A depressão é um tema que tem sido cada vez mais abordado na mídia, nas redes sociais, nos espaços acadêmicos, dentre outros meios. Porém, observa-se que a tristeza e a falta da alegria de viver tem sido tratadas como sinônimo de depressão - e esta, por sua vez, como o mal do século.
Muitas pessoas quando estão tristes,desanimadas e angustiadas se classificam ou são consideradas depressivas. Em razão disso, e, também, pela vergonha ou preconceito por parte da sociedade, ficam afastadas do ambiente de trabalho e até do meio social.
É como se as pessoas não tivessem o direito de sofrer, de chorar ou de ficar tristes.
Mas, pela associação livre, o indivíduo vai falar de seus problemas, conteúdos, sem qualquer restrição ou julgamentos e vou ouvi-los atentamente, investigando, analisando e interpretando. A técnica da escuta, tentando relacionar a fala aos conteúdos submersos no inconsciente.
Através da fala, é dado ao paciente a oportunidade de se conectar com ideias recalcadas que produzem as dificuldades atuais e impedem a sua alegria de viver Assim, ele passa a ter uma nova compreensão desta memória.
O objetivo central foi verificar como a depressão é abordada pela psicanálise. E a psicanálise, por sua vez, trata a depressão como um sinal e um substituto de uma satisfação pulsional que foi recalcada, privilegiando, em sua maneira de conduzir o tratamento – com a subjetividade e a singularidade de cada caso.
1 – A visão da Psicanálise sobre a Alegria de Viver
Esta comunicação é fruto de meus estudos em Psicanálise. Compreendendo a constituição de uma subjetividade, subjacentes aos sintomas apresentados na falta da alegria de viver.
Sendo assim, esta é uma reflexão advinda de meus apontamentos, sem pretensão de esgotar ou abranger todos os aspectos da Psicanálise. Como Psicanálise, abordarei mais especificamente as obras freudianas e lacaniana.
Isso sem nenhum demérito em relação aos outros teóricos psicanalistas, tendo como norte minhas possibilidades de aprofundamento, dentro do que conheço. Apresentarei cinco pontos da Psicanálise, definidos didaticamente.
- O eixo (aquilo que norteia o raciocínio teórico da disciplina, o objeto de estudo).
- A etiologia (como são estabelecidas as propostas teóricas acerca da etiologia dos sintomas).
- O patológico (as possíveis classificações psicopatológicas).
- A ética (e a direção da cura).
- O papel do clínico.
1.1 O eixo psicanalítico
Na Psicanálise, o eixo é a trama imaginária construída por cada pessoa. Isso se dá diante das experiências de frustração e da castração (tanto no sentido imaginário como no sentido dos limites aos quais todos estamos submetidos).
Cada um de nós constrói uma rede de fantasias e de impressões particulares acerca do que vive. É baseando-se nesta rede, tecida muito precocemente em nossa infância, que nos conduzimos em situações novas e mesmo nos direcionamos para este ou aquele lugar.
1.2 A etiologia da falta de alegria de viver
A Psicanálise toma o sujeito como ponto de partida e a construção do próprio psiquismo como uma estratégia que já é ele mesmo (o próprio psiquismo). Como o sintoma é o menos importante que o sentido que esconde na falta da alegria de viver.
Vê-e o trabalho do sujeito como algo a ser considerado. A etiologia está no próprio sujeito, na interação que estabelece com os outros fatores ambiente, personalidade e condições físicas de existência e deve ser repensada a cada sujeito.
1.3. Quando se torna patológico
Para a Psicanálise, o patológico faz parte do ser humano. Ou seja, a cada momento, sintomas podem ser “feitos” como possibilidades de defesa, de manifestação de um desejo inconsciente.
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Assim, não há alguém sem sintomas e não se pode classificar os sintomas. Pois, esses podem se referir a muitas formas de funcionamento.
Uma possibilidade de classificação pode ser observada na leitura lacaniana da Psicanálise, em que se aponta para as estruturas clínicas-neurose, psicose e perversão (talvez, o autismo em separado) e como posturas ante o binômio Complexo de Édipo e Complexo de Castração.
Mesmo assim, não se pode compreender tais estruturas como patológicas, em contraposição a uma anormalidade fora delas. São formas de organização, tendo um determinado funcionamento característico. E para cada uma delas, que só se fazem presentes no espaço analítico.
É sob a transferência que se observa, no discurso do analisando, traços indicativos desta ou daquela estrutura. Poderíamos dizer, pois, que, fora do setting terapêutico da análise, somos todos híbridos, e só a escuta, sob transferência, nos definiria.
1.4 A ética da Psicanálise em relação ao conceito de Alegria
Na Psicanálise, como o sintoma é pleno de sentidos que escapam, por vezes, às apresentações dos sintomas, a ética não está voltada para o bem estar – seja de acordo com um consenso social ou moral. A ética na Psicanálise, volta-se para o desejo inconsciente.
Se é ao desejo que o trabalho psicanalítico se dirige, os sintomas têm um papel preponderante ao servirem de sinais ou indicativos dos conteúdos presentes neste desejo. Logo, conhecer o sintomas é tão importante quanto pensar em sua remissão.
Ainda que leve em conta o sofrimento e a falta da alegria de viver que ele impõe ao sujeito. Para a Psicanálise, importa, pois, a ética do desejo, o bem do sujeito dentro de seus próprios limites, circunstâncias e possibilidades.
Às vezes, para se chegar ao bem do sujeito é preciso romper com as normas sociais ou criar estratégias para lidar com elas.
1.5 O papel do Clínico
Na Psicanálise, o clínico é alguém que faz parte do próprio processo, sendo um elemento desse processo. O clínico, pois deve criar condições para
o estabelecimento da transferência, além de suportá-la .
O saber não está do lado do analista, só pode ser construído a partir dos sentidos tecidos no sintoma do sujeito a partir da Psicanálise, considero que se leve em conta do desejo do sujeito.
O clínico, sendo ético, procede sem prejudicar os outros.
2 – O que é alegria de viver e quando você acha que a vida não vale a pena
Você já ficou tão triste que perdeu a vontade e a alegria de viver? Então, você sabe como Sara se sentiu.
Ela sofria de ansiedade e tristeza constante e achava que nunca melhoraria e não sabia como encontrar alegria de viver de novo. Sara descobriu que tinha depressão: ‘’A minha tristeza não ia embora. Então achei que seria melhor tirar a minha vida.’’ _Sara, do Brasil.
Katsuo, um homem do Japão, cuidava de seus pais idosos e doentes. Diz: “Na época, eu estava sofrendo muita pressão no trabalho. Acabei perdendo o apetite e não dormia bem. Cheguei a pensar que a única saída para os meus problemas seria morrer’’.
Um homem chamado Jean da França, diz: “Eu estava sempre triste e chorava muito. Por isso, pensei em dar fim à minha própria vida.” Felizmente, Sara, Katsuo e Jean não chegaram ao ponto de tirar a vida.
Mas todo ano cerca de 800 mil pessoas fazem isso. A cada 4 minutos, uma pessoa se suicida no Brasil.
3 – Passando pela dor de perder alguém que amamos o luto
“Depois de lutar por muito tempo com uma doença, minha esposa, Sandra, morreu. Nós já estávamos casados por 39 anos quando isso aconteceu.”
“Meus amigos me ajudaram muito e sempre tentavam me manter ocupado. Mas por um ano, eu me senti destruído. Eu tinha altos e baixos. Minhas emoções mudavam de uma hora para outra.” “Até hoje, quase três anos depois, uma tristeza profunda vem sem avisar e toma conta de mim de vez em quando.” – Sandro.
Você já perdeu alguém que você ama na morte e perdeu também a alegria de viver? Se a resposta for sim, você talvez consiga entender como Sandro se sentiu. Poucas coisas causam tanto estresse e dor quanto a morte de alguém querido,como um marido ou esposa, pai e mãe, um parente ou um amigo.
Especialistas que estudam a dor de quem está de luto concordam com isso. Um artigo publicado em uma revista de psicologia dos Estados Unidos, disse que a morte é o pior tipo de perda, e uma perda permanente. Ao lidar com a dor insuportável desse tipo de perda, a pessoa talvez se pergunte: Até quando eu vou me sentir assim?
Será que algum dia vou ter alegria de viver novamente? O que posso fazer para me sentir melhor?
4 – E o que pode acontecer?
Apesar de alguns especialistas dizerem que o luto segue certas etapas.
Cada um tem sua própria maneira de lidar com a dor e retomar a alegria de viver. Se duas pessoas lidam com a dor de formas diferentes, será que isso significa que uma delas esteja sofrendo menos ou esteja reprimindo seus sentimentos?
Não podemos dizer isso. É verdade que aceitar a situação e não esconder a tristeza pode ajudar.
Mas não existem um jeito certo de lidar com a dor. Tudo depende da criação, da personalidade da pessoa, do que ela passou na vida e do tipo de perda que ela sofreu.
É normal ter dificuldades para controlar as emoções quando perdemos alguém que amamos. É normal ter crises de choro, mudanças repentinas de humor e sentir muita saudade da pessoa que morreu.
Essas emoções podem ficar ainda mais fortes quando você tem lembranças dela ou tem sonhos bem reais com ela.
1 – Sentimentos e pensamentos confusos
Em alguns momentos a pessoa que está de luto talvez tenha pensamentos que não fazem sentido, ou os famosos sentimentos confusos.
Por exemplo, a imaginação dela a faça acreditar que está ouvindo, sentindo ou até vendo a pessoa que morreu. Ou ela pode achar difícil se concentrar e lembrar das coisas.
2 – Vontade de se isolar
Quem está de luto pode se sentir irritado ou ficar sem jeito na presença de outros. Veja que Silva disse: “Quando eu estava com alguns amigos casados, eu me sentia deslocado.”
“Era muito difícil estar com pessoas que reclamavam de problemas que pareciam tão pequenos em comparação aos nossos”!
3 – Problemas de saúde:
- Mudanças no apetite
- Alterações no peso
- Alterações no sono
Joe, por exemplo, se lembra de como foi o primeiro ano depois que o pai dele faleceu: “Eu tinha dificuldades para dormir. Toda noite eu acordava na mesma hora pensando na morte do meu pai.”
Sem nenhum motivo aparente Alex começou a ter alguns sintomas. Ele conta: “O médico examinou várias vezes e me garantiu que eu não tinha nada. Então desconfiei que estava me sentindo daquele jeito por ter perdido minha esposa.”Aqueles sintomas sumiram com o tempo e voltou a até alegria de viver retornou.
Mesmo assim, Alex fez bem em procurar um médico. A dor de perder alguém amado pode baixar a imunidade da pessoa, agravar um problema de saúde que ela já tenha ou até causar um novo.
Já Cláudio diz: “Depois que Erick morreu, nós tivemos de avisar não só a nossos parentes, mas também a outras pessoas. Como o patrão dele e o dono do imóvel onde ele morava.”
“Também foi necessário preencher muitos documentos. E ainda tivemos que organizar as coisas de Erick. Tudo isso exigia energia concentração. Mas não foi nada fácil, porque estávamos esgotados em sentido físico, mental e emocional.”
Alguns acham que o desafio maior vem depois. Para eles, é muito difícil ter que cuidar de tarefas que antes eram feitas pela pessoa querida que morreu. Foi isso que aconteceu com Nina.
Ela explica: “Nina sempre cuidou dos nossos assuntos no banco e de outras questões que envolviam dinheiro. Agora que tudo isso virou minha responsabilidade, meu estresse só aumentou. Eu ficava pensando se ia mesmo conseguir dar conta dessas coisas sem estragar tudo.”
Esses desafios físicos, mentais e emocionais podem fazer o luto parecer assustador. É verdade que a dor de perder alguém que amamos pode ser muito forte.
Dicas para ter alegria de viver
Mas saber com antecedência desses desafios pode ajudar quem está passando por isso. É bom lembrar que nem todo mundo passa por todas as dificuldades citadas. Além disso, os que estão de luto podem se sentir consolados de saber que seus fortes sentimentos são normais. A morte de alguém amado pode ajudá-lo a ver o que realmente importa na vida.
Use essa fase para parar de pensar em como você está levando sua vida. Se necessário, faça mudanças para dar atenção ao que é mais importante e a sua alegria de viver. Em anos recentes, especialistas têm estudado muito a dor de quem perdeu alguém amado.
Exemplos de menções da Bíblia
- Nossos queridos parentes e amigos que e os seus ouvidos escutam não estão sofrendo. A Bíblia diz que “os mortos não sabem absolutamente nada”. E que “seus pensamentos se acabam.” (Eclesiastes 9:5; Salmo 146:4) É por isso que a Bíblia compara a morte a um sono tranquilo. – João 11:11.
- Ter confiança num Deus amoroso é muito consolador. A Bíblia diz: “Os olhos de Deus* estão sobre os justos, e os seus ouvidos escutam o seu clamor por ajuda.” (Salmo 34:15) Não devemos achar que a oração é simplesmente um modo de desabafar para nos sentir melhor ou uma forma de colocar a cabeça no lugar.
Na verdade, contar para Deus o que sentimos nos ajuda a ter uma amizade com o nosso Criador. E ele pode usar o poder dele para nos consolar e nos dar dicas para mais alegria de viver.
- A Esperança de um futuro melhor. Imagine quanta alegria teremos quando recebermos de volta nossos parentes e amigos que morreram. A Bíblia fala muitas vezes desse tempo.
Ela explica como vai ser a vida na terra quando isso acontecer: “Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais tristeza, nem choro, nem dor.” (Apocalipse 21:3,4).
Muitas pessoas respeitam a bíblia porque a consideram um livro sagrado. Mas, a Bíblia não é apenas um livro de orientações sobre muitos assuntos religiosos. Ela também tem conselhos práticos para o nosso dia a dia, por exemplo, como ter alegria de viver.
Considerações
Ter consciência dos pensamentos é o caminho para a cura e para ter de volta a alegria de viver. O paciente passa a ter consciência de seus pensamentos fazendo com que os sintomas deixem de existir.
Supõe-se que na medida em que o paciente mantém ideias recalcadas de eventos ligados ao passado, este passado torna-se presente, uma vez que é constantemente atualizado através dos sintomas.
Quando a reação é reprimida, o afeto permanece ligado a lembrança e produz o sintoma. A transferência que é o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles.
A transferência é um vínculo afetivo intenso entre o paciente e o analista. E os versículos bíblicos que ajudam.
O tratamento do sujeito: antes de fazer referência ao tratamento da depressão, especificamente, é importante ressaltar alguns conceitos fundamentais da psicanalise, dentre eles inconsciente e transferência.
Em “O inconsciente”, Freud afirma que a essência do processo de recalque não está em eliminar a ideia que representa uma pulsão, mas, em evitar o desprazer. Quando reclamamos, reclamamos a ideia em questão.
Pode-se dizer que esta ideia se encontra num estado inconsciente e, mesmo quando inconsciente, ela pode produzir efeitos, incluindo alguns que enfim atingem a consciência, Todo material recalcado deve permanecer inconsciente, porém, o recalcado não atinge tudo que é inconsciente.
O recalcado não se resume a uma parte do inconsciente, o seu alcance é mais amplo. O inconsciente só é conhecido como algo consciente depois de passar por tradução.
Ou seja, o conteúdo latente (inconsciente) só é elaborado sob análise, através da transferência, quando se atribui, por meio de associações livres, um significado ao que foi dito. Para que essa tradução aconteça, o paciente sob análise deve superar determinadas resistências que fizeram com que a ideia fosse recalcada.
Conclusão: a Psicanálise e a Alegria de Viver
A partir deste trabalho, pode-se inferir que a psicanalise entende a depressão como um sintoma, que pode se manifestar em qualquer estrutura e ocorrer em algum momento da vida da pessoa, portanto, é inerente ao sujeito.
A Psicanalise baseia o tratamento com o foco no sujeito, priorizando a construção do caso clinico que considera a forma que o sujeito opera frente às transformações da contemporaneidade e a possível perda da alegria de viver.
Espero que eu vou ajudar muitas pessoas com este conhecimento.
Este material sobre Doenças invisíveis que tiram a alegria de viver foi escrito por Laudicena Marinho (a responsabilidade pelas informações é da respectiva autora) concluinte do nosso Curso de Formação em Psicanálise Clínica.
Referências bibliográficas
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