FILTH: Cólera e Cross-Dressing

Hoje falaremos sobre Cross-Dressing e Filth, este é uma adaptação literária de mesmo nome, que mostra a vida de Bruce, um policial corrupto, com problemas psicológicos, viciado em drogas, promiscuidade e sexo, enquanto investiga casos da polícia, tenta conseguir uma boa promoção e de forma subentendida, recuperar o amor de sua família.

Entendendo o Cross-Dressing

Bruce é um exímio vilão, não tem respeito pelas mulheres ao seu redor, gosta de transar com mulheres comprometidas (geralmente comprometidas com seus colegas de trabalho ou amigos), expõe fragilidades alheias, furta, incrimina, transa com menores, usa inúmeras drogas, incentiva colegas a manter o vício, dopa os amigos, constrange, coage, mente, inventa histórias, agride e mata.

Persona non grata, não discorre os detalhes, não reflete sobre acontecimentos, não está ali para passar uma boa mensagem, durante um visível e progressivo descolamento da realidade, podemos ter um vislumbre de suas parafilias, juntamente com os respectivos mecanismos de defesa que o mantém no eterno personagem de nunca poder ser o que é.

O Cross-Dressing e as parafilias

Parafilias são distúrbios sexuais caracterizados por fantasias, impulsos ou comportamentos recorrentes, intensos e sexualmente excitantes que envolvem objetos não humanos, indivíduos sem consentimento ou sofrimento ou humilhação de si mesmo ou de outros.

Do ponto de vista psicanalítico, as parafilias podem ser entendidas como o resultado de conflitos não resolvidos durante as fases de desenvolvimento psicossexual, que podem levar à formação de fantasias inconscientes e mecanismos de defesa.

De acordo com a teoria do desenvolvimento psicossexual de Freud, os seres humanos passam por diferentes estágios de desenvolvimento sexual, incluindo os estágios oral, anal, fálico, latente e genital. Durante cada fase, a energia sexual do indivíduo concentra-se em diferentes partes do corpo, e os conflitos e experiências que ocorrem durante cada fase podem ter um impacto duradouro na personalidade e no comportamento sexual do indivíduo.

Conflitos não resolvidos

As parafilias podem ser vistas como resultado de conflitos não resolvidos que ocorrem durante uma ou mais dessas fases. Por exemplo, se uma criança experimenta frustração ou privação excessiva durante a fase oral, pode desenvolver uma fixação em atividades orais, como sugar ou morder, o que pode manifestar-se mais tarde na vida como uma parafilia.

Da mesma forma, se uma criança sofrer punição excessiva ou indulgência durante a fase anal, ela pode desenvolver uma fixação no controle ou na submissão, que pode se manifestar mais tarde na vida como uma parafilia.

Mecanismos de defesa como a repressão, a negação e a projeção também podem contribuir para o desenvolvimento de parafilias, pois podem impedir o indivíduo de reconhecer ou lidar com os seus conflitos subjacentes.

O tratamento das parafilias e o Cross-Dressing

O tratamento das parafilias de uma perspectiva psicanalítica envolve explorar e trabalhar os conflitos e defesas subjacentes que podem estar contribuindo para o comportamento parafílico. A psicanálise é uma dessas abordagens de tratamento, que envolve uma exploração de longo prazo dos conflitos e fantasias inconscientes do paciente, com o objetivo de trazê-los à consciência e resolvê-los.

“Terapia só pelos remédios.” “Quanto maior a dor, maior o frasco!”

Poucas coisas tiveram um impacto tão forte na vida de Bruce, a morte de seu irmão, Davie, foi uma delas; Em delírio com seu psiquiatra, ele lhe sugere responsabilidade pela morte precoce de seu irmão, não por não ter podido ajudar, mas de ser a causa da morte, o empurrando de uma pilha de carvão, causando asfixia, por inveja, já que Davie era melhor que ele em tudo, e preferido pela família e amigos.

O afeto e outras emoções

Davie se cristaliza como uma eterna questão, através da culpa e do remorso, sentimentos que são revividos pelo divórcio não amigável e a privação de ver a filha. Durante sua jornada, ele tem a oportunidades de tentar a partir de novas experiências, de ações positivas, ele tem a chance de um romance com uma boa mulher, e mesmo a partir de ações negativas, lhe é oferecido ajuda, escuta, apesar dessa casca que transforma qualquer demonstração de afeto em combustível tóxico.

Um dos maiores chistes do personagem é sua insistência por piadas de cunho homoafetivo, assim como a humilhação social de gays não assumidos, o que no desenrolar do filme, contrasta com seu transtorno travestismo fetichista.

Após inúmeros flashbacks de sua esposa, Carol, exercendo uma personalidade muito similar a dele (sempre hiperssexualidada, com roupas caricatas e maquiagem forte), vemos que a personalidade não apenas é similar, é ele.

Conclusão sobre o Cross-Dressing

Bruce é um crossdressing, em inúmeros momentos, ele se torna a esposa que costumava ter, cenas em casas de BDSM, sozinho em seu quarto enquanto se porta de forma herótica e sexualizada, em ruas desertas em busca de homens sigilosos, na escória daquele molde sigiloso, que se for quebrado, e dependendo de como for quebrado, tudo ao redor também se partirá.

O transformismo em si, não é um problema psicológico, a não quer que interfira na vida da pessoa, “Por exemplo”, disse o Dr. Joseph Merlino, editor sênior de Freud em 150: Ensaios do século XXI sobre um homem de gênio, “[suponha que] … eu sou um crossdresser e não quero mantê-lo confinado ao meu círculo de amigos ou ao meu círculo de festas, eu quero levar isso para minha esposa e não entendo por que ela não aceita, ou levar para meu escritório e não não entendo por que eles não aceitam isso, então se torna um problema porque está interferindo em meus relacionamentos e ambiente.”