aquela situação se trata de um jogo universal. Se o menino se esconder e não reclamar, ganhará pontos e subirá de fase. Como prêmio final, o garoto receberá um tanque e condecorações.

Análise

A história do filme A vida é bela é bastante simples, embora seja mais difícil de contar. Somos imersos ao horror que a guerra proporcionou à população judia, escancarando o escárnio e ódio sobre os mesmos. Eles eram tratados como animais selvagens, visto que não tinham direitos após a prisão. A vontade deles era a vontade do poder fascista e divisor de classes da época.

O longa, apesar dos toques de humor, se apresenta mais como drama do que comédia. Podemos notar um início ensolarado e crescente logo nas primeiras cenas, mas a partir do momento em que a tragédia acontece, seu tom muda. Muitas coisas são ditas a nós sem a necessidade de uma fala efetiva. Por exemplo, o cinza predomina, evidenciando uma tristeza e desesperança.

Guido age como qualquer pai super protetor que quer evitar traumas na mente de seu pequeno filho. Assim como os mais dedicados, aceita suportar a carga desumana da criança a fim de preservá-la. O enredo é moldado a fim de separar a natureza crua e brutal da realidade da perspectiva inocente. Giosuè acaba servindo como motivação para que Guido aguente aquele pesadelo.

A comédia como filtro

Como dito linhas acima, A vida é bela se trata de um drama, mas com pitadas de humor. Isso porque, independente de sua apresentação, é difícil abordar os horrores dos campos de concentração. A obra foi criada com a ideia de que o público conseguisse assistir, entender e refletir de forma mais confortável possível. Ainda que alguns critiquem, isso funciona e bem.

Sentimos culpa por rir dos momentos criamos por Guido no decorrer do filme, mas quem sabe não é a intenção? Sabemos da tragédia que virá a seguir e adoçar a dor resulta em um peso reforçado pelo carisma dos personagens. Por trás de toda a sua dinâmica simplista e menos direta a alguns pesadelos do momento, garantimos um peso na consciência pela leveza momentânea.

Parece até surrealista imaginar um pai que consegue criar resiliência a um momento tão delicado da própria vida. A presença de Guido funciona para direcionar a dor que sentiríamos vendo um documentário com a mesma temática, por exemplo. O humor funciona aqui sem banalizar o drama retratado. Por conta de sua construção, até hoje o filme é lembrado.

Lições

A vida é bela consegue nos ensinar valiosas lições por debaixo de seu fundo pessimista. Como qualquer outro filme mais denso, podemos refletir sobre a proposta apresentada e em como agregaríamos em nossa vida. A relação e ligação que Guido mantém com Giosuè proporciona a formação de novas diretrizes em nós, tais como:

Proteger quem você ama

Embora Guido só queira sobreviver, o que o motiva de fato é o bem-estar do seu filho. Dispõe-se a sacrificar sua própria sanidade e segurança a fim de que o garoto não perceba o que acontece ali. Isso é feito de forma engenhosa, visto que usa a criatividade da criança para convencê-la que está segura e brincando em um jogo.

A influência de uma perspectiva positiva

Quando o ponto de virada do filme ocorre, Guido busca soluções para que Giosuè não sinta o pior ali. Para o pai, se trata de uma viagem ao inferno; ao filho, apenas um passeio distante. Mesmo com a influência de Guido, Giosuè mantém sua ótica infantil diante de uma reviravolta em sua vida. Acreditando firmemente no jogo criado pelo pai, o garoto se mostra otimista boa parte do tempo.

Personagens

Há uma dinâmica bem enriquecedora na figura dos personagens. Eles representam certos esteriótipos, construídos a fim de movimentar alguns segmentos da trama. Por conta disso, temos o equilíbrio quase que perfeito no longa. Começamos por:

Guido

Guido representa a alegria que muitos carregam em si e usam para enfrentar provações. Mesmo consciente de sua situação, o humor ajuda a amenizar determinadas feridas que vão surgindo. Dessa forma, se mostra sua principal arma para não se abater ali.

Giosué

O pequeno Giosuè representa a figura da inocência diante do caos do mundo. Isso porque a sua perspectiva infantil permanece intocada, a fim de que possa crescer adequadamente. Mesmo que o pai não tivesse a certeza, esse pequeno ser precisava ser preservado.

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    Dora

    Dora carrega traços de rebeldia em sua postura. Inconformada com o que acontece, se voluntaria para tentar achar a família. Mesmo sem obrigatoriedade de ir, a mulher desafia o regime e as pessoas para ter de volta o que mais ama.

    Considerações finais: A vida é bela

    A vida é bela nos evoca ao que fazemos a fim de proteger aqueles que amamos. Não se trata de uma obra convencional, visto que usa da própria tragédia para nos fazer rir. Entre risos, culpa e choro, acompanhamos a dualidade da face humana em seu extremo. De um lado, a condensação máxima de ódio; do outro, uma demonstração pura de amor.

    Mesmo com mais de 20 anos de lançamento, A vida é bela ainda carrega o poder de nos chocar e emocionar. Nos faz questionar como vemos a vida, aceitamos ela e enfrentamos seus desafios.

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