Esfera espiritual

Neste artigo de opinião sobre a esfera espiritual, o foco será direcionado à examinar, por passos e etapas, uma das mais controvertidas questões contemporâneas, mas, que vem desde a antiguidade clássica, por isso é um clássico tremendamente atual, um tema profundamente desafiador que versa sobre a existência ou não da esfera espiritual.

Para entender bem o assunto, pré-selecionamos algumas questões- problemas, visando uma abordagem especialíssima, pois essa vertente é a grande raiz da crise humana em escala global.

No fecho, em conclusão, vamos ofertar uma resposta à pergunta apresentada para enfrentamento.

Sobre a esfera espiritual

O foco deste artigo de opinião está centrado na chamada ‘questão polêmica da existência da esfera espiritual’, um tema ainda muito complexo e desafiador. O assunto é considerado desde a antiguidade extremamente relevante.

Vamos avançar, por passos e etapas, abordando as questões-problemas selecionadas: concepção e conceito de esfera espiritual; um mergulho rápido em fontes de respaldo; a controvérsia do espírito e a matéria, o choque dialético de dois paradigmas; a fonte da crise humana; a direção e rumo do planeta, algumas perspectivas.

Na conclusão, que será o fecho da análise, vamos ofertar uma resposta a seguinte indagação: “Existe ou não existe a esfera espiritual?” Esse tema irá nos dar um norte sobre o é importante em nossas vidas existenciais. Como primeiro passo, vamos examinar a concepção e o conceito de esfera espiritual.

Concepção e conceito da esfera espiritual

O debate e discussão sobre a existência ou não, da esfera espiritual é um assunto instigante e fundante dos paradigmas que estão em vigor atualmente, que são dois, a saber: o paradigma do haja luz e houve luz e o paradigma da mega explosão original e panspermia.

O primeiro paradigma que apresenta suas teses e defesa acredita e entende que existe a esfera espiritual; já o segundo paradigma a contra senso, entende que não existe o mundo espiritual, que é um mito, uma ilusão, um delírio e alucinação. O ramo do conhecimento que trata do tema, alojado ainda dentro da Filosofia, como processo existencial é a Metafísica.

O termo ‘metafisica’ significa  (do grego antigo μετα (metà), depois de, além de tudo; e, Φυσις [physis]  natureza ou física. Portando a Metafísica é o ramo da Filosofia que se encarrega do exame e análise do tema para responder o quesito formulado e proposto pelos pesquisadores, afinal, existe ou não existe a esfera espiritual? O mundo espiritual é concebido como aquilo que foge aos sentidos, tudo o que não pode ser enxergado e captado pelos sentidos humanos.

O espírito, a alma e a esfera espiritual

O espírito ou alma é um conceito metafísico, abstrato. O sistematizador que lançou a concepção da esfera espiritual, consubstanciado ou encaixado no Gênesis, no ‘haja luz e houve luz’, foi Moisés (?1391-?1271), ao coordenar os hagiógrafos usando o termo, “…e o Senhor disse, que haja luz, e houve a luz!”.

Essa concepção passou a ser entendida como criacionismo ou que o espírito precedeu a matéria. A vertente dessa concepção já vem de muitos anos por um fio genealógico. Moisés é apenas um elo dessa cadeia existencial.

Portanto, ele não fundou a concepção, que já vinha de anos atrás, pela tradição oral, porém, ele efetivamente sistematizou.  O conceito de mundo espiritual é o de uma dimensão ou esfera onde estão os espíritos, Deus, os anjos, a hierarquia celestial, um mundo invisível, inconcebível pela lógica humana e não perceptível.

Panspermia

Para o paradigma da mega explosão original e panspermia acreditar em esfera ou mundo espiritual é uma ilusão, um delírio, uma alucinação, um sofisma universal porque simplesmente não existiria. P

ois, para este paradigma a tese é que ocorreu uma explosão original e a célula foi produto da sopa primordial ou panspermia, que ficou complexa ao evoluir. Os dois paradigmas possuem sua ‘teleologia’ diferente.

O primeiro entende que sua teleologia é o apocalipse. Já o segundo, entende que é a exploração espacial. Para tentar entender o paradigma haja luz e houve luz, vamos fazer um breve mergulho nas fontes.

Um mergulho em fontes de respaldo

O paradigma haja luz e houve luz ainda é muito forte e proeminente pois, o respaldo dele está assentado em fontes que dão suporte a concepção da esfera espiritual, que são chamadas de fontes de referência ou de respaldo. A maior fonte é a Bíblia.

Temos as fontes Apócrifas que também referem o mundo espiritual. A Bíblia, tanto no Velho como no Novo Testamentos é essencialmente metafísica. Assim, como as fontes apócrifas também estão com pontos de convergências e divergências, mas é metafísica.

O que caracteriza bem a metafísica são as citações de anjos e a hierarquia celestial, os espíritos ou almas, os milagres, profecias, e a indicação do topo teleológico, o apocalipse. As narrações possuem substratos metafísicos. Deus é um ente metafísico.

Uma pessoa metafísica

Jesus Cristo é descrito como uma pessoa metafísica, realizava milagres e atravessava paredes, eram muitas vezes invisíveis, os milagres e as profecias são metafísicos. Vale salientar que para o paradigma da mega explosão e panspermia não existe o mundo espiritual, não existe hierarquia de anjos, refuta e fulmina a metafísica espiritual onde somos concebidos como produto do gatilho genético.

Praticamente, todos os livros bíblicos são metafísicos, pois. estão vinculados a visão espiritual como impulsionadora e deixam subentendido que existe o mundo espiritual. Isto posto, ainda temos os relatos apócrifos que manifestam e explicitam a presença de anjos, espíritos, da mão de Deus, portanto, são metafísicos.

Um mergulho nestas fontes nos revela a essência metafísica e em seus relatos demostram que existe o mundo espiritual e neste contexto, surge o dilema do espírito versus a matéria, quem surgiu primeiro, gerando um choque dialético que vamos examinar.

O espírito e a matéria: o choque dialético de dois paradigmas

Os dois paradigmas que regem o mundo atual, mas, que tem sua vertente desde a antiguidade, estão em choque dialético anos a fio. Um dos paradigmas defende a existência do mundo espiritual, da justiça de Deus, do papel dos anjos, dos espíritos e anjos, enfim, da providência divina com uma visão de reino espiritual apocalíptico; ao passo que o outro paradigma defende o fim dos mitos, da ilusão, do delírio e alucinação que é tracionado pela Metafísica.

A visão de futuro, a teleologia, implica em examinar onde haverá uma vitória vindoura, se pela via do apocalipse ou pela evolução cognitiva com a ciência e a exploração do cosmos.

Os antimetafísicos estão apostando cada vez mais no desaparecimento, superação e dissipação daquilo que chamam de mitos e ilusões ligados a alucinação e delírios com a vitória final da ciência positiva, vindo dessa linha a expressão positivismo inegável.

A esfera espiritual e sinapses cerebrais

Ou melhor posto, diante de quem surgiu primeiro, o mundo espiritual ou o mundo material, da molécula, ou seja, o espírito é que precedeu a matéria, ou a matéria precedeu o espírito considerado como o abstrato, fruto das conexões das sinapses cerebrais.

Este é o chamado choque dialético dos dois paradigmas vigentes que estão em rota de colisão, que vem engendrando uma matriz de crise humana profunda que vamos a seguir examinar.

A fonte da crise humana

Para os estudiosos profundos da temática a fonte da crise humana não seria apenas e tão-somente a batalha das teses alicerçadas ou não nas fontes bíblicas e apócrifas com um positivismo radical. A vertente na verdade alojada no fim do medo de Deus.

A ausência do temor de Deus levou muitas pessoas a aderirem ao paradigma mega explosão original e panspermia porque optaram em tentar viver o princípio do aqui-e-agora e do já-provisório. A pessoa que não tem medo do mundo espiritual adere com facilidade a diversas formas de maldade.

Os crimes são um dos formatos da maldade. Para tais pessoas simplesmente não existe problema algum em matar e/ou prejudicar outrem, ou praticar um delito grave, porque Deus não existe.

Não acredita na esfera espiritual

Essa concepção gerou o que alguns analistas já chamam do ‘homo demens’, aquele que, não teme mais Deus porque Deus inexiste.

O simples fato de não acreditar no mundo espiritual, entenda-se esfera espiritual criou o que alguns denominam de novo normal que as pessoas passaram a introjetar.

Essa nova cultura de visão e percepção social gerou o que alguns analistas denominam de teoria da cultura da morte ou visão social libertária levando o planeta para um rumo e direção.

A direção e rumo do planeta, perspectivas futuras

É quase consenso geral em que pese as peculiaridades divergentes, que o planeta considerado como algo global caminha num rumo, direção e sentido da crescente negação da esfera espiritual. Esta constatação é considerada muito forte.

Muitas pessoas praticam atos e fatos acreditando que Deus não existe e que é preciso curtir o momento e eliminar o medo de um Deus. E cada vez mais superam o medo, com a premissa que tudo é o aqui- e-o-agora e o já-provisório.

O postulado do ainda-não é uma promessa entendida como inadequada porque é aquilo em que a pessoa precisa adiar satisfações, desejos e gozos e esperar. O que ajudou muito em maturar tal percepção social foi a tecnologia global.

Uma convergência digital

O computador possibilitou as redes e elas se conectaram de forma global via internet e com a convergência digital na palma da mão não mis fixa, mas móvel, mudou a face do planeta. Uma pessoa em movimento em qualquer coordenada de latitude e longitude conectada poderá agir a distância e entre países.

Fortaleceu uma atuação cosmopolita. A perspectiva futura com os tradutores instantâneos mudará o mundo todo. Também, uma possível língua única futura assim como unificação de calendários. Ainda, os seres humanos querem o carro voador, querem viajar pra Lua se puderem no futuro para observar o planeta e o Universo.

E os costumes irão mudar. Situações que no passado eram proibidas atualmente são liberadas. Já existe uma percepção de que todos são dependentes do oxigênio e reféns dum planeta que está num Universo em expansão. Isso facilitou a emergência do homem e mulher demens.

A esfera espiritual e as ciências Psi

As ‘ciências Psi’ estão entrando em campo para ajudar a tentar acalmar os espíritos. A consciência da morte também abala mentes e corações ainda mais quando é prematura.

E muitas pessoas começaram a difundir que não existe o mundo ou esfera espiritual. Esse choque de paradigmas é a raiz mais profunda da crise psíquica humana. Algo que não tem precedentes.

E uma das consequências tem sido a depressão, angustia, ansiedade e os quadros de transtornos como de autodestruição, o suicídio além das neuroses e psicoses.

Conclusão

Face a tudo que acima foi exposto, de forma suscinta, por passos e etapas, visando subsidiar a indagação proposta, salvo maiores e até melhores juízos, e diante da questão ofertada para ser respondida, qual seja: ”Existe ou não existe a esfera espiritual?”, entendemos ‘a priori e em tese’, que as fontes bíblicas suplementadas pelas fontes apócrifas confirmam a existência da esfera espiritual e que para as pessoas acreditarem é preciso ter como pré requisito, a fé na sua busca, manifestando que a fé é o que mencionou o Apóstolo Paulo, “… é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 11:1).

Existe uma crise de fé, porém, a maior crise é a falta de medo e temor de Deus, e incredulidade na efetiva existência da esfera espiritual. Isto abalou o planeta todo e vem causando muitos danos psíquicos e físicos. Apostar veementemente que o positivismo científico será vitorioso e que o planeta irá se voltar para o cosmos, e ainda, que não existe a esfera espiritual é uma atitude muito temerária ainda mais quando se pretenda isso como futuro pensamento único.

Muitos atores sociais estão empenhados em divulgar que inexiste a esfera espiritual embora estejam em dúvidas e careçam de provas. Teremos que aguardar ainda um bom tempo para finalmente entender bem está questão. Fica o recado final dos metafísicos, todos passaremos só Deus permanecerá.

Artigo escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira PG Psicanálise. Cursou Filosofia Clínica. E-mail: [email protected]