movimento antropofágico

Antropofágico: significado no modernismo e na cultura

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Provavelmente, muitas pessoas devem ter ouvido falar a respeito do movimento Antropofágico, seja na escola ou em livros, ou até mesmo em quadros artísticos.

Ainda que tenha acontecido há muito tempo, os efeitos continuam presentes. Foi um movimento cultural e artístico que revolucionou a cultura brasileira, influenciando a literatura, as artes plásticas, a música e até mesmo o comportamento dos brasileiros.

Antes de tudo, deve ainda restar a dúvida do que significa propriamente a palavra Antropofágico. Assim sendo, Antropofágico vem de Antropofagia que, por sua vez, tem origem do grego: anthropo significa homem e phagia, que significa comer. Nesse sentido, entende-se que Antropofágico é aquele que devora o próprio homem.  

A antropofagia não é a destruição do outro. Pelo contrário, é a exaltação da alteridade. Aqui, “devorar o outro” é uma metáfora: compreender o pensamento e a cultura do outro, para transformar a si mesmo. Ao devorar o outro, o outro torna-se parte de mim. Então, eu me torno eu-já-outro.

Movimento antropofágico

Este movimento surgiu na primeira geração do Modernismo Brasileiro, um momento muito relevante e potente para o nosso país, embora o modernismo tenha sido um curso universal.

Para inaugurar esse conceito, os pioneiros desse primeiro momento do Modernismo se influenciaram em muitas fontes de outras culturas, eram pessoas leitoras, apreciadoras de música, cinema e artes. 

Dessa maneira, possuíam como objetivo mostrar a capacidade que havia dos brasileiros em devorar a cultura europeia e construir uma totalmente nacional. Isso ocorreu, pois acreditam que o Brasil era tão rico em diversidade quanto os outros países.

Resumidamente, o Movimento Antropofágico foi fruto da Semana de Arte Moderna, de 1922. A Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo, no Theatro Municipal.

Também reuniu diversas pessoas que estavam interessadas em conhecer ou acompanhar o que os artistas haviam proposto. Nesse sentido, foi aberto ao público, porém recebeu muitas críticas de pessoas conservadoras e tradicionais.

Antropofagia cultural

Antes de inaugurar a Semana de Arte Moderna de 1922, muitos artistas e intelectuais da época se uniram no contexto artístico com a intenção de revolucionar a cultura brasileira.

Foi a partir dessa união que eles originaram o movimento antropófago, em conjunto com os diversos pensamentos entre eles. A exemplo desses artistas, podemos citar:

  • os escritores Oswald e Mário de Andrade e Manuel Bandeira;
  • as artistas plásticas Tarsila do Amaral e Anita Malfatti;
  • um grande músico do país, Heitor Villa-Lobos.

Nessa perspectiva, os modernistas de 22 buscaram um rompimento dos modelos da estética romântica dos países europeus. Logo, foi uma forma de pensar a arte, a cultura, a alma e a linguagem do país com os olhos voltados à representação de uma liberdade totalmente nacional.

Evidentemente, os modernistas tinham como objetivo revolucionar como se representava a liberdade artística do país. Tendo isso em mente, é possível entender que houve uma ruptura com os grandes movimentos de outros países, que influenciavam bastante a população brasileira.

Esse novo pensar, que veio justamente pela Antropofagia, ecoou na literatura, nas artes plásticas, na música e até mesmo nos meios de comunicação e rotina dos cidadãos brasileiros.

Manifesto antropófago

Diante desse contexto, um dos pioneiros (e talvez o mais importante) da Semana de Arte Moderna foi Oswald de Andrade, que escreveu o Manifesto antropófago, publicado em 1928. Este manifesto, por sua vez, consiste em textos com a intenção de repensar a cultura brasileira

Desse modo, o Manifesto Antropófago se tornou um livro essencial da primeira geração do modernismo brasileiro, uma vez que ele reivindicava uma liberdade artística e cultural ao povo brasileiro. Logo, possui uma grande recusa às imposições da Europa na sociedade da época.

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    Alguns dos importantes trechos deste Manifesto são “Tupi or not tupi, that is the question” e “Bárbaro e nosso”, relacionados aos povos originários, como os tupi-guaranis. A partir destes e de outros trechos, é possível perceber que havia um desejo muito predominante de resgatar a cultura indígena.

    Ademais, é um manifesto dividido em diversas partes que, republicado em nova edição nos últimos tempos, traz o folheto do convite à Semana de Arte Moderna de 1922.

    Além, claro, de anotações de Andrade e cópias de fotogramas, notícias e cartazes. É uma obra bastante interessante para entender as relações individuais e coletivas de agora. 

    Antropofagia cultural

    Certamente, a Antropofagia não pensava somente em termos literários ou relativos às artes plásticas e afins, mas também à cultura da população brasileira.

    Assim sendo, a Antropofagia cultural tinha como objetivo “devorar” tudo que vinha fora do país, criando uma identidade que representasse o verdadeiro povo brasileiro, e não somente os intelectuais burgueses.

    Além disso, esse objetivo de “devorar” estava também associado à linguagem da população, que naquela época ainda possuía grande influência do idioma português de Portugal.

    Em vista disso, esse movimento antropofágico (ou antropófago) não só foi uma proposta para os artistas, como também para todos os outros habitantes do Brasil.

    Sem dúvidas, os brasileiros se sentiram bastante representados nesse movimento, já que os artistas que o desenvolveram reivindicavam a consideração, o respeito e a representatividade.

    Essas reivindicações deram importância principalmente às classes não favorecidas, como os trabalhadores do campo, os operários da indústria, as pessoas que não eram muito cultas e letradas.

    As artes plásticas antropofágicas

    Dessa forma, como exemplo disso, a artista Tarsila do Amaral propôs em seus quadros características relativas à nossa população. Pode-se ter como amostra os quadros “Abaporu” e “Operários”, que representam a classe trabalhadora das pessoas menos favorecidas.

    Já Oswald de Andrade, escreveu muitos textos resgatando as origens indígenas e os dialetos brasileiros.

    Por conseguinte, a ideia dos modernistas de 22 era “deglutir” todas as influências diretas que os europeus tiveram sobre a população brasileira e, a partir disso, criar sua própria identidade cultural. 

    Os efeitos do Movimento antropofágico

    Conclui-se, portanto, que o movimento antropofágico transformou diversos aspectos da sociedade, como:

    • cultura;
    • filosofia
    • arte;
    • política
    • linguagem;
    • comportamento. 

    A maioria dessas transformações estão presentes até hoje na “alma” brasileira, visto que é possível encontrar diversas pessoas lutando pela identidade cultural de nossa nação. 

    Além disso, no dia 13 de fevereiro deste ano de 2022, aconteceu a semana de arte que apresentou o Movimento antropofágico completou 100 anos. Houve bastante celebração na internet, textos em jornais, em blogs e em outras redes sociais, além de ensaios, artigos e palestras na faculdade da área de humanidades.

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