Hannibal Lecter

Hannibal Lecter (Psicanálise)

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Em 1981, Thomas Harris publicava o primeiro livro da saga de Hannibal Lecter, estória que impactaria o mundo moderno, e culminaria em várias adaptações, na TV e no Cinema. Ao todo são 4 livros pertencentes à série: Red Dragon (1981) The Silence of the Lambs (1988) Hannibal (1999) Hannibal Rising (2006) Todos os livros foram adaptados ao Cinema, de mesmos nomes.

Anthony Hopkins eternizou o personagem no Cinema, em 1992, recebeu um Oscar de melhor ator por “O Silêncio dos Inocentes”.

Conhecendo o Hannibal Lecter

Dr. Lecter é um médico psiquiatra e ex-cirurgião de descendência Lituana, perseguido por Nazistas ainda na infância, viu seu país ser destruído e sua família ruir, a última de seu sangue, sua irmã Mischa, foi devorada por soldados devido a excassês de comida e as condições as quais estavam submetidos.

Impactado por este e outros eventos, o menino Hannibal, desenvolveu no âmago de seu espírito, o que é conhecido por nós, Psicopatia, transtorno de personalidade antissocial (TPAS). Conhecido por enorme crueldade, frieza e extrema inteligência e perspicácia, HL é um personagem atemporal.

Psiquiatras não necessariamente utilizam a Psicanálise, apesar de terem contato com a teoria freudiana. Pela época, país de origem, cultura e postura com profissional e persona, temos evidências que Dr. Lecter bebeu da Psicanálise, e por ela foi transformado, apesar de não praticá-la.

Hannibal Lecter e a Psicanálise

“Qual a pior memória da sua infância? Fale-me a respeito. E não minta, eu saberei.”

A Psicanálise é uma forma de psicoterapia, envolve a explorar a parte inconsciente da mente para obter insights sobre os pensamentos, comportamentos e sentimentos do analisando. Uma das principais dinâmicas da psicanálise são os conceitos de transferência e contratransferência.

Refere-se à projeção inconsciente de experiências passadas do paciente no terapeuta, enquanto a contratransferência se refere à resposta emocional do terapeuta às projeções do paciente A transferência é um dos conceitos fundamentais na psicanálise, refere-se à projeção inconsciente de experiências passadas do paciente no terapeuta, enquanto a contratransferência se refere à resposta emocional do terapeuta às projeções do paciente.

A projeção e a mente humana

Essa projeção geralmente é baseada nos relacionamentos e experiências anteriores do paciente e pode incluir sentimentos de amor, raiva ou ressentimento em relação ao analista. A transferência é uma parte ineviável e acima de tudo, natural do processo terapêutico, pois os pacientes procuram trabalhar conflitos e emoções não resolvidas.

O estabelecimento deste intenso vínculo emocional é automático, inevitável e independente de qualquer contexto de realidade. Transferência é um fenômeno universal. Ocorre em todas as relações humanas.

Transferência é amor, não apenas o amor romântico, mas também todas as suas variações dramáticas, tais como: ciúme, inveja, ódio, paixão, dependências, diferenças e indiferenças. Transferência é a repetição, o transporte, a reatualização da história de nossos amores desde a mais tenra infância.

A contratransferência

A contratransferência se trata das emoções e sensações que o terapeuta vive ao longo de uma sessão. Trata-se de uma reação interna resultante da relação com o seu paciente e da forma como o terapeuta é impactado pelas histórias dele.

Desse modo acontece uma identificação pessoal, consciente ou não, sentida intimamente pelo próprio analista com o seu analisado. Na psicanálise, transferência e contratransferência são dois conceitos-chave que desempenham um papel crucial no processo terapêutico.

“Não lhe conte nada pessoal, não quer que Hannibal Lecter entre na sua cabeça.”

Hannibal Lecter e  e Clarice

Abordando aspectos transferenciais, dois personagens tem enorme importância na saga, são eles: Clarice Starling, e Will Graham. Ambos os personagens são instruídos pelo FBI a dialogar com Dr. Lecter, com o intuido de obter informações sobre respectivos serial killers que assolam os Estados Unidos (como já dito, não podemos definir este processo, de Psicanálise, mas os aspectos de transferência e contra- transferência, são nítidos a olhos treinados).

A relação que Hannibal tem com eles é notoriamente diferente, as nuances que nos são mostradas, podem ser entendidas como: Clarice, ocupa um papel de companheira, de cuidado, por mais que as palavras de Hannibal para com ela, sejam duras, nunca quis de fato que nenhum mal a acometesse, protegendo-a em muitas situações, ajudando-a a solucionar casos e demonstrando afetividade, afetividade esta, percebida por funcionários da prisão onde se encontra.

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    Will, por terem trabalhado juntos antes de Hannibal ser pego, o papel de rival, foi cristalizado, apesar do diálogo entre os dois ser tão fácil, quase que como dois amigos (ironia), Hannibal demonstra extremo desdém por Will, tentando contra sua vida, direta e indiretamente.

    “Tentamos examiná-lo, mas ele é sofisticado demais para os exames.”

    Conclusão

    Hannibal Lecter é um personagem intrigante, apesar de sádico, inspira um ar intelectual, percebe os menores detalhes, em uma troca, sempre se posiciona como superior, apesar de que em muitos momentos, não está em condições para se firmar como superior.

    Em todas as cenas, Hannibal demonstra que com o tempo certo, poderia entrar na cabeça não só de quem não sabe a maldade que está contida dentro dele, mas também de quem está ciente. Através de jogos psicológicos e gatilhos mentais, Hannibal mapeia o lugar que está e os sentimentos de quem está a sua volta, utilizando-os como extensões de si próprio.

    Artigoescrito por Luiz, estudante de Psicanálise e amante da arte.

    1 thoughts on “Hannibal Lecter (Psicanálise)

    1. Muito bom, de uma dinâmica incrível, texto maravilhoso de se ver.

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