Falaremos hoje sobre o sentimento amor. Um dos sentimentos responsáveis que movimenta, gera pulsão de vida em uma pessoa é o amor. Aqui cito uma frase de Sigmund Freud, enviada a sua amada esposa, Martha Bernays: “Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada.” Entretanto, pode-se dizer que a maioria das pessoas tem uma visão equivocada do significado dessa palavra.
O sentimento amor
Em fase de conclusão do curso, Especialista em relacionamentos, muito bem ministrado pela professora Danielle, pude observar que o amor fala várias línguas e que não é apenas um sentimento e, sim, uma escolha de vida.
Verifico que os relacionamentos contemporâneos já não têm a mesma máxima que tinham os dos nossos pais, avós, de o casal permanecer junto por todos os seus dias. Gostaria de citar dois principais motivos, a meu ver, que contribuíram expressivamente com essa mudança na dinâmica dos relacionamentos, que são:
- a autonomia que foi conquistada, paulatinamente pelas mulheres, principalmente no mercado de trabalho;
- a personalidade hedonista, busca de prazer imediato, que foi ocupando o seu espaço na mentalidade dos jovens, a partir do avanço da tecnologia, das mídias sociais e aplicativos de relacionamentos.
Desde a sua criação até poucos anos atrás, as mulheres eram tratadas como meras reprodutoras e responsáveis pelos cuidados da casa, de seu marido e filhos.
O sentimento amor e a conquista
Entretanto, com muita luta, hoje nós mulheres vemos e podemos viver um cenário diferente, temos a escolha de construir a família do jeito que quisermos, com filhos humanos, com filhos pets, sem filhos, com marido, com esposa, enfim, a liberdade de escolha faz parte de nossa realidade.
Essa conquista significativa, mostra à sociedade patriarcal, que somos tão qualificadas quanto os homens para chefiar uma casa, uma empresa e tudo o mais que quisermos. Um ponto muito importante a se comentar é que, apesar de homens e mulheres terem a mesma capacidade intelectual cerebral, possuem dinâmicas na organização das ideias, pensamentos distintos.
Acerca de pensamentos que impactam nos relacionamentos, nós, mulheres, somos criadas com uma demanda maior de amor, carinho, com a idealização de que precisamos de um homem protetor, o qual seja uma extensão de nosso pai e, portanto “tome conta” de nós. Essa utopia contribui para que fiquemos em uma posição mais vulnerável, segundo estatísticas, aumentando as chances de adentrarmos em um relacionamento abusivo.
O relacionamento abusivo
O relacionamento abusivo tem algumas etapas para caracterizar-se como tal, em todas elas é notável o abuso psicológico, como disse anteriormente, comumente em mulheres por estarem em uma posição culturalmente mais vulnerável. Pelo fato de seu parceiro iniciar uma postura em suas ações de “homem perfeito”, envolvem a vítima primeiro para depois iniciar com suas atitudes controladoras e abusivas.
Aqui, quero manter na linha de pensamento da conquista financeira das mulheres no mundo laboral em contraponto com suas fragilidades, dependências cultuadas desde o seu nascimento. Ao adentrarem em um relacionamento abusivo, muitos abusadores exercem uma posição de chefes da casa, relatando a dispensabilidade da mulher ganhar seu próprio dinheiro, pois alegam terem a possibilidade de dá-la todo o sustento necessário.
Todavia, em um relacionamento considerado abusivo, essa posição do abusador refere-se à intenção de manter o controle, a posse (como propriedade sua) dessa mulher. Ocorre, ou seja, uma regressão da mulher de sua luta que perdurou por anos, até conquistar os direitos de dirigir sua própria vida, com seus próprios recursos financeiros a uma dependência financeira e a danos psicológicos incomensuráveis.
Sobre as relações
Voltando ao início desse texto, nem todos os relacionamentos que fracassam em pouco tempo de relação, os quais, por diversas vezes, não passam ilesos do período da paixão, podem ser caracterizados como relacionamentos abusivos, pois somente um gozava da relação enquanto o outro sofria piamente, até “abrir” seus olhos e enxergar que estava sendo prejudicado.
Apesar de escutarmos dentro da clínica ou na roda de amigos, a frase: “descobri que estava em um relacionamento abusivo, então terminamos”, quando existe a possibilidade de ser analisada essa relação, na visão psicanalítica, por exemplo, muitas pessoas responsáveis por terem dito a frase, estavam copiosamente equivocadas. Conforme relatei, no próximo parágrafo explico e retomo o ponto responsável por essa distorção de conjuntura.
Como mencionado, estamos vivendo uma era hedonista, que busca a satisfação imediata, o menor sofrimento possível e, se possível for, que ele não exista, mirando desfrutar de uma vida plena.
O âmbito dos relacionamentos
Esse escopo de vida atinge o âmbito dos relacionamentos, traduzindo com um exemplo aquilo que pode-se observar nos discursos alheios, cito uma frase mencionada frequentemente entre as pessoas que procuram formar um par, “quero uma pessoa que me complete, que tenha os mesmos objetivos, que pense como eu, caso contrário, prefiro ficar sozinho(a)”.
Sempre refleti que deveria dividir a vida ao lado de uma pessoa muito parecida comigo, onde tivéssemos muito mais semelhanças, contrapondo com pouquíssimas diferenças, pois assim a vida em casal seria mais salutar e proveitosa. Contudo, esse era o meu pensamento antes de iniciar o percurso de análise pessoal, o qual iniciou-se há alguns anos e, claro, o reforço teórico da especialização em questão complementou com uma mudança positiva e madura em minha vida.
Através dos estudos empíricos de Gary Chapman, sobre as linguagens do amor, pude compreender que vez ou outra, existem diferentes formas de demonstrar o amor e, por diversas vezes são interpretadas de forma equivocada pelo parceiro, gerando um desconforto grande entre o casal e podendo levar a uma ruptura da relação.
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O conceito e sentimento amor
Hoje percebo que o conceito de amor para uma pessoa pode ser diferente do que é o amor para o outro. E que o amor não é apenas um sentimento e, sim, uma decisão diária. A fim de estabelecer uma relação, é imprescindível que ambos conheçam a linguagem de amor do parceiro e dispunham-se a conversar quando ocorrer algum entrave na relação.
Uma relação amorosa demanda trabalho, persistência, paciência, porque somos pessoas com histórias de vida, culturas, experiências distintas.
Na contramão da era que estamos vivendo, do menor esforço, da objeção em assumir a culpa em quaisquer circunstâncias dentro da relação, entendendo que o mais fácil a fazer-se é colocar a responsabilidade no outro, culpá-lo das brigas com comportamentos tóxicos e abusivos.
Este texto sobre o sentimento Amor foi escrito por Camile Martins. É com muito amor que escrevo meus artigos, somado a uma escuta acolhedora realizo os atendimentos com os meus pacientes. Meu nome é Camile Martins, sou psicanalista clínica, especialista em relacionamentos e associada ao Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica. Meu contato para tirar dúvidas e marcar sessão individual ou casal é o Whatsapp (51) 9923.70393. E-mail: [email protected].
One thought on “Sentimento Amor: entre sintoma e pulsão de vida”
Parabéns Camile.
Texto ótimo e assunto apaixonante.
Não existe idade para mudarmos nossos conceitos! Adorei , agradeço por ter mandado, refletir e refletir faz bem!