ambivalente

Ambivalente, pré-ambivalente e pós-ambivalente

Posted on Posted in Comportamentos e Relacionamentos

Ambivalência, pré-ambivalente e pós-ambivalente são palavras que dificilmente ouvimos em nosso cotidiano. Porém, para a Psicanálise elas são de suma importância. As questões ambivalentes são estudadas pela Psicanálise a fim de trazer as definições das fases de desejo.

Para Freud, a ambivalência afetiva estava relacionada com o que ele chamou de “processos antagônicos”, os impulsos simultâneos de amor e ódio que são despertados por um mesmo objeto. Ele via a ambivalência como uma característica universal da mente humana, intrinsicamente ligada ao complexo de Édipo.

Outros psicanalistas como Melanie Klein e Jacques Lacan também exploraram o conceito de ambivalência. Klein associava mais à fase oral inicial do desenvolvimento psicossexual, enquanto Lacan relacionava à formação do sujeito por meio da linguagem e seu ingresso na ordem simbólica regida pelo complexo de castração.

Definição de Ambivalência

As pessoas gostam de algumas coisas, mas não gostam de outras; amam algumas pessoas, mas odeiam outras, e às vezes se sentem felizes e outras vezes tristes.

Nessa perspectiva, os sentimentos geralmente chamados de afeto, como atitudes, emoções e humores funcionam da mesma forma que a temperatura.

Assim como a temperatura cai ao longo de uma proporção simples, variando de quente ao frio, o mesmo ocorre com a queda de afetação em uma dimensão simples que varia de positiva a negativa.

Um olhar mais atento, entretanto, revela que o afeto pode ser mais complexo do que parece à primeira vista. Considere sua atitude em relação ao sorvete.

Você pode gostar de sorvete porque tem um gosto bom, mas também não gostar de sorvete porque esse sabor maravilhoso vem à custa de grandes quantidades de gordura, açúcar e calorias.

Nesse caso, você teria o que os psicólogos sociais chamam de atitude ambivalente em relação ao sorvete. Ou seja, você se sente bem e mal em relação a isso, ao invés de simplesmente bem ou mal.

Muitas pessoas são ambivalentes não apenas em relação a alimentos não saudáveis, mas também a respeito de brócolis e outros alimentos saudáveis. Da mesma forma, muitas pessoas são ambivalentes quanto a comportamentos prejudiciais à saúde como fumar e fazer exercícios.

O que é ambivalente?

Ter reações ambivalentes em relação à mesma coisa muitas vezes deixa as pessoas se sentindo divididas entre os dois lados da moeda. De fato, pesquisadores subsequentes descobriram que a ambivalência medida pela fórmula de Kaplan está correlacionada a classificações de tensão, conflito e outras emoções desagradáveis.

Curiosamente, no entanto, as correlações tendem a ser relativamente fracas. Assim, ter reações positivas e negativas não resulta necessariamente em sentimentos de conflito.

A pesquisa revelou uma série de razões para a correlação fraca. Um dos motivos é que os sentimentos de conflito não são apenas o resultado de reações ambivalentes positivas e negativas.

Significado de ambivalente segundo Sigmund Freud

As fases psicossexuais estão relacionadas à ambivalência porque ambas estão associadas à transformação da personalidade do individuo. A fase oral seria o estágio pré-ambivalente, onde se inicia a partir dos primeiros anos de vida do ser humano o desejo em levar o dedo polegar à boca.

A fase que representa a pós-ambivalência são as fases fálicas, latentes e genitais que vão até os 18 anos do individuo. Representam a continuidade da vida da pessoa, na qual desenvolverão habilidades como o aprimoramento de valores, amizades do colégio ou com pessoas fora do convívio familiar.

Diversos processos psíquicos estão potencialmente implicados na ambivalência, como a formação reativa (desenvolver uma resposta emocional oposta como defesa), a dissonância cognitiva, a clivagem do ego, os mecanismos de projeção e introjeção e a dinâmica entre impulsos do id, ego e superego.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Entender essas raízes psicológicas pode ajudar a pessoa a lidar melhor com a ambivalência quando ela gera estresse ou sofrimento subjetivo. Ao invés de negar o conflito interno, é possível integrar dialeticamente as emoções opostas.

    Características das fases psicossexuais segundo Freud

    • Fase oral: nessa fase, a interação da criança com o mundo é a boca. Nela, fica enraizado o reflexo da sucção, que é de suma importância. É pela boca que a criança aprenderá a se alimentar e obter o prazer oral, através de estímulos gratificantes. Chupar e degustar sua alimentação são exemplos que podemos citar.
    • Estágio anal: para Sigmund, a fase anal é o foco da libido, ou seja, a procura do prazer através do controle da bexiga e evacuação. O principal ponto nessa fase é o treinamento para ir ao banheiro, onde a criança precisa controlar e entender suas necessidades.
    • Fase fálica: o principal foco para o prazer é quando a criança começa a se interessar por seus órgãos genitais. Nesta fase as crianças começam também a diferenciar o feminino do masculino.
    • Fase da latência: esse período se inicia na vida escolar da criança, onde ela fica mais preocupada com amigos e passatempos, com a aparência, entre outras questões. O prazer não precisa mais ser através da sexualidade, mas sim pela aceitação em ciclos de amizade ou aparência.
    • Fase genital: Essa é a principal fase que o interesse psicossexual começa a se desenvolver, principalmente com o interesse pelo sexo oposto. As meninas se interessam nos meninos e vice-versa. Essa fase se inicia na puberdade.

    Exemplos de comportamentos ambivalentes

    Especificamente, as pessoas às vezes se sentem em conflito, embora não tenham reações ambivalentes positivas e negativas, porque têm atitudes que estão em desacordo com as de pessoas importantes para elas.

    Por exemplo, alunos que se opõem fortemente ao estudo (e não é a favor dele) podem, no entanto, se sentir em conflito se seus pais gostarem que eles estudem.

    A ambivalência pode se manifestar de várias formas no dia-a-dia. Um exemplo clássico é o amor e ódio que alguém pode sentir pelo mesmo familiar – amando características positivas da pessoa, mas simultaneamente sentindo raiva ou ressentimento por outras atitudes.

    Outras situações corriqueiras incluem a atração e repulsa ao mesmo tempo por um pretendente; a indignação mas também pena por alguém que cometeu um crime; o desejo e nojo relacionados a fetiches sexuais tabus. Esses são alguns exemplos de emoções conflitantes despertadas pela mesma pessoa ou situação.

    Assim, a ambivalência não é apenas um acontecimento intrapessoal (ou seja, aquele que acontece dentro de uma única pessoa), mas um fenômeno interpessoal (ou seja, aquele que acontece entre pessoas) também.

    Emoções misturadas da ambivalência

    O trabalho contemporâneo sobre a ambivalência atitudinal gerou pesquisas recentes sobre a ambivalência emocional. Enquanto as atitudes representam reações afetivas a algum objeto, como a pena de morte ou uma figura política, as emoções representam o próprio estado afetivo atual.

    A maioria dos indivíduos, pelo menos ocasionalmente, experimenta emoções positivas como felicidade, excitação e relaxamento, além de emoções negativas como tristeza, raiva e medo, apenas para citar algumas.

    A pesquisa sobre a ambivalência de atitude deixa claro que às vezes as pessoas podem se sentir bem e mal em relação ao mesmo objeto, mas isso não significa que as pessoas podem experimentar emoções aparentemente opostas, como felicidade e tristeza, ao mesmo tempo.

    Estratégias para lidar com a ambivalência

    Algumas formas de manejar ambivalências persistentes e intensas que causem angústia:

    • fazer terapia para aumentar a tolerância à complexidade afetiva através da escuta, insight e interpretação;
    • desenvolver a capacidade de autogerenciamento emocional e auto-observação;
    • praticar técnicas como meditação mindfulness e treino cognitivo-comportamental para aquietar a mente e regular impulsos;
    • assumir responsabilidade por escolhas e delimitar relações que suscitam reações ambivalentes difíceis.

    Ambivalência Atitudinal

    O interesse contemporâneo pela ambivalência origina-se dos esforços persistentes dos psicólogos sociais para compreender a natureza das atitudes no tocante às opiniões das pessoas sobre outros indivíduos, ideias e coisas.

    Os psicólogos sociais há muito tempo medem as atitudes pedindo que as pessoas indiquem como se sentem em relação aos objetos de atitude (por exemplo, sorvete) em escalas com opções que variam de extremamente boas a extremamente ruins.

    Em seu capítulo sobre medição de atitude no Manual de Psicologia Social de 1968, William Scott apontou que as respostas no meio de escalas de atitude bipolares são difíceis de interpretar.

    Embora normalmente ache que reflita a ausência de sentimento positivo ou negativo (isto é, indiferença), Scott apontou que as respostas podem de fato refletir ambivalência, ou a presença de afeto positivo e negativo.

    Considerações Finais

    Como você viu no artigo a ambivalência é algo simultâneo, onde dois sentimentos de amor e ódio podem ocorrer ao mesmo tempo. A ambivalência também está relacionada com as fases psicossexuais do individuo interferindo na personalidade da pessoa.

    As pessoas provavelmente se sentem bem ou mal em relação à maioria das coisas, e felizes ou tristes na maior parte do tempo. Na verdade, a ambivalência é um acontecimento relativamente incomum. Mesmo assim, é um fenômeno particularmente intrigante porque nos dá uma visão única de como o afeto funciona.

    Pode parecer que os sentimentos caem em uma dimensão simples que varia de bom a ruim, mas a evidência de ambivalência sugere que o afeto positivo e o negativo são, na verdade, processos separados que podem ser experimentados ao mesmo tempo.

    Gostou do artigo que produzimos especialmente para você? Convido você a se inscrever em nosso curso online sobre a Psicanálise Clínica, onde você poderá mergulhar em conteúdos fantásticos sobre o mundo da psicanalise.

    One thought on “Ambivalente, pré-ambivalente e pós-ambivalente

    1. Perfeitamente Explendido esse artigo, uma escrita de fácil entendimento. Adorei!

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *